ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO E A NECESSIDADE DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA

ROCHA, Edjane Aniceto [1]

PICONE, Eugênia Vianna [2]

 

 

RESUMO

Este trabalho foi elaborado a partir de leituras, estudos e pesquisas de literaturas e revisões bibliográficas de autores como: Chomsky (1957 a 1965), Coquerel (2011), Minetto (2008), Piaget (1940 a 1945), Pan (2008) Sabatella (2008), Skinner (1953), Terman (1916), Thurstone (1930), Vygotsky (1930 a 1931), Ziliotto (2007) O Presente artigo leva-nos a uma maior reflexão e possível compreensão no que diz respeito ao aluno considerado como portador de necessidades especiais, especificamente os alunos portadores de altas habilidades/superdotação (AH/SD) dentro da proposta da educação especial e educação inclusiva. Desde as primeiras percepções que caracterizam a presença do potencial elevado desta criança, até o seu desenvolvimento físico, pessoal e psicológico no decorrer do processo educativo dentro das escolas, sejam elas especiais ou regulares. Buscando formas de ajudar este aluno a desenvolver suas capacidades proporcionando estímulos positivos desde a sua formação educacional inicial até a sua completa formação acadêmica com respeito e reconhecimento pela sua capacidade de desenvolver-se contando com a ajuda de profissionais especializados e instituições escolares educacionais devidamente equipadas que possam proporcionar um atendimento e uma educação de qualidade dentro da proposta verdadeiramente inclusiva. Concluindo de fato a necessidade de reforçar o processo de reconhecimento, engajamento e desenvolvimento do aluno portador de altas habilidades/superdotação dentro do processo educativo inclusivo.

PALAVRAS CHAVE: Altas habilidades/Superdotação. Desenvolvimento. Educação Especial e Inclusiva.

INTRODUÇÃO

 

O artigo traz a discussão em torno dos estudos e informações coletadas bibliograficamente sobre os alunos com necessidades especiais. Especificamente os alunos com altas habilidades/superdotação ; sobre o papel da família na relação com o filho superdotado e tem como objetivo específico, mostrar a importância da escola, do preparo dos profissionais da área de educação inclusiva e de todos os que estão envolvidos no processo de inclusão do aluno superdotado, inclusive a família e a sociedade de uma forma geral.

Propor uma educação inclusiva e estimuladora para crianças superdotadas, com profissionais da educação especializados na identificação e no atendimento a estes alunos legalmente reconhecidos com necessidades educacionais especiais, como afirma a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008), proporcionar a eles um ambiente estimulador, com atividades específicas que os incentivem a desenvolver cada vez mais suas habilidades.

 Não deixando de reconhecer os trabalhos que já vem sendo desenvolvidos na área da Educação Especial e Inclusiva. Percebe-se também o avanço das tecnologias nas escolas a fim de ajudar os alunos especiais a encontrar-se e reconhecer-se igualmente com direito a uma educação de qualidade como todo mundo.

Observa-se, porém que apesar de todo o cuidado e preocupação na luta por inserir estes alunos com respeito e qualidade de atendimento percebe-se ainda, que quando se fala em alunos com necessidades especiais o primeiro pensamento ainda encontra-se focado em alunos com algum tipo de deficiência. Deixando por fim, os alunos que possuem habilidades diferenciadas não por deficiência, mas por terem algum tipo de inteligência acima da media.

No referente, chamamos a atenção para alguns esclarecimentos a cerca do assunto Altas habilidades/superdotação, abordando temas sobre a origem do desenvolvimento da inteligência humana, sobre as teorias das inteligências múltiplas e outras teorias e técnicas como formas de reconhecimento destes alunos habilidosos a fim de poder melhor identificar, reconhecer, entender, acolher e ajudar o aluno superdotado a desenvolver-se da melhor maneira possível no contexto familiar, social e principalmente no processo de inserção do ambiente escolar e acadêmico dentro da proposta da Educação Inclusiva para todos.

AS DIVERSAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO DA INTELIGÊNCIA HUMANA

 

De acordo com John Locke, filósofo inglês (1632-1704), Ivan Pavlovi, fisiólogo russo (1849-1936), John Watson, psicólogo comportamentalista (1878-1958) e Burrhus Skinner, psicólogo experimental (1904-1990). Ziliotto (2007, p. 21) O homem nascia desprovido de inteligência, passivo e submetido totalmente aos estímulos do meio. Dessa forma os estímulos externos eram totalmente responsáveis pelo desenvolvimento humano.

