INSTITUTO AVANÇADO DE ENSINO SUPERIOR-IAESB
FACULDADE SÃO FRANCISCO DE BARREIRAS-FASB
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM



FERNANDA FERNANDES COELHO




CONHECIMENTO DAS MULHERES COM DIAGNÓSTICO DE CÂNCER DO COLO DO ÚTERO ACERCA DA DOENÇA EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE WANDERLEY, BAHIA.










BARREIRAS
2010

FERNANDA FERNANDES COELHO






CONHECIMENTO DAS MULHERES COM DIAGNÓSTICO DE CÂNCER DO COLO DO ÚTERO ACERCA DA DOENÇA EM UMA UNIDADE DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE WANDERLEY, BAHIA.


Monografia apresentada como requisito para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem, da Faculdade São Francisco de Barreiras- FASB.Orientador: Filipe Toni Sofiati e Co-orientação: Maria Madalena de Souza Matos Torres.






BARREIRAS
2010


























Dedico esse trabalho de monografia primeiramente a Deus que nos deu o dom da vida e a sabedoria, aos meus pais que me deu essa grande oportunidade de realizar um sonho. Sonhar e realizar sempre desistir nunca, pois diante dessa decisão seremos fracos. O Senhor é meu pastor e Nanda me faltará.
Agradecimentos

Primeiramente a Deus que foi quem me acompanhou nessa grande jornada de minha vida, se mostrando presente a cada dia, me dando força para continuar e vencer um tão merecido sonho.
Aos meus pais Antonio Miranda Coelho e Adeir Fernandes Coelho pessoas tão importante em minha vida, que me deram essa grande oportunidade de realizar um sonho até o final, me ajudando a vencer e vencer sempre, dando força nos momentos em que fraquejei e quis desistir passando uma confiança inevitável e uma coragem que por muitas vezes imaginei que não iria ter para enfrentar momentos difíceis. Afinal os amo muito!!!
Aos meus irmãos Drº Fabio Fernandes Coelho e Drº Fabrício Fernandes Coelho que me apoiaram sempre que precisei, ficando acordado me ajudando nos trabalhos, dando sermão pra estudar e me ensinado a correr atrás de um tão sonhado sonho, pessoas fundamentais em minha vida.
Ao meu noivo Helder Glauber que por muitas vezes esteve comigo nas idas e vindas que o curso oferece, sempre incentivando a correr atrás do sonho e importante pessoa na realização e conquista do mesmo.
Às amigas Pollyanna e Bárbara que estiveram ali sempre apoiando, perguntando sobre os estágios e os momentos na Faculdade, trocando idéias e experiências vividas na área de saúde e vida, levando em contas as noite sem dormir por causa das preocupações com as responsabilidades oferecidas por todos os professores.
Aos meus mestres que por muitas vezes sentir raiva achando que eram arrogantes e grosseiros, onde na verdade são pessoas fundamentais na minha formação, pois sem eles eu não seria hoje uma Enfermeira de qualidade, foram muitas noites sem dormir, muitos momentos de estress, muitos cabelos caindo, mas agradeço a todos por compartilharem seus conhecimentos e experiências vividas. Em especial as professoras Joelma Matos e Maria Madalena que me deram muita força em momentos de tristeza, repassando um pouco de sua experiência de vida e me fazendo ser forte para vencer assim como elas, superando todas as dificuldades, ao professor Filipe Toni Sofiati grande mestre e orientador de responsabilidade, me cobrando cada dia mais e mais, ou seja, me fazendo uma grande profissional diante de suas exigências e a professora Nina especial sempre me escutou nos momentos de dúvidas e ajuda. Um grande beijo a todos.
As grandes amigas Karine Oliveira, Isis Dayane, Fabíola Sá Teles, Elza Ribeiro, Genivaldo Tavares, Juliane Carvalho e Ana Angélica dentre tantos outros que estivemos juntos durante três anos, vivendo muitos momentos de felicidades, resenhas e felicidades inesquecíveis que não há tempo que apague.
Fernanda Fernandes Coelho.




COELHO, Fernanda Fernandes; TORRES, Maria Madalena de Souza Matos Torres; SOFIATI Filipe Toni. O conhecimento das mulheres com diagnóstico de câncer de colo do útero em uma Unidade de Saúde da Família no município de Wanderley, Bahia. 2010. Monografia. (Conclusão de curso de Bacharel em Enfermagem). Faculdade São Francisco de Barreiras- FASB, Barreiras- Bahia.

RESUMO

O câncer de colo do útero é uma doença que pode ser iniciada com transformações intra-epiteliais, se desenvolvendo em tempo de 10 a 20 anos, seus sintomas são silenciosos causando uma determinada demora no diagnóstico e tratamento. Diante de tal problema optou-se em desenvolver a pesquisa sobre conhecimento das mulheres com diagnóstico de câncer do colo do útero acerca da doença em uma unidade de saúde da família no município de Wanderley, Bahia, cujos objetivos foram: Geral: analisar o conhecimento das mulheres portadoras de câncer de colo de útero no município. Específicos: perfil das mulheres acometidas e investigar o conhecimento das mulheres com CA de colo do útero. A abordagem metodológica utilizada foi qualitativa de caráter exploratório e descritivo. Foram entrevistadas cinco mulheres em uma Unidade Básica de Saúde do município de Wanderley-Ba com diagnósticos confirmado de CA colo de útero. Foi utilizado a análise de Bardin para transcrição e tratamento dos resultados. As respostas foram agrupadas em quatro categorias: Categoria I: Conhecimento sobre o câncer de colo de útero, Categoria II: Importância do exame preventivo, Categoria III: Relação do HPV com o câncer de colo de útero e a Categoria IV: Sentimento por ser portadora do câncer de colo de útero. Após a pesquisa percebeu-se um déficit no conhecimento das mulheres no que diz respeito quando questionadas sobre o conhecimento sobre o CA de colo de útero; foi constatado que as mulheres são bem orientadas quanto o a importância do exame Papanicolaou de seguimento, no entanto, pode-se perceber que quando indagadas sobre o conhecimento da relação do CA de colo do útero com o HPV as opiniões foram equilibradas, 02(40%) das entrevistadas conheciam a relação e outras 02 (40%) não sabiam que o HPV poderia está relacionado com o CA de colo de útero. Quanto ao sentimentos que experimentaram ao ser diagnosticado o CA foi percebido o abandono por parte dos companheiros; menosprezo diante do diagnóstico; tristeza em ser abandonada, desprezada e conviver com um câncer; vergonha e baixa auto estima por ter o CA; arrependimento pelo estilo de vida pregressa na juventude e, auto confiança, fé e esperança na cura. Conclui-se que as mulheres são pouco orientadas quanto a doença e o município precisa investir mais em atenção a saúde da mulher, bem como em educação em saúde visto que o processo educativo contribui para o crescimento da comunidade enquanto cidadãos e, conseqüentemente, para uma melhor qualidade de vida pois houve um déficit considerável nos resultados da pesquisa quanto ao conhecimento.
PALAVRAS CHAVE: Câncer de Colo do Útero, HPV, Conhecimento, Sentimento.

COELHO, Fernanda Fernandes. The knowledge of women diagnosed with uterine cervix cancer in a Family Health Unit in Wanderley, Bahia. 2010. Monograph. (Completion of course in Bachelor of Nursing). Faculdade São Francisco de Barreiras- FASB, Barreiras- Bahia.

ABSTRACT

The uterine cervix cancer is a disease that can be initiated with intra-epithelial transformation, developing from 10 to 20 years, its symptoms are silent, causing a certain delay in the diagnosis and treatment. Faced with this problem it was decided to develop the research on knowledge of women diagnosed with cervical cancer about the disease in a family health unit in Wanderley, Bahia, with objectives to examine the knowledge of women with uterine cervix cancer in the county, raising the incidence of cases, the profile of breast cancer patients and to investigate the knowledge of women with cervical CA. The methodological approach was qualitative, exploratory and descriptive. Five women were interviewed in a Basic Health Unit in Wanderley - BA with confirmed diagnoses of cervical CA. It was used the Bardin analysis for results transcription and treatment. The answers were grouped in four categories: Category I: Knowledge about uterine cervix cancer, Category II: Importance of screening, Category III: Relationship between HPV and uterine cervix cancer, and Category IV: Feeling because of being carrier of the uterine cervix cancer. After the search, it was noticed a deficit in knowledge of women regarding when asked about the knowledge of the uterine cervix cancer, it was found that ]women are targeted about the importance of Papanicolaou test, however, it may notice that when asked about the knowledge of the relationship of uterine cervix cancer with HPV opinions were balanced, 02 (40%) of respondents knew about the relationship and other 02 (40%) did not know about that. About the feelings they experienced when they were diagnosed, it was perceived abandonment by the partner; contempt before the diagnosis, sadness for being abandoned, neglected and living with cancer, shame and low self-worth by having the cancer, by way of repentance in youth and early life, self confidence, faith, hope and healing. It was concluded that women are poorly targeted about the disease and the city needs to spend more attention on women's health and health education seeing the educational process contributes to the growth of the community like citizens and, consequently, to better life quality because there was a considerable deficit in the search results in terms of knowledge.

Key words: Uterine Cervix Cancer, HPV, Knowling, Feeling.




LISTA DE ABREVIAÇÕES E SIGLAS

CA ? Câncer
CAM ? Centro de Atendimento a Mulher
ESF ? Estratégia Saúde da Família
HPV¬ ? Papiloma Vírus Humano
IST ? Infecções Sexualmente Transmissíveis
NIC ? Neoplasia Intra-Epitelial Cervical
NIP ? Neoplasia Intra-epitelial Peniana
OMS ? Organização Mundial de Saúde
SESAB ? Secretaria Estadual de Saúde da Bahia
SISCOLO ? Sistema de Informação do Câncer de Colo de Útero
SUS ? Sistema Único de Saúde
PACS ? Programa de Agentes Comunitário de Saúde
PCCU ? Preventivo do Câncer de Colo de Útero







SUMÁRIO PÁG

1 INTRODUÇÃO 12
2 DESENVOLVIMENTO 15
2.1. O CORPO HUMANO 15
2.2 SISTEMA REPRODUTOR FEMININO 16
2.2.1 Ovário 16
2.2.2 Tuba Uterina 17
2.2.3 Útero 18
2.2.4 Vagina 20
2.3 HORMÔNIOS OVARIANOS 20
2.3.1 Função dos Hormônios Gonadotrópicos 21
2.3.2 Função Luteinizante do LH 21
2.3.3 Função dos Estrogênios 22
2.3.4 Mecanismo de Ação dos Estrógenos 22
2.3.5 Funções da Progesterona 23
2.3.6 Efeitos da Progesterona sobre o Útero e Tubas Falópio 23
2.4 NEOPLASIA 24
2.4.1 Neoplasia Benigna do Colo Uterino 25
2.5 CÂNCER DO COLO UTERINO 25
2.5.1 Fatores de Risco 28
2.6 PAPILOMA VÍRUS HUMANO - HPV 28
2.7 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 29
2.8 DIAGNÓSTICO 30
2.9 TRATAMENTO 30
2.10 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM 31
2.11 METODOLOGIA 33
2.11.3 População 35
2.11.4 Amostra 35
2.11.5 Instrumento de Coleta de Dados 35
2.11.6 Análise dos Dados 35
2.11.7 Considerações Éticas 36
2.11.8 Resultado e Discussão 36
2.11.8.1Categoria I: Conhecimento acerca do Câncer de Colo do Útero. 37
2.11.8.2 Categoria II: A importância do exame preventivo. 38
2.11.8.3 Categoria III: Relação do HPV com o CA de colo de útero. 40
APÊNDICE A- QUESTIONÁRIO 49
APÊNDICE B- RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO PARTICIPANTE 01 (M1) 50
APÊNDICE C ? RESPOSTA DO QUESTIONÁRIO DA PARTICIPANTE 02 (M2) 51
APÊNDICE D- RESPOSTA DO QUESTIONÁRIO DA PARTICIPANTE 03 (M3) 52
APÊNDICE E- RESPOSTA DO QUESTIONÁRIO DA PARTICIPANTE 04 (M4) 53
APÊNDICE F - RESPOSTA DO QUESTIONÁRIO DA PARTICIPANTE 05 (M5) 54
ANEXO A- Termo de Consentimento Livre E Esclarecido 56
ANEXO B- Carta de Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa 58



















