1Luciana Oliveira da Silva Almeida
1Verailza Souza Santos
2Maria Madalena de Souza Matos Torres

RESUMO
A amamentação é uma das maneiras mais eficientes de atender os aspectos nutricionais, imunológicos e psicológicos da criança. A OMS recomenda o aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida. O leite humano é, indiscutivelmente, o alimento que reúne as características nutricionais ideais, além de oferecer inúmeras vantagens para mãe e a criança. Levando em consideração tais vantagens, a presente pesquisa teve como objetivo avaliar o conhecimento das puérperas cadastradas na USF VI em relação à importância do aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida da criança. E ainda classificar o perfil das mulheres assistidas na Unidade de Saúde, analisar a importância do aleitamento materno exclusivo e identificar as complicações mamárias durante o período de lactação. No contexto metodológico, o método utilizado foi a pesquisa quantitativa, com delineamento descritivo, que se apropria da análise estatística para o tratamento dos dados obtidos. Como instrumento de coleta de dados optou-se por questionário contendo questões fechadas, tendo como sujeitos da pesquisa 20 puérperas, selecionadas a partir das consultas semanais de puericultura. Entre os resultados destacam-se a caracterização de 61% das mulheres com idade superior a 20 anos, 65% com ensino médio completo ou incompleto, 70% garante ter recebido orientação sobre amamentação durante o pré-natal, 65% sabe das vantagens do aleitamento exclusivo para a mãe e a criança, embora apenas 37% ofertem leite materno exclusivamente até o sexto mês, entre os problemas mais comuns do processo de lactação destaca-se a dor com 50% das respostas. É de fundamental importância que o profissional de saúde seja mais atencioso a esses sujeitos, nas suas orientações durante pré-natal e período de puerpério. Concluiu-se que apesar do conhecimento relatado pelas puérperas sobre questões fundamentais que envolvem a amamentação, percebe-se uma deficiência na divulgação dessas informações às mães. Sugere-se que as ações educativas e preventivas, sejam difundidas em todo o atendimento pós-natal, enfatizando a importância do aleitamento, as vantagens que o leite humano tem sobre os outros leites, demonstrando seus valores nutricionais, destacando ainda que a dor seja um sinal comum desse processo, mas que medidas preventivas podem minimizar o problema.


PALAVRAS-CHAVE: aleitamento materno exclusivo, assistência de enfermagem, puérperas.



INTRODUÇÃO

O leite humano é a forma mais econômica de alimentação, e a preferida para o neonato a termo, está sempre disponível, pronto para ser servido à temperatura ambiente e isento de contaminação, oferece proteção contra a obesidade e a aterosclerose. Os neonatos amamentados, especialmente além de dois a três meses de idade, tendem a crescer em uma velocidade satisfatória, porém, mais lento que os neonatos amamentados com mamadeiras (WHALEY; WONG 1999).
A amamentação também é importante para a mãe conferindo muitas vantagens, entre elas, o efeito da ocitocina age sobre a musculatura do útero, ajudando-o a restabelecer seu tamanho e forma original. À medida que faz o resto do seu corpo voltar ao normal mais rapidamente. E por fim traz um benéfico mútuo, pois facilita o estabelecimento do vínculo afetivo mãe e filho (MORETTO, 1990).
Configura-se em um alimento capaz de suprir todas as necessidades da criança até o sexto mês de vida. A orientação dada às mulheres sobre o aleitamento materno exclusivo nos períodos pré e pós-natal aumentam seu conhecimento sobre o assunto e garantem maior eficácia durante a lactação.
O sucesso da amamentação requer preparo e conhecimento prévio sobre os aspectos anatomofisiológicos, cuidados profiláticos com a mama, valores nutricionais do leite materno e sua vantagem sobre os demais leites. Durante a gravidez e logo após o parto, bem como durante o puerpério imediato, a mulher precisa e deve receber orientação sobre o processo de amamentação e todos os cuidados necessários para sua continuidade.
Tudo isso configura a necessidade de avaliar o conhecimento que a puérpera tem sobre o aleitamento materno para ela e para o seu bebê, e justifica o estudo sobre esse processo. Sabendo da importância do aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida da criança, surgiu o interesse em conhecer a realidade local das puérperas cadastradas na Unidade de Saúde da Família VI João Alberto de Almeida, no bairro Vila Nova, e o conhecimento que essas têm sobre a importância do aleitamento materno exclusivo. Decidiu-se por esta instituição, por ser um dos locais onde as gestantes são acolhidas e atendidas conforme agendamento da unidade.