Nos séculos XVII e XVIII, estabelecia-se o empirismo e o ambientalismo que defendia a opinião de que o desenvolvimento da inteligência humana era determinado pelo meio onde viva o indivíduo. Tudo era resultado das experiências vividas e adquiridas pelas crianças em contato com o meio, resultando numa construção permitida pelos sentidos humanos.

 Não havendo nada na inteligência que não tenha sido transferido pelos sentidos. O homem não nascia com inteligência, era passivo, submetido e construído pelos processos ambientais. Assim sendo um ser sempre moldável, reajustável e completamente modificável pelas vivências de cada meio por onde passasse.

Cabia ao professor usar como ferramentas todos os recursos considerados positivos para alcançar os resultados dos comportamentos previamente já esperados que fossem pontuados, acentuadas e confirmados com os treinamentos repassados. Dessa forma os estímulos externos seriam os únicos fatores responsáveis pelo desenvolvimento mental do sujeito.

 Por volta de 1957 a 1965 com a teoria de Chomsky, surge o inatismo, que eram as características da predisposição na origem do ser. Neste enfoque, o desenvolvimento acontecia com a junção de duas forças: Predisposição inata e o convívio e a linguagem com o meio. Estas construíam o desenvolvimento da capacidade e inteligência humana como defendia o lingüista e filósofo Chomsky.

Unindo as propriedades geneticamente já existentes com as experiências do ambiente o sujeito seria comportamentalmente modelado, reorganizando sua inteligência por meio das percepções apreendidas.

Opondo-se a estes pensamentos surge a psicologia interacionista, Piagetiana (1976). Afirmando que o desenvolvimento da inteligência dar-se-ia numa junção entre o indivíduo e o meio destacando a maturação biológica onde tudo se desenvolve com os estímulos externos. Nesta corrente de pensamento contamos com a teoria de Jean Piaget, psicólogo e epistemólogo Suíço (1896-1980).

Estudos desenvolvidos por ele mostram que o conhecimento da humanidade acontece do nascimento até a idade adulta apoiando-se no pensamento de que “tanto a criança explica o homem, quanto o homem explica a criança”. Ele acredita que o mundo possibilita a construção das estruturas cognitivas de forma a envolver alguns fatores como a maturação nervosa, e a experiência da ação sobre os objetos e ainda nas interações sociais. Afirma que a variante funcional que ocorre entre a assimilação e a acomodação resulta no processo de equilibaração conduzindo a autoregulação e que o desequilíbrio ocorre para o desenvolvimento do caráter e assim sucessivamente a reestruturação do conhecimento vai atingindo seu estado de equilíbrio individual, meio este que faz com que o sujeito não seja passivo frente ao conhecimento.

Acredita ainda que, a criança constrói ao longo do seu desenvolvimento, seu próprio modelo de mundo. Piaget (1940 a 1945) organizou sua teoria em três estágios do desenvolvimento da estrutura da inteligência: A Inteligência pré-operatória que compreende três subestágios de período: Sensório motor 0 a 2 anos, experiências sensoriais e ação motora. Período pré-conceitual 2 a 7 anos, subdivididos em estágio intuitivo global e intuitivo articulado. Período das operações concretas de 7 a 11/12 anos e o período das operações formais onde o indivíduo torna-se capaz de raciocinar.

 Coquerel (2011) ressalta que o surgimento das fases são a mesma para todos os seres humanos, mas, por processos transculturais, uns podem obter maior desenvolvimento e outros podem obter menor desenvolvimento em detrimento das histórias educativas de cada um.

 Dessa forma, o papel da educação é fornecer um conjunto de experiências educativas que possam desenvolver as reflexões necessárias ao aluno, novas experiências, novos conhecimentos, utilizar teorias e práticas reforçando a aprendizagem ativa com utilização de materiais concretos e estimulando o trabalho em grupo.

Incentivando ainda a autonomia da criança em busca de novos conhecimentos não se prendendo apenas aos conhecimentos passados pelo professor arriscando-se entre o erro e o acerto com o acompanhamento do professor pontuando os erros e acertos e orientando-os na tentativa de respostas mais positivas numa parceria entre professor e aluno.

