BARRETO, Sabrini Pimentel¹

SANTOS, Amanda Santana²

RESUMO: A reflexão acerca do processo de aprendizagem nas suas dimensões seja social, histórica, filosófica e instrumental, possibilita uma melhor compreensão da educação e da forma em que atua um profissional. Sendo assim, esse estudo teve como objetivo refletir a importância da formação inicial como uma nova perspectiva de formar um profissional de enfermagem crítico, competente e capaz de realizar uma transformação social. A partir desse ensejo, este artigo traz uma abordagem descritivo-explicativa, constando de uma revisão bibliográfica, utilizando-se de bases de dados o Scielo e Teses da USP. Conclui-se que a graduação em enfermagem vem apresentando dificuldades ao incrementar os novos enfermeiros no mercado de trabalho, devido à exigência de profissionais que obtenham pensamento crítico e reflexivo, que possua conhecimento científico, habilidade e competência.

Palavras-chaves: Educação em Enfermagem, Ensino e Docente de Enfermagem.

¹ Graduanda em enfermagem pela Faculdade São Francisco de Barreiras – FASB e pós-graduandos em UTI para Enfermagem pela Faculdades Integradas Ipitanga – UNIBAHIA, publicação: Humanização no CAPS: iluminando as vivências de indivíduos em sofrimento com terapia do riso.

² Graduanda em enfermagem pela Faculdade São Francisco de Barreiras – FASB e pós-graduandos em UTI para Enfermagem pela Faculdades Integradas Ipitanga – UNIBAHIA, publicação: Nível de conhecimento dos idosos de um bairro do município de barreiras, sobre hipertensão arterial

INTRODUÇÃO

Ao refletir o exercício da docência no curso de graduação em enfermagem é permitido questionar a metodologia no processo ensino-aprendizagem, que vem sendo implementada nas universidades bem como nos programas de aperfeiçoamento e atualização dos profissionais e nos eventos dirigidos à categoria (STACCIARINI; ESPERIDIÃO, 1999). Entretanto com o passar dos anos, através da docência, tem-se a oportunidade de observar que a formação acadêmica do enfermeiro passa sem dúvidas por questões de natureza filosófica e pedagógica incorporadas no currículo, norteando a atuação do profissional (STACCIARINI; ESPERIDIÃO, 1999).

Segundo Júnior (2008) a formação do enfermeiro em maior parte é realizada nos moldes de bacharelado, como é oferecida, visando o preparo do profissional para atuação nas áreas específicas da saúde. Seja em nível hospitalar ou de saúde coletiva favorece a educação permanente a qual visa à continuidade da educação após a graduação, mas com fins de manter a atualização em serviço, compreendendo a evolução científica e tecnológica que se dá a passos gigantescos, não abrangendo a docência ou quaisquer outros aspectos de ação pedagógica do enfermeiro e sim, a técnica.

Não se nota uma preocupação em relação à atuação na área da docência que, nos últimos anos, se ampliou como campo de trabalho para o profissional egresso, o que é evidenciado pelo aumento do número de escolas de nível técnico em enfermagem no Brasil, aumentando assim a necessidade da implantação da licenciatura em enfermagem que é uma formação complementar a graduação, tendo em vista o preparo para docência, a qual vem tomando espaço desde os anos 60. (JÚNIOR, 2008).

De acordo com estudos feitos por Vendrúscolo & Manzolli apud Stacciarini; Esperidião (1996) apontam que há tendências no currículo de enfermagem que apreendem diferentes formas de conceber o mundo, a sociedade, o homem, a saúde, e ainda os métodos e processos educacionais, resultando, portanto em diferentes formas de agir do profissional. Ressaltam ainda que o professor irá influenciar o processo educacional de acordo com sua ótica particular, condicionada pela maneira como ele vê e sente o mundo. Assim, a ação educativa será traduzida ora por posturas individualistas ou conservadoras, ora através de posições sociais ou de renovação, sempre de acordo com a atitude individual do educador caracterizando assim um ensino tradicional. Este tipo de educação por fim acaba formando um profissional com limites de criatividade, iniciativa, auto-responsabilidade e auto-direção.

A reflexão acerca do processo de aprendizagem nas suas dimensões seja social, histórica, filosófica e instrumental, possibilita uma melhor compreensão da educação e, mais particularmente, o processo de ensinar e de aprender na universidade, enquanto instâncias diferenciadas em termos conceptuais, mas que, em termos dimensionais, pela importância que encerram. Tem a mesma magnitude assim como em termos de relações, nos quais o sujeito do ensino, neste caso o docente, estabelece conexões entre sua subjetividade e o ambiente, produzindo, assim, os saberes necessários ao desenvolvimento da prática pedagógica (MADEIRA; LIMA, 2008).