REFERENCIAL TEÓRICO

ALEITAMENTO MATERNO

O aleitamento materno exclusivo é a melhor dieta para bebês, no início da latência salva a vida e está associada a uma incidência reduzida de doença inflamatória intestinal, diabetes mellitus ao longo da infância, e a uma diminuição da incidência de câncer de mama nas mães que amamentaram (CLAYDEN; LISSAUER, 2003).
Os autores reforçam que, o leite humano é a forma mais econômica de alimentação. Está sempre disponível, pronto para ser servido a temperatura ambiente e isento de contaminação. Também pode oferecer proteção contra a obesidade e a aterosclerose, embora a evidência não seja conclusiva. Os neonatos amamentados, especialmente além de dois a três meses de idade, tendem a crescer em uma velocidade satisfatória, porém, mais lento do que os neonatos amamentados com mamadeiras.
Cordeiro (2001) relata que a lactação é uma fase do ciclo reprodutivo dos mamíferos, deve ser tratada e encarada como um procedimento natural, simples, espontâneo e caloroso, desprovido de artifícios e sofisticação.

ANATOMIA DAS GLÂNDULAS MAMÁRIAS

A mama é recoberta de pele e no centro encontra-se o mamilo e podem apresentar como protusos, quando são bem delimitados, protaindo-se com facilidade; semiprotuso, quando não há delimitação precisa entre o mamilo e a aréola, quando estimulado protai-se com dificuldade; invertido, apresenta-se oposto ao normal, quando estimulado protusa de maneira discreta e volta ao estado de inversão rapidamente. Ao redor do mamilo, encontra-se a aréola, área hiperpigmentada formada por glândulas sudoríparas e sebáceas que delimita o bico do seio (ABRÃO, 2006).

FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO

O funcionamento da glândula mamária está intimamente ligado às transformações que ocorrem durante seu desenvolvimento e basicamente compreende três fases distintas. Primeira Fase: mamotrófica ou mamogênica consiste no desenvolvimento da glândula mamária, sofre modificações estruturais importantes desde o nascimento até a senilidade, apresenta um grau de diferenciação acentuado quando ocorre seu completo desenvolvimento. Segunda Fase: galactogênica ou da lactação, responsável pela produção e ejeção do leite. Terceira Fase: galactopoiese, responsável pela manutenção da lactação, compreende duas etapas distintas, uma inicial em que o leite é produzido e armazenado no interior da glândula mamária, denominada fase de secreção do leite e outra onde o leite produzido deve estar estocado e disponível para atender as necessidades do recém-nascido (LALDIM; SANTANA, 2001).
Rezende (2005, p.35) cita que:

Durante a lactação, a sucção determina o fluxo de leite não apenas na mama sugada, como também na mama oposta. É interessante verificar que o simples fato de afagar o lactente, ou de ouvi-lo chorar, comumente proporciona um sinal emo¬cional suficiente para que o hipotálamo da mãe ejete leite.

Moretto (1990) enfatiza que a amamentação provoca uma baixa relação prolactina-estrógeno, inibindo o crescimento de células tumorais, assim a mulher que amamenta possui menor risco para desenvolver tumores axilares e mamários. A amamentação acelera a manutenção do mecanismo neuromuscular da boca e da mandíbula associados ao ato de sugar e é dependente ao desenvolvimento do senso de distinção entre sons promovendo para a criança a produção de sons até conseguir falar.
Na puberdade as mamas sofrem rápido crescimento e profundas alterações, determinadas pelo estímulo estrogênico que age preferencialmente sobre o sistema ductal, em contraposição à progesterona que tem como sítio de ação os acenos e alvéolos. A ação combinada dos dois hormônios produzidos pelo ovário não determina o desenvolvimento glandular completo, uma vez que são necessários outros estímulos hormonais como a prolactina (PRL) e hormônio do crescimento somatotropina (STH), ambos secretados pela hipófise e a tireotropina (TSH) produzida pela tireóide (LALDIN; SANTANA, 2001).
A gordura do leite surge na base da célula alveolar em forma de gotículas associadas ao ergastoplasma, que, dirigindo-se ao ápice celular, aumentam de tamanho até serem completamente envolvidas pela membrana da célula, ao romperem-se as libera, fazendo-as cair no interior dos alvéolos. As proteínas são sintetizadas no ergastoplasma e aparecem sob a forma de grânulos no interior dos vacúolos do Golgi, sendo excretadas ao se romperem no ápice celular, para a luz dos alvéolos (LALDIN; SANTANA, 2001).