 Piaget não se prende a teoria do desenvolvimento psicológico, mas a teoria do desenvolvimento da inteligência. Este pensamento muito influenciou a Educação Especial mostrando que cada indivíduo é único e singular, com características próprias e estruturas cognitivas inacabadas que devem ser respeitadas, porém são estimuláveis e modificáveis.

Ele fala da importância fundamental da linguagem, afirma ser uma ferramenta primordial na interação entre as pessoas transformando a si e influenciando o mundo, completando que pensamento e palavra têm raízes genéticas distintas, mas que ao longo da evolução forma um todo indivisível.

Lev Vygtsky, psicólogo, cientista, pensador (1896-1934), Afirma que todas as funções no desenvolvimento das crianças aparecem no início a nível social, logo depois em nível individual entre as pessoas (interpsicológico), e depois no interior (intrapsicológico). Ziliotto (2007) corrobora que nesta vertente o docente é de fundamental importância na condução da aprendizagem

 EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA

 

 

            Segundo Minetto (2008), Educação Inclusiva ganha forças e se apóia na Constituição Federal de (1988). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Nº. 9.394/96 garante que os sistemas de ensino assegurarão aos alunos com necessidades especiais, de preferência nas escolas regulares, currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades.

De acordo com a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (2008), as pessoas com altas habilidades/superdotação AH/SD, são pessoas com necessidades educacionais especiais. Garantindo-se educação infantil à educação superior, em escolas públicas ou privadas. Estes devem receber atendimento educacional especializado (AEE), em sala de recursos multifuncionais ou em outros espaços, sem qualquer cobrança financeira pelo atendimento, podendo ser acelerados, através de avaliações da escola, quando os alunos apresentarem amadurecimento emocional.

 Sabe-se, porém, que garantir o direito  a educação para todos não garante de fato que esta seja uma educação de qualidade, tão pouco alcance os objetivos gerais de uma educação especial e menos ainda verdadeiramente um processo de inclusão. Crianças com necessidades especiais nas escolas regulares garantem tão somente o cumprimento da LDB nº 9394/96 A prova disso são as crescentes matrículas nas escolas regulares, particularmente após a Declaração de Salamanca (1994).

No entanto, não há garantias de que esta educação torne-se tão ou mais excludentes. No presente momento ainda muitas dúvidas permeiam o mundo da inclusão Mas, já nos perguntamos que tipo de inclusão nós queremos O mundo, a sociedade precisam estar preparados para a inclusão As estruturas físicas têm a tarefa de proporcionar às pessoas especiais o direito de ir e vir Os modelos das escolas precisa começar a atender a todas as pessoas. Os professores e profissionais da área da educação também precisam ser assistidos, estimulados, preparados, especializados. Estas questões nos levam a perceber quão tênues pode ser a fronteira entre o acolhimento e o abandono.

 A criança, por sua vez, não pode ser responsabilizada pela sua condição especial. O mundo, a sociedade, a escola, as estruturas físicas e materiais e os profissionais é que devem preparar-se para educar, acolher e incluir.

Pan (2008, p. 21), “Estamos preparados para conviver com as diferenças? Afinal somos sempre diferença! Mas, por que algumas diferenças incomodam tanto?”. São questionamentos pertinentes no que concerne a proposta da inclusão, porém nem deveria. Pois, partindo do princípio de que todos os seres humanos são diferentes o processo de inclusão deveria ser um fato intrínseco em cada ser, com raízes culturais profundas e sempre existentes. No entanto é justamente pela humanidade de cada ser que se torna difícil e limitado o processo de visualização e aceitação das diferenças como algo natural da existência humana

 

ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO:

 

O termo Altas habilidades refere-se a uma pessoa que possui uma capacidade mental elevada com aptidão intelectual inata geral ou específica. Uma pessoa pode nascer com um tipo específico de inteligência como a inteligência lógico-matemática, a lingüística ou artística ou ainda pode ter ao mesmo tempo vários tipos de inteligências acima da média esperada. A principal motivação dos estudos é o reconhecimento precoce do potencial da pessoa a fim de que sejam proporcionadas condições adequadas para o seu desenvolvimento.