Júnior (2008) complementa ainda que a importância dos saberes na educação decorre do fato do ensino aprendizagem no Brasil ainda parecer estar pautado em um fluxo unidirecional, esquecendo que a comunicação possui um caráter interativo com ação recíproca admitindo se que o conhecimento como algo inacabado e processual, não se pode compreender o ensino como uma seqüência de ações padronizadas com finalidade de transmitir informações, caracterizando-o como simples processo de disseminação de informações a respeito de um conteúdo fixo e distribuído ao longo do tempo.

Proporcionando um enfoque especial para a prática pedagógica no ensino universitário, esta aponta para a perspectiva de um paradigma inovador na sociedade do conhecimento e da informação. Ou seja, instiga o professor a sentir-se desafiado a buscar uma prática pedagógica que contemple a produção do conhecimento, como alicerce de sua docência cotidiana. O paradigma resultante inclui, entre outros, uma visão sistêmica ou holística, que busca a superação do conhecimento estático, propondo uma abordagem progressiva, que promova o diálogo e a discussão coletiva, crítica e reflexiva entre discentes e docentes, no ensejo de que o ensino e a pesquisa visem, sobretudo, à produção do conhecimento, com autonomia e espírito crítico e investigativo. (MADEIRA; LIMA, 2008).

A partir desse ensejo este artigo traz uma abordagem descritivo-explicativa acerca da influência do processo de aprendizagem como ferramenta fundamental para atuação do profissional enfermeiro. Consta de uma revisão bibliográfica, utilizando-se de bases de dados o Scielo e Teses da USP. Como procedência da busca desse estudo utilizou-se as palavras-chaves: educação em enfermagem, ensino e docente de enfermagem. Foram encontrados uma variedade de artigos científicos de revistas eletrônicas de enfermagem, dissertações e teses de mestrado, sendo apenas 11 selecionados para essa pesquisa, além de serem relativamente recentes e abordarem aspectos relevantes que merecem consideração a cerca de um novo perfil do enfermeiro como educador. Sendo assim, teve como objetivo refletir a importância da formação inicial como uma nova perspectiva de formar um profissional de enfermagem crítico, competente e capaz de realizar uma transformação social.

REFERÊNCIAL TEÓRICO

Neste século XXI, o mundo trabalhista não tolera mais os profissionais subordinados somente aos aspectos da profissão, devem estar também capacitados, preparados para a vida e prática mais dominada, sem subtrair a cientificidade da profissão. Dessa forma percebe-se como o docente é peça essencial na formação do profissional (RODRIGUES; MONTAVANI, 2007).

Em muitas instituições a prática do docente ainda é restrita a passagem de conhecimento, sem desviar do foco que seria crescimento e amadurecimento do aluno. É responsabilidade do docente possibilitar que a cultura e a sabedoria prévia possuída pelo aluno se exteriorizem, assim ambos adquirem conhecimento, extinguindo a visão do discente como somente receptor (RODRIGUES; MONTAVANI, 2007).

A discussão a cerca do processo de ensino aprendizagem sempre foi algo de reflexão para qualidade do desenvolvimento do profissional, porem para atingir este objetivo, é de suma importância pensar antes nos formadores desses profissionais. Diante do exposto para se entender a situação atual do ensino da enfermagem, torna-se necessário uma revisão e observação da evolução histórica da enfermagem, para posteriormente refletir a sua influencia sobre os formadores. (BRASIL; ALENCAR; MUCCI, 1996).

Resgatando a abordagem histórica os grupos de trabalhos existentes na enfermagem são oriundos da era cristã, onde predominava os ideais de fraternidade, de serviço, de caridade e de auto-sacrifício, sendo o saber dessa pratica expressado em simples procedimentos caseiros, como os cuidados domésticos prestados pela mulher. (FOCAULT apud BRASIL; ALENCAR; MUCCI, 1996).

Ainda segundo o autor citado acima o número de hospitais teve um aumento a partir do século V indo até o século XVIII visando assistência aos pobres e ao mesmo tempo de separação e exclusão não tomando como objetivo a cura da doença. Nessa época o preparo exigido para enfermagem era restrito, pois se exigia apenas, a saber, ler e escrever, o que tornava o profissional médico o responsável pelo esclarecimento cientifico necessário para essa pratica. .(FOCAULT apud BRASIL; ALENCAR; MUCCI, 1996).