1 INTRODUÇÃO

Esta monografia aborda o conhecimento das mulheres portadoras do CA de colo uterino em uma Unidade de Saúde da Família no município de Wanderley-BA, sobre sua doença.
O câncer do colo do útero é descrito como uma afecção iniciada com transformações intra-epiteliais progressivas podendo evoluir para uma lesão cancerosa invasora, em 10 há 20 anos. De tal modo, pode ser considerada uma neoplasia evitável devido à longa fase pré-invasiva, quando suas lesões precursoras podem ser detectadas, diante da disponibilidade de triagem através do exame citopatológico de Papanicolaou e seguido pela possibilidade de tratamento eficaz das lesões (MULHER et al, 2009).
Conforme os atendimentos prestados as pacientes nas unidades de saúde e nos trabalhos em equipe é extremamente importante esclarecer a importância do preventivo, pois algumas mulheres não possuem conhecimento e por muitas vezes acham que esse exame serve apenas para diagnosticar as ISTs, sendo que o objetivo do exame preventivo é a detecção do Câncer do colo uterino.
A Medicina dispõe de procedimentos que têm se mostrado eficazes para o diagnóstico da neoplasia em estágios precoces, e de medidas terapêuticas capazes de curar ou melhorar a sobrevida das pacientes. Cuidados adequados para reduzir o sofrimento e ações que possibilitem uma melhor qualidade de vida devem ser disponibilizados à população, ou seja, o atendimento no Centro de Atendimento a Mulher (CAM) na cidade de Barreiras-Ba, onde as pacientes fazem o tratamento consecutivo de sua neoplasia, com o acompanhamento ginecológico, psicólogo e de enfermagem dentre outros profissionais, para dar suporte a essas mulheres e ao tratamento delas.
A equipe de saúde deve estar disposta a orientar a mulher, valorizar as queixas ginecológicas e esclarecer seus direitos e informações. As decisões devem ser compartilhadas e se a mulher desejar procurar alívio para seus sintomas em outras abordagens terapêuticas, a equipe deve respeitar sua opção, lembrando-se que a orientação para a busca do tratamento eficaz é fundamental, pois as mesmas devem realizar o tratamento prescrito e indicado para cada tipo de câncer.(BRASIL, 2006).
Diante desse contexto originou a seguinte problemática: Qual o conhecimento das mulheres com diagnóstico de câncer de colo do útero acerca da doença no município de Wanderley-BA?
Essa monografia tem o seguinte objetivo geral: analisar o conhecimento das mulheres portadoras de câncer do colo do útero a cerca da doença, na cidade de Wanderley-Ba e como objetivo específico: identificar o perfil das mulheres acometidas pela neoplasia e investigar o conhecimento das mulheres portadoras do câncer de colo de útero.
Trata-se de um estudo exploratório e descritivo de natureza qualitativa, que utilizou como base de dados as literaturas nacionais e eletrônicas, bem como pesquisa de campo em saúde coletiva. Este aborda o conhecimento das mulheres portadoras de Ca de útero que fazem ou já fizeram o tratamento. Baseado nos estudos sobre a saúde da mulher, o Ca de útero é o segundo maior índice mundialmente referido pelo ministério da saúde com 19.260 novos casos no tanto as mulheres são orientadas a realizar o exame preventivo, mas nem sempre cumpre com o seu papel de mulher cuidadora. Por muitas vezes isso acontece devido à falta de conhecimento, pois o exame preventivo é realizado para detectar o Câncer de útero e mama, porém quando há presença de bactérias, vírus e fungos na flora vaginal acabam sendo expostos e tratados causando uma dúvida quanto a finalidade do exame.
Esse trabalho se apresenta da seguinte forma, introdução que aborda a temática, justificativa, problema e os objetivos da presente pesquisa; o desenvolvimento versa os aspectos referentes à fundamentação teórica do estudo abordando temas como um resumo do corpo humano, o sistema reprodutor feminino como um todo. Os hormônios presentes na mulher, o que é a neoplasia e por fim o Câncer de útero desenvolvendo fatores de risco, diagnóstico, tratamento, assistência de enfermagem e por fim o HPV que uma doença sexualmente transmissível associada ao Câncer do colo uterino; a metodologia que descreve o caminho da presente pesquisa fora traçado para responder os objetivos propostos. Este ainda contêm resultados e discussões que apresentam a análise das interpretações dos resultados obtidos. A conclusão que apresenta algumas reflexões e implicações em respeito a saúde da mulher, além de responder os objetivos traçados. Mencionam-se as referências utilizadas para subsidiar o estudo, assim como os apêndices, elementos que o complementam.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1. O CORPO HUMANO

Baseado nos seguintes autores Guyton (1988), Palastanga, Field e Soames (2000), Spence (1991), Lossow, Jacob e Francone (1990). O corpo humano não é constituído apenas por ossos, músculos, sangue, respiração e pele. Quando falamos de ser humano devemos falar em sistemas, que são responsáveis por cada parte de nosso corpo, cada um exercendo uma função diferente, por tanto, o sistema circulatório é responsável por bombear (mandar sangue) oxigenado ao nosso corpo, através dos ventrículos e artéria aorta (maior e mais calibrosa artéria de nosso corpo), mantendo também a função de controlar a pressão arterial através dos impulsos cardíacos. O sistema respiratório ocupa-se com as trocas gasosas (oxigênio e dióxido de carbono) entre o ar nos pulmões e o sangue nos capilares da circulação pulmonar. O sistema digestivo é um longo tubo que se estende da cavidade oral até ao ânus; os órgãos e cavidades que compõe esse sistema são: a boca, faringe, laringe, esôfago, estômago e intestinos delgados e grossos. A sua função e receber os alimentos ingeridos e digerir produzindo o suco gástrico e separar as proteínas e mandar para seus devidos lugares.
Ainda conforme os autores citados acima o sistema urogenital exerce a função de formação, concentração, armazenamento e excreção da urina, ou seja, é o sistema responsável pela nossa urina e também pela formação dos rins, ureteres, bexiga, uretra e micção (reservatório da urina em 300-400 ml). O sistema reprodutor masculino é constituído por testículos (onde é formado o esperma), epidídimo (tubo onde passam os espermatozóides), canais diferentes (local onde o esperma fica armazenado), vesículas seminais (glândula tubular convoluta que secreta liquido amarelado e viscoso), próstata (glândula que circunda a uretra) e pênis (órgão sexual masculino). O sistema reprodutor feminino é o órgão responsável pela reprodução feminina, composto por ovários, tubas uterinas, útero, gravidez e vagina. Onde ocorrem as ovulações, gestação fetal, ato sexual dentre outras funções que falaremos a seguir e por ultimo o sistema nervoso que é responsável pelos impulsos mandados pelo cérebro, ou seja, ela manda as informações e o nosso corpo responde, com gesto, atitudes, falas e movimentos, no entanto, ele é o principal responsável por nossa vida.


2.2 SISTEMA REPRODUTOR FEMININO


De acordo com os autores Palastanga, Field, Soames (2000) e Spence (1991) a maior parte do sistema reprodutor feminino (ovários, tubas uterinas, útero, parte superior da vagina) é situada na pelve que é um marco ósseo forte que realiza uma função protetora. Somente uma pequena parte situa-se no períneo que pode ser dividido por uma linha transversal entre os túberes esquiáticos, em triangulo urogenital anterior, que contêm os genitais externos, e triangulo anal, posterior, que contêm o ânus, ou seja, é a região entre a vagina e o ânus.
Conforme Palastanga, Field e Soames (2000) e Spence (1991) cada ovário (3cm de comprimento, 2cm de largura e 1cm de espessura) reside na camada posterior do ligamento largo, estreitamente relacionado com a abertura (infundíbulo) da tuba uterina. O ovário desenvolve-se na parede abdominal posterior e reside na fossa ilíaca até cerca de seis anos, depois do que ele se move para dentro da pelve. Durante a gravidez, o ovário é puxado para cima pelo útero aumentado, retornando a pelve depois do nascimento, mas sua posição é mais variável do que antes e não mais vertical. Os ovários são gônadas femininas, análogas aos testículos nos homens; as tubas uterinas transportam o óvulo ao útero, onde, se a fertilização tiver ocorrido, o zigoto se implanta havendo o inicio da gestação, ou seja, o desenvolvimento do embrião e feto tendo o seu lugar no útero. A vagina conecta o útero ao exterior e serve para introdução dos espermatozóides, bem como canal do parto, em seguida ao período indiferenciado, durante o qual todos os embriões têm a mesma estrutura, os embriões masculinos e femininos percorrem diferentes caminhos no desenvolvimento. Como resultado formam-se estruturas reprodutoras internas própria de cada sexo.


2.2.1 Ovário


Segundo Lossow, Jacob e Francone (1990) e Spence (1991) os ovários, freqüentemente referidos como os principais órgãos reprodutores da mulher, são duas estruturas ovaladas com cerca de 4 cm de comprimento; estão localizados na porção superior da cavidade pélvica, um de cada lado do útero. O ovário prende-se ao ligamento largo do útero pelo mesovário, uma prega peritoneal, e é ancorado ao útero pelo ligamento próprio do ovário, estende-se do seu pólo superior até a parede pélvica. Os ovários não migram tão extensivamente durante o desenvolvimento embrionário como os testículos. O peritônio que cobre a superfície do ovário é composto por células simples cuboidais, relativamente pequenas, ao contrario das células pavimentosas típicas do restante do peritônio. Esta cobertura epitelial externa do ovário é chamada de epitélio germinativo, não dando origem as células germinativas.


2.2.2 Tuba Uterina


São dois tubos musculares flexíveis, em forma de cornetas, de aproximadamente 12 cm de comprimento, que se estendem do fundo do útero a cada lado, na direção da circunferência pélvica. A parede da tuba é composta das três camadas do útero: mucosa, muscular lisa e serosa. A camada mucosa ou interna é revestida por epitélio cilíndrico ciliado e é continua com o epitélio do útero, assim como com o peritônio na cavidade abdominal. Quando um óvulo é expelido do ovário, as fimbrias funcionam como tentáculos, trazendo-o para o interior da tuba, onde pode ocorrer a fertilização. Então, por contrações musculares peristálticas e por atividade ciliar, a tuba conduz o óvulo para a cavidade uterina (LOSSOW; FIELD; SOAMES, 1990).
De acordo com Spence (1991), um óvulo liberado na ovulação é transportado em direção ao útero pela tuba uterina. Cada tuba uterina, que se estende da vizinhança do ovário ao ângulo lateral superior do útero, esta posicionada entre as camadas do ligamento largo. A porção do ligamento largo que ancora cada tuba uterina é chamada mesosalpinge. A porção medial da tuba uterina, de calibre menor, é chamada istmo. Ela se abre no útero. A tuba uterina mostra-se expandida na região onde ela se curva ao redor do ovário, região esta chamada de ampola. A fertilização geralmente ocorre na ampola. A extremidade distal de cada tuba uterina é chamada de infundíbulo e se abre na cavidade abdominopelvica, muito perto do ovário. Esta abertura, chamada óstio abdominal, é rodeada por pequenas projeções digitiformes, chamadas fimbrias. Uma fimbria está em geral, presa ao ovário. Acredita-se que os movimentos das fimbrias e de seus cílios produzem uma corrente de fluido peritoneal que entra na tuba uterina e assim carrega o ovulo liberado no folículo para a tuba.
Segundo Palastanga, Field e Soames (2000), a tuba uterina estende-se lateralmente a partir da junção do fundo e corpo do útero, sua luz comunicando-se com a do útero. A parte mais estreita (istmo) ocorre quando ela se junta ao útero, alargando-se (a ampola) ao passar lateralmente, para terminar sob forma do infundíbulo franjado de fimbrias, umas das quais (fimbria ovariana) é fixada no pólo superior do ovário. As alterações hormonais durante o ciclo menstrual produzem alterações na vascularidade do revestimento das tubas uterinas.


