UNIVERSIDADE BRAZ CUBAS
CURSO FARMÁCIA


CLEMILSON DE SOUZA FERREIRA
MARCOS PAULO R. NHAN


ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA PARA PACIENTES IDOSOS HIPERTENSOS






MOGI DAS CRUZES
2011

CLEMILSON DE SOUZA FERREIRA
MARCOS PAULO R. NHAN





ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA PARA PACIENTES IDOSOS HIPERTENSOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Farmácia da Universidade Braz Cubas para obtenção do título de Graduação em Farmácia Habilitação Industrial (Farmácia- Farmacêutica com Caráter Generalista, sob Orientação da Prof.ª MSc Fernanda Maria Rodrigues).

MOGI DAS CRUZES
2011

AVALIAÇÃO
Nome do autor: Clemilson de Souza Ferreira
Marcos Paulo R. Nhan
Título e subtítulo: Assistência Farmacêutica para pacientes idosos hipertensos.
Natureza: Trabalho de Conclusão de Curso
Objetivo: Graduação em Farmácia
Universidade Braz Cubas
Data da apresentação:

Avaliação do trabalho
Professor (a) orientadora (a) MSc: Fernanda Maria Rodrigues
Instituição: Universidade Braz Cubas
Assinatura:

Professor (a) supervisora MSc: Fernanda Júdice Pinedo
Instituição: Universidade Braz Cubas
Assinatura

Comissão Julgadora do Pôster
Professor (a) MSC ou Dr:
Instituição: Universidade Braz Cubas
Assinatura
Professor (a) MSC ou Dr:
Instituição: Universidade Braz Cubas
Assinatura


AGRADECIMENTOS




















































Mas esforçai-vos, e não desfaleçam as vossas mãos; porque a vossa obra tem
uma recompensa. II Cr 15:7

RESUMO

No Brasil a hipertensão arterial constitui um dos problemas de saúde de maior prevalência na atualidade, tendo alto impacto econômico individual e para os sistemas de saúde, principalmente porque o país tem uma numerosa população de idosos, que segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) 65% dos idosos são portadores de hipertensão podendo alcançar 80% no caso das mulheres. Em geral os idosos são portadores de varias patologias o que requer um cuidado e atenção diferenciada, deve-se traçar uma estratégia de administração que diminua os riscos de efeitos colaterais e interações medicamentosas e uso racional de medicamentos. Atualmente a atenção farmaceutica se torna indispensavel na dispensação de medicamentos, na rede de Atenção Basica tem sido exigido cada vez mais a presença do farmaceutico o que faz toda a diferença do processo da assistencia farmaceutica principalmente em comunidades carentes, no Programa Saúde da Familia a atenção farmaceutica já e uma realidade no momento da dispensação de medicamentos.















LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Valores de referência para aferição da Pressão Arterial.....................1


























LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Proporção de hipertensos por capital do Brasil........................................4
Tabela 2- Internações medicamentosas no tratamento da hipertensão..................11
Tabela 3- Internações e custo hospitalar.................................................................12
Tabela 4- Comparação e custo de anti-hipertensivos para rede básica..................13























SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................10 1.1 Prevalência da hipertensão arterial no Brasil........................................11
2. OBJETIVO....................................................................................................14
3. DESENVOLVIMENTO..................................................................................15
3.1 Tratamento Farmacológico.....................................................................,15
3.2 Atenção Farmacêutica no Brasil..............................................................16
3.2.1 Atenção Farmacêutica e o uso racional de medicamentos..........16
3.2.2 Interações Medicamentosas..........................................................16
3.3 O custo da hipertensão não controlada...................................................19
3.4 Assistência Farmacêutica no SUS...........................................................20
3.5 Assistência Farmacêutica voltada ao idoso..............................................21
4. CONCLUSÃO.................................................................................................24
5. REFERÊNCIAS...............................................................................................26













1. INTRODUÇÃO

A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) caracteriza-se como uma patologia crônica, geralmente assintomática, sendo responsável direta e indiretamente pela morbidade e mortalidade da população brasileira. O Ministério da Saúde definiu valores (figura 1) como limite para definir a HA, sendo considerado hipertenso o individuo que apresentar valor igual ou maior a 140/90 mmHg, acrescentando que este valor deve ser encontrado em pelo menos duas aferições realizadas em momentos diferentes, em indivíduo que não faça uso de medicação anti-hipertensiva (HENRIQUE et al., 2008).
O aumento da pressão arterial ocorre quando a relação entre débito cardíaco e a resistência periférica total é alterada, sendo, de fato, uma característica complexa determinada pela integração de múltiplos fatores genéticos, ambientais e demográficos (VALDOMIRO; BERTONCIN; FRANCISCO, 2008).