Segundo Magalhães apud Faustino e Egry (2002), a formação do profissional enfermeiro tem sido marcada por caracteres de controle, domínio, enfatizando técnica, com carência de clareza ideológica. Esse conjunto de características vem sendo observado na atuação da enfermeira. Assim, esses aspectos são reproduzidos no decorrer de anos, afinal tem gênese no modelo de formação de Florence Nigthingale, já no século XIX. Então, os enfermeiros apresentam sempre atitudes de obediência, passividade, lealdade, respeitabilidade e submissão, que anteriormente eram ordenadas e atualmente cultivadas por muitas escolas de enfermagem.

No Brasil o trabalho da enfermagem teve início através dos jesuítas, e a partir dos anos 90 surge a primeira escola de enfermagem no Hospital Nacional de Alienados do Rio de Janeiro, exigindo ainda conforme no século XVIII como relatado por Focault (1996) que o profissional de enfermagem soubesse apenas a ler e escrever, e agora a ter conhecimento de matemática elementar. (LANTHIER apud BRASIL; ALENCAR; MUCCI, 1996).

Através desses dados históricos pode-se observar que surgiram novas faculdades de enfermagem, entretanto a formação do enfermeiro sempre se vinculava a outros motivos, que não a necessidade de melhorar a assistência prestada à população ou a qualidade da atuação do profissional, mostrando assim a submissão do profissional e a sua falta de autonomia, pois o que tem sido preconizado como postura profissional liderança, criatividade, participação, iniciativa e segurança emocional, na verdade subentende o estímulo à discrição, ao controle, à disciplina, à obediência, à docilidade e a criticidade que justificam e reforçam a dominação e subordinação de gênero e de classe na área da saúde. (WALDOW et al apud BRASIL; ALENCAR; MUCCI, 1996). Dessa forma o ensino de enfermagem passa a valorizar certas atitudes consideradas qualidades, fazendo com que os alunos busquem um comportamento adaptado na disciplina, na obediência e em padrões éticos, formando assim enfermeiros, conformados, bajuladores e que são orientados apenas para o cuidado relacionado para o tratamento e conforto do paciente.

A partir desse papel imposto pelas diretrizes curricularares de enfermagem os quais constituem um conjunto de indicações que devem direcionar o processo educacional do ensino superior orientando o planejamento acadêmico dos cursos de graduação. Como relatado no decorrer do texto, e em decorrência da postura adota pelos mesmos em virtude da sua formação Magalhães apud Faustino, Egry (2002, p.333) afirmam que:

"... não há como se tornar crítico quando só se pode falar aquilo que o professor quer ouvir. Não há como se ser criativo só executando atividades determinadas pelo professor, ser agente de transformação se as experiências propostas nas atividades curriculares continuam praticamente inevitáveis a várias turmas".

Com o passar dos anos, os profissionais sentiram maior necessidade de buscar o saber científico para fundamentar o ensino de enfermagem, estabelecendo assim a dimensão intelectual do trabalho e a valorização do homem como ser biológico e psicossocial. Neste contexto, houve crescimento do número de escolas de graduação de enfermagem e o corpo docente passou a ser representado por enfermeiros, com a colaboração de profissionais correlatos e os graduados, a cada ano, passaram a assumir a sua função educadora junto ao paciente, à comunidade e à equipe de enfermagem, e podem tornar-se futuros docentes. Em decorrência dessa mudança essa postura requer contínua reflexão sobre os princípios orientadores que norteiam a formação de futuros profissionais, ou a forma como são orientados os integrantes da equipe de enfermagem, pois sua ação prática não é apenas pedagógica, e sim política, transformadora da realidade em que vivem. (BRASIL; ALENCAR; MUCCI, 1996).

O currículo até então, vigente desde 1972, se encontrava totalmente fora dos padrões para as demandas de formação da enfermeira, o que gerou um movimento de discussão nessa área e iniciou uma mobilização nacional por parte das entidades e instituições ligadas à enfermagem, em todos os níveis, visando à elaboração de uma proposta de currículo mínimo de enfermagem. E essa proposta foi primeiramente apresentada pela Associação Brasileira de Enfermagem - ABEn a qual procurou adequar as necessidades de mudança e adequação na graduação de Enfermagem e, com algumas restrições, se fez representar através da Portaria n² 1.721, de 15 de dezembro de 1994, que regulamentou o Currículo Mínimo de Enfermagem Também em 1994 realizou-se o primeiro Seminário Nacional de Diretrizes para a Educação em Enfermagem no Brasil - SENADEn que formulou e apresentou várias diretrizes que deveriam ser incorporadas na formação do trabalhador de enfermagem em nível de graduação. (FAUSTINO; EGRY, 2002).