2.2.3 Útero


O útero é um órgão impar, oco, com forma de uma pêra, que recebe as tubas uterinas nos seus ângulos laterais superiores e se continua para baixo pela vagina. A porção superior do útero é chamada de corpo. Abaixo do corpo do útero se estreita, formando o istmo e, quando se junta a vagina adquire uma forma cilíndrica, constituindo o colo. A abertura do útero na vagina é chamada de óstio do útero. A região em forma de cúpula do corpo uterino acima e entre os pontos de entrada das tubas uterinas é chamada de fundo (SPENCE,1991).
Palastanga, Field e Soames (2000), relata que o útero é um órgão muscular de paredes grossas que se situa na cavidade pélvica; ele pode ser divido em três partes: o fundo, acima da abertura das tubas uterinas, um corpo que se estreita inferiormente e um colo (cérvix) que se projeta para dentro da vagina. O revestimento da membrana mucosa do útero (endométrio) sofre alterações extensas durante o ciclo menstrual, em resposta ás concentrações circulante de hormônio ovariano, e é eliminada a cada mês se a fertilização do ovulo não ocorre.
Para Lossow, Jacob e Francone (1990) o útero é um órgão muscular piriforme de parede espessa, suspenso na parte anterior da cavidade pélvica acima da bexiga e em frente ao reto. Em seu estado normal, ele mede cerca de 7,5cm de comprimento e 5cm de largura, as tubas uterinas penetram na sua extremidade superior de cada lado. A extremidade inferior do útero projeta-se na vagina. O corpo do útero é superior a cérvix. As tubas uterinas entram na extremidade superior do útero, uma de cada lado. O fundo é a porção arredondada superior do órgão, localizada entre as duas tubas uterinas. A cavidade uterina é normalmente triangular e achatada no sentido ântero-posterior, fazendo a cavidade parecer-se com uma simples fenda, quando observada de lado.
Segundo Spence (1991), o útero esta localizado na pelve, atrás da bexiga urinaria e à frente do colo sigmóide e do reto. O peritônio que recobre as faces superior e posterior da bexiga urinaria, dirige-se para trás na face anterior do útero a partir do assoalhado da cavidade pélvica. Esse espaço assim formado é chamado de escavação vesicouterina. De maneira similar, escovação retouterina é formada onde o peritônio que se continua por sobre o útero e na sua superfície posterior é rebatido na superfície anterior do reto a partir do assoalho d cavidade pélvica. As camadas de peritônio que recobrem o útero anterior e posteriormente fundem-se ao longo de suas margens laterais e se estendem para as paredes laterais e assoalho da cavidade pélvica como ligamento largo. A porção do ligamento largo que esta abaixo do mesovario e a ancora o útero é chamada mesométrio.
Embora o útero situe-se acima da bexiga, ele é separado dela pela bolsa uterovesical; posteriormente, é separado do terço médio reto pelo saco retouterino (de Douglas). Inferiormente, o colo é suportado pelo diafragma pélvico muscular (elevador do anus) e por condensações da fáscia pélvica, as quais foram três ligamentos (cervical transverso, pubocervical e sacrocervical) (PALASTANGA; FIELD; SOAMES, 2000).
De acordo com Lossow, Field e Soames (1990) o útero é recoberto por uma camada de peritônio e é ligado a ambos os lados da cavidade pélvica através de uma camada dupla de peritônio, ou ligamentos largos nos quais passam as artérias uterinas. A parede do útero consiste em três camadas. A camada externa é o revestimento epitelial do órgão, continua de cada lado com o peritônio de ligamento largo. A camada média, o miométrio, uma camada muscular espessa, consiste em feixes entrelaçados de fibras musculares lisas e embebidas em tecido conjuntivo. A camada interna da parede uterina é a membrana mucosa, ou endométrio, consiste em um revestimento epitelial e um tecido conjuntivo chamado estroma endometrial.
De acordo com Spence (1991), normalmente, o útero esta fletido pra frente, com seu eixo longitudinal formando um ângulo de 90º com o eixo maior da vagina. Este ângulo varia, entretanto, dependendo do preenchimento da bexiga e do reto. Os ligamentos, de fato, não providenciam maior suporte para o útero. Seu principal suporte esta situado a parte; os músculos e as membranas que formam o assoalho da cavidade pélvica- ou seja; o diafragma pélvico e o diafragma urogenital. Todos esses músculos estão fixados no tendão circular logo posteriormente à abertura vaginal, chamado centro tendíneo do períneo. A cavidade do útero é revestida por um epitélio de células cilíndricas ciliadas chamado endométrio. A superfície desse epitélio invagina-se para formar numerosas glândulas uterinas tubulares, que se estendem para dentro da parede numa espessa lamina própria referida como estroma endometrial. O endométrio consiste de uma camada superficial espessa chamada camada funcional e outra, delgada, profunda, a camada basal.


2.2.4 Vagina


De acordo com os seguintes autores Spence (1991) e Palastanga, Field, Soames (2000) a vagina é o canal que se estende do colo do útero ate o exterior do corpo. A vagina é relacionada com a base da bexiga e uretra, que é ligada a ela; posteriormente fica o saco retouterino, ampola do reto e inferiormente o corpo perineal. As paredes anterior e posterior são usualmente opostas, mas tornam-se largamente distendidas e alongadas durante o parto.
Segundo os mesmo autores a mucosa vaginal prolifera durante o ciclo menstrual de maneira semelhante às mudanças endometriais do útero, mas é consideravelmente menos desenvolvida do que a do útero. A mucosa da vagina contêm numerosas pregas transversais ou rugas vaginais.
A extremidade superior do canal vaginal envolve o colo do útero, formando um recesso, o fórnice da vagina. A porção mais longa do recesso está colocada dorsalmente ao colo e é chamada de fórnice posterior ou parte posterior da fórnice. A parte anterior (fórnice anterior) e as duas partes laterais (fórnice lateral) não são tão profundas.


2.3 HORMÔNIOS OVARIANOS


Os principais ovarianos são os estrógenos, a progesterona e, em menor proporção, os andrógenos, a relaxina e a inibina. Os estrógenos normalmente encontrados na espécie humana são: 17B-estradiol (E2), estrona (E3). O estradiol, produto metabólico do 17B-estradiol, em condições normais é secretado em pequenas quantidades, aumentando durante a gravidez, quando então é secretado pela placenta a partir de percussores fetais. Os andrógenos encontrados no ovário são: androstenodiona, testosterona e diidrostediona. Os estrógenos podem também podem ser produzidos por conversão periférica em outros tecido tecidos, como, por exemplo, o tecido adiposo. O papel do tecido adiposo como fonte de estrona é bem evidente após a menopausa, quando este tecido converte a androstenodiona em estrona num ritmo aproximado de 15mg/dia (AIRES, 1999).


2.3.1 Função dos Hormônios Gonadotrópicos


Segundo Guyton e Hall (2002) e Aires (1999) os anos reprodutivos normais da mulher caracterizam-se por alterações rítmicas mensais da secreção dos hormônios femininos e por alterações físicas correspondentes nos ovários e em outros órgãos sexuais. Esse padrão rítmico é denominado ciclo sexual mensal feminino. A duração do ciclo é, em media, de 28 dias. Pode ser curto de penas 20 dias, ou longo, de até 45 dias, mesmo em mulheres normais, apesar de duração anormal do ciclo esta freqüentemente associada à redução da fertilidade. O FSH atua no folículo primordial determinando o seu desenvolvimento morfológico e funcional; entretanto, para que haja a maturação folicular completa é necessária a ação sinergética do LH. Este hormônio atua sinergeticamente com o FSH sobre o folículo, aumentando o numero de células granulosa, determinando o aparecimento do antro folicular e aumento da secreção do 17B-estradiol.


2.3.2 Função Luteinizante do LH


A transformação das células da granulosa e da teca interna das células luteínicas depende, principalmente, do LH secretado pela hipófise anterior. Na realidade, essa função deu ao LH seu nome. "luteinizante", que significa "tornar amarelo". A luteinização também depende da extrusão do ovulo do folículo folicular; denominado fator de inibição da luteinização, parece impedir o processo de luteinização até depois da ovulação (GUYTON; HALL, 2002).


2.3.3 Função dos Estrogênios


Conforme Lossow, Jacob e Francone (1990), os estrogênios são secretados pelo folículo ovariano em desenvolvimento e mais pelo tarde pelo corpo lúteo. Durante a gravidez, eles são secretados pela placenta. Os estrogênios são responsáveis pelo crescimento aumentado do útero e da vagina, na puberdade, e pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, tais como o aspecto feminino e a recuperação do endométrio após a menstruação.
Para Guyton e Hall (2002), o mais importante dos estrogênios é o hormônio estradiol enquanto a progestina mais importante é a progesterona. Os estrogênios promovem principalmente, a proliferação e o crescimento das células especificas no corpo, que são responsáveis pelo desenvolvimento da maioria das características sexuais secundarias feminina. As progestinas estão relacionadas, quase inteiramente, com a preparação final do útero para a gravidez e das mamas para lactação. Na mulher não grávida normal, os estrógenos são secretados em quantidade significativa apenas pelos ovários, embora sejam, também, secretados diminutas quantidades pelo córtex adrenal. Durante a gravidez, a placenta também secreta em quantidade enorme de estrogênios.
Conforme Aires (1999) os estrógenos são transportados na circulação ligados a proteínas (proteínas transportadoras de dos esteróides sexuais): cerca de 80% se ligam a B-globulina, 15-19% são transportados ligados à albumina e apenas uma porção muito pequena, a ativa. É transportada sob forma livre (2-5%). A concentração plasmática dos estrógenos é baixa na infância (menor que 10pg/ml). Eleva-se gradativamente, durante a puberdade, atingindo concentrações estáveis no individuo adulto após a menarca (primeira menstruação). No fígado, os estrógenos são metabolizados, tornando-se inativos e hidrossolúveis. O estradiol e a estrona são 16ª hidroxilados, convertidos em estradiol e rapidamente eliminado na bile, fezes e urina, livres ou conjugados como sulfatos como sulfatos ou glicuronideos.


2.3.4 Mecanismo de Ação dos Estrógenos


Os estrógenos, quando atingem os tecidos-alvos, liberam-se das proteínas transportadoras e penetram, por um processo de difusão simples ou facilitada, no citosol, onde se acoplam aos receptores nucleares específicos de alta afinidade. No núcleo, o complexo hormônio-receptor liga-se a sitio específicos da cromatina, estimulando a síntese de vários mRNAs mensageiros. Estes se deslocam para o citosol e, nos ribossomos, desencadearam a síntese de varias proteínas especificas, responsável pela resposta fisiológica (AIRES, 1999).