ADULTOS (MAIORES DE 18 ANOS)
Pressão Arterial (mmHg)
Sistólica Diastólica Categoria
<130 <85 Normal
130-139 85-89 Normal Limítrofe
140-159 90-99 Hipertensão Leve (estágio 1)
160-179 100-109 Hipertensão Moderada (estagio 2)
>180 >110 Hipertensão Severa (estágio 3)
>ou=210 >ou=120 Hipertensão muito severa
>140 <90 Hipertensão Sistólica Isolada

Figura 1: Valores para Pressão Arterial Sistêmica. Fonte: Sociedade Brasileira de Hipertensão, 2001

No Brasil a hipertensão arterial compõe um dos problemas de saúde de maior prevalência na atualidade, tendo alto impacto econômico individual e para os sistemas de saúde (PINTOL et al., 2008). Estima-se que a hipertensão arterial atinja aproximadamente 22% da população brasileira acima de vinte anos, sendo responsável por 80% dos casos de acidente cérebro vascular, 60% dos casos de infarto agudo do miocárdio e 40% das aposentadorias precoces, além de significar um custo de 475 milhões de reais gastos com 1,1 milhões de internações por ano (ZAITUNE et al., 2006).
Estima-se que 40% dos acidentes vasculares encefálicos e 25% dos infartos ocorridos em pacientes hipertensos poderiam ser prevenidos com terapia anti-hipertensiva apropriada. No entanto, uma grande parte da população adulta com hipertensão não sabe que é hipertensa; e muitos dos que sabem não estão sendo adequadamente tratados (TOSCANO, 2004).
O impacto das doenças crônicas não-transmissíveis (DCNT) na saúde das populações é crescente em todo o mundo. Aproximadamente 35 milhões de pessoas morreram em 2005 por esta causa, sendo 80% desses óbitos em países de média e baixa renda. A hipertensão arterial sistêmica (HAS) apresenta-se como um dos agravos crônicos mais comuns e com repercussões clínicas mais graves (BOING, 2007).
O Brasil é um dos países que está envelhecendo mais rápido na história da humanidade, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), de 2000 a 2005, a população idosa no Brasil aumentou de 8,5% para 14%. Este avanço do envelhecimento da população brasileira está causando uma alteração do perfil epidemiológico que passou a apresentar uma maior prevalência de condições crônicas de saúde (SILVA et al., 2008).
No Brasil, aproximadamente 65% dos idosos são portadores de hipertensão arterial sistêmica, entre as mulheres com mais de 65 anos, a prevalência pode chegar a 80%. Considerando que em 2025 haverá mais de 35 milhões de idosos no país, o número de portadores de hipertensão arterial tende a agravar (JUNIOR et al., 2006).
Nessa atual realidade, os profissionais de saúde ganham mais relevância científica e social, principalmente em uma faixa etária em que há a maior probabilidade de ocorrência de doenças crônica degenerativas, perdas afetivas e funcionais (JUNIOR et al., 2006).

1.1 Prevalência da Hipertensão Arterial no Brasil

Uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde com 54 mil adultos revela que a prevalência da doença, de 2006 a 2009, aumentou em todas as faixas etárias, principalmente entre os idosos. Atualmente, 63,2% das pessoas com 65 anos ou mais sofrem do problema contra 57,8%, em 2006, na população com até 34 anos o percentual não passa de 14%, dos 35 aos 44 anos a proporção sobe para 20,9%. O índice aumenta para 34,5%, dos 45 aos 54, e para 50,4%, dos 55 aos 64 anos. De acordo com a pesquisa a prevalência é maior entre as mulheres (27,2%) que entre homens (21,2%). A mesma pesquisa ainda revela o percentual de hipertensos por capital brasileira (Tabela 1) (BRASIL, 2009).