Ainda referente ao currículo de enfermagem Clapis et al (2004) complementa que a elaboração do mesmo é imprescindível para a formação do enfermeiro, pois este caracteriza-se pela flexibilidade, buscando romper como modelo arcaico e rígido de ensino, trazendo o projeto pedagógico como base de gestão acadêmico-administrativa de cada curso, fornecendo também os elementos da bases filosóficas conceituais, políticas e metodológicas que definem as competências e habilidades essenciais para formação dos profissionais enfermeiros.

Atualmente, a formação inicial do enfermeiro é regida pela Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 1996, a qual para melhora do ensino de enfermagem propõe entre outras medidas, a superação dos currículos mínimos e a adoção Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para cada curso de graduação e a mesma apresenta-se como uma nova forma de orientação geral a ser seguidas pelas escolas de ensino superior, contendo elementos indicadores e norteadores da formação nesse nível de ensino. (LEONELLO, 2007).

A qualidade e o ensino de enfermagem vêm sendo muito criticado nos últimos tempos, notando-se uma insatisfação tanto por parte dos discentes quanto pelos docentes, levando assim à necessidade de se repensar sobre os conteúdos, as praticas de ensino entre outras atividades desenvolvidas, além disso, outro ponto a ser observado é a realidade da academia, a qual é responsável por transmitir e elaborar os conteúdos que serão passados para os futuros profissionais, o qual nem sempre condiz com a realidade de trabalho que esta sendo oferecido pelo mercado, o que relata um antigo problema dos enfermeiros relativo na maioria das vezes á divisão entre a teoria e a pratica. (BRASIL; ALENCAR; MUCCI, 1996).

Frente a esta nova realidade e se aguarda a implantação das diretrizes curriculares que foram recentemente aprovadas pela Secretaria de Ensino Superior - SESu/MEC, novamente os órgãos formadores têm se mobilizado para conseguir aproximar a formação da enfermeira das inovações resultante do atual contexto político-econômico e cultural do país. (FAUSTINO; EGRY, 2002).

O profissional enfermeiro é uma peça fundamental nas ações educativas em saúde e as sua prática educativa se entrelaça em todo processo de trabalho assistencial prestado pela enfermagem, além das ações educativas constituírem um instrumento de trabalho desses profissionais. Entretanto apesar da importância do papel da enfermeira no desenvolvimento de ações educativas e das ações educativas estarem presentes em sua prática assistencial, pode-se observar uma distância considerável entre os projetos educativos desenvolvidos pelas enfermeiras no serviço de saúde e as necessidades da população. (LEONELLO, 2007).

De acordo com estudos realizados por Budó & Saupe (2004) a formação do enfermeiro possui uma pequena falha oriunda ainda da história da educação onde a mesma não os prepara para a prática educativa, mas sim para a participativa e dialogada, faltando assim competências e habilidades para que a enfermeira possa desempenhar seu papel educativo.

Diante do distanciamento constatado entre a formação de saúde e os serviços de saúde, torna-se necessário que os processos formativos na área de saúde promovam uma formação do profissional. Contanto que este possa acolher as necessidades da população, a partir delas promover práticas pedagógicas dialogadas e participativas, diminuindo cada vez mais a distância existente entre a academia e a atuação do profissional. (LEONELLO, 2007).

A partir do final do século XX tem sido debatido com muita ênfase o assunto Educação Transformadora, onde há intensa interação educador - educando, visando principalmente reformulação dos conhecimentos e habilidades aprendidas até então, com a elaboração de novos conhecimentos. Para que isso ocorra, é necessário reflexão crítica, curiosidade científica, investigação e criatividade, partindo da realidade dos discentes (FARIA; CASAGRANDE, 2004).

Segundo Faria e Casagrande (2004), um dos maiores obstáculos para ultrapassar na atualidade é aprender a viver juntos, afinal estamos em um mundo globalizado tendo como destaque a educação como grande triunfo. Para este século a educação deve ser norteada por quatro pilares: aprender a conhecer aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser.