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA ATENÇÃO BÁSICA

Os profissionais de saúde que lidam com as questões do aleitamento devem estar preparados para oferecer à mulher, à criança e à família apoio necessário para que esse processo transcorra o mais naturalmente possível. A participação da enfermagem é fundamental, pois, atua na atenção primária, prestando assistência pré-natal, puerpério e puericultura, orientando a população quanto às medidas de promoção e prevenção dos problemas mais freqüentes que podem vir a ocorrer durante toda a lactação (ABRÃO, 2006).
Durante as consultas é importante que a atuação dos profissionais de saúde na promoção do aleitamento materno, voltem-se para a discussão sobre as demandas da assistência em amamentação, a anatomia e problemas que dificultem o ato de amamentar e a prática de como lidar com esse processo (COSTA; SOUZA, 2005).
Nas consultas de pré-natal, a enfermeira deve oferecer todas as informações necessárias à prática natural de amamentação, identificar as vivências, experiências e crenças que a mulher traz consigo e discutir em consultas individuais ou reuniões de grupos de gestantes as vantagens do aleitamento para a criança, a mãe e a família. O enfermeiro deve ainda, adotar medidas de conforto, apoio psicológico e incentivo à amamentação de mulheres que já tiveram filhos e não puderam amamentar, enfatizando que esse é um processo único, mesmo para quem já passou por essa experiência (ABRÃO, 2006).

PREPARO DA MULHER PARA A AMAMENTAÇÃO

O sucesso da amamentação requer preparo, conhecimento e cuidados profiláticos com a mama. A mulher deve ser orientada sobre a realização da inspeção das mamas com freqüência, higienização dos mamilos com água e sabão, realizar o banho de sol pela manhã com o objetivo de aumentar a resistência da região mamilo-areolar e no último mês de gestação ela poderá desobstruir os ductos lactíferos com ordenha manual para extração do colostro e preparo para lactação. Essas medidas devem ser iniciadas pela gestante após o diagnóstico de gravidez (ABRÃO, 2006).
Ao amamentar a mãe deve ficar em posição cômoda, quando sentada os braços e os pés devem ficar apoiados para evitar cansaço da musculatura e conseqüente tensão, assim, a mãe amamentará na posição clássica com o ventre sustentando a criança ou na posição inversa, na qual o corpo do lactente fica entre o braço e o corpo da mãe (CHAUD et al, 1999).
Brasil (2001b) descreve que a mãe deve estimular a criança sugar, não há necessidade de forçar. Após uma hora do nascimento a criança estará bem alerta e o reflexo de sucção será forte este é o momento ideal para estabelecer o vínculo mãe-filho. Se ocorrer alguma demora em iniciar a amamentação, mesmo que seja por poucas horas, o aleitamento materno terá maiores chances de falhar e a mãe, em alguns casos, poderá abandonar a criança com maior facilidade.
Segundo Schmitz (2006, p.37) relata que:

O bebê deve ser amamentado todas as vezes que manifestar desejos. Não deverá existir horário rígido nem fixo. No início as solicitações ocorrerão com maior freqüência, estabelecendo com o tempo maior espaçamento entre uma mamada e outra. Daí a importância da adoção do sistema alojamento conjunto nas unidades hospitalares, pois o confinamento de recém ? nascido normal em berçários obstaculiza, retarda e por vezes impede a prática do aleitamento natural.

