COMPLICAÇÕES DA AMAMENTAÇÃO DECORRENTE DO USO INADEQUADO DAS TÉCNICAS DE POSICIONAMENTO.


Rocilda de Souza Lima
Rogiene de souza Lima



RESUMO


O posicionamento influi diretamente no sucesso do processo de amamentar, é o que o presente trabalho vem a mostrar, que a utilização do conhecimento adquirido pelos profissionais de enfermagem, quando repassado de forma correta e coerente, pode ser útil. Daí a idéia da formulação de um informativo em forma de folder, que após a revisão literária, conseguiu-se montar de forma suscinta e coesa, informações em uma seqüência, mostrando todos os benefícios da amamentação tanto para a mãe quanto para a criança, principalmente por estabelecer um elo desde o primeiro contato. A metodologia utilizada tratou de uma abordagem literária sobre o assunto pertinente, buscando bibliografias e periódicos indexados para auxiliar na construção do objetivo do presente.


Palavras-chave: Amamentação, informação, leite materno, posicionamento, técnica correta, mamilo, mãe.


1 INTRODUÇÃO


Desde os primórdios, a amamentação é vista como o primeiro elo entre mãe e filho, que estabelece uma relação de carinho e segurança. A amamentação além de tudo é toda a nutrição que o recém nascido necessita, completa de todos os compostos necessários á manutenção de um bom desenvolvimento.
Tal tema, em detrimento de sua enorme magnitude, necessita de abordagem específica, visto ao envolvimento das partes interessadas, que trará consigo uma gama de informações relevantes introduzidas pela equipe de enfermagem, que permitirão às mães ter uma visão mais qualificada sobre a amamentação, adotando um ponto de vista que conote comportamento correto no tocante às técnicas que contribuirão para uma melhor forma de amamentar e consequentemente fortalecendo o "elo" entre mãe e filho.
De acordo com a literatura, algumas das complicações durante o período da amamentação estão relacionadas à adoção de técnicas de postura inadequadas por parte da mãe, predispondo-as ao desenvolvimento de algumas patologias da amamentação. A adoção de estratégias de orientação e conscientização das mães durante o período pré-natal tão quanto à importância das corretas técnicas são relevantes para uma boa amamentação (FREITAS, 2001).
O presente justifica-se tendo em vista o despreparo das parturientes quanto as orientações adequadas para uma amamentação saudável, faz-se necessário a intervenção da equipe da enfermagem no que diz respeito as técnicas de posicionamento, complicações do período, mitos sobre a amamentação e principalmente sobre as informações relevantes ao tema, que acarretarão em um melhor desenvolvimento infantil com menores intercorrências durante o período da amamentação.

1.1 OBJETIVOS

1.1.1 OBJETIVO GERAL
Descrever as técnicas e os posicionamentos corretos para que a amamentação seja satisfatória, evitando complicações como o ingurgitamento mamário, traumas mamilares e dor nos mamilos.

1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Descrever as mamas, a lactação e a sucção no contexto anatômico e fisiológico
- Destacar as técnicas corretas e o posicionamento na amamentação, com a finalidade de prevenir complicações
- Sugerir um protocolo de orientações e cuidados relacionados à amamentação, a serem implementados durante o pré-natal e após o nascimento da criança













2 DESENVOLVIMENTO


2.1 CONSIDERAÇÕES ANÁTOMO-FISIOLÓGICAS

As mamas das mulheres adultas são formadas pelo parênquima e pelo estroma mamários. Parênquima inclui de 15 a 25 lobos mamários (glândulas túbulos-alveolares), que são subdivididos, cada um, em 20 a 40 lóbulos. Cada lóbulo, por sua vez, se subdivide em 10 a 100 alvéolos, local onde o leite é produzido.

Figura 1 ? Mama. Fonte: www.drcarlos.med.br ? acesso em 19/08/2009.

