A saúde das Relações

Outro dia, encontrei uma amiga de muitos anos, nos cumprimentamos e percebi pela sua face que ela estava muito triste. Perguntei então como ela estava e ela me respondeu exatamente assim: “Estou enfrentando dois grandes cânceres na família, o câncer da minha mãe e o câncer do meu casamento”.

Achei interessante e pertinente a sua colocação. Como psicoterapeuta, trabalhando com casais, tenho percebido em minhas observações o quanto realmente andam adoecendo os relacionamentos na contemporaneidade. Muitos casais hoje não conseguem ultrapassar os três primeiros anos de casamento ou vida em comum. A famosa crise tão conhecida por todos dos sete anos, hoje vem reduzindo bastante, chegando à média de dois anos e meio. Outros ainda, já entram no casamento com problemas pensando numa possível breve separação. Parece que o casamento hoje virou um simples jogo que se der certo tudo bem, se não, separa e pronto. Tudo resolvido... Será? Claro que não, nem sempre a separação trará a cura do câncer, e se a relação já gerou fruto à ferida pode ficar ainda maior. Por outro lado não estou afirmando que se deva ficar numa relação adoecida só por conta dos filhos. No entanto, afirmo que tudo pode ser resolvido de uma forma tranquila, sem grandes traumas ou sequelas, até mesmo numa separação de fato.

“Se os casais procurassem agir após o casamento, seguindo a forma de tratamento quando do namoro, haveria menos divórcios.”

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São inúmeras as causas que levam um relacionamento a adoecer; A falta de amor, respeito, educação, diálogo, compreensão, confiança, carinho, cuidados, parceria, cumplicidade, falta de tempo para se dedicar a relação causada pelo excesso de trabalho, situação financeira, traições, traições virtuais, ciúmes em excesso etc. Infelizmente, casamento e crise caminham lado a lado.

O casamento é como uma longa viagem em um pequeno barco a remo: se um passageiro começar a balançar o barco, o outro terá que estabilizá-lo; caso contrário, os dois afundarão juntos.
Dr. David Reuben.

 

Crises ou conflitos podem existir independentes do tempo que se está junto. O importante é procurar compreender e aprender a fazer uma leitura sobre o que a crise esta querendo mostrar, onde estão as falhas, onde se perdeu o namoro ou o estimulo para investir, conquistar e resignificar esta relação. Não existem fórmulas prontas para que as relações amorosas deem certo, mas existem formas para lidar com as dificuldades da rotina diária que podem ser o ponto de partida para resolução de problemas conjugais. O exercício da paciência, tolerância e da escuta são algumas armas poderosas para se manter o equilíbrio da relação. Porém quando as discussões passam a desencadear as brigas o silêncio desprovido do sarcasmo pode ser uma boa opção.

O casamento deve ser uma educação mútua e infinita.

Henri Frédéric

O fato é que cuidar da relação exige certo desprendimento de tempo, energia, e boa vontade. E nem todos estão dispostos a este compromisso, embora tenham assumido. É preciso levar a sério, pois relacionamento não é brincadeira, sentimento não é brincadeira e filhos muito menos. As relações adoecem, os cônjuges adoecem e consequentemente os dois adoecem os filhos. É preciso ter cuidado, não dá para ficar brincando de viver. É importante reconhecer quando mesmo querendo, não estão conseguindo resolver os problemas sozinhos e procurar ajuda Profissional. Muitos tomam essa decisão, o que é louvável, o único problema é que só o fazem em ultimo recurso.