ASSIM FALAVA ZARATUSTRA : PAIDEUMA NIETZSCHIANO À FORMAÇÃO DO MESTRE

Ich wonhe in meinem eignen Haus
Hab niemanden nie nichts nachegemacht
Und – lachte noch jedem Meister aus
Der nicht sich selber ausgelacht.*

FRIEDRICH NIETZSCHE

Introdução

   Nosso mestre é alguém cuja instrução nos exercita constantemente numa arte, e a quem, à medida que a prática se desenvolve, comunicamos gradualmente os fundamentos segundo os quais tentamos alcançar com mais segurança o objetivo ansiado. 

    O que diríamos da definição goethiana de Mestre acima referida? Quem é esta figura tão ilustre e digna, a quem confiamos a tarefa de nos transmitir preciosos conhecimentos, instruir-nos, “preparar-nos para a vida”? Para que nos remetamos à pergunta ‘o que é o Mestre?’ – e se esta pergunta é feita a partir da tradição do pensamento ocidental –, precisamos voltar um pouco no tempo, mais ou menos há vinte e cinco séculos atrás.
    Falamos de Platão. Este célebre pensador grego institui, particularmente em A República, a nova educação dos gregos: a filosofia, o pensamento racional, a dialética. Os poetas que cantavam os gloriosos feitos épicos – e cujos cantos eram constituintes da então pedagogia vigente – são “expulsos” da República platônica, pois segundo este pensador não podem ser considerados dignos formadores dos jovens caracteres atenienses (por atribuir feitos e paixões “indignas” aos deuses e vangloriar atitudes ignominiosas, entre outras razões). Os jovens atenienses, atesta A República, devem ser educados pelos filósofos. Os filósofos passam a ocupar a partir de então, o status de Mestre, ou seja, de educadores por excelência. Entretanto, Platão não responde satisfatoriamente à seguinte pergunta: que é o mestre? Quem ele é e o que faz com que ele seja o que é? Como alguém faz para se tornar um mestre? Em suma: quem forma o Mestre?
    Se Platão não responde fundamentalmente a essa pergunta, de certa maneira a deixa como um questionamento importantíssimo o que um dos maiores críticos seus – o alemão Friedrich Nietzsche – muitos séculos depois irá colocar como crucial: como se dá o aprendizado do Mestre? O que lhe confere este “título”? Será ele capaz de formar outros novos mestres? Que espécie de formação é reservada a essa figura tão ilustre?
    O escrito de Nietzsche que vai tratar essa questão é uma de suas obras mais célebres: Assim falava Zaratustra. É a obra que vai marcar o pensamento nietzschiano em toda sua profundidade, sua contundência – e também em sua beleza, poesia, musicalidade. É a partir desta obra que colocamos nossas reflexões acerca da questão a qual nos propomos, fazendo referência principalmente à leitura de Roberto Machado, em Zaratustra tragédia nietzschiana.

1 - O nascimento da tragédia: erro? Acerto?
   
O primeiro ensaio de Nietzsche (quando ainda professor de Filologia Clássica) trata da problemática essencial do trágico: O nascimento da tragédia ou Helenismo e Pessimismo. Trata-se de uma obra em que o autor trabalha profundamente os conceitos trágicos de dionisíaco e apolíneo, como constituintes do homem (cuja potência originária fora debilitada pelo platonismo e posteriormente o cristianismo), conceitos estes que vão nortear todo o pensamento nietzschiano daí por diante. Embora se tratando de um trabalho de “iniciante”, o jovem Nietzsche já antecipa a contundência que seria a marca registrada de sua obra: aguda crítica à metafísica tradicional em prol de um saber trágico e poético.
   