2.3.5 Funções da Progesterona


De acordo com os autores Lossow, Jacob e Francone (1990), Aires (1999) e Guyton e Hall (2002) a progesterona diminui a excitabilidade da fibra muscular uterina, provavelmente por promover uma firme ligação dos íons cálcio no interior das fibras musculares miometriais, diminuindo o seu transporte através das membranas fibrilares, ela é secretada pelo corpo lúteo e placenta . Além deste efeito depressor da excitabilidade do útero ela aumenta a vascularização do corpo e colo uterino. Converte o endométrio uterino parcialmente espessado em uma estrutura secretora especializada para o processo de implantação, é responsável pelo desenvolvimento das células secretoras de leite das glândulas mamarias durante a gestação e diminui a mobilidade do útero. A diminuição na secreção da progesterona leva a irregularidade menstrual em mulheres não grávidas e ao aborto espontâneo em mulheres grávidas.
Na mulher não grávida, a progesterona é secretada em quantidades significativas apenas durante a segunda metade de cada ciclo ovariano, quando é secreta pelo corpo lúteo.


2.3.6 Efeitos da Progesterona sobre o Útero e Tubas Falópio


No útero a função mais importante da progesterona consiste em, promover alterações secretoras no endométrio uterino durante a segunda metade do ciclo sexual feminino mensal, preparando assim o útero para a implantação do ovo fertilizado. Nas tubas de falópio a progesterona promove aumento da secreção do revestimento mucoso das trompas de falópio. Essas secreções são necessárias para nutrição do ovo fertilizado, em divisão quanto ele atravessa a trompa de falópio antes da sua implantação. ( GUYTON; HALL, 2002).



2.4 NEOPLASIA


Segundo os autores Stenvens; Lowe (2002), White et al. (2000) e Robinns et al. (2001), o termo câncer, freqüentemente é utilizado na linguagem leiga como sinônimo de qualquer neoplasia maligna, deriva da palavra latina para caranguejo, e passou a ser adotado a partir da observação de que estes tipos de tumores crescem sobre outros tecidos com projeções em forma de pinças. "Câncer" é uma coleção de distúrbios que compartilham a característica comum de crescimento celular descontrolado. Isto leva a uma massa de células chamada neoplasia ou tumor. A formação de tumores é chamada tumorigêneses. Os tumores pode ser classificados de acordo com vários critérios: 1) pelo comportamento clínico (benignos ou malignos), 2) pelo aspecto microscópico (critério histomorfológico), 3) pela origem da neoplasia (critério histogenético). Nem sempre esses elementos são usados na denominação da lesão. As neoplasias malignas invadem os tecidos vizinhos em geral metastizam (espalham-se) para locais mais distantes no corpo. A capacidade de invadir e metastizar distinguem as neoplasias malignas das benignas.
De acordo com os autores supracitados, os tumores benignos, cujas células assemelham-se muito às do tecido original, geralmente não apresentam grau elevado de anormalidade de crescimento. Esses tumores crescem em locais distintos, e de modo geral possuem uma taxa muito lenta de crescimento. Os tumores benignos são os que terminam pelo sufixo Omã, alguns exemplos são: Adenomas: tumores epiteliais benignos que surgem em glândulas ou que formam padrões glandulares. Cistadenomas: adenomas que produzem grandes massas císticas, observadas tipicamente no ovário. Papilomas: tumores epiteliais que formam projeções digitiformes microscópicas ou macroscópicas. Pólipo: tumor que se projeta a partir da mucosa para a luz de uma víscera oca.
A característica mais significante das neoplasias malignas reside no fato de crescimento tumoral não permanecer confinado no local de origem, ou seja, no tumor primário. O descontrole do crescimento celular é de tal magnitude que as células podem crescer sobre os tecidos adjacentes, num processo denominado invasão, a característica mais ameaçadora das neoplasias malignas reside no fato de as células se desprenderem do tumor primário deslocando-se para outras regiões do organismo, onde crescem como tumores independentes. Esse processo é conhecido como metástase e as massas liberadas são denominadas de metástase ou tumores secundários. Os tumores malignos são freqüentemente denominados cânceres e são divididos em duas grandes categorias: Carcinoma, que se originam de células epiteliais e Sarcomas, que se originam de tecidos mesenquimatosos.
Assim os tumores epiteliais malignos com padrões de crescimento glandular são denominados adenocarcinomas, enquanto os sarcomas que surgem a partir de células musculares lisas ou que se assemelham a essas células são denominados leiomiossarcomas.


2.4.1 Neoplasia Benigna do Colo Uterino


Conforme Viana, Martins e Gerber (2001), os pólipos surgem, provavelmente, de um exagero da mucosa endocervical em formar pregas e digitações, seja por processos inflamatórios crônicos, por hiperestrogenismo, ou neoformação vasculação devido à congestão crônica dos vasos cervicais. Os pólipos podem desenvolver de três formas:
? Metaplasia/ consiste na substituição do epitélio cilíndrico pelo escamoso metaplásico. É particularmente freqüente nos pólipos mucosos e adenomatosos.
? Transformação carcinomatosa/ como toda metaplasia, deve-se esperar uma freqüência de malignização em sua evolução.
? Isquemia e necrose/ são comuns no pólipo de pedículo fino e longo por torção e infarto hemorrágico ou anêmico, com necrose. Essa evolução é pouco freqüente.


2.5 CÂNCER DO COLO UTERINO


Segundo os seguintes autores Halbe (1993), Viana, Martins e Geber (2001) e Berek (2005), o colo uterino é um cilindro muscular, com luz na direção longitudinal, recoberto por dois epitélios: um malpighiano e, epidermóide e outro granular. O primeiro reveste, em condições ideais, a portio, ou seja, a área do colo uterino visível no fundo da vagina. Tem as funções de proteção mecânica, face à estratificação celular, e de proteção biológica, pois o glicogênio dessas células maduras, sob ação dos bacilos de Dorderlein, se transforma em acido lático que mantêm a mesma acidez vaginal e conseqüentemente a defesa do meio. A biologia molecular e a associação Ca de colo/HPV (Papiloma vírus humano) acrescentaram a importância desse órgão no estudo do câncer incipiente ou potencial.
O epitélio estratificado, como o próprio nome indica, apresenta três estratos distintos: a camada de células profunda, constituída por dois tipos de célula: células pequenas, arredondadas, conhecidas como camada basal, e as parabasais, um pouco maiores, com núcleo grandes e vesiculosos; a camada intermediaria, com células poligonais, citoplasma rico em glicogênio e núcleos de tamanho intermediário; e as células superficiais, orangiófilas, de núcleos picnóticos, tanto quanto mais maduro (VIANA; MARTINS; GEBER, 2001).
Conforme Halbe (1993), o desenvolvimento dos meios semiológicos do colo uterino estabeleceu um domínio muito amplo sobre as neoplasias intra-epiteliais, com possibilidades de prevenção e efetivo controle do câncer de colo, como o acompanhamento do exame preventivo a cada seis meses no mínimo e doze meses no Maximo. Podemos perceber os novos avanços tecnológicos na saúde, onde os profissionais de saúde são capacitados a realizar os exames que detectam as neoplasias ou DST. Também existem os equipamentos cada dia mais modernos utilizados na realização desses exames e um recurso utilizado atualmente que tem ajudado muito a saúde publica é a educação em saúde, passando informações a população com palestras, consultas abertas e dialogo entre os profissionais de saúde e a comunidade, essa educação em saúde é realizada nos postos de atendimento a comunidade ou através de propaganda feita pelo ministério da saúde, esse trabalho em equipe ajuda no controle e diagnostico da doença, tendo um resultado positivo e desejado.
Ainda conforme os autores acima é realizado uma consulta inicial com a mulher, onde será analisado a vida sexual e preventiva da mulher, serão feitas perguntas relacionados a sexualidade ativa, gestações e quantos partos essa mulher já foi submetida e se esses partos foram normais ou cesáreos, se essa mulher tem parceiro fixo, pois, através desse estudo encontramos informações que a mulher ou homem que possuem relação sexual com vários parceiros, portadores de outros câncer, como o de pênis e DSTs, são índices a ser analisados, no entanto, são consideradas fatores de risco.
O colo do útero é revestido por camadas de células epiteliais pavimentosas, arranjadas de forma ordenada. Essa desordenação das camadas é acompanhada por alterações nas células que vão desde núcleos mais corados até figuras atípicas de divisão celular. Quando ocorre a desordenação nas camadas mais basais do epitélio estratificado, estamos diante de uma Neoplasia Intraepitelial Cervical Grau I - NIC I ? Baixo Grau (anormalidades do epitélio no 1/3 proximal da membrana). Se a desordenação avança 2/3 proximais da membrana estamos diante de uma Neoplasia Intra-epitelial Cervical Grau II - NIC II ? Alto Grau. Na Neoplasia Intra-epitelial Cervical Grau III - NIC III ? Alto Grau, o desarranjo é observado em todas as camadas, sem romper a membrana basal (BRASIL, 2006).
O câncer do colo de útero representa um enorme problema de saúde pública em países em desenvolvimento, sendo em algumas regiões o tipo de câncer mais comum que afeta a população feminina A incidência desta doença depende da exposição a fatores de risco, da falta de efetividade de programas de rastreamento e cuidados com a paciente na unidade de saúde para os quais o exame Papanicolaou tem se mostrado útil no diagnostico da doença, ajudando reduzir a incidência e mortalidade por essa neoplasia, devido ao rastreamento (CORRÊIA; VILLELA, 2008).
O câncer do colo do útero é descrito como uma afecção iniciada com transformações intra-epiteliais progressivas podendo evoluir para uma lesão cancerosa invasora, em 10 a 20 anos. De tal modo, pode ser considerada uma neoplasia evitável devido à longa fase pré-invasiva, quando suas lesões precursoras podem ser detectadas, diante da disponibilidade de triagem através do exame citopatológico de Papanicolaou e seguido pela possibilidade de tratamento eficaz das lesões (MULHER et al., 2009).
Segundo Viana, Martins e Geber (2001) e Halbe (1993), o exame ginecológico deve ser realizado não apenas em mulheres portadoras do Ca de colo, trata-se de um exame preventivo de rotina. As mulheres são submetidas à coleta da secreção por "partes", ou seja, através de um especulo inserido na vagina da paciente iremos visualizar a ectocérvix onde será coletada a secreção, tem uma mucosa lisa, de cor rosada e brilhante, situada caudalmente, a partir do orifício externo anatômico até a junção com os fórnices vaginais; a segunda parte é a endocérvix que mostra discretos relevos papilares, rosados e brilhantes, que corresponde ao canal cervical, ambas sempre ligadas linearmente aos epitélios estratificado e colunar. Esses aspectos da mucosa glandular se acentuam como uso de acido acético em solução 2 a 5%.
A Junção Escamo Colunar (JEC), é importante, porque, nesse nível que costumam ocorrer os fenômenos de metaplasia típica ou atípica. A zona de transformação representa a área de transição entre dois epitélios, em condições normais é a ZT responsável pela transformação do epitélio colunar em estratificado pavimentoso, através da hiperplasia da camada subcilíndrica. Durante essa transformação, muitas vezes parte do epitélio glandular original são recobertas por epitélio metaplásico, que ao amadurecer, sepulta glândulas com atividade secretora, formando cistos conhecidos como cistos de Nabott (HALBE, 1993; VIANA, MARTINS; GEBER, 2001).


2.5.1 Fatores de Risco


De acordo com Ministério da Saúde (2006 e 2003) os principais fatores de risco relacionado ao câncer do colo do útero são:
? Infecção causada pelo papiloma vírus humano - HPV, sendo este considerado o principal fator;
? Utilização dos métodos contraceptivos orais por tempo prolongado;
? Multiplicidade dos parceiros sexuais;
? Inicio precoce da atividade sexual;
? Higiene intima inadequada.