Coquerel (2011, p. 13 a 48), O cérebro humano, sede dos pensamentos e centro de controle de todo organismo. Ele, não produz apenas pensamentos, mas armazena crenças recordações, determina comportamentos assim como controla os estados de humor e alertas, coordena os movimentos e é responsável por todos os sentidos humanos: Tato, audição, olfato, visão e paladar, elaboram a formação de palavras, números e permite não só a comunicação, como a compreensão. Planeja, cria fantasia, é sensível e vigilante aos estímulos internos externos e responde aos alertas para atender todo o funcionamento do corpo físico.

Alguns estudos encontrados em variadas referências mostram que os indivíduos portadores de altas habilidades/superdotação são biologicamente diferentes. Sua estrutura cerebral compõe um maior número de células gliais Segundo Coquerel (2011), As células da glia, geralmente chamadas neuróglia, nevróglia ou simplesmente glia, são células não neuronais do sistema nervoso central que proporcionam suporte e nutrição aos neurônios.  

 Esta diferença genética aliada ou desenvolvida pelas oportunidades e experiências com o meio fazem toda diferença não só no âmbito acadêmico no processo de aprendizagem como também na vida de uma forma geral, no desenvolvimento do pensamento rápido, da criatividade, da resolução de problemas e lógicas numa junção perfeita entre a utilização da estrutura existente com o que lhes apresentam como novo.

 Os superdotados estão por toda parte na nossa vida diária, porém suas habilidades podem passar despercebidas se o meio onde ele vive a família, a sociedade e a escola não tiverem um olhar diferenciado para esta criança.

 Muito ainda se estuda sobre o desenvolvimento da inteligência humana. Cientistas, neurologistas, psicólogos e neuropsicólogos desenvolvem um profundo estudo sobre o funcionamento da mente e da inteligência humana. Em 1916, por Lewis Madison Terman, psicólogo americano o teste de QI foi criado para detectar e medir valores quantitativos da inteligência, atribuindo valores numéricos para definir o maior ou menor grau de inteligência.

Louis Leon Thurstone (1930), psicólogo pela Universidade de Chicago, professor, trabalhando em laboratório de psicometria lançou dúvidas quanto ao conceito dos escores para medir a inteligência. Apesar de acreditar que o teste de QI podia predizer a competência verbal e acadêmica, ele declarou veementemente que o resultado de QI é falho para verificação de sucesso em outras áreas.

Declarou ainda, que a pontuação quantitativa do teste não alcança outros tipos de inteligências que ele enumerou com sete seguimentos de habilidades primárias: Compreensão verbal, fluência do vocabulário, facilidade numérica, visualização espacial, memória associativa, rapidez de percepção e raciocínio.

O Suíço Jean Piaget, entre 1923 a 1931 em suas várias pesquisas e publicações sobre a investigação do pensamento infantil vislumbrou substituir a tendência a ligarem-se particularmente nos erros das crianças ao tentar resolver os testes intelectuais e conclui que mais importante que a precisão da resposta correta, seria observar os erros pela linha de raciocínio utilizada pela criança. Ele define a inteligência como adaptação às novas situações e a construção contínua das estruturas.

Na década de 1980 houve uma expansão no conceito de inteligência. Howard Gardner, psicólogo cognitivo e Robert J. Stemberg, psicólogo e psicometrista, criaram um novo conceito sobre o entendimento da inteligência e da superdotação após assíduas pesquisas sobre os indicadores da inteligência previamente já existente pelos que os antecederam, Gardner (1983) cria sua teoria de inteligências múltiplas estabelecendo oito critérios para possibilitar a capacidade humana. Inicialmente ele denominou sete tipos de inteligências: A linguística, a lógico-matemática, a espacial, a corporal sinestésica, a musical a intrapessoal e a interpessoal.

Gardner (1983), no entanto, afirma não ser permanente, visto que se tratava ainda de estudos e que o mesmo necessitaria de aprofundamento e tais inteligências seriam autônomas, porém, sujeitas a estímulos, aperfeiçoamento, desenvolvimento ou até mesmo a extinção. Com a continuação de suas pesquisas com seus colegas profissionais encontram mais três competências a serem adicionadas: A inteligência naturalista, a espiritual e a existencial. A naturalista logo foi adicionada à lista original, conceituando assim cada uma das oito inteligências.