E a estética racionalista socrática é a que introduz na arte a lógica, a teoria, o conceito, no sentido em que a criação artística deve derivar da postura crítica. Subordinando a beleza à razão, essa atitude desclassifica, desvaloriza o poeta trágico por não ter consciência do que faz e não apresentar claramente o seu saber 

Nietzsche, no decorrer de sua obra, considerará O Nascimento da Tragédia sem dúvida uma obra inovadora, que tenha contribuído à filosofia por ampliar a discussão em torno dos conceitos de trágico e dionisíaco. No entanto, a crítica que o autor faz a si mesmo no tocante a este ensaio é ter tratado a arte justamente através de um ensaio – é ter considerado a arte como um remédio para a Razão mas dizendo isto através da própria razão, como coloca Roberto Machado:

Que validade poderá ter uma crítica total da razão feita a partir da razão? Que sentido poderá ter apelar para a razão contra a razão? 

Daí, no âmago dessa problemática e do ponto de vista da expressão, o antagonismo entre o conceito e a palavra poética, ou, melhor ainda, o canto.


2 - A nova linguagem: ditirambos dionisíacos

Desconfio de todos os sistemáticos e afasto-me de seu caminho. A vontade de sistema é uma falta de probidade.

    Alcançando a maturidade em seus escritos, Nietzsche vai privilegiar uma forma de exposição de seu pensamento diametralmente oposta à privilegiada pela filosofia tradicional: o filósofo vai demonstrar seu pensamento por uma via artística, em vez dos sistemas filosóficos tradicionais. Não necessariamente se tratam de poemas, mas sim de aforismos: ou melhor, nas palavras do autor, de ditirambos dionisíacos. Ditirambos são canções declamadas em tom dramático e vibrante que são dionisíacos porque remetem a Dioniso, o deus da tragédia. É um modo dramático-poético de declamar, que se afigura não somente numa alternativa estética, mas também – e principalmente – uma forma de se expressar que seja a propulsão de um pensamento iconoclasta e avassalador, que critique e ponha em xeque todas as proposições e problemáticas colocadas na história pela tradição ocidental, que seja o suporte de um pensamento, ou que seja um antídoto à decadente metafísica e ao cristianismo. Assim Nietzsche define sua concepção de dionisíaco:

O dizer Sim à vida, mesmo em seus problemas mais duros e estranhos; a vontade de vida, alegrando-se da própria inesgotabilidade no sacrifício de seus mais elevados tipos – a isto chamei dionisíaco, isto entendi como a ponte para a psicologia do poeta trágico. 

    O ditirambo dionisíaco é o canto derradeiro a “fazer calar” toda forma de negação da vida, dos instintos. É a arte colocada num patamar elevadíssimo, supremo. A arte da palavra, por toda sua beleza, toda sua riqueza, sua “areté”. Como afirma Roberto Machado:

É possível dizer que, no início da reflexão filosófica nietzschiana, o conceito é uma palavra enfraquecida pela distância em que se encontra da expressividade musical do trágico e o canto é o que eleva a palavra ao ápice de sua musicalidade, fazendo-a encontrar ou reencontrar a sua força originária. 
   
    E é o que Nietzsche sintetiza, nos Fragmentos Póstumos de 1887:

Comparada com a música, toda comunicação com palavras é vergonhosa; as palavras diluem e brutalizam; as palavras despersonalizam; as palavras tornam o incomum comum. 


3 – A condição primeira

Nietzsche se vê como um pensador e também um genealogista, a apontar sintomas da civilização ocidental. Questiona o projeto epistemológico primeiro da ciência e da filosofia, apontado-os como uma “vontade de verdade”, uma “concupiscência do saber”, que tem suas origens em valores que foram criados – e lhes são legados algo de superior, absoluto –, quando na verdade são apenas valores. Estes valores moralistas decorrentes do platonismo e da tradição judaico-cristã, salienta Nietzsche, são valores decadentes, que negam a vida, o corpo, os instintos, em prol de um mundo supra-sensível, de uma outra vida, uma vez

[...]que dois dos maiores crimes da história da humanidade – o de Sócrates e o do Cristo – foram na verdade dois suicídios. Enfermos e moribundos eram os que desprezavam o corpo e a terra e inventaram o céu e as gostas de sangue redentoras.

Ora, a condição, pensa Nietzche então, para o ressurgimento da experiência trágica já começa a se realizar, visto que o homem moderno começa a pressentir os limites do prazer socrático do conhecimento, dessa ‘concupiscência de saber’ . 