2.6 PAPILOMA VÍRUS HUMANO - HPV


O papiloma vírus humano (HPV) é um pequeno vírus pertencente a família Papovaridae. Existe certa dificuldade no seu estudo devido à dificuldade em detectar partículas víricas nas lesões genitais e a incapacidade de crescimento do vírus in vitro. (ALBUQERQUE et al., 2009).
Segundo o Ministério da Saúde (2006) o HPV é a IST mais freqüente na população feminina brasileira, sendo uma fator de risco importantíssimo e destacado no rastreamento da doença.
O HPV estabelece relações amplamente inofensivas e a maioria das infecções passa despercebida, regredindo de maneira espontânea. São várias formas de interação com o organismo humano. Na forma latente, a mulher não apresenta lesões clínicas, e a única forma de diagnóstico é a molecular. Quando a infecção é subclínica, a mulher não apresenta lesões diagnosticáveis podendo ser sugerido a citopatologia, colposcopia, histologia. Na forma clínica, existe uma lesão visível macroscopicamente, representada pelo condiloma acuminado, com quase nenhuma potencialidade de progressão para o câncer (BRASIL, 2003).
Estudos do Ministério da Saúde (2006) relata que na ausência de tratamento, o tempo mediano entre a detecção de HPV, NIC I e o desenvolvimento de carcinoma in situ é de 58 meses, enquanto para NIC II esse tempo é de 38 meses e, para NIC III, de 12 meses. Em geral, considera-se que a maior parte das lesões de baixo grau regredirá espontaneamente, enquanto cerca de 40% das lesões de alto grau não tratadas evoluirão para câncer invasor em um período médio de 10 anos. Por outro lado, o Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos refere que somente 10% dos casos de carcinoma in situ evoluirão para câncer invasor no primeiro ano, enquanto que 30% a 70% terão evoluído decorridos 10 a 12 anos, caso não seja oferecido tratamento.





2.7 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS


Segundo Ricci (2008) as manifestações clínicas são diferenciadas, em algumas mulheres apresenta sangramento vaginal anormal principalmente após a relação sexual, desconforto vaginal, odor fétido e disúria, por tanto esses são consideradas manifestações clínicas e requerem cuidado e atendimento especificado, ocasionando até a dor lombar, perda de peso, anorexia, fraqueza e fadiga. Considerando que o câncer é uma doença silenciosa e dificultando uma possível descoberta algumas mulheres não apresentam sintomas, dificultando o diagnóstico.
Conforme o Ministério da Saúde (2003 e 2006), o câncer do colo do útero é considerado uma doença silenciosa e seus sinais e sintomas são perigosos, pois quando está em sinal avançado pode atingir o estágio invasor da doença, quando a cura se torna mais difícil, pois a neoplasia não consegue ser revertida, sendo assim preconizado pelo ministério da saúde o exame preventivo fundamental para diagnosticar essa doença.


2.8 DIAGNÓSTICO


Segundo Ministério da Saúde (2006) e Verdani et al. (2003), o diagnóstico é realizado através do exame preventivo, assim sendo a mulher deve ser preparada psicologicamente quanto ao exame, pois é um momento que a deixa constrangida diante da posição e o profissional de saúde. Assim sendo existe o exame citopatógico que é o primeiro exame realizado no rastreamento do Ca do colo, o mesmo é capaz de detectar inflamações e infecções nas regiões da cérvice, vagina e endométrio e também lesões pré malignas e malignas.
Os programas de rastreamento ou screening sistemático da população feminina é por meio dos exames citológico do colo do útero mais conhecido como exame de Papanicolaou, a colposcopia e a biopsia. Estes exames têm sido as estratégias públicas mais efetivas, seguras e de baixo custo para detecção precoce do câncer, porém são as mais utilizadas. Estudos lembram as mulheres que não realizam ou nunca realizaram esse exame desenvolvem a doença com maior freqüência, ocasionando um aumento no número de mulheres acometidas. (ALBUQUERQUE et al 2009).


2.9 TRATAMENTO


Conforme Ministério da Saúde (2006) são realizados os procedimentos de alta complexidade como a histerectomia, radioterapia e quimioterapia diante disso a mulher terá uma melhor atenção e segurança quanto ao acompanhamento e tratamento da doença. Baseado nas portarias MS/GM nº 2439 de 08/12/05 institui a Política Nacional de Atenção Oncológica e outra portaria MS/SAS nº 741 de 19/12/2005 essa portaria define os atendimentos de alta complexidade em Oncologia e os centros de referência de alta complexidade, por tanto essas portarias foram criada pra um melhor cuidado prestado as pacientes portadoras da neoplasia.
Os tratamentos mais utilizados na assistência ao CA do colo do útero são: a cirurgia e a radioterapia, em algumas situações são oferecidos a quimioterapia e a terapia biológica. A conduta a ser adotada para a paciente com lesão neoplásica maligna do colo do útero deve ser baseado no diagnostico, estagio e conhecimento da historia natural da doença e fatores prognósticos (BRASIL, 2003).
De acordo com Ricci (2008) e Ministério da Saúde (2006) a colposcopia é indicado como um tratamento e o rastreamento é um exame microscópico do sistema genital o seu instrumento é o colposcópio.
Os tratamentos utilizados são crioterapia é realizado através da destruição do tecido anormal da cérvice em conseqüência do congelamento com nitrogênio líquido, Freon ou oxido nitroso, tendo possivelmente 90% de cura. (RICCI, 2008), a histerectomia é realizado através do ato cirúrgico, ou seja, a retirada total ou parcial do útero posteriormente as mulheres devem realizar a coleta de esfregaço de fundo de saco-vaginal o procedimento é a remoção cirúrgica do útero e da cérvice, a radioterapia são as aplicações internas de rádio na cérvice ou radioterapia externa que inclui linfáticos da pelve, esse tratamento é realizado em mulheres especificas e em estágios avançado da doença e a quimioterapia é realizada quando prescrito para a mulher com câncer de colo do útero é realizado semanalmente com cisplatina associada a radiação (RICCI, 2008; BRASIL, 2006).


2.10 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM


Segundo o Ministério da Saúde (2006) a assistência de enfermagem é fundamental no diagnóstico, acompanhamento, rastreamento e tratamento das mulheres portadoras de CA do útero ou aquelas que são consideradas fatores de risco. Nas unidades básicas de saúde são oferecidos programas de atendimentos a saúde da mulher, tais como, o exame preventivo (PCCU), que é utilizado para diagnosticar o câncer do colo do útero, o planejamento familiar, é um programa que orienta as mulheres quanto aos métodos contraceptivos, principalmente ao uso da camisinha, pois as mulheres com múltiplos parceiros são mais propícias a adquirir as IST?s.
Ainda conforme o autor supracitado é disponibilizado aos profissionais da área o Sistema de Informação do Câncer do Colo do Útero (SISCOLO), esse sistema é de responsabilidade do Enfermeiro, onde ele preencherá a ficha de rastreamento. Essa ficha deve conter os dados pessoais e endereço da mulher portadora do CA do útero e anexado o exame que diagnosticou a neoplasia ou alteração no corpo do útero dessa mulher, essa ficha é enviada ao ministério de saúde e cada cidade terá uma estatística do número de casos presentes.
Diante de todas as informações pesquisadas é de grande importância o atendimento da equipe de enfermagem, pois através da consulta realizada e o acompanhamento nas consultas subseqüentes é que saberemos qual a progressão do tratamento ou regressão da cura, porém a mulher deve ser encaminhada a uma equipe de saúde especializada, a qual receberá atendimento especializado quanto a sua neoplasia.
Segundo Ricci (2008) e Ministério da Saúde (2006) as condutas de enfermagem são importantes no momento da consulta e no acompanhamento da paciente, pois a participação da enfermeira é fundamental na orientação da mulher em relação aos fatores de risco e as técnicas de prevenção quando a displasia do colo do útero. Quando é descoberto câncer a paciente é notificada no programa de atendimento ao câncer para um melhor acompanhamento e progressão do tratamento, essas mulheres são encaminhadas a unidade de referência onde terá um suporte de atendimento psicológico, ginecológico, de enfermagem dentre outros atendimentos especializados para um melhor suporte. A busca ativa dessas paciente é fundamental no acompanhamento das mesmas, no entanto é o momento onde se descobre e acompanha a progressão do tratamento e possível cura. A coleta de PCCU é realizada semestralmente devido ao seu rastreamento, é o momento de observação quanto a progressão do tratamento, principalmente quando o diagnostico é detectado através das ISTs, ou seja requer um cuidado e acompanhamento especificado.
Segundo Brasil (2006 p. 17),

A equipe de saúde deve valorizar as queixas da mulher, estar disposta a ouvi-la, não desvalorizar ou minimizar seus problemas e reconhecer seus direitos a esclarecimentos e informações. As decisões devem ser compartilhadas e caso a mulher deseje procurar alívio para seus sintomas em outras abordagens terapêuticas, a equipe deve respeitar sua opção. É importante lembrar que a equipe da atenção básica não deve se eximir da responsabilidade do acompanhamento da mulher ao longo do tempo, independente do tipo de tratamento e do nível de complexidade do sistema no qual ela esteja sendo atendida.




2.11 METODOLOGIA


2.11.1 Tipo do Estudo


A pesquisa investiga o mundo no qual se vive, atendendo ao desejo quase que genético do ser humano de conhecer-se a si mesmo e a realidade circundante. O homem vale-se da observação e da reflexão que realiza cotidianamente, levando em conta, evidentemente, o conhecimento acumulado por seus antepassados (MARCONI; LAKATOS, 2007).
De acordo com Gil (2002), metodologia é a lógica dos procedimentos científicos em sua gênese e em seu desenvolvimento, e esta deve ajudar a explicar não apenas os produtos da investigação científica, mas principalmente seu próprio processo. Pois suas exigências não são de submissão restrita a procedimentos rígidos, mas sim antes da fecundidade na produção dos resultados.
De acordo Gil (2002) e Marconi e Lakatos (2002) e Minayo (2004) a metodologia com o estudo dos caminhos, dos instrumentos usados para se fazer pesquisa cientifica, os quais respondem como fazê-la de forma eficiente. Desse modo o presente estudo foi do tipo descritivo, qualitativo, de natureza exploratória.
Conforme com os autores supracitados, a pesquisa qualitativa tendo como pressuposto de que uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, visa descrever a complexidade de certos fenômenos sociais, históricos, antropológicos não captáveis por abordagens quantitativas.


2.11.2 Local da Pesquisa


A pesquisa foi realizada no município de Wanderley-Ba, localizado no Oeste a uma latitude 12º07?12" sul e a uma longitude 43º53?15" oeste, é um município que dispõe de diversos atendimentos públicos, desde atendimento a segurança pública até o atendimento a saúde da comunidade, sendo que o município dispõe de três Equipes de Saúde da Família (ESF), uma Casa de Saúde para os atendimentos mais graves e que necessitem de internamentos e cuidados específicos, uma fundação de saúde (SESP), Serviço de Atendimento Móvel as Urgências (SAMU), saneamento básico para a comunidade.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2009) possui 13.252 habitantes. Esta localizado a 750km da capital da Bahia Salvador, próximo do Rio Grande no distrito da Goiabeira à 90km do município, o tipo de vegetação é a caatinga com clima úmido, a atividade da comunidade é baseado na pecuária, possibilitando a agricultura familiar as famílias carentes e necessitadas.
O local de estudo foi em uma Unidade de Saúde da Família no município de Wanderley-Ba, a qual está situada numa zona urbana periférica, e se caracteriza por ser populosa e carente. A unidade funciona de segunda à sexta-feira no período das 8:00 às 12:00 e das 13:30 às 17:30 horas, onde atende a população cadastrada pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). A equipe é composta por um médico generalista, uma enfermeira, uma técnica de enfermagem, uma recepcionista, um dispensador de medicamentos, um auxiliar de serviços gerais e doze ACS, que atendem uma população cadastrada de 835 famílias.
A equipe dessa Unidade de Saúde presta assistência desde atividades assistenciais nos diversos grupos populacionais, até visitas domiciliares àqueles grupos prioritários, tais como: puérperas, idosos acamados, faltosos, deficientes, dentre outros. Além disso, organiza e participa de campanhas de saúde pública, como por exemplo, mutirões de saúde e campanhas de imunização. As atividades desenvolvidas pelas equipes de saúde são de caráter social e educativo, além de atividades individuais, que contribuem de forma significativa a melhorar a saúde da comunidade atendida pela unidade, seguindo com o objetivo de promover, prevenir e recuperar a saúde da população por ela assistida.
A pesquisa desenvolveu-se no período de Agosto a Setembro de 2010 mediante a liberação do Comitê de Ética e Pesquisa da Instituição, aprovação sob número do CAAE: 0058.0.066.000-10 (ANEXO B).


