A INFLUÊNCIA DOS INTELECTUAIS JUDEUS NA EUROPA MODERNA

Marcos Pereira da Silva
FAECAD, Rio de Janeiro

Resumo
O presente artigo analisa o papel de alguns (Marx, Freud, Einstein) intelectuais de origem judaica, no papel sociocultural da Idade Moderna, destacando em suma, suas significantes contribuições em vários campos do conhecimento humano. Além disto, este artigo analisa as possíveis relações existentes, entre o intelectual judeu e a sociedade moderna. O contexto sociológico assuntível proposto é enfatizado neste artigo como via indispensável para maior afinco de uma epistemologia crítica e dialética a fim de maior compreensão dos fatos em relevância.

Palavras-chave: Idade Moderna; intelectuais; judeus; contexto; sociedade.

Abstract
This article analyze the role of some intellectuals of Jewish descendents, social and cultural role in the modern age, especially in sum, his significant contributions in several fields of human knowledge. Moreover, this article analyzes the possible relations between the Jewish intellectual and modern society. The sociological context proposed in this article is emphasized as a essential way in earnest for a critical epistemology and dialectics in order to better understanding of the relevant facts.

Keywords: Modern age; intellectuals; Jews; context; society.

Idade Moderna foi um período marcado por sucessivos movimentos de reais significâncias ao cenário mundial. Após um largo período de obscuridade (Idade Média), em que o divino imperou em vias católicas, segue-se com modernismo, um novo capítulo da história da humanidade. Movimentos como o da Reforma Protestante, o Mercantilismo, o Absolutismo, o Iluminismo e o Capitalismo se abrilhantaram no contexto Moderno da sociedade europeia Ocidental. A partir daí uma enxurrada de pensamentos frutificados por um liberalismo intelectivo podem ser percebidos, pensamentos, que ao longo de todo um contexto pós-medieval propuseram um colossal desenvolvimento, principalmente no saber e na economia, aí se podem perceber duas grandes revoluções: Comercial e Intelectual. A primeira sinalizava o fim do monopólio feudal que havia imperado de forma descentralizada por toda a idade medieval, assegurando assim, um dinâmico desenvolvimento nas operações comerciais em fins lucrativos, a segunda se consubstanciava na entronização da razão e no desenvolver mecanicista de um universo administrado por leis inflexíveis. Nestas vertentes socioculturais compreende-se a primeira reforma por conta da um Capitalismo Industrial, como cita José Jobson Arruda, no livro História Moderna e Contemporânea. Ele comenta que:

"A Revolução Industrial provoca a terceira etapa do desenvolvimento do sistema capitalista, agora com a supremacia da atividade industrial. Essa nova fase, chamada capitalismo industrial, surgiu na Inglaterra, no século XVIII, e foi, aos poucos, se estendendo ao resto do mundo" (ARRUDA, 1979, p.12).

Já a segunda, ocorre pelo eclodir do Movimento Iluminista do início do século XVIII, este tinha conotações essencialmente voltadas para o estudo da natureza e da sociedade, conforme comenta Arruda:

"O uso da razão era considerado indispensável à compreensão dos fenômenos naturais e sociais. Segundo os iluministas, até a crença devia ser racionalizada. Por isso, eram deístas, isto é, acreditavam que Deus estava presente na natureza e, como faz parte da natureza, Ele também se encontrava presente no coração do próprio homem que pode descobri-lo através da razão" (ARRUDA, 1979, p. 137/138).

Neste contexto de rupturas evolucionistas, mas também de sublevação paradigmática quanto à engrenagem antro-social, principalmente na arte, na economia e na ciência, nos deparamos com grandes personagens da pré-contemporaneidade, que através de suas gestações intelectivas, conduziram a um zênite inconcebível na dimensão do conhecimento humano empírico da época.