Após um parto normal não há necessidade de separar mãe e filho. No sistema de alojamento conjunto a mãe poderá atender a criança desde o começo para amamentar, segurar ou trocar da criança quando quiser. Praticamente não há problema em a criança dormir na mesma cama que a mãe, atualmente já se sabe que a "morte do berço" (morte súbita) pode ocorrer onde quer que a criança durma. O alojamento conjunto previne muitos problemas do aleitamento materno e diminuem o trabalho da equipe hospitalar (BRASIL, 2001a).
Uma deficiência nutricional prolongada ou grave acarreta desnutrição. Os recém-nascidos, em particular os pré-termo, possuem baixa reserva de gordura e proteína. Quanto menor a criança menor a reserva calórica e mais curto é o período que ela será capaz de suportar inanição. A nutrição exigida pela criança é, por unidade de tamanho corporal, maior na latência em virtude do rápido crescimento durante este período (LAMOUNIER, 1996).

TÉCNICAS E CUIDADOS DURANTE O PERÍODO DE AMAMENTAÇÃO

Schmitz (2006, p.37) cita que:
Preferencialmente a primeira mamada deve acontecer logo após o nascimento da criança, antes mesmo da dequitação ou secundamento. Quanto mais cedo após o parto acontecer à primeira mamada, maior a chance de ser bem-sucedida. Tais medidas favorecem não só as amamentações precoces, como também contribuem para que a involução uterina ocorra mais rápida e fisiologicamente pela descarga de ocitocina que é liberada com o estimulo da sucção. Outros cuidados devem ser observados para preservar a manutenção da produção Láctea.

Durante os primeiros dias da amamentação, Clayden e Lissauer (2003) referem que a mãe produz colostro em vez de leite. O colostro difere do leite maduro no fato de que seu conteúdo de proteína e imunoglobulinas é bem mais alto. Os volumes são baixos, mas não é necessário fornecer água ou leite artificial para complementar à oferta de leite materno.
O sucesso da amamentação e sua continuidade exigem todo um preparo por parte da mãe, atitudes que parecem simples contribuem de forma satisfatória para esse momento tão especial. O local escolhido para ato de amamentar deve ser confortável para ambos, e as mamas devem ser alternadas, seguindo um intervalo lógico entre uma mamada e outra, respeitando o tempo da criança, que é determinado conforme sua própria necessidade (ABRÃO, 2006).
As mães precisam ter um puerpério sem perturbações para que consigam amamentar satisfatoriamente seus filhos, pois, fatores psicogê¬nicos ou a estimulação generalizada do sistema ner¬voso simpático em todo seu corpo poderá inibir a secreção de ocitocina diminuindo a ejeção de leite (MORAIS; CAMPOS ; SILVESTRINI, 2005).
Cordeiro (2001) propõe que a lactação é a última fase do ciclo reprodutivo dos mamíferos, deve ser tratada e encarada como um procedimento natural, simples, espontâneo, caloroso, desprovido de artifícios e sofisticação. Para esta fase ser concluída com êxito, necessita de alguns cuidados importantes durante a amamentação dentre eles destacam-se: evitar o uso de sabonete, álcool ou água boricada no bico dos seios; expor os mamilos ao sol por períodos curtos entre as 8 e 10 horas da manhã; lavar bem as mãos antes das mamadas; evitar o uso de pomadas e bicos protetores nos mamilos; verificar se a aréola está macia, apreensível e flexível antes de introduzir na boca do bebê; alternar os seios durante as mamadas; não oferecer líquido nos intervalos das mamadas (chá, água, sucos); retirar o bebê do seio colocando o dedo mínimo no canto da boca e apertando levemente; após as mamadas colocá-lo para arrotar; retirar o excesso de leite após as mamadas, utilizando a técnica de extração manual e usar sutiã adequado e de maneira correta, com boa sustentação na base.