A secreção láctea é excretada por intermédio de uma rede de ductos que vão convergindo, até formarem os seios lactíferos, local onde o leite é armazenado para consumo da criança. Para cada lobo mamário há um seio lactífero, com uma saída independente do mamilo. Portanto, existem de 15 a 25 orifícios de saída de leite no mamilo. Envolvendo os lobos mamários, encontram-se tecido adiposo, tecido conjuntivo, vasos sanguíneos, tecido nervoso e tecido linfático (GIUGLIANE, 2005).
O desenvolvimento da glândula mamária pode ser dividido entre cinco principais estágios: embriogênese, mamogênese, lactogênese e involução. A embriogênese inicia-se a partir da 18 a 19 semana intra-uterina. A mamogênese acontece durante dois momentos: durante a puberdade e na gravidez. A lactogênese ocorre quando a glândula mamaria inicia a secreção de leite algumas horas após o parto (48 a 72 horas). Para uma lactogênese bem-sucedida, três fatores são importantes: tecido mamário desenvolvido, níveis plasmáticos de prolactina elevados e uma queda no nível de estrógeno e progesterona. A lactação é o processo de continuidade da produção de leite, prolongando-se por um período indeterminado, e está sujeita a estímulos. Depende da sucção da criança e, conseqüentemente, do esvaziamento das glândulas. A involução é o período em que a glândula perde sua capacidade de produção láctea por alterações hormonais e de tecidos (BARROS, 2002).
As glândulas mamárias se preparam para a lactação através de uma série de passos de desenvolvimento que ocorrem durante a adolescência e a gravidez. As mudanças hormonais aumentam o tamanho da mama, aréola e mamilo marcadamente. A principal característica do crescimento mamário é um grande aumento nos ductos e nos alvéolos sob a influencia de muitos hormônios. Mais tarde, na gravidez, os lóbulos do sistema alveolar são desenvolvidos ao máximo e pequenas quantidades de colostro podem ser liberadas por vários meses antes do parto (KRAUSE, 2002).
Pressionando-se a aréola entre os dedos indicador e médio e tracionando-se suavemente o mamilo, exterioriza-se o colostro. Essa manobra tem como finalidade mostrar para a mãe o funcionamento das mamas ao mesmo tempo lhe infunde segurança na produção de leite após o nascimento. Comparado com o leite maduro, o colostro contem mais minerais e proteínas e menos gordura e glicose e é o alimento mais adequado nos primeiros dias de vida do recém-nascido. A concentração leucocitária do colostro é igual à concentração do sangue periférico. O recém-nascido, ao sugar o colostro, está recebendo leucócitos maternos competentes que promovem a atividade antimicrobiana no tubo digestivo. Os leucócitos maternos são encontrados em todo o tubo digestivo, pois o recém-nascido não tem ácido clorídrico no estômago, que o destruiria (SANTOS, 2000).
Figura 2 ? Expressão do Mamilo. Fonte: mulherconsciente.com acesso em 19/08/2009.



Figura 3 ? Gráfico da Composição do Leite Materno. Fonte: cr-saúde.blogspot.com acesso em 19/08/2009.

Após o nascimento, o recém-nascido, ao sugar os mamilos, promove um estimulo sensorial que é conduzido ao hipotálamo, onde é promovido o bloqueio dos inibidores da síntese do hipotálamo. O estimulo típico para a produção de leite e secreção é a sucção do bebê no peito da mãe. Os nervos sob a pele da aréola enviam uma mensagem através da medula espinhal até o hipotálamo que, por sua vez, transmite uma mensagem para a glândula hipófise, onde as áreas anterior e posterior são estimuladas para liberar seus respectivos hormônios. A prolactina estimula a produção do leite pelas células alveolares no tecido mamário. A ocitocina estimula as células mioepiteliais da glândula mamaria a se contraírem, provocam o movimento do leite através do sistema dos ductos e seios lactíferos para a chegada final à boca do bebê. Este último processo, conhecido como reflexo de descida, é acompanhado na mulher por uma sensação descrita como "sensação de formigamento". Como a ocitocina também estimula as células musculares do útero a se contraírem, a lactação imediatamente após o parto é considerada útil ao auxilio de uma rápida parada de sangramento deste tecido (KRAUSE, 2002).
O processo do reflexo de descida parece ser sensível a pequenas mudanças nos níveis de ocitocina circulante; as menores perturbações emocionais ou estresses ambientais podem influenciar com facilidade com que o leite materno é fornecido ao bebê. O estresse das dores do parto pode retardar a lactogênese (KRAUSE, 2002).