O JUDEU NA EUROPA MODERNA
A Idade Moderna marca um novo começo para os judeus diásporicos. Após funestos estados culturais, que passaram durante a Idade Média como, por exemplo, a acusação da contaminação dos poços potáveis nos meados do século XIV na Alemanha no terrível período da Peste Negra, agora os judeus, com o surgimento de movimentos alicerçados principalmente pela razão, pôde contemplar novos horizontes na esfera biopsicossocial. Isso não quer dizer que não havia perseguições, pois mesmo na Idade da Razão as perseguições contra os judeus não pararam, pelo contrário, após a Reforma Protestante o catolicismo romano através da Inquisição, levantaria uma das maiores perseguições, e entre os mais caçados estavam exatamente o povo judeu. Neste contexto podem-se encontrar algumas mudanças, quanto ao povo judeu na Europa Ocidental Moderna a partir do século XVIII, já que entre os séculos XV ao final do século XVII, os judeus estiveram mais concentrados em seus próprios "guetos". Até mesmo intelectuais como, por exemplo, Spinoza, Isaac Luria e Joseph Caro, estiveram envolvidos com asuntos isolados, referentes a questões religiosas e, suas desenvolturas a meu ver, não chegaram a impactar a Europa no sentido mais aberto, embora Spinoza através de seu racionalismo tenha juntamente com Descartes e Hobbes contribuido para o surgimento do movimento iluminista. Somente a partir das novas diásporas é que os intelectuais de origem judaica passaram a ser influenciados em sua maioria pelo Iluminismo e, a se destacarem principalmente no universo intelectual das ciências, influenciando assim a sociedade europeia.

CONTRIBUIÇÃO
Um dos mais brilhantes pensadores de origem judaica foi Karl Heinrich Marx. Marx influenciou a Europa principalmente, com seus conceitos sociológicos e filosóficos, que foram mais notoriamente exteriorizados por sua visão, quanto à divisão de classes, num conceito de sociedades capitalistas.
Considerado por muitos, como um revolucionário por sua doutrina comunista moderna, Marx atuou no campo intelectual em saberes da economia, filosofia, história, política e jornalismo, além, de através de seus pensamentos lequista contribuírem, segundo o site http://pt.wikipedia.org/wiki, pesquisado em 06/6/2011 em diversas esferas do conhecimento humano:

"O pensamento de Marx influencia várias áreas, tais como Filosofia, Geografia, História, Direito, Sociologia, Literatura, Pedagogia, Ciência Política, Antropologia, Biologia, Psicologia, Economia, Teologia, Comunicação, Administração, Design, Arquitetura, e outras. Em uma pesquisa realizada pela Radio 4, da BBC, em 2005, foi eleito o maior filósofo de todos os tempos" (WIKIPEDIA, 2011).

Marx era de origem judaica, sua mãe uma judia holandesa e seu pai era filho de rabino, sendo assim, pode-se perceber que Marx era neto de rabino e, naturalmente teve a influência do pensamento judaico, embora não demonstrasse interessado pela religião judaica ou outra qualquer a fins de regra e prática.
Marx com seu brilhantismo indiscutível compreendeu o trabalho como atividade gerada pela humanidade e que, através desta centralidade humana em torno do trabalho ocorre uma alienação social, que é provocada e controlada por classes dominantes. Influenciado por Hegel, Feuerbach, Saint-Simon, Louis Blanc, Proudhon, Adam Smith e David Ricardo, Marx revoluciona a sua época, pois ele considerava toda revolução sendo necessária, e que, não poderia ocorrer sem o uso da força. Segundo Marx, a violência se justificava porque Estado revidaria através da coerção para monopolizar-se no poder.
O intelectualismo judeu pode ser visto também na medicina dos séculos XIX e XX, com o neurologista judeu austríaco; Sigmund Freud que se tornaria o pai da psicanálise.
Compreende-se que a ciência do século XVIII, pretendia um vasto processo em considerações as vastas doenças incuráveis no período medieval e, entre estas funestas enfermidades, estavam às relacionadas à histeria e loucuras em geral.
Nos fins do século XIX, Freud já com 30 anos de idade, se destacava como médico é professor. Como especialista na área de neurologia, desenvolveu técnicas como inovadoras para sua época como, por exemplo, a teoria da mente e da conduta humana e também, como técnicas de cunho terapêutico, para ajudar pessoas afetadas psiquicamente. O Livro de Ouro da Psicanálise, organizado por Manuel da Costa Pinto p. 33, faz o seguinte comentário quanto à hipnose que passa neste contexto ser de interesse de Freud:

"Decepcionado com a técnica utilizada na época ? a eletroterapia -, passa a interessar-se pela hipnose. Um de seus colegas naquele tempo, com quem mantém contato é o médico Joseph Breuer. Este trata então de uma paciente chamada Bertha Pappenheim, que sofria gravemente de histeria. Caso apaixona Freud, que o torna celebremente conhecido como o "caso Anna O.", pioneiro da psicanálise. Em 13 de julho de 1883, Freud o revela por carta à sua noiva Martha, fascinado" (PINTO, Org., 2007).


A partir daí compreende-se que Freud, começa a formular suas ideias quanto os traumas sexuais. Após o seu afastamento quanto a seu amigo Breuer, Freud vai formular suas convicções sobre fantasias e as relacionou-as a experiências de sedução sexual na fase infantil, a partir dessas concepções que surgem suas maiores contribuições no campo da Psicanálise.
Na ciência a presença judaica é marcada principalmente por Albert Einstein, o criador da Teoria da Relatividade. Foi sem dúvida o mais célebre cientista do século XX, ganhando inclusive um prêmio Nobel em física no ano de 1921.
Einstein nasceu na Alemanha no ceio de uma família judaica, com um ano de idade, seus pais se estabeleceram e Monique, ali com três anos apresentou problemas com a fala, mas isso não o impediu de ser um jovem de grande talento.
Embora seus pais não fossem judeus praticantes, Einstein se voltaria para fé judaica. Segundo o site http://pt.wikipedia.org/wiki, pesquisado em 07/6/2011:

"Curiosamente Einstein desenvolve sozinho uma fervente fé judaica e passa a cumprir os rituais judeus incluindo o Shabat e a comida kosher. Einstein era aluno seguro e persistente, no entanto um pouco lento na resolução de problemas. Suas notas estavam entre as melhores da classe, e seu boletim era brilhante, segundo sua mãe Pauline. Durante esses anos obteve as mais altas notas em latim e em matemática" (WIKIPEDIA, 2011).


Einstein ainda infante interessou-se por obras de importantíssima relevância como, por exemplo, Os elementos de Euclides, a Crítica da Razão Pura de Kant e, talvez tenha sido tão influenciado por essas obras, que as tais, o faria aos doze anos abandonar por total a fé judaica.
Já adulto Einstein com 26 anos, surpreenderia o mundo acadêmico ao publicar cinco artigos ultra-científicos, que tratavam de assuntos relacionados principalmente; as propriedades energéticas, as dimensões moleculares, as partículas suspensas em fluidos em repouso, a eletrodinâmica dos corpos em movimento, e a inércia. De todos os artigos publicados por Einstein, o mais significativo para ele, foi à questão sobre as propriedades energéticas, que culminaria na fórmula da lei do efeito fotoelétrico. As descobertas de Einstein provocaram na sociedade, uma verdadeira revolução no pensamento humano de então, através de suas revelações filosóficas lequistas, que repercutiram nos séculos seguintes.


Referência Bibliográfica:
ARRUDA, José Jobson de A. História Moderna e Contemporânea. 10.ª ed. São Paulo, Ática, 1979.
PINTO, Manuel da Costa. Org. O Livro de Ouro da Psicanálise. 2.ª ed. Rio de Janeiro, Ediouro, 2007.
http://pt.wikipedia.org/wiki, pesquisado em 06/6/2011.
http://pt.wikipedia.org/wiki, pesquisado em 07/6/2011.