PROBLEMAS COMUNS DA AMAMENTAÇÃO

Para relatar sobre alguns enigmas da amamentação especialmente nos primeiros dias após o parto (do primeiro ao décimo quinto dia aproximadamente) quando o processo de amamentação e o ritmo das mamadas se apresentam ainda instáveis podem surgir alguns problemas. Este período requer paciência, firmeza e acima de tudo conhecimento da fisiologia da lactação tanto por parte do profissional de saúde como da nutriz (SCHMITZ, 2006).
A mastite puerperal é um problema que consiste na infecção da mama lactante, causada pela invasão de microrganismos patológicos no tecido mamário. Ocorre com maior freqüência entre o oitavo e décimo segundo dia de puerpério, sendo mais comum nas primíparas e nas mulheres com outras infecções associadas. O desmame precoce é freqüente e mantém relação com a ocorrência desta patologia (STEVEN; LOWE, 2002).
Outro fenômeno é o ingurgitamento mamário, ocorre pelo congestionamento venoso e linfático da mama e pela estase láctea em qualquer das porções do parênquima. Podendo desaparecer entre 24 e 48 horas após seu início. Atribui-se ao esvaziamento incompleto da glândula mamária, determinado pela sucção deficiente ou pelo desequilíbrio entre a produção e ejeção da secreção láctea. As mamas apresentam-se edemaciadas, em tensão máxima, túrgidas, dolorosas e quentes. Poderá ocorrer ainda mal-estar geral, cefaléia e calafrios. (SCHMITZ, 2006).
Segundo Schmitz (2006) para evitar essa situação deve-se orientar sobre o posicionamento correto no momento de amamentar, com a finalidade de estabelecer adequada capacidade de sucção, demonstrando como colocar e retirar a criança do seio e as posições corretas para amamentar, orientar sobre alternância dos seios e freqüências das mamadas, oferecer única e exclusivamente o seio, após as mamadas realizar a inspeção e palpação da glândula mamária a procura de pontos doloridos ou endurecidos, procurando identificar o tipo de ingurgitamento por área de localização e prevenir a fadiga, dor e a ansiedade no puerpério (SCHMITZ, 2006).
Brasil (2006) e Schimitz (2006) comentam que fissura mamilar ou rachaduras consistem na ruptura do tecido epitelial que recobre o mamilo provocado por inadequada apreensão no momento da sucção, ocorrem quando a pega ou posicionamento do bebê durante a lactação estão errados. Ocorrem com maior freqüência em mulheres com pele clara, idosas e portadoras de mamilos planos ou invertidos ou ainda quanto à mãe mantêm as mamas secas, usam sabonetes, cremes ou pomadas nos mamilos.
A infecção da mama pode ser na maioria das vezes evitada, a equipe de enfermagem poderá orientar as puérperas durante o puerpério no que diz respeito à mastite trabalhando na prevenção dessas complicações através de cuidados quanto à higiene rigorosa das mãos antes das amadas e no manuseio delicado da mama (ZIEGEL; CRANLEY, 1985).

VANTAGENS DO ALEITAMENTO MATERNO

Dutra (2008) expõe que o colostro é o leite de peito que a mulher produz nos primeiros dias após o parto. É grosso e de cor amarelada ou transparente, em suas propriedades é rico em diversos fatores anti-infecciosos, em anticorpos Imunoglobulina A (IgA) secretória ? principal fator de imunidade no leite materno e vitamina A. Protege o bebê contra as infecções e alergias, já que este não consegue produzir seus próprios anticorpos (proteínas no sangue e no leite materno que combatem a infecção).
Os benefícios para a mulher são inúmeros: facilita o estabelecimento do vínculo afetivo mãe e filho; previne as complicações hemorrágicas no pós-parto; favorece a regressão uterina ao seu tamanho normal; contribui para o retorno mais rápido ao peso pré-gestacional; Pode ser método natural de planejamento familiar, quando a criança está em aleitamento materno exclusivo, entretanto somente antes dos seis meses, em livre demanda, inclusive durante a noite, e que a mãe não tenha ainda menstruado; pode reduzir o risco de câncer de ovários e mama e prevenir a osteoporose (BRASIL, 2001b).