2.1.1 COMO A CRIANÇA MAMA
Os reflexos de sucção ? uma criança nascida a termo e sadia tem três reflexos que facilitam a mamada.
O reflexo de rotação ? este reflexo auxilia a criança a encontrar o mamilo se ele estiver com fome e alguma coisa encostar no seu rosto ela se virara e abrira a boca.
O reflexo da sucção ? quando alguma coisa entra na boca da criança, suficientemente no fundo, e toca seu palato, ela suga. O reflexo da sucção pode ser muito forte na primeira hora após o nascimento.
O reflexo de deglutição ? se a boca da criança se enche de leite, ela engole. E importante notar que a um reflexo para a sucção se o mamilo toca seu palato. Mas não a reflexo par a ajudar a criança a colocar o mamilo na boca. Isto ela precisa aprender a fazer com a mãe (KING, 1996).

2.2 PROCEDIMENTO PARA AMAMENTAÇÃO

2.2.1 ORIENTAÇÕES QUANTO À AMAMENTAÇÃO NO PERÍODO PRE-NATAL.

Para um melhor manejo clínico da amamentação, é necessário conhecer os aspectos relacionados à prática do aleitamento materno. Isso é um fator fundamental no sentido de colaborar para que a mãe e a criança possam vivenciar a amamentação de forma efetiva e tranqüila, recebendo do profissional as orientações necessárias e adequadas para seu êxito. Pensando que a mulher passa por um longo período de gestação até que possa concretamente amamentar seu filho, entende-se que o preparo para a amamentação deva ser iniciado no período da gravidez. (BRASIL, 2001).
A maioria das gestantes recebe assistência pré-natal. O medico, nesta oportunidade, deve conversar com elas sobre os seus planos quanto à alimentação do futuro bebê. A promoção do aleitamento materno deve fazer parte da rotina do atendimento pré-natal (GIUGLIANE, 2005).
Para a adoção de procedimentos durante o pré-natal, o enfermeiro deverá adotar como norma o preparo da gestante, orientando-a, individualmente ou em grupo, como linguagem adequada em seu nível de compreensão, auxilio de recursos audiovisuais e demonstrações cabíveis.

Procedimentos a serem adotados durante a Gestação
Examinar as mamas na consulta pré-natal.
Orientar a gestante a usar sutiã com orifício de exposição da aréola e mamilo.
Recomendar banhos diários de sol nas mamas.
Esclarecer quanto ao uso de sabões, cremes ou pomadas no mamilo (o que deve ser evitado)
Orientar para evitar a "ordenha" durante a gestação para retirada do colostro
Ensinar a mãe a explorar suas mamas.
Tabela 1 ? Procedimentos a serem adotados durante a gestação fonte: Secretaria de Políticas de Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher.

Para classificar o mamilo em protuso, semi-protuso, pseudo-invertido ou invertido, é necessário fazer previamente um estimulo manual, para verificar se ele reage ou não a protusão.
Se o mamilo for pseudo-invertido ou invertido, portanto, malformado, isso se deve a aderência na sua base e pode utilizar do vácuo para tentar melhorar a protusão do mamilo, recomenda seu uso também no puerpério (VALDES, 1996).
A técnica consiste em cortar uma seringa de 20 ml no local do encaixe da agulha e inverter o êmbolo, colocando-o no local onde foi cortado, adapta-lo no mamilo da mulher e fazer aspiração, estabelecendo um vácuo por alguns segundos (BARROS, 2002).
É importante identificar os conhecimentos, crenças e atitudes que a gestante possui em relação à amamentação, que tipo de experiência possui, ou se já vivenciou alguma vez a amamentação. Além disso, é importante também oferecer às gestantes oportunidade de troca de experiências, através de reuniões de grupo que objetivam informar e facilitar a amamentação (BRASIL, 2001).