    Uma vez que o homem começa a questionar os valores que norteiam toda tradição ocidental, sua reação é negá-los a todo custo, irremediavelmente. Esta concepção é defendida violentamente por Arthur Schopenhauer em O mundo como vontade e representação mas, segundo Nietzsche, ainda é decadente, por desembocar no niilismo:

O homem moderno perpetrou a morte de deus, mas foi envolvido pela sombra do deus morto. Ainda é preciso, portanto, livrar-se dessa sombra. 
   
    Uma vez que deus está morto – assim iniciará Zaratustra o seu discurso – o homem precisa afirmar-se, precisa dizer sim à vida, precisa viver o trágico a todo e qualquer custo. Como isso é possível? A condição primeira desta reviravolta é a famosa transvaloração dos valores. Esta expressão é colocada inúmeras vezes na obra de Nietzsche. Significa o pensamento trágico por excelência, a sobrepor-se aos tradicionais valores da civilização ocidental cristã. A transvaloração é a condição da  existência em sua perspectiva trágica, que vai afirmar a vida a qualquer custo, por viabilizar a concepção do eterno retorno e o projeto do super-homem, conforme veremos mais adiante.


4 - O Paideuma
   
    É em Assim falava Zaratustra que Nietzsche, segundo ele próprio, vai alcançar o seu ápice: nesta obra é que ele se apresenta como o filósofo trágico por excelência, que vai estremecer todos os valores edificados pela tradição ocidental e expressar seu pensamento por uma via poética, por música – que são os ditirambos dionisíacos. É Zaratustra a obra fundamental, em que está expressa a formação do mestre, seu aprendizado pedagógico:

Assim falou Zaratustra narra a história do aprendizado de Zaratustra como a  história da ‘descida’, do ‘declínio’, ou do ‘ocaso’ de um herói trágico que segue uma trajetória marcada por dúvidas, angústia, terror, náusea, piedade..., mas termina com seu ‘amadurecimento’, no momento em que ele assume alegremente o pensamento trágico por excelência .


4.1 - Início do aprendizado: o fracasso

Fui à praça do mercado e, como se falasse a todos, não falei a ninguém. À noite, porém, meus companheiros eram funâmbulos e cadáveres; e eu mesmo, quase um cadáver. 

    Na primeira parte do livro, o Preâmbulo, narra-se a ‘descida’ de Zaratustra a uma praça pública. Ele, que estava há muitos anos recolhido à montanha, à sua preciosa solidão, decide ir ao povo e falar-lhe:

E Zaratustra falou assim ao povo: “Eu vos anuncio o Super-homem”

    Neste preâmbulo em que fala à multidão, Nietzsche vai definir o “super-homem” (Übermensch). É ele o projeto fundamental e sublime da existência, aquele que já operou em si a transvaloração de todos os valores, tem toda sua potência de vida alçada ao máximo, está além do bem, do mal e de qualquer outro maniqueísmo “é onde  se pode abismar o vosso grande menosprezo.” O homem é uma ponte erguida entre o animal e o Super-homem.

Pronunciadas estas palavras, Zaratustra tornou a olhar o povo, e calou-se. “Riem-se – disse o seu coração. – Não me compreendem; a minha boca não é a boca de  que estes ouvidos necessitam.

O fracasso pedagógico de Zaratustra se deve ao fato de o povo não estar preparado para receber sua mensagem, por lhe faltar a base de seu ensinamento: o conhecimento, ou, melhor ainda, o reconhecimento da morte de deus. Como se ele tivesse chegado cedo demais em lugar errado. 

4.2 – Zaratustra, o solitário

Zaratustra se entristece por não ser compreendido pelo povo ou por ter desaprendido a lhe falar depois de tantos anos de solidão.

    Trata-se da primeira etapa do aprendizado de Zaratustra, da formação do mestre. O mestre não é o “condutor de rebanhos”, não é um mero pastor. O Mestre traz os seus ensinamentos e é aquele que também aprende ao ensinar, aprende que deve para isso ser um solitário. Mas este solitário não é um misantropo, pelo contrário, é o solitário aquele que desgarra do rebanho, que processou sua transvaloração de todos os valores, que é uma ponte para o Super-homem.