Capitais/DF Total %
Aracajú

Belém

Belo Horizonte

Boa Vista

Campo Grande

Cuiabá

Curitiba

Florianópolis

Fortaleza

Goiânia

João Pessoa

Macapá

Maceió

Manaus

Nata

Palmas

Porto Alegre

Porto Velho

Recife

Rio Branco

Rio de Janeiro

Salvador

São Luis

São Paulo

Teresina

Vitória

Distrito Federal

22,7
18,8
25,1
15,8
26,5
23,9
21,5
19,3
20,7
21,2
24,8
16,8
21,8
18,6
23,0
14,9
25,4
21,8
27,6
24,9
28,0
26,2
18,5
26,5
Tabela 1: Proporção de Hipertensos por capital. Fonte: Ministério da Saúde - MS, 2009.

A doença hipertensiva e suas complicações são responsáveis pelo aumento das internações e estão entre as principais causas de morte em adultos na cidade de São Paulo. A insuficiência cardíaca é a principal causa de hospitalização entre as afecções cardiovasculares, sendo duas vezes mais freqüente do que as internações por acidente vascular cerebral (MORENO et al., 2007).
O maior problema de manter a pressão arterial dentro de níveis desejáveis, ainda é a falta de adesão ao tratamento, que cresce à medida que decorre o tempo após o início da terapêutica. Alguns agravantes podem ser identificados na adesão ao tratamento anti-hipertensivo, como: a cronicidade da doença, a ausência de sintomatologia específica e complicações em longo prazo, idade, sexo, raça, escolaridade, ocupação, estado civil, religião, hábitos de vida e aspectos culturais. O trabalho da equipe multiprofissional poderá dar aos pacientes, e à comunidade, motivação suficiente para vencer o desafio de adotar atitudes que tornem as ações anti-hipertensivas efetivas e permanentes (OLIVEIRA, 2003).
O Brasil necessita de números precisos de incidência e prevalência da HAS, principalmente na população idosa. A maioria dos dados é de origem americana. Com o significativo aumento da população geriátrica, constata-se, a importância de estudos sobre a prevalência da HAS em idosos, para a elaboração de um programa de prevenção e orientação, evitando o comprometimento da saúde dessa população (C0NVERSO; LEOCARDIO, 2005).











2. OBJETIVO

Fazer um levantamento bibliográfico sobre a Assistência Farmacêutica para pacientes idosos hipertensos, principalmente os atendidos pelas Unidades Básicas de Saúde ? UBS.




























3. DESENVOLVIMENTO

3.1 Tratamento Farmacológico

A identificação de diversos fatores de risco para hipertensão arterial, tais como: a hereditariedade, a idade, o gênero, o grupo étnico, o nível de escolaridade, o status sócio-econômico, a obesidade, o tabagismo e o uso de anticoncepcionais orais colaboraram para os avanços na epidemiologia cardiovascular e, conseqüentemente, nas medidas preventivas e terapêuticas dos altos índices, que incluem os tratamentos farmacológicos e não-farmacológicos (ZAITUNE et al., 2006).
Os idosos constituem, provavelmente, o grupo etário mais utiliza medicamento na sociedade. Os fatores citados anteriormente elevam a incidência dos problemas relacionados aos medicamentos (PRM), deixando a população vulnerável aos diversos problemas de saúde e aumentando os custos dos sistemas de atenção sanitária. No Brasil, os medicamentos ocupam a primeira posição entre os causadores de intoxicações desde 1996. No entanto, há carência de estudos independentes na área de uso de medicamentos no país, além da omissão do poder público no tratamento da questão. Esse dado, além de preocupante no que se refere à necessidade de adoção de novas medidas que previnam os agravos à saúde da população, gera custos essenciais às ações desenvolvidas no Sistema Único de Saúde (JUNIOR et al., 2006).
Mesmo com um fornecimento eficiente de medicamentos, seu uso racional deve ser considerado de aspecto fundamental. Os medicamentos são de fundamental importância para a recuperação da saúde, mas não estão isentos de risco, podendo se tornar extremamente perigosos em certas situações. Além do risco à saúde, quando empregados de forma irracional acarretam também perdas econômicas injustificáveis, estima-se que cerca de 50% dos pacientes abandonam total ou parcialmente os tratamentos estabelecidos ou cometem erros na administração dos medicamentos, o que pode levar ao agravamento do seu estado de saúde (GICK; FARIAS, 2005).
Estes dados são importantes, à medida que indicam não apenas o agravo à saúde dos pacientes, mas também um aumento significativo dos gastos do sistema de saúde. Tal fato se torna individualmente crítico no setor público, onde as deficiências na atenção primária resultam tanto na sobrecarga dos demais níveis de atenção à saúde como na elevação dos custos para a manutenção do sistema (GICK; FARIAS, 2005).