2.11.3 População


A pesquisa foi realizada com 5 (cinco) mulheres com vida sexual ativa e que já realizaram o exame preventivo e que tiveram diagnóstico de CA do útero na Unidade de Saúde da Família no período de Agosto a Setembro de 2010. O convite foi realizado no momento da consulta de rastreamento onde foi explicado o objetivo da pesquisa a ser realizada, mediante a aceitação das envolvidas no estudo com a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.



2.11.4 Amostra


Foi explicado as mulheres o objetivo da pesquisa, no entanto, as mesmas aceitaram participar da entrevista de maneira aleatória, entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e assinado pelas mesmas. Foram selecionadas mulheres que estavam realizando o tratamento e acompanhamento em uma unidade de referência e que faziam o preventivo de segmento. Os critérios de inclusão foram mulheres com diagnóstico confirmado e que realizavam o tratamento e participavam das consultas de segmento na Unidade de Saúde, foram exclusas as mulheres com diagnósticos não confirmados, ou seja, com incerteza quanto a doença.


2.11.5 Instrumento de Coleta de Dados


Como instrumento de coleta de dados optou-se por realizar uma entrevista semi estruturada composta por um instrumento pautado de 6 (Seis) questões abertas de fácil compreensão. (APENDICE B). Esta etapa foi realizada através de entrevista gravada.
Após coletado os dados, os mesmos foram transcritos na íntegra para posterior análise.


2.11.6 Análise dos Dados


Os propósitos, a natureza e os objetivos desse estudo O conhecimento das mulheres com diagnostico de câncer de colo do útero a cerca da doença em uma Unidade de Saúde da Família no município de Wanderley, Bahia. Encaminharam para o uso de princípios de Análise de Conteúdo, como forma de tratamento do material que obtivemos com as entrevistas. A análise de conteúdo consiste em desmontar a estrutura de um texto e os elementos deste conteúdo para esclarecer suas diferentes características e extrair sua significação. Os textos analisados, ou seja, o corpus da pesquisa se constituiu da aplicação do questionário semi estruturado, momento em que foi realizado uma entrevista gravada com as mulheres participantes da pesquisa. (Apêndice B). Nesta investigação, trabalhou-se com a análise de conteúdo do tipo temática. Essa modalidade consiste basicamente em considerar o "tema" como critério básico para se proceder aos recortes necessários, ou seja, realizar o "desmonte" dos textos.

Bardin (1979, p. 105) afirma:
[...] a unidade de significação que se liberta naturalmente de um texto analisado, [...] fazer uma análise temática consiste em descobrir os núcleos de sentido que compõe a comunicação. [...], é geralmente utilizado como unidade de registro para estudar [...] opiniões, atitudes, valores, crenças [...]

Do ponto de vista operacional, a análise se processou em três etapas fundamentais, descritas por Minayo (2004):
A) Ordenação dos dados: que englobou tanto as entrevistas como o conjunto dos documentos referentes ao tema. Essa etapa incluiu a transcrição das fitas-cassetes, a releitura do material, a organização dos relatos em determinada ordem (o que já supõe um início de classificação). Essa fase nos deu um mapa horizontal das observações no campo.
B) Classificação dos dados: essa fase dividiu-se em dois momentos:
No primeiro, foi realizada a leitura exaustiva e repetida dos textos. Esse exercício, denominado por alguns autores como "leitura flutuante", permitiu-nos apreender as estruturas de relevância dos interlocutores pesquisados e as idéias centrais sobre o tema em foco. No segundo momento, foi construído o "Corpus" de comunicação, que é um texto no qual fizemos uma "leitura transversal". Também se efetuaram os recortes de cada entrevista em termos de "unidade de registro", que foram referenciados por tópicos de informação ou por temas. As categorias foram produzidas no embate entre os depoimentos dos interlocutores em diálogo com os teóricos e o posicionamento assumido pela autoria desse trabalho, o que nos proporcionou um aprofundamento do conteúdo das mensagens. As categorias foram as seguintes:
Categoria I: Conhecimento sobre o Câncer de Colo de Útero.
Categoria II: Importância do exame preventivo.
Categoria III: Relação do HPV com o Câncer de colo de útero.
Categoria IV: Sentimento por ser portadora do Câncer de Colo de Útero.


2.11.7 Considerações Éticas


Conforme a Resolução nº 196/96 do Ministério de Saúde do Brasil serão respeitados a ética quanto ao estudo com seres humanos. As mulheres receberam o termo de consentimento livre e esclarecido (APENDICE A) para assinarem e foi explicado que esse termo foi analisado e aprovado pelo CEP da instituição, após a liberação do termo foi realizado a entrevista com as mulheres, lembrando que os nomes das mulheres serão mantidos em sigilo profissional e ético.
O conceito de ética para Freitas (2001, p.215):

Ética é um termo genericamente aceito para definir um comportamento como bom e adequado, de acordo com as circunstâncias de tempo em que se realizou. O nascedouro do significado da palavra d palavra Ética vem da Grécia antiga, inicialmente significando a virtude (Arete), atributo inerente à nobreza e manifestado por meio de conduta e heroísmo. Passa, posteriormente, a assumir um conteúdo mais nitidamente moral, sendo resultado do esforço do trabalho enobrecedor do homem.


2.11.8 Resultado e Discussão


Quadro 1: Perfil das Mulheres com Diagnóstico de CA de Colo do Útero
NOME IDADE (anos) TEMPO DE DIAGNÓSTICODO CA (anos) PERIODICIDADE DO PREVENTIVO DE ACOMPANHAMENTO (meses)
M1
M2
M3
M4
M5 52
59
39
79
60 1
3
4
2
4 6
6
3
NÃO REALIZA
3
Fonte: pesquisa de campo ago/set 2010
O quadro 1 demonstra que a faixa etária das mulheres entrevistadas com diagnóstico de câncer foi bastante diferenciada, ou seja, entre 39 a 79 anos. Sendo que as mesmas identificaram a doença entre os 35 e 77 anos. Dessa forma, o tempo de diagnóstico variou entre 1 e 4 anos. Tal resultado coincide com o perfil da idade de risco e maior incidência do câncer de colo de útero que, conforme pesquisas do Ministério da Saúde é de 40 a 60 anos (BRASIL, 2006).
As 5 (cinco) mulheres com diagnóstico confirmado realizam as consultas de seguimento nas Unidades de Referência para o tratamento do CA nas capitais dos estados da Bahia, Goiás ou Distrito Federal, sendo elas respectivamente, Salvador, Goiânia ou Brasília.
Segue, posteriormente, as falas e análise dos resultados deste estudo de acordo as quatro categorias definidas a partir das entrevistas.

Categoria I: Conhecimento acerca do Câncer de Colo do Útero.
Após a pesquisa percebeu-se um déficit no conhecimento das mulheres no que diz respeito ao conhecimento sobre o CA de colo de útero. A maioria das entrevistadas (04) não sabiam conceituar o CA, porém definiram como uma "doença ruim", algo negativo para suas vidas conforme as fala abaixo:

M1: ??[...]Só sei minha fia que é uma doença ruim, um mal que sei que vou carregar pra toda minha vida, sempre percebi que o escorrimento não era normal, mas não se descobria nada??.
M3: ??Na minha família tem casos de câncer de útero, foram varias pessoas e eu aprendi que tento força pra viver e coragem pra lutar tem cura, é difícil ser forte mais pelo menos eu tento. Sei que é uma doença triste, mas tem cura por tanto sou feliz mesmo sabendo que vou ser acompanhada pra o resto da minha vida??.
M4: "Não sei não".
M5: "Sei que não é uma doença boa, mas que quando se descobre tem cura."


Não foi encontrado pesquisas sobre o conhecimento acerca do Ca de colo de útero para se comparar com os resultados encontrados. Porém como a Política de Saúde da Mulher foi implantada como prioridade desde o ano de 2004, esperava-se que as participantes soubessem o que é o câncer de colo de útero, visto que a principal estratégia de detecção e rastreamento (o exame Papanicolaou) é disponibilizado nas Unidades Básicas de Saúde gratuitamente e, somando-se a isso, as equipes de saúde tem como atribuição realizar atividades educativas nas respectivas áreas de abrangência. Diante disso, esse quadro não era esperado.
As mulheres vivem mais que os homens, porém adoecem mais frequentemente, devido agravamento pela discriminação nas relações de trabalho, sobrecarga com as responsabilidades na dupla jornada de trabalho e outros fatores, tais como; raça, etnia e situação social. Elas são maioria da população brasileira e principais usuárias dos SUS. Quando se trata do Ca de colo de útero o tratamento é mais efetivo quando o diagnóstico é feito precocemente, antes do aparecimento dos sintomas clínicos, o que justifica a importância das ações para detecção precoce, dentre elas a educação em saúde e a orientação de qualidade acerca dos agravos (BRASIL, 2006).
Espera-se que as Unidades básicas de saúde, que são a porta de entrada dos usuários para o sistema de saúde, realizasse um trabalho mais organizado e efetivo no que diz respeito a educação em saúde da comunidade a qual assiste. Devem ser revistas as estratégias locais de forma que se criem meios tais como: garantia da qualidade da assistência; capacitações dos profissionais e fortalecimento dos sistemas de informações, a fim de se obter uma comunidade mais consciente e sensibilizada a respeito da co-responsabilidade que eles tem no quesito saúde.

Categoria II: A importância do exame preventivo.
No Brasil, o exame Papanicolaou também conhecido como exame preventivo ou citologia oncótica, é a mais importante estratégia de detecção do CA de colo de útero. A partir dele é coletado material para exame citopatológico e microflora cérvico-vaginal (BRASIL, 2006).
Segundo o Ministério da Saúde (2006) o exame papanicolau de rastreamento é disponibilizado em unidades básicas de saúde para um possível tratamento e acompanhamento, quando diagnosticado a doença. Deve ser realizado anualmente nas mulheres sem alterações cervicais e citopatológicas e, em mulheres com ISTs e câncer de colo de útero, é recomendado a realização semestral ou trimestral.
Vale et al. (2010) realizou um estudo com as mulheres de faixa etária entre 25 a 59 anos. As mesmas consideravam importante realizar o preventivo anualmente, pois é através dele que se detecta o CA de colo de útero. Como resultado 32% das mulheres no Rio de Janeiro julgavam ser importante e 63,4% em Manaus. As mulheres pesquisadas eram bem orientadas quanto à importância do exame preventivo.
Diante disso, de acordo as falas abaixo, constatou-se que algumas das entrevistadas acham importante a realização do exame preventivo e sabem o motivo do exame.

M3: ??Sim, ele é muito importante para nossa saúde, eu realizo a cada três meses depois que descobrir o câncer e antes realizava todo ano, porque na minha família tem muito casos de câncer no útero, por isso tenho que me cuidar".
M5: ??Eu realizava o exame preventivo todo ano, porque sei que é importante pra mulher, só que através dele descobrir que tinha o câncer.


No entanto, algumas participantes não sabem definir a importância do exame apesar de o considerarem importância, conforme os relatos a seguir:

M1: "Sim, concordo, eu até imaginava que seria pra descobrir as doenças ruins do útero e as bactérias, já o exame não tenho tantos conhecimentos".
M4: "Sim, quando mais nova eu realizava todo ano".


