A IMPORTÂNCIA DO FARMACÊUTICO NO CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS)

Diêgo Alexandre dos Santos Alves¹ 

 

Resumo – Este trabalho trata de um problema que importa à sociedade brasileira. Trata da importância do Farmacêutico nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). É um trabalho de revisão de literatura, onde foram incluídos artigos em português encontrados nas bases de dados Scielo e USP e excluídos os artigo de segundo plano e em línguas estrangeiras, onde dá principal relevância aos transtornos mentais e seus tratamentos com o auxílio direto do Farmacêutico. Visa expor à sociedade as questões relativas aos indivíduos com transtornos mentais, a forma de tratamento atual pelos serviços de saúde. O trabalho mostra desde o surgimento dos CAPS e o seu objetivo, que é evitar que os indivíduos com problemas psíquicos não sejam mais internados em hospitais especializados em Psiquiatria. Mostra ainda o papel do farmacêutico nessas instituições, suas funções e seus objetivos dentro dos CAPSs, onde o Farmacêutico presta orientação e informa sobre a importância do uso racional dos medicamentos a esses indivíduos com problemas psíquicos. Destaca ainda as ações de saúde mental, a aceitação da família quanto ao tratamento desses indivíduos, a discriminação social que esses indivíduos sofrem e sua própria aceitação ao tratamento desse problema, pois muitos não aceitam serem portadores destes transtornos.

Palavras-chave: Atenção Farmacêutica. Centro de Atenção Psicossocial. Saúde Mental. Transtornos Mentais.

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Abstract - This paper addresses an issue that matters to thef Brazilian society. It coverst the importance of the Pharmacist in the Psycho-social Care Units (CAP)S. It is a work of literature review which included articles in Portuguese found in databases Scielo and USP and deleted item in the background and foreign language, which gives primary importance to mental disorders and their treatment with the aid of Pharmaceutical Direct, which aims to expose the whole society issues concerning individuals with mental disorders, the current form of treatment by health services. The work shows since the emergence of CAPS and its purpose, which is to prevent individuals with mental health problems are no longer admitted to hospitals specializing in psychiatry. Also shows the role of pharmacists in these institutions, their functions and objectives within the CAPS, where the pharmacist provides all guidance and information about the importance of rational use of drugs to those individuals with mental health problems. It also emphasizes the mental health activities, the acceptance of family regarding the treatment of individuals, social discrimination that these people suffer and her own acceptance to the treatment of this problem, because many do not accept these individuals with mental disorders. 

Keywords: Pharmaceutical Care. Psychosocial Attention Center. Mental Health. Mental Disorders.

  1. 1.    INTRODUÇÃO

Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) surgiram como amplificadores para uma assistência mais adequada e humanizada, fazendo com que os assistidos possuam uma atenção devida de acordo com suas necessidades.  

De acordo com a Portaria do Ministério de Saúde de Nº 336, de19 de fevereiro de 2002, caracterizam-se por constituírem serviços de acolhimento comunitário ambulatorial que adotam para si a responsabilidade de cuidar de pessoas que sofrem com transtornos mentais, no seu território de abrangência. (BIELEMANN et al, 2009).

O objetivo central do CAPS é realizar uma função reguladora da porta de entrada da rede assistencial de saúde mental da população. O Farmacêutico realiza uma função muito respeitável na farmacoterapia dos pacientes, porém este trabalho não é individual e essa orientação deve ser em conjunto. Ou seja, todos os profissionais do centro necessitam participar, orientando de forma clara sobre a importância da medicação, esclarecendo todas as dúvidas desses pacientes, além de orientar os familiares também sobre a importância dos medicamentos prescritos para o paciente.

A Atenção Farmacêutica é um exemplo de prática profissional que consiste no fornecimento responsável dos fármacos com o objetivo de obter resultados concretos em resposta à terapêutica prescrita, que melhorem a qualidade de vida do paciente. Busca prevenir ou resolver os problemas farmacoterapêuticos, de maneira sistematizada e documentada, além disso, envolve o acompanhamento do pacientes (PEREIRA; OSVALDO DE FREITAS, 2008).