3.2 Atenção Farmacêutica no Brasil

Em 2001, um grupo de entidades e instituições, preocupadas com a ampliação da atenção farmacêutica no Brasil, instituiu o Grupo Gestor em Atenção Farmacêutica, sob a coordenação da Organização Pan-Americana da Saúde, que resultou a proposta de um Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica, sendo esta considerada "um modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no conjunto da assistência farmacêutica, de forma integrada à equipe de saúde. A interação direta do farmacêutico com o usuário visa o uso racional de medicamentos e a obtenção de melhores resultados, voltados para a melhoria da qualidade de vida (CASTRO et al., 2006).
Considera-se que a relação direta, orientação e acompanhamento do usuário do medicamento seja o momento mais importante no trabalho do farmacêutico, pois este profissional é o retentor privilegiado do conhecimento sobre os medicamentos. Mas, essa atividade pode ser analisada ainda principiante no serviço público de saúde, devido a dificuldades desse profissional em demonstrar o conhecimento formal para atividades junto ao público e, conseqüentemente, constituir os parâmetros de avaliação de seu impacto na qualidade do serviço e na melhoria da saúde da população (ARAÚJO et al., 2008).
A mudança de atitudes, por parte do paciente em relação ao tratamento medicamentoso, depende da informação recebida, do amparo e da forma como os pacientes incorporam e refazem o discurso em relação à doença e a medicação. Nos idosos e nos portadores de doenças crônicas, como hipertensão, diabetes, dislipidemias, epilepsias e distúrbios mentais, a eficácia do tratamento ambulatorial depende da adesão do usuário. Este objetivo pode ser alcançado aumentando o conhecimento do usuário a respeito da doença e do tratamento (SOUZA; BERTOCIN; FRANCISCO, 2008).

3.2.1 Atenção Farmacêutica e o uso racional de medicamentos

No Brasil os fármacos formam um arsenal terapêutico mais utilizado pela população, o que faz necessário uma readequação de atividades e práticas farmacêuticas ao uso racional de medicamentos, a garantia do acesso aos serviços de saúde e a medicamentos de qualidade, o trabalho do farmacêutico no processo de atenção à saúde é fundamental para a prevenção dos danos causados pelo uso irracional de medicamentos e favorecendo o sucesso do tratamento (REIS, 2006).
O envelhecimento da população representa um desafio para as políticas publicas de saúde que devem dispor da garantia de acesso ao serviço de saúde e a qualidade dos medicamentos essenciais, geralmente o idoso é portador de varias patologias, requerendo um cuidado e atenção diferenciada, devido ao uso de vários medicamentos para diferentes patologias, assim sendo deve-se traçar uma estratégia de administração que diminua os riscos de efeitos colaterais e interações medicamentosas (ANDRADE; SILVA; FREITAS, 2009).

3.2.2 Interações Medicamentosas

Interações medicamentosas são tipos especiais de respostas farmacológicas, em que os efeitos de um ou mais medicamentos são alterados pela administração simultânea ou anterior de outros, ou através da administração concorrente com alimentos (BRASIL, 2008). A prática de prescrição de vários medicamentos para uma determinada doença e a subseqüente administração é comum em esquemas terapêuticos clássicos, mas tal prática merece atenção especial, pois medicamentos são substâncias químicas que podem interagir entre si, com nutrientes ou agentes químicos ambientais e desencadear respostas indesejadas ou iatrogênicas á saúde (SECOLI, 2001).
As interações medicamentosas são consideradas um dos temas mais importante da farmacologia para pratica clinica dos profissionais da saúde, o uso simultâneo de vários medicamentos podendo contribuir tanto para ampliar os efeitos da terapia quanto para interferir nas ações farmacológicas podendo resultar em alterações e efeitos indesejáveis (ARAÚJO; RIBEIRO, 2009).
Uma pesquisa feita pela Universidade do Vale do Paraíba, na cidade de São José dos Campos- SP, onde foram selecionados 10 pacientes, voluntários, hipertensos, residentes do município, os dados foram coletados num período de dois meses, compreendendo junho e julho de 2009, revelou (tabela 2), as possíveis interações presentes quando se faz uso de medicamentos para hipertensão e associa a outro medicamento (ARAÚJO; RIBEIRO, 2009).






