Diante disso, percebe-se que quando a educação em saúde é bem utilizada no trabalho da equipe, consegue-se uma sensibilização mais efetiva da comunidade e, desta forma um resultado mais eficaz nas ações de prevenção do câncer de colo de útero, uma vez que o trabalho de orientação aumenta o vínculo entre os profissionais de saúde e a população atendida e, conseqüentemente, a confiança entre eles, auxiliando dessa forma o alcance do objetivos.
Constatou-se ainda que no que se refere à descoberta do câncer de colo do útero as mulheres são bem orientadas quanto o a importância do exame papanicolau de seguimento, sendo acompanhadas umas a cada trimestre e outras semestral.

Categoria III: Relação do HPV com o CA de colo de útero.
O HPV é o maior e mais comum fator de risco para as mulheres que possuem a doença, pois uma vez não tratado ele desenvolve o CA de colo de útero. Muitas mulheres não sabem o que significa a doença e qual a sua gravidade. Por muitas vezes acabam se desesperando e dificultam o tratamento ou ate abandonam sem saber das conseqüências no futuro (BRASIL, 2006).
Diante das respostas das participantes pode-se perceber que quando questionadas sobre o conhecimento da relação do CA de colo do útero com o HPV as opiniões foram equilibradas, ou seja, algumas das mulheres sabiam que de alguma forma o CA se relacionava com história de HPV anteriormente, a exemplo da fala da M5. Já outras mulheres desconheciam tal relação como pôde ser constatado na declaração da M4. Estas, mesmo fazendo tratamento para o CA continuam a desconhecer que o HPV é um fator de risco associado ao carcinoma.

M5: "Sim, pois se tenho o câncer hoje porque não me cuidei e adquirir o HPV, depois desenvolveu o câncer de útero."
M4: "Não sei. O que é isso minha filha?"

Em seu estudo Rosa et al. (2009) afirma que mulheres com lesões intra-epiteliais de alto grau, geralmente, possuem história prévia de HPV oncogênicos, sendo eles os mais incidentes, dos tipos 6, 11, 16 e 18. Comprovou ainda que o HPV tipo 16 e 18 poderiam identificar as mulheres com alto risco para o desenvolvimento do câncer, ou seja, o NIC III. Além disso, constatou que o risco do NIC I em evoluir para um carcinoma invasor é baixo, cerca de 1% e sua regressão ocorre em 60% dos casos. Já o NIC II e III tem um risco de evoluir para um carcinoma invasor em percentuais de 5% e 12%, respectivamente.
Uma das entrevistadas (M2), apesar de não saber que o HPV é o principal fator de risco para o CA, relatou história prévia na juventude de HPV. A M5 demonstrou arrependimento das ações enquanto jovem, comprovando, desta forma, o que afirma Rosa et al. (2009) em seu estudo caracterizado anteriormente, bem como estudo realizado por Nagakawa, Schirmer e Barbieri (2010), o qual afirma que cerca de 5 a 15% das mulheres são infectadas por HPV de alto risco. Principalmente, nos países mais pobres do mundo, incluindo o Brasil. Para eles a população mais exposta ao risco de contaminação pelo HPV são os adultos jovens, sexualmente ativos.
M2: "Saber totalmente a associação não, mas aos 20 anos de idade descobri que tinha uma presença de verrugas na minha vagina, achava que era normal, nunca imaginei que era uma doença, o HPV foi detectado entrei em desespero pois já estava avançado e causou o câncer de útero em mim ".
M5: "Infelizmente temos que assumir as besteiras do passado, se hoje eu pudesse escolher a maneira de viver não teria vários parceiros sexuais, mas é assim mesmo[...]."

Sendo assim, como consideram os autores Nagakawa, Schirmer e Barbieri (2010) fica evidente que apesar do avanço nas informações e conhecimento sobre a relação do CA de colo de útero e o HPV, percebe-se que as taxas de morbi-mortalidade no país continuam alta e que, apesar do seu diagnóstico e combate depender do exame citopatológico, ainda são necessários desenvolvimento de ações estratégicas para o rastreamento e detecção, bem como seguimento adequado no tratamento do HPV a fim de que não haja progressão para o carcinoma.

Categoria IV: Sentimento por ser portadora do Câncer de Colo de Útero.
As mulheres portadoras do CA de colo de útero quando descobrem a doença experimentam várias emoções, tais como o medo da morte, a baixa auto estima, estresse, tristeza, dentre outros, por saber que são portadoras de um câncer. Ao serem diagnosticadas, é comum, que elas e seus familiares se tornem descrentes, desesperados ou criem um sentimento de negação da doença, tornando a experiência cheia de sentimentos ambivalentes de sofrimento e ao mesmo tempo de luta pela sobrevivência. Não significando, na maioria das vezes, que não sejam sentimentos e emoções não superáveis (BRASIL, 2006).
Como resultado da pesquisa, verificou-se que, assim como descrito pelo Ministério da Saúde na citação acima, as mulheres envolvidas na pesquisa também experimentaram diversos sentimentos tais como: abandono por parte dos companheiros; menosprezo diante do diagnóstico; tristeza em ser abandonada, desprezada e conviver com um câncer; vergonha e baixa auto estima por ter o CA; arrependimento pelo estilo de vida pregressa na juventude e, auto confiança, fé e esperança na cura. Esses sentimentos foram comprovados a partir dos seguintes relatos:

M1: "Não tenho preconceito da doença, só tenho vergonha que as pessoas sabem da minha doença, porque elas me tratam diferente achando que eu vou passar pra elas. Eu tinha um relacionamento de 10 anos, era um namoro bom, mas quando descobrir o câncer, o cara que dizia me amar, me abandonou no momento em que mais precisei. Mesmo depois que eu ficar boa não vou querer namorar com mais ninguém[...]."
M2: "[...] no inicio da descoberta foi muito difícil pra mim e pra minha família, pois como se trata de câncer nós ficamos transtornados, hoje agradeço muito a Deus pela família que tenho, pois estão junto comigo desde a descoberta até o acompanhamento do tratamento".
M3: "[...] meu marido se separou de mim, mas não me sinto inferior a nada, pois com Deus no coração e Fé pra vencer chegarei ao fim da vida por uma morte natural. Melhor viver só do que mal acompanhada não e?."
M4: "[...] tenho muita fé em Deus e vou ficar boa, vou me curar. Tenho o apoio da minha família em geral, meus filhos, irmãos e esposo todos juntos fazendo orações e assim vou me curando, dessa forma não preciso gastar dinheiro com tratamento, quando Deus quer ele faz."
M5: "Infelizmente temos que assumir as besteiras do passado, se hoje eu pudesse escolher a maneira de viver não teria vários parceiros sexuais, mas é assim mesmo [...] não tenho marido nem namorado, pois os homens só querem mulher sadia e como tive a doença, o que tinham caiu fora. Mas não me sinto inferior a ninguém, um dia encontro uma pessoa digna."


Percebeu-se que a maioria mulheres envolvidas na pesquisa não tiveram e/ou não têm assistência psicológica adequada após o diagnóstico do CA. Porém 01 entrevistada (M2), afirmou ter feito uma consulta de atendimento psicológico na Unidade de Referência (CAM-Barreiras) no momento do diagnóstico e, posteriormente ter sido encaminhada para Goiânia. Porém não deixa claro se o suporte psicológico foi continuado naquela ocasião. Apenas evidencia que os sentimentos negativos daquela época foram superados e que, atualmente, ela e seus familiares se dão esse apoio psicológico mutuamente.
Não foi encontrado pesquisas anteriores que relatam os sentimentos da mulheres após o diagnóstico de CA para que se pudesse comparar com os resultados dessa pesquisa. Porém, no ano de 2004, o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional de Atenção Integral a Saúde da Mulher ? Princípios e Diretrizes (PNAISM), cujo compromisso é de implementar ações de saúde para garantir os direitos humanos as mulheres, a fim de reduzir a morbimortalidade por causa de doenças que podem se evitáveis e previníveis. A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2002) salienta que são necessárias ações integrais, ou seja, em todos os níveis da assistência, desde a prevenção até os cuidados paliativos, para que se faça um controle efetivo do CA de colo do útero. As estratégias de prevenção e controle do câncer de colo de útero tem como objetivos, além de reduzir a ocorrência do CA e a mortalidade por esta causa, têm também o objetivo de minimizar as repercussões físicas, psíquicas e sociais causadas pela neoplasia por meio de ações preventivas, bem como oferta de serviços de detecção e tratamento e reabilitação das mulheres diagnosticadas (BRASIL, 2006).
No entanto, pode-se constatar que, as mulheres pesquisadas não tem um suporte psicológico adequado nem no município de Wanderley nem em suas Unidades de Referência para o tratamento do CA, conforme preconizado pela política do Ministério da Saúde.
Faz-se necessário a implantação e/ou implementação de estratégias de suporte para a assistência psicológica mais efetiva para as mulheres e seus familiares, a fim de que tenham uma melhor qualidade de vida durante e após o tratamento do CA.

3.0 Considerações Finais

Diante da pesquisa realizada no município de Wanderley-Ba com as mulheres portadoras de câncer de colo do útero constatei que os objetivos foram atingidos: analisar o conhecimento das mulheres portadoras de câncer de colo de útero no município, perfil das mulheres acometidas e investigar o conhecimento das mulheres com CA de colo do útero. Foi analisado o conhecimento das portadoras de CA de colo de útero, percebendo um déficit quanto ao conhecimento das mesmas, pois a uma falha relacionada às ações de saúde oferecida a elas e a realização da educação em saúde. Conseguiu-se levantar o perfil das mulheres sendo pesquisadas as mulheres de faixa etária entre 39 a 79 anos, podendo comparar com o ministério da saúde que relata ser desenvolvido em uma faixa etária de 40 a 60 anos, porém estão em faixa etária equilibrada.
Durante a pesquisa não houve dificuldades para o acesso as mulheres com câncer de colo de útero. E teve como pontos positivos a colaboração dos profissionais de saúde e dos gestores locais para o inicio da pesquisa. Além disso, a contribuição dos ACS para constatar as mulheres com diagnóstico de CA foi imprescindível para o desfecho do trabalho. As mulheres com diagnostico confirmado foram receptivas e colaboradoras com a pesquisa, tornando a execução do trabalho mais fácil.
Percebi que há um déficit no conhecimento das mesmas com relação ao conhecimento das mulheres quanto ao conhecimento sobre a doença e um déficit na informação entre a relação do HPV com o câncer de colo de útero. Fato este que não era esperado, uma vez que o Ministério da Saúde tem priorizado e trabalhado ao longo desses seis anos desde as ações de prevenção até a reabilitação na saúde das mulheres. Constatou-se que apesar de todo esse trabalho, ainda há muito o que fazer na educação em saúde da comunidade.
E sobre os sentimentos pode-se perceber que trata-se de mulheres com baixa auto-estima, com vergonha por ser portadora do CA e abandonadas por seus companheiros; porém com esperança e gratidão quanto ao tratamento e a cura; em algumas situações mulheres mostravam-se autoconfiante e felizes por ter o apoio da família; confiante no tratamento e na cura com sinais de arrependimento pelas atitudes de vida passado, em ter tido vários parceiros. O conhecimento insuficiente acerca do CA de colo de útero, dificultou no tratamento e acompanhamento de uma das entrevistadas, já que a mesma desistiu do seguimento do tratamento e, uma semana após a coleta de dados, ela foi a óbito. Diante disso, a assistência de enfermagem, se faz imprescindível, pois o acompanhamento da equipe quanto a orientação, notificação de diagnostico, o cuidado com a mulher, a valorização das queixas.
As mulheres são pouco orientadas quanto a importância exame preventivo o que dificulta confirmação do diagnóstico, retardando, dessa forma o tratamento e o acompanhamento e, conseqüentemente, a cura da doença. Ao final da realização desta pesquisa constatei que apesar do CA de útero ser o segundo maior diagnosticado mundialmente e das unidades básicas de saúde fazerem o rastreamento através do exame preventivo (papanicolaou), há um déficit na realização da educação em saúde por parte dos profissionais da equipes de saúde.
É necessário que as ações de educação em saúde sejam intensificada para uma possível diminuição dos casos de CA. Além disso, profissionais e gestores precisam traçar ações que contribuam para um melhor suporte psicológico das mulheres, melhorando assim, a qualidade de vida das mesmas.