2.2.2 INICIANDO A AMAMENTAÇÃO NA SALA DE PARTO.

As primeiras horas após o nascimento são excelentes para iniciar a amamentação, visto que o RN geralmente está bem alerta e atento, com o reflexo da sucção ativo, estimulando precocemente a produção de ocitocina e prolactina.
O momento após o nascimento quando o recém-nascido é colocado no peito para sugar, é ideal que seja estabelecido o inicio do vinculo da mãe com o filho.
Quanto mais precocemente a criança for colocada para ser amamentada, mais cedo se iniciará a ligação efetiva entre a mãe e o bebê (KLAUSS e KENNEL, 1996).
O período imediatamente após o parto pode ser chamado de "período mágico", pois é o inicio de uma convivência entre pais e bebê, mesmo que a criança não sugue, apenas lamba o mamilo ou se aconchegue (MOORE e NICHOLS, 1997).
Autores contemporâneos acrescentam que o inicio da amamentação nos primeiros minutos após o parto, estabelecendo contato intimo precoce entre mãe e filho, tem também uma relação direta com a prevenção do choro de angustia da separação do recém-nascido.
A sucção precoce também influencia a contração uterina, reduzindo o risco de hemorragias (BARROS, 2002).

2.2.3 TÉCNICAS DA AMAMENTAÇÃO.

A assistência medica, assim como o papel do pai, da mãe e do próprio bebê, concorre para o sucesso da amamentação. Na ausência de complicações medicas ou anatômicas tanto a mãe quanto o bebê estão aptos a iniciar a amamentação uma a duas horas após o parto. A sucção tem efeito ocitócito e o colostro é benéfico ao recém-nascido. A lactação se estabelece com maior sucesso quanto ao recém-nascido permanece junto à mãe nas 24 horas do dia, com liberdade de sugar sempre que deseja. No inicio, a freqüência das mamadas é bastante irregular (8- 10 vezes ao dia), porem na segunda semana de vida os intervalos se tornam mais regulares. A descida abrupta do leite que ocorre no terceiro ou quarto dia pós-parto, também chamada de apojadura, é um período de desconforto caracterizado por ingurgitamento vascular e edema das mamas. No caso em que o edema excessivo impede o bebê de abocanhar adequadamente o mamilo, deve-se proceder a um esvaziamento prévio no sentido de facilitar a sucção. Sempre que possível o bebê deve mamar em ambas as mamas, no sentido de aumentar o reflexo e determinar a manutenção da secreção láctea. O colostro (liquido fino e amarelo que sai nas primeiras horas após o nascimento) é mais rico em proteínas e pobre em gordura e carboidrato do que o leite maduro, o colostro fornece aproximadamente 15Kcal/28mL e é uma fonte rica em anticorpos. Conforme ele é reposto pelo leite transitório e maduro, as mamas ficam inchadas e firmes, conforme se enchem de leite (KRAUSE, 2002)
Quando a criança consegue tirar todo o leite que ela quer, ela para de sugar e solta o mamilo espontaneamente. Pode estar satisfeita ou pronta para sugar a outra mão. Algumas vezes ela adormece logo que para de mamar. Não e necessário tirar a criança da mama nem interromper a mamada depois de um certo tempo. Algumas crianças mamam mais rapidamente e outras menos. Deixe a criança decidir quando quer parar de mamar (KING, 1996).
Antes do ato de amamentar faz-se por necessário que a mãe lave as mãos com água e sabão. As mamas estão sempre limpas graças ao local em que estão situadas e há proteção do sutiã. A limpeza dos mamilos não é necessária podendo destruir a camada sebácea que os protege de irritações, fissuras e infecções. O conforto materno é importante, pois, além de alimentar o bebê, a mãe pode descansar física e mentalmente (SANTOS, 2000).

2.2.4 POSICIONAMENTO DURANTE A AMAMENTAÇÃO.

O posicionamento da criança para amamentar é importante para determinar uma amamentação efetiva. A posição sentada é geralmente a mais utilizada pelas mães para amamentar se bebê. Nesse caso, a criança deve estar em decúbito lateral elevado, sobre um dos seus antebraços, do mesmo lado da mama que está sendo oferecida à criança. A cabeça do lactente deve apoiar-se na parte interna do ângulo que o braço forma com o antebraço da mãe e ficar orientada no mesmo sentido que o eixo de seu corpo. O abdome do lactente deve ficar encostado no abdome da mãe, cujo braço deve passar pela lateral do tórax da criança. A mão correspondente ao braço que está apoiando o lactente deverá segurar firmemente a região glútea da criança, quando esta for pequena (BARROS, 2002).