É comum o superdotado se perceber diferente, mas entende que precisa fazer parte de um grupo e, por isso tenta se incluir, no padrão esperado. É aterrador perceber um ser que se destaca dos demais por sua capacidade procurar esconder-se, acreditando não poder assumir seu conhecimento além do esperado por todos. Cruel tentativa de ajustar-se a modelos pré-existententes consideravelmente aceitável. Frente de tal realidade afirma-se: A educação especial é realmente necessária ao aluno superdotado.

 Quando falamos em Educação Especial e Inclusiva ou Alunos com Necessidades Especiais (ANE) o juízo volta-se rapidamente para pessoas com deficiências e dificuldades de aprendizagem. E, só em última instância lembra-se dos considerados especiais justamente por serem inteligentes acima do esperado. É preciso voltar nossa atenção em como podemos atendê-los dentro da proposta e da perspectiva da inclusão

Os sistemas educacionais escolares, familiar, e social empenham-se e utilizam de todas as ferramentas e meios para atender o aluno com dificuldade de aprendizagem. Existem as revisões, trabalhos, recuperações, reforços, aulas particulares, provas finais etc.

Faz-se necessário preocupar-se também em desafiar, estimular, inovar, desenvolver os que aprendem os conteúdos rapidamente, possuem habilidades variadas, conhecimento prévio, criatividades, curiosidades, sede de criar, inventar, projetar, crescer.

A falta de atenção a esta criança pode causar frustração, desânimo, desinteresse, falta de estímulo, tristeza, revolta e até o pensamento de descrença, desistência e evasão da instituição educativa, familiar ou social.

Importante lembrar que se a proposta é conhecer, dar apoio, e ter recursos suficientes para o desenvolvimento do aluno especial, se a proposta é a inclusão dos considerados especiais. Os alunos habilidosos, superdotados e brilhantes precisam ser reconhecidos, atendidos e respeitados na sua diferença como afirma Sabatella.

Se todos os envolvidos no ambiente escolar, pais, professores, alunos e demais indivíduos da comunidade, souberem identificar os superdotados e trabalhar com suas características peculiares, é possível que aquele aluno desmotivado e dado muitas vezes como um problema na escola torne-se um ser criativo e talentoso de destaque, assim como foram grandes personagens da história da humanidade (Sabatella, 2008).

Os superdotados sempre existiram, alguns deles tiveram grande destaque na história da humanidade. Recentes são as discussões e o interesse pelo assunto já que hoje o aluno superdotado foi reconhecido legalmente e pode contar com a força da sociedade de uma forma geral para acolher e contribuir com o desenvolvimento deste aluno de uma forma igualitária onde ele possa sentir-se valorizado e respeitado em suas diferenças.

ALGUMAS DAS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS INDICADORAS DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO (AH/SD)

 

Sabatella (2008, p. 85), Ser uma pessoa superdotada não significa ser melhor que as demais, pessoas; significa apenas ser diferente. O indivíduo superdotado age de forma diferente; aprende de forma diferente; raciocina e reage de formas diferentes.

Sabatella (2008, p. 85 a 92), Geralmente apresenta: Curiosidade no intelecto; são exímios observadores; tem facilidade de associação dos pensamentos; talento acadêmico; ótimo desempenho; alta resolução com tarefas escolares; pensamento criativo e produtivo; gostam de ter idéias originais e divergentes; são determinados; líderes inatos tantos nas academias como no grupo social; talentos para as artes em geral; música, pintura, desenho, ciência etc.

 Sabatella acrescenta ainda, talentos para: Psicomotricidade: atletismo; mecânica; habilidades refinadas; capacidade e rapidez para analisar e resolver problemas; Curiosidade e senso crítico exagerado; senso de humor; Investimento nas atividades de interesse e descuido com as demais; hipersensibilidade; Impacientes e de aborrecimento fácil; pensamento rápido e independente.

CONHECENDO ALGUNS MITOS SOBRE O ASSUNTO ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO

Segundo Winner (1998), os mitos e mal-entendidos aparecem nas mais variadas áreas de estudo, mas a ênfase de seu trabalho é no tema da superdotação. A autora define brevemente um mito como uma "suposição fortemente mantida".

