Se a ciencia não explica qual o significado da vida, devemos procurar esse significado na metafísica, na crença em algo maior que nós, em Deus, na consciência cósmica?

Não vejo sensatez em escolher esse caminho. Parto da pergunta que ninguém faz: a vida precisa ter significado? E se  não tiver,  o que aconteceria? O mundo desabaria?

Mas afinal o que é “ter significado”? Não seria muita pretensão nossa buscar um significado transcendente para nossas pobres vidas?

Essa angustia do ser humano em face da sua capacidade fantástica de descobrir a realidade, o processo de causa e efeito, não seria uma angustia do tipo vertige, a que estamos todos nós expostos, face ao vertiginoso progresso do conhecimento?

Somos de certa maneiro homens das cavernas e o mundo moderno cortou nossas raízes com aquele mundo em que formamos nossos neurônios, nosso DNA e construímos nosso programa básico mental de viver. Essa ruptura brusca com a nossa ancestralidade ainda pré-consciente pode ser a razão dessa vertigem, dessa tontura que sentimos toda vez que olhamos pela janela de nossa sala climatizada, cheia de bugiganga eletrônica e conforto artificial e vemos a natureza desenrolando-se indiferente a todas essas nossas invenções.  Vivemos sem raízes que nos prendem ao passado que nos moldou e acabamos expostos a essas tempestades e trovoadas do abismo aberto entre nossa modernidade tecnológica e o longo processo evolucionário por que passamos.