Figura 4 ? Posicionamento ao Amamentar. Fonte: www.fetale.com.br acesso em 19/08/2009.

A posição sentada inversa consegue-se colocando o corpo do bebê por baixo da axila materna com o ventre apoiado sobre as costelas da mãe (barriga- costela). O corpo do bebê está apoiado pelo braço materno e a cabeça suspensa pela mão. Nesta posição consegue-se que o bebê utilize uma boa porção da aureola com a boca (ORIGEM, 2006).
Na posição deitada, a mãe e o bebê estão frente a frente (barriga com barriga). A mãe dá o peito do lado que está deitada. Essa posição e a sentada inversa são mais apropriadas quando a mãe foi submetida a uma cesariana. A maioria das mulheres tem leite suficiente para alimentar gêmeos. As dificuldades surgem porque é difícil cuidar de duas crianças simultaneamente. Um modo de amamentar gêmeos ao mesmo tempo é colocar as crianças com o corpo e pernas por baixo dos braços da mãe.






Sinais de Bom Posicionamento durante a Amamentação
Todo o corpo do bebê está de encontro ao da mãe.
A boca e a mandíbula estão perto do peito da mãe.
A boca do bebê está bem aberta.
Não se consegue ver quase nada da aréola.
O bebê dá chupadas grandes e espaçadas.
O bebê está relaxado e tranqüilo.
O bebê mama sem fazer barulho.
A mãe não sente dor nos mamilos (apenas pequenos desconfortos no início).
Tabela 2 - Sinais de Bom Posicionamento durante a Amamentação fonte: Grupo Origem, 2006.

Cada bebê mama de uma forma particular, porém todo recém-nascido normal desenvolve a chamada "sucção eficiente". A sucção eficiente é desenvolvida em varias etapas, o que pode se observado pelo deslocamento da mandíbula ou apalpando-se a ATM (articulação têmporo-mandibular), onde se observa que se observa que as cabeças dos côndilos da mandíbula percorrem trajetos ântero-posteriores. Eis as etapas da sucção eficiente:
a) com os lábios a criança abocanha o mamilo promovendo um vedamento periférico;
b) para manter o mamilo abocanhado, ela comprime os lábios e suga o mamilo produzindo uma pressão negativa intrabucal;
c) como isso não é suficiente para extrair o leite, a criança abaixa a mandíbula e leva-a para uma posição anterior comprimindo a mama na região areolar (sobre os seios galactóforos);
d) mantendo a região mamilo-areolar comprimida, ela retorna a mandíbula à posição original, fazendo a ordenha;
e) o leite coletado desliza do palato duro para o palato mole, provocando o reflexo da deglutição. A partir daí reinicia-se o mecanismo.
Uma diminuição precoce na produção de leite se deve a fatores como: sucção ineficiente, problemas emocionais como aversão à amamentação ou, ainda, complicações médicas. Um bebê satisfeito é a melhor da produção suficiente de leite (SANTOS, 2000).
Tirar o bebê bruscamente do seio pode ferir o mamilo. Há uma maneira de suspender a mamada com suavidade, interrompendo a sucção do bebê: coloque o dedo mínimo na boca da criança, deixando entrar um pouquinho de ar. È bom lembrar que após a mamada a criança deve ser colocada para arrotar (NOBERTO, 2006).

