A metafísica e seu objeto introduzidos por Aristóteles

Joacir Soares d’Abadia

 

A metafísica introduzida por Aristóteles, graças a seus discípulos, chega até nós depois de ter percorrido um longo caminho nos séculos passados. O seu conteúdo integra os escritos que foi deixado por Aristóteles a seu discípulo Teofrasto. Nestes escritos foram encontrados catorze opúsculos que eram intitulados como “Livros que vem depois da física”.

Na obra contém o primado da filosofia desse filósofo, pois escritos eram chamados de “proto phylosophia”, isto é, “filosofia primeira”. Tratava da “substância”, “Motor Imóvel”, “causa última”. A filosofia primeira, então, versa a respeito das causa últimas. É uma filosofia que não busca sua explicação nem no passado, nem no futuro; busca, portanto, a explicação do alto, a partir do transcendente.

Esta ciência é, pois, o estudo do “ente enquanto tal” e trata das causas últimas. Mas, qual é seu objeto?

Ao analisar a metafísica e a religião deve-se levar em conta o objeto de estudo que elas têm em comum, mesmo que cada uma parte de pressupostos diferentes. O objeto de estudos delas é o Absoluto, Deus.

Para esta ciência, Deus é um Ser Sagrado; Ele é criador de todas as coisas e se Revela ao homem e deixa Se conhecer. O homem adere a Ele por conversão, sem fazer qualquer objeção, simplesmente adere aos seus desígnios.

O objeto, então, de estudo tanto da metafísica e da religião é o mesmo. O que muda são os enfoques dados a cada uma.

Na metafísica o homem tem que dispor de seu maior bem, o qual o distingue dos outros animais que é a sua racionalidade. Porque pelo uso da razão, o homem depara-se com o absoluto de forma que Ele seja um objeto de estudo.

O que se encontra na religião é uma abertura total do homem frente ao mistério de seu Criador que é Deus. Esta abertura faz com que o homem adere a Deus sem fazer uso de indagação, somente adere a Ele por meio da adoração. Por meio da adoração, o homem se abre a todo o “mistério que lhe circunda” que é o mistério de Deus.

 

Classificações da metafísica

 

A metafísica foi ao longo da história conceituada de tipos diversos. O mais aceito hodiernamente é o estudo do “ente enquanto tal”. Das múltiplas metafísicas, as tipologias a ser considerada são as imanentísticas e transcendentalisticas.

As imanetísticas partem, pois, das realidades últimas. Estas tipologias metafísicas se subdividem em formas que são as metafísicas naturalistas, materialísticas.

Na tipologia das metafísicas transcendentalísticas que versam sobre as coisas inteligíveis, das realidades do alto se divide em outras duas metafísicas, as quais têm nas suas formas um diferencial impar, ou seja, cada uma fala daquilo que lhe é própria.

As duas metafísicas que são forjadas a partir da metafísica transcendentalística é a participação, da qual se diz que todas as coisas participam do ser e a outra é a perfeição.

As diferentes classificações das metafísicas, ou melhor, das diferentes classificações tipológicas se dá porque cada uma delas explana sobre o objeto que lhe é próprio. A cada objeto destas metafísicas tem sua forma de ser analisado.

 

A metafísica do alto

 

O paradigma platônicos parte de duas realidades  que, como foi dito, um é o fato originário, que diz respeito aos princípios ideais. Para isto ele faz a sua metafísica por meio do mundo das Idéias, o Uno, o “Hiperurano”.

Desta forma, temos um filósofo que faz uma metafísica do alto. Seu método é propriamente e principalmente o método dedutivo.

Platão era oposto de Aristóteles, porque o método desse era o de baixo, ou seja,aquele que parte do particular para chegar ao universal que é chamado de método indutivo.

Pode se dizer que o primeiro protótipo de Platão procede de uma ocorrência originária, esta que faz referência aos princípios ideais. Outra é o acontecimento que diz respeito aos fenômenos, isto é, aquilo que aparece da coisa e que se manifesta. Este é um acontecimento débil e derivado, que se mostra na filosofia de Platão quando se trata de sua metafísica da Ideia. Este filósofo chega até uma terceira hipótese que é a alma, sobre a qual não faremos nenhuma análise.

 

A natureza em Tomás

 

Em Tomás, encontra-se um filósofo que introduz vários elementos em seu modelo e um deles é o de natureza. Sobre a qual vai dizer que é o modo de ser de cada objeto. Daqui ele acrescentou o conceito de essência. O modo de ser de cada objeto é dado por meio de sua essência e também sua existência no ato de ser de cada coisa. Partindo do conceito de ser, o nosso filósofo fala da estrutura interna dos entes finitos e chaga ao Ser numa perspectiva de participação. As coisas participam do ser. O ser abarca, assim, tudo. Fora do ser não existe nada, além do nada.

Daqui, em síntese, se abre para os temas “matéria e forma”; “essência e existência” e “ato e efeito” que Tomás usou no seu paradigma, a título de comparações.