DESVANTAGENS DO ALEITAMENTO MATERNO

De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2003) a mulher só não deve amamentar quando: for imunodeprimida; for usuária de drogas ou estiver fazendo uso de medicações de comprovado efeito tóxico para o bebê, neste caso, também será importante a consulta a um profissional de saúde; caso apresente algum problema mental sério que possa colocar em risco a integridade do bebê; quando o bebê apresentar doenças metabólicas graves, como a fenilcetonúria, que é detectada no Teste do Pezinho.
Doenças como a tuberculose ativa, infecções virais, herpes simples, hepatite B, vírus da imunodeficiência humana (HIV), câncer de mama podem influenciar negativamente a amamentação. A tuberculose e a hanseníase da mãe não impedem a amamentação, mas, para isso, é importante que a mãe esteja sendo acompanhada por um serviço de saúde para saber se há necessidade do bebê utilizar, por certo período, algumas medicações (CHAUD et al, 1999).


METODOLOGIA

Foi realizado um estudo de campo de natureza quantitativo, com delineamento de cunho descritivo. No processo de realização quantitativa e descritiva, analisou-se conhecimento das puérperas em relação ao aleitamento materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida da criança, buscando assim a percepção e entendimento dos indivíduos que foram submetidos a um questionário, e por fim descritiva porque descreveu-se características de uma determinada situação.
A pesquisa foi realizada no município de Barreiras e o estudo aplicado na Unidade de Saúde da Família VI João Alberto de Almeida no Bairro Vila Nova, com 20 puérperas, em pós-parto igual ou inferior à 40 dias que receberam atendimento de enfermagem nas consultas de puericultura.
No período de 08 a 14 Setembro de 2009, foi aplicado questionário, semi-estruturado, cuja elaboração se deu por meio de um levantamento amplo e aprofundado da literatura pertinente. O questionário foi construído de forma a contemplar as informações necessárias para atingir os objetivos deste estudo, dispostas em questões objetivas e munido de sete perguntas fechadas coerentes com o contexto diário dos sujeitos pesquisados. O instrumento foi entregue a cada sujeito, pessoalmente pelas pesquisadoras, juntamente com um termo de consentimento livre e informado.
Colhidos os dados quantitativos, oriundos de questões objetivas, foram organizados em um banco de dados e analisados a partir de estatística descritiva e demonstrados em gráficos.


2.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES DOS DADOS


A discussão foi centrada na questão do aleitamento materno, onde buscou-se analisar o conhecimento sobre importância da amamentação exclusiva nos primeiros seis meses de vida da criança. Tornelli e Freire (2000) garantem que o leite é o principal alimento oferecido a uma criança nos seus primeiros seis meses de vida, as protege de infecções e problemas respiratórios, além de prevenir as mães de doenças, como o câncer de mama câncer do colo do útero e gravidez indesejável.
De acordo o questionário aplicado com 20 puérperas atendidas na USF VI João Alberto de Almeida, no período de Agosto a Setembro de 2009, no bairro Vila Nova na cidade de Barreiras ? BA obtiveram-se as seguintes respostas:

GRÁFICO 1 ? (%) de puérperas pesquisadas na Unidade de Saúde da Família, segundo a faixa etária.
FONTE: Pesquisa de Campo, 2009.




Os dados obtidos no GRÁFICO 1 apresenta o percentual conforme faixa etária das puérperas questionadas tendo como resultado: 61% de mulheres com idade superior a 20 anos e 39% com idade inferior a 20 anos.
Percebeu-se que os dados comparados com os dos autores corroboram a pesquisa. O fator idade, em especial, menor que 20 anos é visto por Percegoni et al (2002) como prejuízo indireto à prática da amamentação pois, nessa faixa etária a maturidade fisiológica e emocional não foi plenamente atingida.


GRÁFICO 2 ? (%) das puérperas pesquisadas na Unidade de Saúde da Família VI, segundo o nível de escolaridade.
Fonte: Pesquisa de Campo, 2009.





Referente ao GRÁFICO 2, 35% das mulheres responderam possuir ensino médio incompleto, 30% com ensino médio completo, 30% das puérperas têm apenas o ensino fundamental incompleto, 5% o ensino fundamental completo e nenhuma com ensino superior completo ou incompleto.
A maioria das puérperas questionadas, 65%, tem ensino médio completo ou incompleto, isso é um dado positivo, pois o fato da mulher ter um grau maior de escolaridade espera-se que seja um fator contribuinte para a prática e continuidade da amamentação.