Tabela 2: Interações medicamentosas presentes no tratamento associativo da hipertensão.

Medicamentos
Anti-Hipertensivo


Captopril
Medicamentos
Associados


AAS,
Metformina,
Lipitor,
Xalatan,
Clob-x. Possíveis
Interações



Antiinflamatórios
não-esteroidiais e
vários outros,
provocam redução do efeito antihipertensivo
do IECA através da diminuição da
síntese de prostaglandinas.
A metformina
com o uso
concominante dos IECA pode
reduzir a glicemia.

Captopril Ibuprofeno Ibuprofeno pode
reduzir o efeito
anti-hipertensivo,
provavelmente
por inibição da
síntese de prostaglandinas


Enalapril





AAS,
Metformina,
Daonil,
Insulina
NPH100, A insulina com
outros
antidiabéticos
orais pode haver
necessidade de
reajustes
posológico da
droga
antidiabética.
AAS pode levar a diminuição do
efeito esperado do enalapril.

Atenolol, Losartan
Anlodipina, Clortalidona
Fluoxetina
A fluoxetina
aumenta
biodisponibilidade
dos
betabloqueadores,
como o Atenolol,
podendo atingir
níveis séricos.

Fonte: (ARAÚJO; RIBEIRO, 2009).


3.3 O custo da hipertensão não controlada

A hipertensão não controlada gera um alto custo no Brasil, (tabela 3) descreve as internações hospitalares para hipertensos que utilizam os serviços do SUS, no ano de 2005 no período de janeiro a novembro, somando não só a hipertensão arterial, mas também o AVC (acidente vascular cerebral), DAC (doenças isquêmicas do coração) e a insuficiência cardíaca, as idades pesquisadas foram dos 20 aos 64 anos de idade, as internações por doenças cardiovasculares precoces somaram 49% do total gerando um, custo de R$ 645.963.613,40. Isso significa que os milhões de reais gastos anualmente pelo governo federal não resultam em qualquer impacto em curto, médio ou longo prazo. Diante dos dados obtidos observa-se que se 15% corresponda a reinternação, 352.765 pessoas ficariam hospitalizadas antes da aposentadoria por tempo de serviço (LESSA, 2006).

Tabela 3: Internações e custo hospitalar para HA arterial e suas principais Complicações*, SUS, Brasil, janeiro a novembro de 2005
Grupos etários No de Internações Custos (reais)

20 a 24 anos 8.179 10.956.673,7
25 a 29 anos 10.785 15.734.353,7
30 a 34 anos 14.879 25.680.539,1
35 a 39 anos 23.461 44.520.069,4
40 a 44 anos 38.162 72.757.423,6
45 a 49 anos 58.338 100.325.524,6
50 a 54 anos 76.843 117.045.035,4
55 a 59 anos 87.984 125.462.088,3
60 a 64 anos 96.387 133.481.905,6
65 a 69 anos 107.676 118.661.090,1
70 a 74 anos 105.232 97.089.557,7
75 a 79 anos 94.815 100.204.202,3
80 anos e mais 119.606 970.833.489,3
Total 842.347 1.932.751.952,7
Fonte: DATASUS, 2006 (dados morbidade). Dados calculados pela autora.

Na tabela 4 destaca-se a quantidade de comprimidos e o elevado custo com o tratamento distribuído pela assistência básica aos hipertensos, os dados referem-se aos comprimidos distribuídos no ano de 2004, quanto para os programados para a compra em 2005 (LESSA, 2006).



Tabela 4: Comparação da quantidade e custo de anti-hipertensivos para a rede básica, 2004 e 2005*.