2.3 COMPLICAÇÕES DECORRENTES DA AMAMENTAÇÃO

2.3.1 INGURGITAMENTO MAMÁRIO

Considera-se ingurgitamento mamário a estase Láctea caracterizada pelo aumento de volume e endurecimento das mamas, que parecem enrijecidas, hipertémicas e dolorosas. Ocorre, em média, no 2º ou 3º dia pós-parto. Nos casos de ingurgitamento mamário, a oferta de leite é maior que a procura. A região mamilo-areolar torna-se inadequada, não por anatômicas, mas funcionais, tornando o mamilo apagado e pouco flexível devido a estas Láctea na região ampolar e conseqüente edema (SANTOS, 2000).
O ingurgitamento discreto é normal e não requer intervenção. O ingurgitamento excessivo ocorre com mais freqüência entre as primíparas. Leite em abundância, início tardio da amamentação, mamadas infrequentes, restrição da duração e freqüência das mamadas e sucção ineficaz favorecem o aparecimento do ingurgitamento (FREITAS, 2001)
Se as mamas se tornarem ingurgitadas, o desconforto pode ser aliviado pela aplicação de compressas úmidas, o mais quente possível na mama toda e, ao mesmo tempo, retirando leite do mamilo. Conforme a compressa úmida esfria, ela deve ser trocada por outra quente (KRAUSE, 2002).
Quando a aréola esta ingurgitada, a criança não consegue uma boa pega, o que pode ser doloroso para a mãe e frustrante par a criança, pois, nestas condições, há dificuldade para a saída do leite (GIUGLIANI, 2005).


Medidas para Tratamento do Ingurgitamento Mamário.
Manter as mamas elevadas; usar sutiã apertado
Compressas frias entre as mamadas podem reduzir a vascularização. Compressas quentes antes das mamadas facilitam a saída do leite.
Amamentar com freqüência, extrair o leite manualmente ou com bomba de sucção.
Usar analgésicos, se necessário.
Tabela 3 - Medidas para Tratamento do Ingurgitamento Mamário. Fonte: Jornal de Pediatria 1995 (GIUGLIANE)


2.3.2 TRAUMAS MAMILARES.

Uma vez instalados, os traumas mamilares são muito dolorosos e muitas vezes impedem as mães de amamentar. Os fatores predisponentes de traumas mamilares seriam o uso de lubrificantes durante o pré-natal, excesso de higiene dos mamilos precedendo ou sucedendo a amamentação, o ingurgitamento mamário e defeitos de sucção no recém-nascido (FREITAS, 2001).
A tentativa de preparo dos mamilos durante o pré-natal com massagens, lubrificantes e medidas de higiene provoca a remoção da membrana hidrolipídica que protege a região, promovendo a descamação na camada córnea da pele, passando a flora patogênica a dominar em substituição à flora normal.
A "sucção não eficiente" também pode ser causa de traumas mamilares; a criança mama durante 24 horas por dia, com intervalo muito curtos (entre 45 minutos e uma hora). As queixas maternas são: mamilos hipersensíveis, doloridos e ardidos, associados à presença de petéquias, vesículas e isquemia na região mamilo aureolar. A conduta de espaçar o horário entre as mamadas para três ou quatro horas é eficaz na recuperação dos mamilos e correção do hábito de sucção viciosa na criança (SANTOS, 2000).


Figuras 5 e 6 ? Traumas Mamilares. Fonte:www.pediatriasaopaulo.usp.br acesso em 19/08/2009.

Medidas úteis no tratamento dos traumas mamilares incluem:
? Correção das técnicas da amamentação, sempre que for detectado erro de técnica.
? Posições alternadas nas mamadas.
? Aplicação de leite nos mamilos após as mamadas. Apesar de não haver dados científicos que embasem essa conduta, muitos especialistas a recomendam. O leite materno tem muitas propriedades antiinfecciosas, o que diminui o risco de infecção secundária.
? Agente tópicos tais como lanolina anídrica modificadas ou cremes com vitamina A e D em traumas importantes. Eles formam uma barreira impedindo a perda de umidade das camadas mais profundas da pele, facilitando a cicatrização. Cremes com hidrocorticóides sintéticos (mometazona 0,1% e propionato de halobetasol 0,05%), têm sido recomendados por especialistas em casos de fissuras importantes, embora não haja estudos comprovando a sua eficácia, os corticóides só devem ser recomendados na ausência de infecção bacteriana ou fúngica e, quando usados, não necessitam ser removidas antes das mamadas.
? Manter secos os mamilos sadios, íntegros, é recomendável para a prevenção de fissuras. A epiderme do mamilo recupera-se mais rapidamente se uma barreira úmida prevenir a perda da umidade das camadas mais profundas da pele.
? O uso de protetores de mamilos, salvo raras exceções, deve ser desestimulado. Eles, na realidade, podem exacerbar as lesões ou serem a sua causa (FREITAS, 2001).