GRÁFICO 3 ? (%) das Puérperas pesquisadas na Unidade de Saúde da Família VI, que receberam orientação sobre amamentação durante o pré-natal.
FONTE: Pesquisa de Campo, 2009.



O GRÁFICO 3 representa as orientações recebidas durante as consultas de pré-natal sobre amamentação, 70% responderam que receberam orientações das enfermeiras durante as consultas de pré-natal, enquanto 30% delas relataram não ter recebido nenhum tipo de orientação.
Durante a assistência pré-natal, as mulheres devem ser informadas sobre os benefícios da amamentação e orientadas quanto às técnicas, vantagens e eventuais complicações advindas do ato de amamentar. A quantidade e, principalmente, a qualidade da informação dada à gestante no pré-natal influenciam na melhor escolha que é a opção pela amamentação exclusiva.



GRÁFICO 4 ? (%) de puérperas pesquisadas na Unidade de Saúde da Família VI sobre o conhecimento das diferenças nutricionais entre o leite de vaca e o leite materno.
FONTE: Pesquisa de Campo, 2009.


Em relação ao conhecimento das diferenças nutricionais entre o leite de vaca e o leite materno, 75% das puérperas não conhecem essa diferença, enquanto apenas 25% das puérperas têm o conhecimento de tais diferenças (GRÁFICO 4).
Percebe-se que a maioria das puérperas não possui o conhecimento sobre a composição do leite de vaca e da composição do leite humano, verifica-se que é preciso mais ações educativas por parte dos profissionais da área de saúde no que diz respeito a maiores esclarecimentos sobre esses leites bem como suas vantagens e desvantagens, pois, tais informações são de suma importância para o entendimento, sensibilização e manutenção do aleitamento exclusivo até o sexto mês de vida da criança.
A diferença básica é a fácil digestão do leite humano para o bebê, em relação o leite de vaca; outra vantagem importante é que ele é capaz de reduzir a incidência de doenças alérgicas e infecciosas. Para a mãe, o ato de amamentar provoca a redução do sangramento transvaginal pós-parto e retorno do peso pré-gestação (MELO, 2008).


GRÁFICO 5 ? (%) de puérperas pesquisadas na Unidade de Saúde da Família VI sobre o conhecimento das vantagens do aleitamento materno exclusivo para mãe e para a criança.
FONTE: Pesquisa de Campo, 2009.



Quando questionadas sobre as vantagens do aleitamento materno exclusivo para a mãe e para a criança 65% das puérperas integrantes da pesquisa afirmaram desconhecer tais vantagens, enquanto 35% afirmaram ter conhecimento sobre os benefícios (GRÁFICO 5).
Os dados confirmam a necessidade de intensificar ações educativas para a sensibilização dessas puérperas em relação aos benefícios do aleitamento para elas e para o seu bebê.


GRÁFICO 6 ? (%) de puérperas pesquisadas na Unidade de Saúde da Família VI, quanto ao período de oferta do leite materno exclusivo.
FONTE: Pesquisa de Campo, 2009.





Quando questionadas sobre o tempo de oferta de leite materno exclusivo 51% das puérperas responderam ter ofertado leite materno exclusivo sem adição de qualquer outro alimento até os três meses de vida, 12% amamentaram exclusivamente até os quatro meses e 37% responderam ter amamentado seus filhos até seis meses de forma exclusiva.
Percebe-se que há uma compatibilidade de menor período de oferta ao leite materno, em especial entre os 3 ou 4 meses e ainda com oferta de outros alimentos, como leite artificial ou chás. Os resultados encontrados sobre amamentação exclusiva nos seis primeiros meses de vida divergem dos estudos apresentados, os percentuais do estudo aqui proporcionado foi maior que nas pesquisas encontradas, o que indica um trabalho de sensibilização mais eficiente da enfermagem. Apesar disso, o número (%) de puérperas que o pratica ainda não é o ideal.


GRÁFICO 7 ? (%) puérperas pesquisadas na Unidade de Saúde da Família VI quanto às principais dificuldades encontradas no período de lactação .
FONTE: Pesquisa de Campo, 2009.