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APÊNDICE













ANEXO A- Termo de Consentimento Livre E Esclarecido

A Senhora é convidada a participar da pesquisa de monografia denominado Conhecimento das mulheres com diagnóstico de câncer do colo do útero acerca da doença em uma Unidade de Saúde da Família no município de Wanderley-BA cujos objetivos são: Investigar o conhecimento das mulheres portadoras da neoplasia, identificar o perfil epidemiológico das mulheres acometidas pelo CA de colo de útero e investigar o conhecimento das mulheres portadoras da neoplasia.
Para tanto necessitamos que responda a entrevista em apêndice. Sua participação é voluntária, não remunerada e serão transcritas as informações decorrentes de sua participação.
A pesquisa oferece riscos e benefícios, tais como: Não haverá riscos apenas benefícios, pois os dados obtidos ajudaram na implantação de melhores assistência as mulheres portadoras da neoplasia, pois serão transmitidos a Secretaria Municipal de Saúde, mantendo o sigilo do nome das mulheres colaboradoras e esclarecido o nível de conhecimento das mesmas.
Não haverá riscos as mulheres apenas benefícios, pois através das informações colhidas será realizada uma estatística exata do número de mulheres portadora do câncer para uma atualização do cadastro, as informações serão transmitidas a prefeitura municipal da cidade onde poderão relacionar as informações com as necessidades no tratamento adequado a essas mulheres. A Senhora tem acesso a qualquer etapa do estudo, bem como aos profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas.
O principal investigador é o Prof../ Ms Filipe Toni Sofiati, que pode ser encontrado no endereço Faculdade São Francisco de Barreiras, localizado na BR 135 KM 01, Nº 2341, Bairro Boa Sorte, Barreiras-Ba, CEP 47.805-270. Telefone(s) (77) 3613-8854.
Se a Senhora tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) localizado na Rua: BR 135 KM 01,Nº 2341, Bairro Boa Sorte, Barreiras-Ba. Fone: (77) 3613-8854. Email: [email protected]
A Senhora tem garantida a liberdade da retirada deste consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo. As informações aqui obtidas serão analisadas em conjunto com as de outros, não sendo divulgada sua identificação e nem a de qualquer outro participante. Nós nos comprometemos a utilizar os dados e o material coletado somente para esta pesquisa. A Sra deverá receber uma cópia deste termo e assinar esta via se sentir-se realmente esclarecido (a) conforme a resolução 196/96.
DECLARO TER SIDO SUFICIENTEMENTE INFORMADO A RESPEITO DAS INFORMAÇÕES QUE LI OU QUE FORAM LIDAS PARA MIM. CONCORDO VOLUNTARIAMENTE EM PARTICIPAR DESTE ESTUDO E PODEREI RETIRAR O MEU CONSENTIMENTO A QUALQUER MOMENTO.
_________________________________________
Assinatura pesquisado/representante legal
Data / /
________________________________________________
Assinatura da testemunha: (Para casos de pesquisados menores de 18 anos,analfabetos, semi-analfabetos ou portadores de necessidades gerais).
Data / /
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participação neste estudo.
_____________________________
Assinatura do pesquisador
Data / /







APÊNDICE B- QUESTIONÁRIO

1) Qual a sua idade? Com quantos anos descobriu que é portadora do câncer do colo do útero?
2) O que você sabe sobre o câncer do colo do útero?
3) Você considera o exame preventivo importante para prevenção do câncer do colo do útero? Descreva a sua opinião.
4) Você sabe a relação do câncer do colo com o HPV?
5) Você realiza o exame preventivo de quanto em quanto tempo?
6) Como a você se sente sendo portadora do Câncer do Colo do Útero?













APÊNDICE C- RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO PARTICIPANTE 01 (M1)

1) "Eu tenho 52 anos, há 1 ano foi detectado o câncer de útero".
2) "Através do preventivo, foi detectado alterações no meu útero, onde eu sentia muitas dores no pé da barriga, um escorrimento. Percebi que não era normal, sempre receitavam creme vaginal achando que era alguma bactéria. Só sei minha fia que é uma doença muito ruim, um mal que vou carregar pra minha vida toda. Não possuo muito conhecimento, só sei que é uma doença muito triste e que demorou a ser descoberta".
3) "Sim, concordo, eu até imaginava que seria pra descobrir as doenças ruins do útero e as bactérias, já o exame não tenho tantos conhecimentos".
4) "Não sei. O que é HPV?".
5) "Antes de descobrir que eu tinha o câncer eu fazia todo ano, agora depois de descoberto faço de seis em seis meses. Fui orientada pela enfermeira lá em Salvador que tenho que fazer o acompanhamento pra um melhor tratamento".
6) ?Não tenho preconceito da doença, só tenho vergonha que as pessoas sabem da minha doença, porque elas me tratam diferente achando que eu vou passar pra elas. Eu tinha um relacionamento de 10 anos, era um namoro bom, mas quando descobrir o câncer o cara que dizia me amar me abandonou, no momento em que mais precisei, mesmo depois que eu ficar boa não vou querer namorar com mais ninguém. Descobrir que tinha o câncer há 1ano e estou tendo muitas dificuldades no tratamento, por causa das condições financeiras, pra ta em uma cidade onde tudo é muito caro preciso de dinheiro e não tenho tanto, mas vamos juntando um pouco aqui outro ali e vou assim mesmo, quando acaba eu volto pra cá e depois faço o restante do tratamento, por isso acho que ainda não estou melhor".





APÊNDICE D ? RESPOSTA DO QUESTIONÁRIO DA PARTICIPANTE 02 (M2)

1) "59 anos, descobri há 3 anos".
2) "É o segundo maior câncer do Brasil, que existe tratamento e que não mata quando descoberto cedo. O tratamento pode ser cirurgia, radioterapia e quimioterapia então é um câncer do tratamento seguro e possibilidade de sobreviver".
3) "Sim. Eu realizava o exame todo ano, onde não era detectado nada, apenas uma inflamação que para a enfermeira era normal".
4) "Saber totalmente a associação não, mas aos 20 anos de idade descobri que tinha uma presença de verrugas na minha vagina, achava que era normal, nunca imaginei que era uma doença, o HPV foi detectado entrei em desespero pois já estava avançado e causou o câncer de útero em mim".
5) "Hoje como tenho que fazer o acompanhamento realizo de seis em seis meses".
6) "No inicio da descoberta foi muito difícil pra mim e pra minha família, pois como se trata de câncer nós ficamos transtornados. Fui encaminhada a uma consulta ginecológica e psicológica no CAM. Eu e o meu esposo fomos pra consulta, onde tive toda explicação do que seria a doença e o tratamento, fui encaminhada para Goiânia, porque tenho família lá e é melhor pra mim. Agradeço muito a Deus pela família que tenho, pois esta junto comigo desde a descoberta até o acompanhamento do tratamento, são pessoas fundamentais em minha vida que me ajudam e me dão força todo dia, "eu os amo".









APÊNDICE E- RESPOSTA DO QUESTIONÁRIO DA PARTICIPANTE 03 (M3)

1) "39 anos e com 35 foi descoberta a minha doença".
2) "Sei que na minha família já tem casos de câncer de útero e que é uma doença que descoberta a tempo tem cura. O exame preventivo e constrangedor mas como é pra minha saúde não me poupei em fazer".
3) "Sim, ele é muito importante para nossa saúde, eu realizo a cada três meses depois que descobrir o câncer e antes realizava todo ano, porque na minha família tem muito casos de câncer no útero, por isso tenho que me cuidar".
4) "Sei que há uma relação, mas não tenho tantos conhecimentos, quando descobrir o câncer as pessoas diziam que tinha sido meu ex marido que tinha passado pra mim, que ele tinha pego e tinha transmitido pra mim".
5) "Hoje realizo a cada 3 meses em Goiânia por causa do acompanhamento".
6) "Não me sinto inferior a ninguém, afinal já fiz o tratamento e a quatro anos luto contra essa doença, já sofri muito e hoje sou uma pessoa vencedora pois conforme os médicos era pra eu hoje estar morta, porque estava em estagio avançado. Fiz o tratamento e hoje estou aqui vivendo tranqüila e tratada, só que vou sofrer pra o resto de minha vida porque tenho que ser acompanhada sempre. Meu marido se separou de mim, mas não me sinto inferior a nada, pois com Deus no coração e Fé pra vencer chegarei até o fim da vida, por morte natural. Melhor viver só do que mau acompanhada. Agradeço grandemente aos médicos que me acompanharam pois foram e serão fundamentais em minha vida hoje e sempre, através deles é que minha auto estima se eleva e tenho força.Nas seções de quimioterapia e radioterapia foi o momento mais difícil, pois fiquei muito fraca enjoada e com fortes dores, mas como tenho Deus no coração enfrentei e me considero sou vencedora".










APÊNDICE F- RESPOSTA DO QUESTIONÁRIO DA PARTICIPANTE 04 (M4)

1) "79 anos, 77 anos de idade".
2) "Não sei não".
3) "Sim, quando mais nova eu realizava todo ano".
4) "Não sei. O que é isso minha filha?"
5) "Hoje não faço mais porque estou doente e não saio de casa."
6) "Foi a fase mais difícil da minha vida, pois eu tinha um tumor no intestino, não foi descoberto logo e estourou levando a outros tumores, logo depois foi descoberto o câncer de útero por causa do outro, não por outras doenças. Tinha sofrido muito já tentei fazer o tratamento em Goiânia mas não consegui, porque é muito difícil pra mim estar tomando as seções de quimioterapia e radioterapia as reações me fizeram desistir, a cirurgia não adianta mais, pois possuo dois câncer e meu fim vai ser a morte. Mas tenho muita Fé em Deus e vou ficar boa, vou me curar. Tenho o apoio da minha família em geral, meus filhos, irmãos e esposo todos juntos fazendo orações e assim vou me curando, dessa forma não preciso gastar dinheiro com tratamento, quando Deus quer ele faz."




















APÊNDICE G - RESPOSTA DO QUESTIONÁRIO DA PARTICIPANTE 05 (M5)


1) "60 anos e descobri com 57."
2) "Sei que não é uma doença boa, mas que quando se descobre tem cura."
3) "Sim. Através dele que descobrir a doença."
4) "Sim, pois se tenho o câncer hoje porque não me cuidei e adquirir o HPV, depois desenvolveu o câncer de útero."
5) "Eu realizava o exame preventivo todo ano, porque sei que é importante para a mulher, só que através dele descobrir que tinha o câncer."
6) "Infelizmente temos que assumir as besteiras do passado, se hoje eu pudesse escolher a maneira de viver não teria vários parceiros sexuais, mas é assim mesmo. Não tenho vergonha de ter o câncer porque sei que tem cura e sempre que vou às consultas pergunto pra os médicos sobre a doença, me ajudando no meu conhecimento. Faço meu acompanhamento e não vou desistir nunca, é uma doença que tem cura e vou me curar. Fui fazer a retirada do útero e a quimioterapia e hoje consigo viver como uma pessoa qualquer. Não tenho marido nem namorado, pois os homens só querem mulher sadia e como tive a doença o que tinham caiu fora. Mas não me sinto inferior a ninguém, um dia encontro uma pessoa digna."




























ANEXO













ANEXO B- Carta de Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa