A RELAÇÃO ENTRE ALTRUÍSMO E FELICIDADE NO TRABALHO EM UMA ONG

Adilson Oliveira Silva¹

Deivid Oliveira Santos¹

Francieli Batista Paulino¹

Larissa Sarah Cristhina Pires Oliveira¹

Lorena Alves de Gouveia¹

Sara Paschoal Barini¹

Thawanny Antônia Silva de Paula¹

Ana Paula Barbosa²

RESUMO

Este trabalho trata de um assunto que todos conhecem, porém é pouco divulgado: o altruísmo. Busca-se, aqui, entender os motivos que levam as pessoas a fazer o bem, sem esperar algo em troca, visto que grande parte da população necessita desse trabalho feito pelas entidades privadas, para atingirem um mínimo de dignidade para sobreviver. Nosso campo de pesquisa foi a Instituição Secos e Não Molhados, na cidade de Franca-SP e o método de pesquisa utilizado foi o de observação junto com a aplicação de questionário aos voluntários da instituição. Através deste método, foram alçançados resultados satisfatórios, chegando à conclusão de que o bem traz o bem (bem moral), uma vez que todos os participantes da pesquisa disseram sentir-se motivados e de “com a alma leve”.

Palavra-Chave: altruísmo, prazer, moral, dignidade, Instituição Secos e Não Molhados.

ABSTRACT

This paper deals with a subject that everyone knows, but is little known: altruism. Search is here to understand the reasons that lead people to do good without expecting something in return, since a large part of the population that needs work done by private entities, to achieve a minimum of dignity to survive. Our field research was the institution Secos e Não Molhados in the city of Franca-SP and the research method used was the observation with a questionnaire to volunteers of the institution. Through this method, we achieved satisfactory results, concluding that good brings good (in the moral way), since all survey participants said they felt motivated and "the soul with light."

Keyword: altruism, pleasure, moral, dignity, Institution Secos e Não Molhados.

 

INTRODUÇÃO

 

De acordo com o dicionário, altruísmo é o amor desinteressado ao próximo. Palavra criada em 1830 por Augusto Comte, caracterizava um conjunto de disposições humanas para se dedicar aos outros e que vem sendo cada vez mais utilizada, em nosso dia a dia, nos fazendo repensar o sentido da nossa existência.

Sabemos que as dificuldades fazem parte da nossa vida e servem para nosso desenvolvimento como ser humano, afinal, parafraseando Rousseau, o homem é bom por natureza, a sociedade que o corrompe.

De uma forma geral ser altruísta é abandonar nossas necessidades básicas, ou seja, o que é essencial para mantermos nosso equilíbrio; colocar o outro em primeiro lugar. É um ato de bondade. Segundo o Budismo, agir de forma altruísta é percorrer o caminho que nos leva á iluminação, nos leva a felicidade plena. No entanto, temos que nos manter conscientes de que a intenção de nos dedicarmos ao outro não nos exclui da responsabilidade de cuidarmos de nós mesmos. (OREN HARMAN, 2010)

O objetivo da pesquisa foi observar os motivos que levaram os colaboradores a se interessarem por fazer o bem, sem que houvessem benefícios próprios. Pessoas de todo tipo, independente de condição social, idade, etnia, etc.

Além disso, houve o interesse em promover uma maior divulgação da entidade Secos e Não Molhados na sociedade, para que a comunidade possa conhecê-la melhor e, assim, perceberem sua importância para, com isso, despertar a vontade de ajudar.

Esse projeto visou observar nas pessoas o sentimento de bondade e os beneficio de se fazer o bem, tirando-as do anonimato. Queremos que toda a sociedade saiba o que é feito atrás das paredes da instituição e assim estimular os que estão de fora a participar.

Para a entidade, assim como para as pessoas que com ela estão envolvidas, é fundamental promovê-la. Assim, unir a pesquisa ao ideal altruísta é uma boa forma de, tanto de divulgar os projetos da Ong em questão, como de provar, através de estudos sistemáticos, que o altruísmo é, de fato, benéfico não apenas no sentido moral, mas também uma questão de toca a política social e econômica de nosso país.

Como justificativa procuramos identificar qual o motivo e algumas dificuldades que levam o individuo sair de suas casas para ir a um “trabalho” sem remuneração simplesmente pelo fato de ajudar. Procuramos tirar o sentimento de altruísmo dentro de cada um, para que cada vez mais haja pessoas interessadas em ajudar.

 

REFERENCIAL

Altruísmo é um tipo de comportamento encontrado nos seres humanos, que demonstra que as ações humanas podem beneficias diretamente outros indivíduos. No entanto, não é sinônimo de solidariedade, é um conceito muito mais amplo. O altruísmo como virtude, é a atitude de viver para os outros. Para que alguém consiga ser altruísta, é preciso dominar os instintos egoístas que existem naturalmente em todos os seres humanos.

Nos desdobramentos de seus estudos sobre a sociedade, Comte apontava a necessidade e a utilidade da comparação entre o comportamento dos seres humanos com os dos animais primitivos (COMTE, 1898). Esta comparação é importante, pois podemos encontrar nas sociedades inferiores (animais) uma cooperação involuntária, resultante de uma forte união orgânica, o que evidencia que os comportamentos humanos altruístas e solidários já se faziam presentes desde tempos primitivos.

A partir dessa concepção, Emile Durkheim desenvolveu a tese de que a verdadeira função da divisão do trabalho é criar entre duas ou mais pessoas um sentimento de solidariedade. Os indivíduos são ligados uns aos outros e, ao invés de se desenvolverem separadamente, eles ajustam esforços no sentido de cooperarem entre si para o bem de todos. (DURKHEIM, 2001).

De acordo com Oren Harman (2010):

Altruísmo, empatia, solidariedade, generosidade são todos conceitos relacionados, mas há diferenças e distinções importantes entre eles. Quando cientistas e cientistas sociais falam sobre altruísmo, geralmente estão falando de uma ação em que, para beneficiar o outro, o indivíduo arca com um custo ou prejuízo para si próprio. Embora o altruísmo tenha importância social, é muito mais uma ação pessoal, motivada por razões pessoais de diferentes tipos e voltada a alvos particulares. Solidariedade é um conceito mais social, baseado no sentimento coletivo de unidade, e não requer sacrifício pessoal. A generosidade pode ser uma forma de altruísmo, mas não precisa ser tecnicamente falando. Todos os termos têm histórias e usos diferentes, vindos de diferentes tradições, mas não acho que as diferenças semânticas sejam realmente importantes.

Estudos recentes levantam uma questão muito importante: será que conseguimos saber quais são as motivações para os atos de altruísmo? Quando alguém encontra um mendigo na rua, pode decidir dar dinheiro a ele para diminuir o próprio sentimento de estresse. Essa forma de ação não é, portanto, altruísmo puro, mas, na verdade, uma forma de egoísmo. O mesmo vale para um filantropo, que faz caridade para ganhar reputação como caridoso.

Em uma escala menor, quando fazemos boas ações para os outros, há processos biológicos em nossos corpos que, inconscientemente, melhoram nosso bem estar. Porém a ciência talvez nunca responda a essas questões de forma definitiva, ela ainda não tem as ferramentas para decompor as motivações humanas e chegar a essa resolução. A verdade é que as pessoas fazem o bem por varias razões e, geralmente, por razões que parecem conflitantes, mas não o são. Ajudar um estranho que precisa de ajuda pode satisfazer na mesma medida o senso altruísta de justiça social e empatia com relação ao outro como a necessidade do individuo de se sentir bem consigo memo. Portanto, não teremos certeza de que seja importante entender completamente as motivações por trás dos atos altruísticos das pessoas. O que conta, no final do dia, é o resultado dessas ações, mais do que suas causas: o fato de que pessoas recebam ajuda e cuidado é que é importante. (HARMAN, OREN, Revista Época, 2011)

“O que me aconteceria se a vida fosse todo feita de prazeres fáceis, nunca exigindo o uso de minhas forças nem apresentado desafios? Uma vida assim predispõe à depressão. As forças e virtudes podem murchar durante uma vida de facilidades, oposta a uma vida plena pela busca da gratificação.” (MARTIN SELIGMAN, 2004, p. ?).

Sabemos também que o tamanho do grupo pode ter muito e a ver com o altruísmo: sabemos que quanto menor a comunidade, mais provável que elas cooperem e sejam amigáveis umas com as outras. Isso faz sentido, pois a reputação é muito importante nessa comunidade: se você é conhecido como alguém que só olha para si próprio, as pessoas tendem a interagir com você de maneira menos cooperativa. E quanto menor o grupo e melhor o conhecimento que as pessoas têm das outras, mais importante a reputação. As cidades grandes, onde todo mundo é um estranho, não necessariamente ajudam a promover boas relações porque o anonimato tira o fardo de se preocupar com a reputação. Foi Platão quem disse que o tamanho ideal de uma cidade seria grande o suficiente para as pessoas não saberem o nome uma das outras, mas pequena o suficiente para que todo mundo fosse capaz de reconhecer os outros pela fisionomia. Não há duvidas de que a inter-relação entre a seleção de grupo e o que chamamos de reciprocidade indireta teve um papel importante na evolução do nosso senso moral, de justiça e vergonha, e, portanto, na nossa habilidade de agir altruisticamente em relação próximo. (HARMAN, 2010)

Dito isso, não há duvidas de que a educação e a cultura também têm um papel importantíssimo. Muitos dizem que esses são os fatores mais importantes para introduzir atitudes altruístas. Aprender com o nosso passado evolutivo é importante, mas isso tem seus limites, e a cultura é realmente um fator especial. Claramente se você é ensinado a respeitar os outros como a si mesmo, e a valorizar esse preceito, seu posicionamento sobre a vida e os outros será diferente do que o de alguém que aprendeu a buscar o primeiro lugar num mundo ultracompetitivo. As predisposições biológicas existem, mas são determinadas apenas em casos patológicos. A cultura e a educação realmente contam mais do qualquer outra coisa.