2.3.3 DOR NOS MAMILOS.

A mulher apresenta dor nas mamas e/ ou mamilos, durante ou no intervalo das mamadas. Para algumas mulheres, a dor é comum na amamentação, porem sabe-se que não é correto sentir dor. Se ela está presente é porque algo está incorreto (BARROS, 2002).
A causa mais comum de dor nos mamilos e a má posição em que a criança suga, ela não "pega? parte suficiente da mama e suga apenas o mamilo", a pele do mamilo pode parecer completamente normal, mas, se você observa a criança terminando a mamada pode notar que o mamilo parece achatado quando sai da boca da criança. Pode haver uma linha através da ponta do mamilo. A dor nos mamilos pode levar ao desmame, pois a amamentação e dolorosa levando a mãe a amamentar menos freqüentemente e por menor tempo. Quando a criança suga o mamilo, ela não consegue sugar muito leite e o leite não e retirado da mama diminuindo a produção láctea (KING, 1996).
A assistência deve ser direcionada no sentindo de reduzir ao máximo o desconforto da dor. Identificar a causa é o primeiro passo. Posteriormente, adotar medidas no sentido de solucionar o problema (BARROS, 2002).
O tratamento para os mamilos dolorosos é corrigir a posição de sucção. Na maioria dos casos a dor para imediatamente. Pode-se ver a expressão da mãe mudar subitamente quando a criança "pega" quantidade suficiente de mama para a boca. A mãe pode dizer que sente alguma diferença e que parece certo. Refere ainda, que agora está confortável e agradável. A criança poderá estar mais satisfeita ao final da mamada. Freqüentemente não é preciso interromper a mamada mesmo que por poucas vezes. Não é necessário usar cremes ou outros medicamentos nos mamilos. Isso não ajuda e pode piorar a dor (KING, 1996).

2.4 DISCUSSÃO E RESULTADOS

O estudo desenvolvido teve por base a revisão dos anais bibliográficos, no qual serão utilizados varias fontes, como: análise bibliográfica de diversos autores em relação ao tema, visando não só a atualização dos dados, mas também a comparação das diversas informações para melhor entendimento do paciente. De acordo com Teixeira (2004), é um tipo de estudo é qualitativo descritivo, onde há uma ênfase às palavras e imagens; os investigadores interessam-se mais pelos processos do que pelos resultados ou produtos. Ou seja, analisando os dados de maneira particular e depois geral, o que garantiu à autora, mais conhecimentos sobre o tema e mais flexibilidade quanto ao assunto em questão. As fontes pesquisadas compunham-se de bancos de dados indexados (artigos científicos), periódicos e obras sobre o assunto em questão, buscados em acervos digitais e bibliotecários dispostos na capital amazonense.
Após a abordagem bibliográfica, com os dados obtidos, buscou-se analisar continuamente em escalas, as opiniões diversas dos autores onde se conseguiu chegar a um protocolo de orientação sobre o aleitamento materno, exposto e explanado no apêndice A do presente. Com base no protocolo, criou-se um folder para facilitar a ação da enfermagem no que diz respeito à divulgação da informação, de forma prática, simples e direcionada, o que trará benefícios utilizando um artefato muito potente: a informação.
Partindo das premissas de que é necessário esclarecer, tanto para os profissionais de enfermagem quanto para as mães, o aleitamento materno tem diversas vantagens. Sendo inúmeros os benefícios que a pratica do aleitamento materno oferece, tanto para o crescimento e desenvolvimento de lactentes, como para a mãe, criança e família, do ponto de vista biológico e psicossocial.
A equipe de saúde que atender a mulher que deseja amamentar, ou que está amamentando, precisa estar preparada tecnicamente e ter conhecimentos práticos para oferecer uma assistência adequada. Nesse sentido, o enfermeiro, como elemento dessa equipe, tem o papel educativo e assistencial decisivo, em razão dos conhecimentos e habilidades que possui. Valdes et al (1996), ressalta a importância de o profissional estar consciente de que uma ação de enfermagem adequada. Inclui a compreensão de que a mulher que amamenta traz consigo um currículo existencial, que irá determinar suas representações e ações a cerca da pratica da amamentação.
É necessário, portanto, que o profissional esteja preparado não somente do ponto de vista técnico, mas também nos aspectos psicológicos e socioculturais relacionado a pratica de amamentar (BARROS, 2002).