Gadotti apud Faustino, Egry (2000) em seus estudos afirmam que os pilares da educação (o aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver junto e aprender a ser) conhecidos por muitos como "pilares do conhecimento e da educação continuada" são premissas considerados uma nova visão e um novo caminho ao futuro da educação. Onde o aprender a conhecer se relaciona com o prazer da descoberta, da curiosidade de compreender, construir e reconstruir o conhecimento, ou seja, aprender a pensar não simplesmente aprender a conhecer, o aprender a fazer que capacite o individuo para sua atuação profissional, a trabalhar em equipe ensinando-o a valorizar a sua competência pessoal em detrimento da sua qualificação profissional, o aprender a viver junto que significar entender o próximo, ter prazer no esforço comum e por ultimo o aprender a ser que tem a ver com o desenvolvimento integral da pessoa: inteligência, sentido ético, estético, responsabilidade pessoal, pensamento autônomo e critico, criatividade e iniciativa.

Os pilares abordados anteriormente refletem o perfil da enfermeira que se deseja formar, que consta nos mais modernos projetos pedagógicos e propostas de diretrizes curriculares apresentada pela categoria no 4º SENADEN concluindo-se que os quatro pilares se afirmam em todos os aspectos com a enfermeira idealizada. (FAUSTINO; EGRY, 2002).

Esse desafio acaba por exigir mudanças no sistema educacional, nas instituições, nas relações com outros setores e entre os atores, envolvendo a construção de novos papéis para educadores e alunos, considerando também a tendência das sociedades da informação e do conhecimento. Diante do exposto, apreende-se que o processo formativo de enfermeiros deve contemplar um projeto educacional que realmente contribua para a formação de cidadãos que possam se inserir de modo crítico e responsável no contexto sociocultural, político e econômico da realidade brasileira. (CLAPIS, 2004).

Dessa forma a educação do profissional enfermeiro visa não somente atender as necessidades do mercado de trabalho, mas também desenvolver no individuo a capacidade de reflexão sobre suas ações possibilitando-os construir mudanças tanto na pratica do dia-a-dia como em políticas publicas. Sem duvidas, a educação do trabalhador por si só, não resolvera os problemas de saúde existentes no país, entretanto poderá ser a melhor ferramenta para modificar a austeridade encontrada nas estruturas da saúde. (MONTANHA, 2008).

Uma das questões que deve nortear as reflexões a cerca da formação inicial da enfermagem é o quanto se esta próxima ou afastada da concepção de projeto político-pedagógico que se deseja alcançar, cabendo ressaltar que os docentes que, no momento, compõem a Comissão de Graduação, vêm empreendendo esforços na busca de viabilizar essas reflexões, envolvendo a comunidade escolar. Esses esforços por sua vez estão sendo motivados por alguns aspectos como as mudanças necessárias na formação do enfermeiro, tendo em vista o contexto atual de saúde e educação, as discussões que ocorrem nos cenários formais e informais da escola e de instituições de serviços de saúde (CLAPIS, 2004).

Esse processo envolve discentes, professores e profissionais, revelando insatisfações com a formação, as avaliações das disciplinas realizadas pelos discentes, nos distintos semestres, mostrando o predomínio do ensino tradicional que se encontra na contramão dos princípios que devem nortear os projetos político pedagógicos da área da saúde. Como exemplo, pode-se citar a utilização de metodologias ativas do processo ensino aprendizagem, a integração de conteúdos básicos e profissionalizantes, a educação voltada aos problemas mais relevantes da sociedade e a avaliação formativa. (CLAPIS, 2004).

CONCLUSÃO

Diante dessas reflexões, percebe-se que a graduação em enfermagem vem apresentando dificuldades ao incrementar os novos enfermeiros no mercado de trabalho, devido à exigência de profissionais que obtenham pensamento crítico e reflexivo, que possua conhecimento científico, habilidade e competência. Dessa forma conseguirá atingir a desejada educação transformadora no curso de enfermagem, para aprimorar o curso enquanto profissão e ciência, incentivando a ter profissionais transformadores da sociedade.

Percebe-se assim que não há como pretender uma transformação na formação inicial da enfermagem sem mudança efetiva. Tornando-se necessário investir não apenas no preparo de um novo profissional, mas sim de um indivíduo que seja cidadão que possua pensamento crítico, e que esteja preparado para criar e propor novas formas de educar.

Espera-se, com as idéias e análise de palavras de grandes estudiosos sobre o assunto exposto até então, deixar indagações e orientar outros estudos. Assim, propõe-se realização de pesquisas no âmbito de ampliar conhecimentos sobre a influência do processo de ensino e aprendizagem na prática do enfermeiro, identificando as possíveis contribuições dos docentes na atuação do profissional. Além de propor renovação no projeto pedagógico nas instituições, para que dessa forma consiga alcançar a formação de um profissional agente de mudança da realidade social.

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