Das dificuldades mais comuns do período de lactação, observa-se que 50% relataram que sentem dor ao amamentar, 25% responderam que tinham dificuldade ao posicionar seu bebê, 15% referem ter apresentado abscesso mamário e 10% com ingurgitamento mamário.
Pela realidade encontrada, sugere-se a necessidade de mais intervenção dos profissionais de saúde durante o pré-natal com técnicas e linguagens adequadas, para parte das puérperas, evitando assim futuras complicações mamárias, e até mesmo um desmame precoce.

CONCLUSÃO

Este estudo demonstrou que a maioria das puérperas questionadas, 70% receberam orientação sobre o aleitamento, as complicações apresentadas nas mamas, as técnicas de ordenha, a preparação e os cuidadas com as mamas e as vantagens da lactação para a mãe e para o bebê.
O fator idade e escolaridade não são uma problemática, 61% das mulheres têm idade acima de 20 anos e 65% possuem ensino médio completo ou incompleto, esses fatores contribuem de maneira positiva para a manutenção da amamentação exclusiva até seis meses. Acredita-se que a escolaridade materna é um dos fatores que mais exercem influência na saúde do bebê.
Apesar das mulheres garantirem que receberam todas as informações sobre aleitamento materno, 65% sabem das vantagens do aleitamento materno para a criança e para a mãe e 75% não sabem ou nunca ouviram falar sobre as diferenças nutricionais entre o leite materno, o leite de vaca ou artificial. Isso se configura em um grande motivo para o desmame precoce, que pode ocorrer por diversos fatores.
Schmitz (2006) garante que a amamentação deverá ser exclusiva até o sexto mês de vida desde que a mulher o faça adequadamente, sem introdução de qualquer outro alimento que estimule a criança a abandonar o peito materno.
Quanto à oferta exclusiva de leite materno apenas 37% das mulheres disseram ofertá-lo até o sexto mês, 12% introduziram outros alimentos e/ou leite artificial e a maioria 51% só amamentou seus bebês exclusivamente por apenas três meses. Como as informações recebidas pelas mães não decorre somente dos profissionais de saúde, sabe-se que culturalmente algumas pessoas possuem crenças baseadas no senso comum, de que o leite materno possa ser fraco necessitando de complementação artificial para a nutrição do seu bebê, que necessite da adição de chás para a cura de cólicas não explicáveis ou para manter o sono do bebê.
Das dificuldades encontradas no período de lactação, foram relatadas pelas puérperas dor ao amamentar, registrada em 50% das mulheres, 25% com dificuldade para posicionar o seu bebê no colo durante a amamentação, 15% apresentaram abscesso mamário e 10% ingurgitamento mamário. O fator dor é o mais significativo para explicar a não adesão da amamentação exclusiva até o período recomendado.
No que diz respeito à hipótese da pesquisa, não foi notado a insuficiência do conhecimento das puérperas sobre aleitamento materno. Observou-se que o entendimento das mulheres sobre os benefícios e importância da amamentação para a criança e para ela mesma, ainda é deficiente, e constitui uma resistência à amamentação exclusiva e conseqüentemente incentiva o desmame precoce, visto que muitas delas abandonaram a amamentação, substituíram ou complementaram com outro alimento. Supõe-se haver uma falha na divulgação das informações fornecidas às mães.
Abrão (2006) afirma que nas consultas de pré-natal, a enfermeira é a profissional que pode e deve oferecer todas as informações necessárias à prática natural de amamentação, identificando vivências, experiências e crenças que a mulher traz consigo e discutindo em consultas individuais ou reuniões de grupos de gestantes. A enfermeira deve ainda, adotar medidas de conforto, apoio psicológico e incentivo à amamentação, dando ênfase a esse processo e seus benefícios.
Sugere-se que as ações educativas e preventivas, devam estar presentes em todo o atendimento pós-natal, enfatizando a importância do aleitamento, a vantagem que o leite humano tem sobre os outros leites, demonstrando seus valores nutricionais, destacando ainda que a dor é um sinal comum desse processo, mas que medidas preventivas podem minimizar o problema.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRÃO, Ana Cristina F. V. Aleitamento materno. In: BARROS, Sônia M. Oliveira. (Org.). Enfermagem no Ciclo Gravídico-Puerperal. São Paulo: Manole, 2006. Cap. 15, p. 223-236.

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