3 CONCLUSÃO (ou CONSIDERAÇÕES FINAIS)


As dúvidas mais freqüentes sobre complicações e posicionamento durante a amamentação podem ser retiradas através do folder preparado para ser implementado em conjunto com ações de saúde pública voltadas para pediatria e obstetrícia. As novas experiências e o conhecimento adquirido forneceram ao autor novas diretrizes que vivenciadas no cotidiano, poderão servir de norte a formulação de um protocolo de informação a ser seguido, por exemplo, pela Estratégia Saúde da Família, uma vez que é dever do enfermeiro proporcionar discernimento e disseminar conhecimento à população em geral. Deixa-se como sugestão para engrandecer ainda mais o trabalho a distribuição e verificação da aceitação assim como observar a funcionalidade do instrumento em questão, no caso o folder, verificando se o instrumento serviu como norte e contribuiu como instrumento de informação.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


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FREITAS, Fernado. Rotinas em Obstetrícia. 4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.

FURASTE, Pedro Augusto. Normas Técnicas para o Trabalho Científico. Explicação das Normas da ABNT. 13.ed. Porto Alegre: 2006.

GIUGLIANE, E.R.J. Amamentação: como e porque promover. Rio de Janeiro: J. Pediatria, 1995.

KING, S.F. Como ajudar as mães a amamentar. Londrina: Universidade Estadual de Londrina: Alta Vista, 1996.

KLAUS, M.; KENNEL, J.H. Pais- bebê: a formação do apego. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

KRAUSE, M. Alimentos, nutrição e dietoterapia. 10.ed. São Paulo: Roca, 2002.

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SANTOS, J.F.K. et al. Medicina Materna e Perinatal. Rio de Janeiro: Revinter, 2000.

TEIXEIRA, Elizabeth. Diretrizes para elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso. 2.ed. Belém: EDUEPA, 2004.

VALDES, V.; SANCHEZ, A.P.; LABBOK, M. Manejo clínico da lactação- assistência à nutriz e ao lactente. Rio de Janeiro: Revinter, 1996.

















APÊNDICES E ANEXOS

APÊNDICE A: FRENTE DO FOLDER

APÊNDICE B: VERSO DO FOLDER


AMAMENTAÇÃO:
SINÔNIMO DE SAÚDE.

Recomenda-se atualmente o aleitamento exclusivo por um período de seis meses, data em que se aconselha a introdução de alimentação complementar, ao mesmo tempo, estendendo a amamentação por pelo menos dois anos.
O direito da mulher amamentar deve ser respeitado e incentivado, especialmente quando a mãe tem um trabalho remunerado e necessita conhecer legislação que protege a maternidade.
A seguir, a técnica correta para a amamentação:

Lavar as mãos com água e sabão.
Limpar o mamilo e aréola com água.
Acomodar-se em posição confortável.
Massagear a mama com movimentos circulares facilitando a saída do leite.
Realizar a expressão do mamilo e colocar o bebê para sugar.
Ao oferecer o seio, verificar se o bebê abocanhou toda a aréola.
Oferecer as duas mamas alternadamente, iniciando pela da mamada anterior.
Ao término da mamada interromper a sucção colocando o dedo mínimo no canto da boca do bebê e afastar seu rosto com os dedos.
Deixar o bebê em pé, no colo, para facilitar a eructação e evitar a broncoaspiração.

Um dos problemas mais comuns durante o período da amamentação são os traumas mamilares, ocasionados pela intensa repetição do exercício e pela falta de cuidado da mãe para com suas mamas. No quadro abaixo estão algumas medidas úteis de evitar traumas:
&#61692; Manter as mamas secas, expondo-as ao ar livre e à luz solar.
&#61692; Amamentar com freqüência, aumentando a flexibilidade da mama e diminuindo os riscos de trauma.
&#61692; Praticar a técnica correta de amamentação.
&#61692; Não usar protetores de mamilo, pois não se mostram efetivos na prevenção ou tratamento dos traumas.
&#61692; Não usar sabões álcool ou qualquer produto secante nos seios, o que torna os mamilos mais vulneráveis às lesões.