A solidão de Zaratustra não dispensa os homens. E, por isso, lança o desafio de viver no meio deles – ou com o mundo – sem esse sentimento de perda, sem esvaziamento, enfraquecimento. Como viver com os homens sem se enfraquecer, esvaziar-se, sentir-se abandonado, quando na solidão se é forte, transbordante? 

Uma luz raiou em mim: não é ao povo que deve falar Zaratustra, mas a companheiros! não deve Zaratustra tornar-se pastor e cão de um rebanho. Desgarrar muitos do rebanho, foi para isso que vim.


4.3 - Zaratustra e seus discípulos

    Zaratustra se dá por conta de que deve ter os seus discípulos, e a ferramenta última de seu paideuma é a explicitação do que é o Eterno Retorno. O conceito de eterno retorno é uma nova concepção do tempo, um concepção trágica:

Eis o pensamento abissal pressentido, pela primeira vez. Se a vingança provém de um tempo que não possa retroceder, de que a vontade humana não possa querer para trás, a vontade libertadora só poderá libertar-se da prisão do tempo, e portanto, da vingança, pela afirmação do eterno retorno. [...] O eterno retorno leva a vontade humana a suas últimas conseqüências como auto-superação, confere-lhe o máximo de potência ao libertá-la das idéias de prêmio e castigo, possibilitando a afirmação de tudo que foi e que é.

Essa nova concepção vai possibilitar uma afirmação total da vida. A vingança aqui citada por Roberto Machado é todo resquício de decadência e niilismo presente na moral cristã e que deve ser superado. Ao afirmar que tudo que é tornará a ser novamente, ao quebrar as concepções de tempo e destino instauradas pelo cristianismo, a idéia de eterno retorno é a  de amor fati, de amar a vida e afirmá-la a todo e qualquer custo, quaisquer que sejam as suas vicissitudes e intemperanças. É óbvio que a multidão que se encontrava na praça (no Preâmbulo de Zaratustra) não estava preparada para essa total transformação de valores assim demonstrada. Daí a necessidade dos discípulos:

A grande mudança estratégica ou pedagógica assinalada por esse discurso é não mais procurar mover ou comover o povo, mas arregimentar discípulos para a causa do super-homem por meio de uma pregação dirigida a alguns privilegiados. 


4.4 – O Mestre e a superação

    Na Quarta parte de livro, especialmente em O Despertar, Zaratustra inicia a sua última etapa do que se considera a formação do mestre. Apresentada toda sua nova e contundente filosofia trágica, tendo ela já seus discípulos, ela nunca está pronta:

As minhas saborosas e rigorosas máximas surtem efeito; e, na verdade, não o alimentei com legumes que incham, mas com um alimento de guerreiros, com um alimento de conquistadores: despertei novos desejos.

    Esses “novos desejos” anunciam que, uma vez arregimentados os discípulos, o Mestre deve ser superado. Essa é a condição última – e derradeira – do ensinamento de Zaratustra.

Zaratustra lhes pede que dele se afastem, afirmando que ‘ retribui-se mal um mestre, quando se permanece sempre e somente discípulo’, ele não está propriamente renegando os discípulos; está explicitando a conseqüência nova e paradoxal de seu ensino: ser seu discípulo é eleger-se a si mesmo, é ser solitário, criador de seus próprios valores; ser seu discípulo é, em vez de permanecer fiel ao seu ensinamento, isto é, em vez de imitá-lo, ultrapassá-lo, superá-lo no caminho do super-homem. 

    Da mesma forma Nietzsche se faz como exemplo, num aforismo de Crepúsculo dos Ídolos, com relação ao que ele teria a dizer quanto aos filósofos anteriores a ele, ou seja, seus mestres:

Esses foram para mim degraus; elevei-me por cima deles – para o que tive de sobre eles passar. Mas pensaram que eu queria sentar-me neles para descansar... 