Medicamento 2004 2005

No comp. distribuídos Custo R$ No comp. programados Custo R$


ECA 1.121.842.135 30.850.658,71 2.243.684.500 61.701.323,75

Hidroclorotiazida 1.402.302.669 13.882.796,42 2.804.605.500 31.972.502,70

Propranolol 280.460.534 3.645.986,94 560.921.500 7.684.624,55

Total 2.804.605.338 48.379.442,08 5.609.211.500 101.358.451,00
Fonte: DATASUS, 2006

3.4 Assistência Farmacêutica no SUS

As Unidades Básicas de Saúde (UBS) constituem a fundamental porta de entrada do sistema de assistência à saúde estatal em nosso país. De uma maneira geral, as farmácias estão situadas em espaços relativamente pequenos, cerca de 20 metros quadrados, os quais são estruturados como um local de armazenamento dos medicamentos até que sejam dispensados. O atendimento é prestado quase sempre externamente, em local de circulação da unidade de saúde, e os medicamentos são dispensados através de uma "janela" ou balcão envidraçado (ARAÚJO et al., 2008).
A atividade de orientação aos usuários na farmácia da UBS torna-se praticamente impossível, pois na farmácia vazam quase todas as doenças do sistema de saúde, por estar no elo final do processo de atendimento. Dessa forma, o farmacêutico deve rediscutir sua posição como profissional da saúde, redefinindo seu trabalho com o medicamento e dando uma nova intensidade a ele. Essa mudança deve representar não somente uma mudança operacional na atividade farmacêutica, mas também uma alteração importante na formação desse profissional (HENRIQUE et al., 2008).
A criação da Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1948 teve como um dos objetivos apoiarem o desenvolvimento de programas para a melhoria da saúde, porém essa idéia foi concretizada trinta anos depois com a realização da Conferencia Mundial sobre Atenção Primária em Saúde, realizada em Alma- Ata, URSS com a participação do United Nations Children´s Fund (Unicef) onde se definiu a meta "saúde para todos", e atenção primaria para alcançar essa meta, fato esse que teve uma repercussão mundial no desenvolvimento da Assistência Farmacêutica, nessa reunião em Alma-Ata também foram decididos alguns pontos importantes a serem colocados em pratica como; o abastecimento dos medicamentos essenciais como um dos oito elementos básicos da atenção primária em saúde, a recomendação para a formulação de políticas de saúde, entre outros, atualmente observa-se grandes melhorias principalmente no desenvolvimento de uso racional de medicamentos, como as listas de medicamentos essenciais, os formulários terapêuticos e os guias-padrão (protocolos) de tratamento, assim como a melhoria da cobertura da população em relação aos medicamentos essenciais (OLIVEIRA; ASSIS; BARBONI, 2010).

3.5 Assistência farmacêutica voltada ao idoso

Segundo a lei n.º 10.741 de 1º de outubro de 2003 que "Dispõe sobre o estatuto do idoso e dá outras providencias"no capitulo XV e artigo 15 diz que "É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde - SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos", assim como acontece no Programa Saúde da Família a prevenção e saúde do idoso são acompanhadas através de cadastramento em base territorial. Devido o aumento da expectativa de vida no Brasil, torna-se mais provável o crescimento de doenças crônico-degenerativas. Com isso, a preocupação com o idoso é enfatizado e vários programas direcionados para a terceira idade estão sendo montados (BRASIL, 2003).
No âmbito farmacêutico a preocupação com os idosos não é diferente, baseado na variedade de medicamentos administrados pelos idoso a atenção farmaceutica torna-se indispensável onde envolve-se tambem a promoção a saude e o uso racional de medicamentos atraves de ações educativas na area da saúde (MARQUES, 2008)
Atualmente na rede de Atenção Basica tem sido exigido cada vez mais a peresença do farmaceutico o que faz toda a diferença do processo da assistencia farmaceutica principalmente em comunidades carentes, no Programa Saúde da Familia a atenção farmaceutica já e uma realidade no momento da dispensação de medicamentos (MARTINES et al, 2007).
O Programa Saude da Família adotou, principalmente, atenção ao idoso com ações de promoção, prevenção e tratamento de diabete mellitus e hipertensão arterial, considerados como problemas de Saúde Pública. Essa proposta, com o foco na promoção da qualidade de vida e intervenção nos fatores de risco a saúde, permite a identificação acurada e um melhor acompanhamento dos indivíduos diabéticos e hipertensos. Este acompanhamento é feito através da atenção farmaceutica (PAIVA et al, 2006).
Embora a Atenção Farmacêutica não seja específica para uma exclusiva faixa etária, há uma maior preocupação com os idosos. A polimedicação presente em quase todas as prescrições para idosos pode implicar em sérias conseqüências para este paciente. Uma vez que há alterações nos processos farmacocinéticos e farmacodinâmicos, interferindo no processo de metabolização dos fármacos e conseqüentemente podendo ocorrer problemas de toxicidade relativa a fármacos. As reações adversas e interações medicamentosas também são freqüentes . A não adesão ao tratamento prescrito também é um problema serio a ser notificado, pois expõe o paciente a um risco maior de hospitalização e morbidade. Portanto o acompanhamento farmacoterapêutico exercido na assistencia farmaceutica é indispensável para esses pacientes (CORDEIRO et al., 2005).
Uma pesquisa realizada em Porto Alegre no ano de 2005, revelou que 91% dos idosos fazem uso de algum fármaco, sendo que 27% dos idosos entrevistados tinham uma polifarmacoterapia com cinco ou mais medicamentos. Com isso, as doenças crônicas e as limitações físicas podem comprometer sua habilidade de usar o medicamento, diminuindo a adesão ao tratamento farmacológico. Fundamentado na assistência a saúde do idoso é evidenciado uma relação entre usuário-farmacêutico, no que tange o uso correto e racional de medicamentos e a prática da assistencia farmaceutica (FLORES et al. ,2005)
Determinados recursos podem identificar a não-aderência ao tratamento, como controle sérico dos fármacos, contagem de comprimidos, observação de aparecimento de reações adversas, avaliação das prescrições, planejamento posológico para facilitar o uso dos medicamentos para o paciente idoso e questionários referentes ao uso racional de medicamentos e o acompanhamento farmacoterapêutico (ROCHA et al., 2008).
O comprometimento do farmacêutico junto a uma equipe multidisciplinar com palestras informativas e educativas visando a promoção da qualidade de vida do paciente, sendo peça fundamental, através de sua metodologia, para garantir uso racional de medicamentos e acompanhamento farmacoterapêutico correto e satisfatório para os usuários de medicamentos (ROCHA et al., 2008).