Oliveira e Mendes de Freitas (2008) citam ainda que a Atenção Farmacêutica tem como desígnio reduzir os custos com assistência médica e garantir maior segurança aos usuários de medicamentos.  Pode-se definir a atenção Farmacêutica como sendo provisão responsável pelo tratamento farmacológico com a intenção de conseguir resultados concretos que melhorem a qualidade de vida do paciente. É recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como elemento necessário na assistência à saúde e amparada por governos dos países desenvolvidos. É considerada ainda como indispensável na relação entre paciente e o medicamento. A Atenção Farmacêutica foi desenhada especificamente para atender as necessidades dos pacientes em relação aos medicamentos. Assim pode-se determinar a Atenção Farmacêutica como sendo a provisão responsável pelo tratamento farmacológico, com o intuito de alcançar resultados concretos que melhorem a qualidade de vida do paciente (OLIVEIRA; MENDES DE FREITAS, 2008).

O Farmacêutico realiza uma função decisiva na farmacoterapia, porém este trabalho não é individual e essa orientação deve ser multidisciplinar. Ou seja, todos os profissionais do centro necessitam participar, orientando de forma clara sobre a importância da medicação, esclarecendo todas as dúvidas desses pacientes, além de orientar os familiares também sobre a importância dos medicamentos prescritos para o paciente.

As ações de saúde mental por muito tempo foram consideradas de modo separado, quando  se buscava promoção dessas ações a partir da eliminação de fatores sociais, econômicos, culturais, políticos, entre outros. Uma vez que com os problemas psíquicos os indivíduos portadores destes problemas eram literalmente isolados, assim como em alguns casos nos dias de hoje. Dessa forma, a abrangência na esfera da saúde mental passa pelo crivo desses conceitos, a fim de observarmos como o desemprego, o crescimento da pobreza, o abandono, a desesperança, o isolamento social, entre outras situações, afeta a qualidade de vida das pessoas.

As disposições, em matéria de análise da atenção à saúde mental, têm variado conforme as épocas e os distintos contextos.  Elas têm estado quase unilateralmente definidas em termos técnicos e sanitários, excluindo determinantes significativos.  O alcoolismo, o uso de drogas, o suicídio e as tentativas de suicídio, a violência contra a mulher, o maltrato e o abandono das crianças, a prostituição forçada, os delitos, a violência, entre outros constituem o conjunto de situações existentes na sociedade que provocam sofrimento mental na população.

De todas as indisposições vividas pelo homem, a loucura, a doença mental e o sofrimento psíquico e emocional parecem atingir indistintamente pessoas de qualquer nacionalidade, raça, classe social ou religião. Entretanto, sabe-se que os mais pobres são os que mais padecem pela falta de atenção e cuidado, pois não tem opções de lazer e da aceitação da população (ANDRADE et al., 2009).

O adoecimento psíquico é um dos amplos problemas enfrentados na atualidade, afetando a saúde das populações e representando alto ônus para a saúde pública. Segundo estimativas da OMS, uma em cada quatro pessoas será comprometida por um distúrbio mental em uma dada fase da vida.

Os transtornos mentais ou neurológicos ou problemas psicossociais,  como os relacionados a álcool e droga,  atingem cerca de 450 milhões de pessoas. Os transtornos mentais comuns (TMC) abrangem transtornos não psicóticos; são caracterizados por sintomas como insônia, fadiga, irritabilidade, esquecimento, dificuldade de concentração e queixas somáticas. Os TMC constituem morbidade psíquica de significativa prevalência nas sociedades modernas, comprometendo pessoas de diferentes faixas etárias, trazendo sofrimento tanto para o indivíduo como para a família ou a comunidade. Em estudos realizados no Brasil e em outros países da América Latina identificou-se prevalências elevadas de transtornos mentais (entre 20,2% e 26,7%) (ROCHA et al., 2010).

A atenção às pessoas com transtornos mentais severos e persistentes deve ser pautada na possibilidade de construção de projetos terapêuticos, preocupados em promover o aumento dos fatores de proteção e a redução dos fatores de risco, que vulnerabilizam pessoas e, em muitas vezes, levam às recaídas ou trazem dificuldade na superação dos momentos críticos. A identificação desses fatores é muito importante para a condução de um adequado processo de oferta de respostas (MÂNGIA; MURAMOTO, 2006).