5 – Nietzsche, um homem da história

    Seria leviano de nossa parte, após este pequeno esboço de alguns conceitos nietzschianos relacionados a questão de formação, ao paideuma, se não colocássemos também a importância de Nietzsche como um filósofo da cultura, no período em que viveu. Não há duvidas que Nietzsche tinha visões bastante iconoclastas para sua época – os escritos seus passaram a ser lidos seriamente somente a partir da segunda metade do século XX. Mas a época em que Nietzsche viveu sem dúvida pode-se considerar um torvelinho: encontra-se no momento último do idealismo alemão (que tivera seus maiores expoentes em Hegel e também em Kant), bem como situa-se na época do aflorar do cientificismo, da física social do positivismo de Augusto Comte. E Nietzsche é avesso a ambos, daí a originalidade e a importância de seu pensamento. Tomemos algumas considerações que Nietzsche fazia com relação à educação em sua época, e vejamos como elas ainda são bastante atuais:

São necessários educadores que, por seu rumo, tenham sido educados, espíritos superiores e nobres que, em cada momento, demonstraram, pela palavra e pelo silêncio comprovaram, culturas maduras, doces – e não os pretensiosos eruditos que o ginásio e a universidade hoje oferecem à juventude como “amas superiores”, Faltam os educadores, afora as excepções, falta a primeira condição da educação: daí a decadência da cultura alemã. 

Mas a dificuldade está, para os homens, em desaprender e propor-se um novo alvo; e custará indizível esforço substituir os pensamentos atuais de nosso sistema de educação, que tem suas raízes na Idade Média e para o qual o erudito medieval é, propriamente, o ideal da formação perfeita, por um novo pensamento fundamental. Já é tempo de ter em vista essas oposições. 


Conclusão

    Procuramos relacionar a importância da questão pedagógica na tradição do pensamento ocidental através de alguns conceitos da obra de um dos maiores críticos da tradição metafísica. A filosofia de Nietzsche encontra-se no núcleo de uma série de questões a serem pensadas no tocante não somente a problemas metafísicos ou ontológicos, mas também a questões até muito mais palpáveis, como a tradição de nosso ensino e os valores que regem este ponto crucial de nossa cultura.
    O núcleo da discussão encontra-se a priori na oposição entre conceito e poesia, como formas de exposição de uma dada ontologia. É a maneira da exposição que vai marcar não só a ontologia, como a discussão pedagógica, que é a questão da formação do mestre. Nossa leitura da obra nietzschiana baseia-se na de Roberto Machado, particularmente em seu ensaio Zaratustra Tragédia nietzschiana. Na perspectiva apresentada nesta obra, vimos que o mestre é aquele que passa por constantes metamorfoses, está portanto em constante processo de aprendizado. A concepção de Zaratustra da superação do mestre é fundamental por ser instauradora de um pensamento crítico, de que toda tradição deve ser revista, criticada, principalmente em seu caráter dogmático. Outro fator de destaque é a importância da arte como um saber que não se prende a rigidez de conceitos, de verdade e erro. A arte apresenta-se, portanto, como um antídoto ao projeto epistemológico socrático-platônico e ao moralismo cego. Não no sentido radical de destruí-los ou aniquilá-los, mas na condição de pensá-los criticamente, de relê-los, uma vez que tal atividade é fundamental para a cultura, dentro da perspectiva nietzschiana. A cultura não pode ser estática ou dogmática: ela deve afirmar-se e superar sempre os seus antigos mestres, rever seus velhos valores, esse é o paideuma de Nietzsche presente no ideal do super-homem.


BIBLIOGRAFIA

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Machado, Roberto. Zaratustra Tragédia Nietzschiana. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor,
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______________. Nietzsche e a Verdade. São Paulo: Paz e Terra, 1999. (NV)

Nietzsche, Friedrich Wilhelm. Assim falava Zaratustra: um livro para todos e para
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_______________. Ecce Homo ou Como alguém se torna o que é. São Paulo, Companhia
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_______________. Humano, demasiado humano – um livro para espíritos livres. São
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_______________. Obras Incompletas. Coleção Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural,
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