 

 

METODOLOGIA

A pesquisa bibliográfica se realizou a partir do registro disponível decorrente de pesquisas anteriores. É o ponto de partida para qualquer pesquisa científica. Objetivos: desvendar, recolher e analisar informações e conhecimentos prévios sobre um determinado fato, assunto, ideia, problema para o qual se procura uma resposta ou uma hipótese que se quer experimentar.

Na pesquisa de campo, o pesquisar abordou o objeto/fonte pesquisado no seu próprio meio. A coleta de informações /dados foi feita nas condições naturais que o fenômeno ocorreu sem a intervenção, e manuseio do pesquisador, obtendo dadas informações, claros e preciosos, sobre o evento/fenômeno pesquisado. Formas de realizações da pesquisa de campo: observação direta, levantamentos de dados, estudos de casos diretamente do local.

 

 

RESULTADOS

Ficamos felizes em realizar essa pesquisa, nos trouxe uma nova consciência e uma nova visão de mundo.

               A instituição tem por si só uma energia positiva cativante, difícil não ficar sensibilizado com o ato tão nobre que eles praticam.

Pelos resultados constatamos que existem dificuldades para as pessoas que tentam ajudar a entidade como transporte, deveres familiares, etc. Mais também constatamos grande prazer e satisfação por parte dos integrantes da entidade.

Para a entidade as dificuldades são varias como financeira, conseguir integrantes e pessoas dispostas a ajudar, mais também gratificante pelo reconhecimento de sua importância para a comunidade.

Todos os entrevistados (100%) se declararam muito motivados após o trabalho beneficente. Desses mesmo 66% fazem ou praticam o altruísmo pensando na ajuda ao próximo e a si mesmo. Quando perguntado o que o levou a ajudar a instituição 66% declararam ser um estimulo de família, amigos, etc. Quando a questão se refere à dificuldade 55,5% responderam quanto à locomoção e 44,5% responderam sobre sua disponibilidade de horário. Comente o que você sente quando ajuda a instituição. Na última questão aberta resolvemos deixar o entrevistado livre para responder, notamos uma variedade de motivos pelo qual eles são levados a ajudar, alguns exemplos de resposta:

Muito bem, feliz é uma terapia.

Depois de certo tempo com a idade preferiu ter uma ocupação.

Desenvolver-se, o desgaste vale a pena.

Se sente como estivesse entre família e até esquece as contas.

Não quer ficar sozinha em casa, então resolveu a se ocupar fazendo uma boa ação.

Missão cumprida ajuda em outras instituições, é uma responsabilidade que se torna vicio.

É uma forma de lidar com a perda de um filho, busca preencher um vazio e fazer novas amizades.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COMTE, Augusto. Pensamento sociológico. São Paulo, Editora Ática, 1989.

DURKHEIM, Émile. Da divisão do trabalho social. São Paulo, Editora Ática, 2001.

HARMAN, Oren. O preço do altruísmo. Editora W.W. Norton, 2010

HARMAN, Oren. O preço do altruísmo. Revista Época, 2011. Disponível em:<< http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,ERT204385-15228-204385-3934,00.html>> acesso em: 07/04/2013.

MARCONI, Marina de Andrade: LAKATOS, Eva Maria. Método: Fundamentos metodologia científica. 5 ed. Editora Atlas: 2003.

MACEDO, Neusa Dias de. Iniciação a pesquisa bibliográfica. 2 ed. São Paulo: Unimarco Editora, 1994. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?hl=pt-BR&lr=&id=2z0A3cc6oUEC&oi=fnd&pg=PA7&dq=PESQUISA+BIBLIOGR%C3%81FICA&ots=SA_p6fwrHE&sig=W1DgH8xDZNnW-dT8xqNfUq5EUBY#v=onepage&q&f=false> Acesso em: 07/04/2013.

SELIGMAN, Martin. Felicidade autêntica. São Paulo, Editora Objetiva, 2004.

SILVA, A. L. Solidariedade premiada. Comércio da Franca, Franca, 17/06/2011.

TOGNETTI, Marilza Aparecida Rodrigues. Metodologia da pesquisa científica. São Carlos: IFSC-SBI, 2006. Disponível em: <http://ciencialivre.pro.br/media/dcdfdcdde4ff1222ffff81baffffd524.pdf>. Acesso em: 07/04/2013.

WRIGHT, Richard. O animal moral. Rio de Janeiro, Editora Campus, 1996.

SITES - www.secosenaomolhados.com.br