A importância do tema é devido à importância do papel do Farmacêutico nos CAPS. Além de ser um assunto que muitos não buscam informações devidas e por ser um assunto de muito interesse na Saúde Pública, para assim poder orientar os pacientes de forma clara e correta sobre a importância do uso racional dos medicamentos, medicamentos estes que são de extrema necessidade para os pacientes dos CAPS, pois são medicamentos regulamentados como controlados. Hoje, diante dessa importância, existem municípios que já está integrando o Farmacêutico no CAPS, devido ao desempenho de seu na orientação dos pacientes com problemas psíquicos.

O objetivo deste estudo é descrever a atuação do Farmacêutico, em equipe multiprofissional e sua contribuição para o uso racional de medicamentos na rede básica de saúde do Sistema Único de Saúde SUS. Deve-se disponibilizar a Atenção Farmacêutica devida ao paciente, ampliar uma atividade conjunta com os profissionais multidisciplinar além de promover uma orientação correta sobre o uso racional de medicamentos.

O Farmacêutico tem responsabilidade de promover aos pacientes o uso racional dos medicamentos juntamente com a equipe multiprofissional de saúde e à população. A assistência farmacêutica assim idealizada no Serviço Único de Saúde (SUS) é por natureza multiprofissional e sua maior finalidade é obter o sucesso terapêutico com a promoção do uso racional de medicamentos, que acontece quando os pacientes recebem os medicamentos adequados às suas necessidades clínicas, em doses adequadas e individualizadas pelo período de tempo solicitado e a um custo razoável para eles e para a comunidade.

A estratégia metodológica utilizada para este trabalho foi uma caracterizada pela busca de artigos científicos nas bases de dados eletrônicas Scielo e USP. Trata-se de uma Revisão de Literatura com o objetivo de identificar a importância do Farmacêutico no CAPSs, no tratamento farmacoterapêutico de pacientes com problemas psíquicos. Foram recuperados os artigos publicados entre 2003 e 2011; artigos em português, textos clássicos que incluíram os descritores Centro de Atenção Psicossocial, Atenção Farmacêutica, Saúde Mental e Transtornos Mentais.  Artigos em Línguas estrangeiras foram excluídos, além de artigos com tema em segundo plano. Foi encontrada uma limitação, pois não se recuperaram artigos publicados por Farmacêuticos, de modo mais frequente.

2   O PAPEL DO FARMACÊUTICO NA ATENÇÃO FARMACÊUTICA

A função tradicional do Farmacêutico foi desenvolvida pelo boticário que aprontava e vendia os medicamentos, ministrando orientações aos seus clientes sobre o uso dos mesmos. Era corriqueiro prescrevê-los. Conforme a indústria farmacêutica começou a se desenvolver, este papel do farmacêutico paulatinamente foi enfraquecendo. Então começa o período de transição. As atividades farmacêuticas voltaram-se principalmente para a produção de medicamentos numa abordagem técnico-industrial. Com a publicação da Lei 5.991/73, que ainda está em vigor, atribuiu às atividades farmacêuticas uma abordagem mercantilista. Segundo a Lei qualquer empreendedor pode ser proprietário de uma farmácia ou drogaria, desde que conte com um profissional Farmacêutico que se responsabilize tecnicamente pelo estabelecimento. O estabelecimento comercial farmacêutico voltou-se para o lucro e o farmacêutico começou a perder autonomia para a execução das suas atividades. O farmacêutico passou a agir como mero empregado da farmácia ou drogaria perdeu o respeito da sociedade e refugiou-se em outras atividades, distanciando-se de sua função de agente de saúde (VIEIRA, 2007).

Ser Farmacêutico é responsabilizar-se por promover o uso racional de medicamentos junto à equipe multiprofissional de saúde e à população. A Atenção Farmacêutica tem como finalidade reduzir os custos com assistência médica e garantir maior segurança aos usuários de medicamentos.

Pode-se definir a Atenção Farmacêutica como sendo a provisão responsável pelo tratamento farmacológico, com o propósito de alcançar resultados concretos que melhorem a qualidade de vida do paciente. É aconselhada pela Organização Mundial de Saúde – OMS – como componente indispensável na assistência à saúde e apoiada por governos de países desenvolvidos.  É considerada ainda indispensável na relação entre paciente e o medicamento. A Atenção Farmacêutica foi preparada designadamente para atender ás necessidades dos pacientes em relação aos medicamentos.  Possui âmbito extenso e está comprometida com a redução de morbidade e mortalidade, quando relacionada aos medicamentos com enfoque racional e global das decisões do tratamento farmacológico (OLIVEIRA; MENDES DE FREITAS, 2008).