Crianças com altas habilidades/superdotação não precisam de atendimento especial; todas as crianças são talentosas e só dependem de estímulos; atendimento especial para superdotados é puro elitismo; superdotados só nascem em famílias abastadas; todo superdotado é um gênio, portanto sabe tudo sobre todas em todas às áreas; os superdotados são pessoas frágeis, gostam de isolamento, são agressivos e anti-sociais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Tudo o que vimos neste trabalho não é desconhecido no mundo acadêmico e social. Porém, a reflexão sobre determinados aspectos e abordagens sobre a temática da educação especial e inclusiva não estão somente relacionadas aos alunos com deficiência, mas, sobretudo aos alunos possuidores de altas habilidades/superdotação nos faz pensar o quanto ainda é ínfimo a verdadeira contribuição dentro da perspectiva da inclusão para o aluno considerado possuidor de altas habilidades/superdotação. Fato este, ligado não penas a falta de entidades e instituições que tratem melhor sobre o assunto com relação à preparação profissional, material e de estruturas físicas condizentes no atendimento a estes alunos, mas numa questão muitas vezes que parece repetitiva, porém necessária.

 A falta de compromisso, a falta de interesse e até mesmo a falta de informação sobre o assunto que ainda apavora não somente aqueles que possuem as habilidades como também os profissionais que se deparam com os mesmos sem saber de verdade como identificar, como trabalhar e como ajudar esses alunos a se desenvolver de uma forma sadia, competente, e principalmente de uma forma que possa parecer uma conduta diária normal especialmente eficaz e verdadeiramente inclusiva como define a Lei 9.394/96, alterada pela Lei nº 12.796 de 04 de abril de 2013 em seus Art. 58/59, e seu Parágrafo Único.

Neste estudo constata-se que a maioria dos professores do Brasil só possuem conhecimentos superficiais sobre superdotação, não sabem identificá-los corretamente, não sabem atender suas necessidades e não tem os recursos para estimular o desenvolvimento de suas habilidades.

Conclui-se que no Brasil diferente de outros países as altas habilidades são quase sempre ignoradas quando se trata da prática educacional e que os órgãos competentes discutem sobre o assunto incluindo-o nas deliberações sobre a Educação Especial Inclusiva como o faz nos casos dos deficientes, mas, não avalia de fato a problemática da assistência aos casos dos superdotados raramente oferecendo condições verdadeiras de desenvolvimento destes indivíduos já previamente privilegiados com algo tão especial e eles vão assim permanecendo no anonimato em salas de aulas comuns.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS

 

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JUSBRASIL. Art. 60 da Lei de Diretrizes e Bases - Lei 9394/96. Disponível em: < httpwww.jusbrasil.com.br/.../artigo-60-da-lei-n-9394-de-20-de-dezembro-de.1996.

MINETTO, M. F. Currículo na educação inclusiva: entendendo esse desafio. Curitiba: Ibpex 2008. 2ª ed. rev. Atual, 135 p.il,

MAIA PINTO, R. R; FLEITH, D. S. Percepção de professores sobre alunos superdotados. Campinas [online], 2002. Estud. psicol. vol.19, n.1. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v19n1/a07.pdf

 

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. MEC. portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. MEC. Lei de diretrizes e bases da Educação Nacional. portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf

PAN, M. A. G. S. O direito a diferença: uma reflexão sobre deficiência intelectual e educação inclusiva. Curitiba: Ibpex, 2008. 212 p.

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SABATELLA, M. L. P. Talento e super dotação: problema ou solução?. 2ª ed. rev. Atual e ampl. Curituba: Ibepex, 2008.

SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. História da psicologia moderna. Tradução; Suely Sonoe Murai Cuccio. São Paulo, 2006.

ZILIOTTO, G. S. Fundamentos psicológicos e biológicos das necessidades especiais. Curitiba Ibpex, 2007. 2ª ed. rev. 100 p.



[1] Edjane Aniceto da Rocha, psicóloga pela AESVISA, Pós-Graduanda em Educação Especial e Educação Inclusiva. Pelo Centro Universitário Internacional Uninter. E Pós graduanda em Saúde e Bem Estar Pela  Universidade Norte do Paraná Unopar

[2] Eugenia Vianna Picone, Pedagoga (Universidade Tuiuti do Paraná), Especialista em Psicopedagogia, clínica e institucional (Faculdades Bagozzi), Especialista em Pedagogia Empresarial (IBEPEX),Mestre em Educação - Política Públicas Educacionais (FAE)), orientadora de TCC do Centro Universitário Internacional Uninter.