4. CONCLUSÃO

A rede pública tem uma grande demanda de distribuição de medicamentos, isso contribui de um modo negativo para a adesão ao tratamento, principalmente no que diz respeito aos idosos, informações esta que confirmam dados da Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica que revela que quase 50% da população brasileira não têm acesso ao medicamento por falta de recursos econômicos. Dificuldades ao acesso a medicamentos em nível ambulatorial, seja pela falta de medicamento ou pela falta de qualidade ou pelo uso irracional, elevam ainda mais o número de internações pela piora do quadro clinico que poderiam ser tratados no ambulatório evitando gastos desnecessários (PEREZ et al., 2008).
A Atenção Farmacêutica e a Assistência Farmacêutica tornam-se indispensável para a compreensão e para a adesão do usuário ao tratamento, aumentando sua efetividade e o seu uso racional dos medicamentos. A atenção farmacêutica aos usuários na farmácia da UBS torna-se ainda é um desafio, pois nas farmácias das UBS chegam quase todas as doenças do sistema de saúde, por esta ser um dos setores de finalização do atendimento aos pacientes. Dessa forma, o farmacêutico deve rediscutir seu posicionamento como profissional da saúde, redefinindo seu trabalho com o medicamento e dando uma nova amplitude a ele. A profissão farmacêutica tem passado por mudanças, concentrando sua formação no cuidado aos pacientes através da implantação do currículo generalista, que permite ao farmacêutico integrar-se profissionalmente ao sistema de saúde, assumindo um papel importante na informação sobre a utilização correta dos medicamentos e desenvolvimento pleno da assistência farmacêutica (ARAUJO et al., 2008).
A prescrição e uso inadequado de medicamentos, principalmente aqueles que fazem uso de vários ao mesmo tempo, podem levar a efeitos indesejáveis graves, dessa forma a assistência farmacêutica integrada a uma equipe multidisciplinar torna-se essencial principalmente para os pacientes idosos (NOVAES, 2007). Atualmente já é uma realidade a presença do farmacêutico nos Programas Saúde da Família (PSF) em algumas cidades do estado de São Paulo e outros estados do Brasil, assim como nas UBS também, fato esse que comprova a necessidade e importância do profissional junto à equipe multiprofissional.
De forma geral a solução para a presença do farmacêutico tanto nas UBS como nos programas de saúde voltados aos pacientes idosos ainda não é tão simples, mudanças terão que acontecer, pois grande parte das pressões de demanda não depende do somente do serviço de saúde, mas de políticas sociais as quais tem impacto direto nas condições de saúde da população (ARAUJO et al., 2008).


REFERÊNCIAS

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