As atividades do farmacêutico no Brasil estão colocadas na Assistência Farmacêutica, um conceito cuja construção começou no final dos anos 1980 abrangendo todas as atividades associadas ao medicamento, desde a pesquisa e produção até à dispensação de forma cíclica integrada. Após dez anos é constituída a Política Nacional de Medicamentos (PNM) que reorienta o conceito de Assistência Farmacêutica com a finalidade de garantir a segurança, a eficácia e a qualidade dos medicamentos, bem como a promoção do uso racional e o acesso da população aos medicamentos considerados essenciais, respondendo à necessidade, discutida internacionalmente há anos, de racionalizar o uso de medicamentos e ampliar o acesso reafirmando que os farmacêuticos deveriam assumir essa responsabilidade (ANGONESI; SEVALHO, 2010).

A profissão farmacêutica depara-se numa época de profunda modificação, no Brasil e no mundo. Entidades como a Organização Mundial de Saúde (1993) e Conselho Federal de Farmácia (2001) vêm metodicamente ressaltando a precisão de maior consistência do Farmacêutico junto às equipes de saúde e a provisão de serviços orientados ao paciente, num processo frequentemente referido como “re-profissionalização” (FRANÇA FILHO et al., 2008 apud VIEIRA, 2004).

Neste contexto, o Farmacêutico busca a “provisão responsável do tratamento farmacológico, com o propósito de alcançar resultados concretos que melhorem a qualidade de vida dos pacientes” (FRANÇA FILHO et al, 2008).  Angonesi e Sevalho (2010) mostra que o Farmacêutico deve ser um dos responsáveis pela terapêutica e não um mero submisso à autoridade médica. Somente nessa posição ativa poderá atuar na promoção do uso racional do medicamento e transformar a farmácia em estabelecimento de saúde. Ainda assim, algumas deficiências precisam ser retificadas, por exemplo, em relação à formação e capacitação do Farmacêutico, que deve ser criticamente voltada para um novo profissional. O Farmacêutico precisa ser formado para ser um profissional da saúde que pense criticamente a sua prática, e não mais um técnico em medicamentos.

3  ATENÇÃO FARMACÊUTICA NO BRASIL

Strand (1997) apud Provin et al (2010) diz que a Atenção Farmacêutica é um exercício
profissional onde o farmacêutico toma a responsabilidade de atender às necessidades do paciente em relação ao emprego de medicamentos e adquire um compromisso a esse respeito.

Pode ser determinada como provisão responsável da farmacoterapia, cujo objetivo é alcançar resultados definidos para a melhoria da qualidade de vida do paciente, individualmente considerado (HEPLER; STRAND, 1990 apud PROVIN et al., 2010).

No entanto, os farmacêuticos e os demais profissionais de saúde ainda não mostram claramente a consciência das suas funções no cuidado à saúde. Isso pode ajudar a explicar porque o Serviço Único de Saúde (SUS) e outras fontes pagadoras de assistência à saúde não reconhecem o Farmacêutico como prestador de cuidados nem estabelecem claramente a forma de reembolso por esses serviços. Com isso o Farmacêutico criou seu próprio conjunto de regras, isolando-se, consciente ou inconscientemente, do resto da equipe de saúde. A falta de eficiência na farmacoterapia assume dimensões importantes. A Atenção Farmacêutica como estratégia de Assistência Farmacêutica na Saúde da Família pode ser uma opção eficaz na obtenção de melhores resultados clínicos e econômicos, além de, consequentemente, melhorar a qualidade de vida dos usuários do SUS.

A Atenção Farmacêutica constitui uma prática profissional centrada no paciente, que se encontra em fase de implantação em algumas farmácias de diversas regiões do Brasil, enfrentando, porém, muitos empecilhos que devem ser superados em prol do resgate da profissão diante da sociedade. A implantação da Atenção Farmacêutica, como parte dos serviços farmacêuticos prestados em farmácias comunitárias, exige ampla mobilização de profissionais e acadêmicos.

Esta implantação inicia com a elaboração da Proposta de Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica, onde a prática de Atenção Farmacêutica envolve macrocomponentes como a educação em saúde, orientação farmacêutica, dispensação atendimento farmacêutico e seguimento farmacoterapêutico, além de registro sistemático das atividades, mensuração e avaliação de resultados, passa pelas novas diretrizes curriculares dos cursos de Farmácia, que focam a atuação como profissional da saúde, e exige do farmacêutico a busca de um nível de aprimoramento interdisciplinar condizente com as novas responsabilidades, remetendo-o a assumir efetivamente a autonomia de seu cargo liberal, incorporando os componentes da moral, ética e ideologia dentro de sua atuação (OLIVEIRA et al., 2005).

 

 

4   REABILITAÇÃO PSICOSSOCIAL

A reabilitação psicossocial é mencionada ainda como um processo que vem modificar a dicotomia saúde/doença. O processo de reabilitação psicossocial demanda variáveis a serem trabalhadas como habitação; trabalho e relações sociais. Estas variáveis envolvem contextos micro e macrossociais.  A reabilitação é entendida como um processo que implica abertura de espaços de negociação para o paciente, para a sua família, para a comunidade circundante e para os serviços que se ocupam do paciente; a dinâmica da negociação é contínua e não pode ser codificada de uma vez por todas (BABINSKI E HIRDES, 2004).

Jorge et al. (2006 diz que a reabilitação psicossocial do portador de transtorno mental é um conceito forjado no interior do movimento brasileiro de Reforma Psiquiátrica, tendo como referência, propostas da Psiquiatria Democrática, responsável pelo aprofundamento, na década de 1970, na Itália, da crítica aos asilos, dando vez à promulgação da Lei nº 180/78.

5   A ATUAÇÃO DOS CENTROS DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL (CAPS)

Oliveira e Mendes de Freitas (2008) mostram que os princípios dos CAPSs, em outras palavras, estabelecem um serviço comunitário que tem como objetivo cuidar de pessoas que sofrem com transtornos mentais, em especial os transtornos severos. Os CAPS representam mais do que uma simples alternativa ao modelo hospitalar predominante, funcionando com a determinação de evitar internações psiquiátricas e diminuir sua reincidência. Principalmente por tornar possível o desenvolvimento de laços sociais e interpessoais, indispensáveis para o estabelecimento de novas possibilidades de vida.

Ultimamente, o Brasil está vivenciando diversas experiências e iniciativas nos campos assistencial, jurídico e cultural, onde é constatada a viabilidade do modelo substitutivo ao hospital psiquiátrico (MARZANO; C DE SOUSA, 2004). Ainda assim os CAPS têm continuado mais em seu papel técnico-assistencial, aumentando com dificuldade sua função de implementador de inovações no modelo de atenção em saúde mental. Ainda explanam fragilidade, quanto à diversificação das ações de qualificação do cuidado e modificações no imaginário social quanto às questões de rejeição à loucura.

O território de atuação do CAPS tem como um referencial a crença de que o cuidado integral só ocorre a partir do conhecimento do contexto do sujeito, assim o serviço tem que se disponibilizar a atuar, de forma ágil, nas várias situações, dando uma resposta efetiva às mesmas, na busca da resolução do problema. Assim como outras formas de atuação na comunidade, intervenções em locais públicos, demandas telefônicas, entre outras, as visitas domiciliares são uma maneira de demonstrar confiança na capacidade de suporte do serviço, permitindo melhor vinculação dos usuários e seus familiares, já que estes se sentiriam seguros (BIELEMANN et al., 2009).

5.1    O ACESSO AO CAPS

De acordo com Camatta e Schneider (2009) para a comunidade poder acessar os CAPSs é imprescindível que a equipe acredite na possibilidade do acolhimento, como estratégia de sua organização. O acolhimento juntamente com a escuta atenta do sofrimento daqueles que buscam os CAPSs, representam o primeiro contato desses sujeitos com a equipe a qual visam estabelecer um vínculo terapêutico e de confiança. Esse acolhimento da equipe de saúde mental envolve a escuta das necessidades que emergem da biografia e da situação existencial daqueles que buscam o serviço, seja o sujeito em sofrimento psíquico, seja o seu familiar, ou ambos. Deste modo, ao acolhimento está imbricada a escuta atenta de todos que procuram o serviço, a criação de vínculo, compromisso e credibilidade mútua entre os envolvidos. É no contato entre profissionais, usuários e familiares que se opera o acolhimento, devendo, portanto, ocorrer uma discussão no âmbito desses serviços sobre utilização deste recurso como uma importante ferramenta de trabalho, desta forma que as equipes de saúde mental devem entender (CAMTTA E SCHNEIDER, 2009).

5.2    ESTRUTURA PARA A PRÁTICA DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA

França Filho et al. (2008) mostra que o acesso às fontes terciárias de informação sobre os fármacos é fundamental para a prestação de serviços de qualidade na dispensação ou acompanhamento farmacoterapêutico, é um dos indicadores de estrutura para a prática de Atenção Farmacêutica.  Esses indicadores de estrutura refletem condições da farmácia para a realização de serviços de atenção farmacêutica. A verificação destes indicadores é necessária para avaliar se a estrutura existente é suficiente e que mudanças são necessárias para viabilizar a implantação do serviço (SILVA, 2003 apud FRANÇA FILHO et al., 2008).  Para a prática de Atenção Farmacêutica e, sobretudo um dos seus componentes, o acompanhamento farmacoterapêutico, é de fundamental importância para a estrutura física com espaço para atendimento privado e semiprivado.

 

 

6        ATIVIDADES REALIZADAS PELO FARMACÊUTICO NA FARMÁCIA

As atividades realizadas pelo Farmacêutico, fundamentalmente, na farmácia ainda é comum a divisão de seu trabalho entre atividades técnicas (dispensação, acompanhamento farmacoterapêutico e verificação da pressão arterial) e administrativas (aquisição de medicamentos). A dispensação de medicamentos e o controle de compra e venda de medicamentos sujeitos a controle especial são as atividades realizadas pelo maior número de farmacêuticos. Os serviços como verificação de pressão arterial e determinação da glicemia são importantes para a verificação de resultados clínicos da farmacoterapia, um dos objetivos do acompanhamento farmacoterapêutico, além de possibilitarem ações de detecção precoce de casos suspeitos (FRANÇA FILHO et al., 2008).

7        CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os CAPS têm permanecido em seu papel técnico-assistencial, aumentando com muita dificuldade sua função de implantador das inovações no modelo de atenção em saúde mental. Com todo esse modelo os CAPS passam ainda por muita fragilidade, principalmente quanto às questões de rejeição à loucura.

Os CAPS tem uma importância relevante perante a sociedade brasileira, pois tentam pôr fim nos hospitais especializados tratando os cidadãos com transtornos mentais, acolhendo e reintegrando-os na sociedade ou oferecendo orientação farmacoterapêutica adequada a esses seres humanos. Com esse tipo de tratamento os indivíduos portadores de transtornos mentais são evitados das internações psiquiátricas, tornando possível o desenvolvimento de laços sociais para novas possibilidades de mudanças de vida.

Dentro dos CAPSs os Farmacêuticos possuem uma função importante, delicada e respeitável com os indivíduos com transtornos mentais e com seus familiares, pois o estes profissionais são o principal responsável na farmacoterapia desses indivíduos, pois são eles que orientam o paciente e a família quanto à adesão farmacoterapêutica.

Por serem discriminados os indivíduos portadores de problemas psíquicos não dão continuidade ao tratamento, atrapalhando assim todo tratamento planejado pelos profissionais. Os mais pobres são os que mais sofrem discriminações e dificuldades com o tratamento, mas é devida essa dificuldade que responsáveis pela saúde pública estão aos poucos implantando os CAPSs, para assim tratar os portadores de transtornos mentais. Para melhor resultado no tratamento desses indivíduos a família deve participar ativamente no tratamento, pois assim o portador adere com mais facilidade ao tratamento ajudando a si próprio.

Com a inclusão do Farmacêutico nos CAPSs. Estes profissionais passam a ser mais respeitados não só pelos portadores de transtornos, mas por toda a equipe multiprofissional, pois ele deixa de ser visto como um mero dispensador de medicamentos, para o profissional responsável pela farmacoterapia dos pacientes em questão, desde a orientação sobre os medicamentos até a administração desses medicamentos.

REFERÊNCIAS

 

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