O objetivo deste artigo é analisar a importância da figura paterna na formação da personalidade. A missão de educar não é uma tarefa nova para a humanidade. Todos os homens e mulheres não nascem prontos e acabados. O ser humano é um processo infinito, um verdadeiro caminho aberto. Muitos homens de renome ficaram conhecidos em seu tempo como educadores, dentre eles cientistas, filósofos, professores, pais e mães de família. Propuseram ensinamentos novos que se fundamentaram nos valores herdados e transmitidos de geração em geração. O pai de família com seu jeito carismático de ser sempre usou uma metodologia acessível a todos os filhos, através de padrões de comportamentos, embora a forma patriarcal nem sempre desempenhou uma atenção amorosa e pessoal a cada pessoa humana. Na experiência das primeiras famíliashumanas aparece a necessidade de educar as crianças, para que elas encontrassem um ideal de vida e as respostas para os desafios que o tempo ia apontando. Contudo, havia um sistema único de construir as famílias tradicionais e de mantê-las.

            Hoje, vivendo num tempo diferente, exigente, transformado, os novos desafios põem à prova a nossa criatividade e fidelidade aos sistemas padronizados de educar. Enfrentamos precariedade de recursos humanos, falta apoio das autoridades às famílias para educar os filhos, não há formação suficiente dos professores, não há um compromisso de toda a família nesse projeto educacional, além de novas famílias que começam a aparecer. Em busca de uma nova consciência de ser família e da função paterna é que procuramos neste trabalho apontar os desafios e sugerir novas propostas de ação educacional, de forma integradora, pois no processo humano é salutar reconhecer que a personalidade é formada até os sete anos de idade e se até esta fase não há uma efetiva e afetiva presença paterna, vários problemas de aprendizagem e de convivência vão aparecer na vida da pessoa.

            Com base nos mais diversos referenciais do desenvolvimento humano, tais como Piaget, Vygotsky, Freud, Jung, Lacan, Paulo Freire enfocamos a importância dessa figura paterna no desenrolar da vida do ser humano. Tais estudiosos vão nos auxiliar a ver e rever os entraves e os avanços que ocorre nas crianças, bem como a origem dos traumas, neuroses, desajustes familiares e sociais, além de sugerir respostas a cada situação encontrada.

            O maior legado da nossa história é satisfazer às especulações acerca do homem. Entretanto, nem sempre se fala do homem como um conjunto de elementos e funções ajustadas e integradas. Aqui tenta-se abordar uma visão do homem todo, de suas situações diversas, de suas fases de evolução, de suas dimensões sociais, psíquicas, afetivas, etc pois sabemos que todas são interdependentes e complementares. A personalidade doentia ou sadia é fruto de uma história humana cuidada ou descuidada. É por isso que nossa proposta é traduzir em linguagem acessível o enfoque psicanalítico e daí haurir subsídios que tratam da importância da figura paterna na mais tenra idade dos filhos. O objetivo aqui consiste em contribuir, portanto, com as novas gerações de pais de famílias, na mais harmoniosa forma de conduzir a família e ser espelhos e boas referências para o mundo em que se vive.

Este estudo tem como pertinência analisar a atuação do pai como educador e asua importância na formação da personalidade dos filhos. A história da humanidade foi contada de forma complexa e sempre obedecendo padrões de comportamentos e de vida. Esta sofreu muitas transformações nos últimos séculos e na pós modernidade, de forma decisiva, mudaram-se todos os paradigmas e referenciais considerados lineares e verdadeiros na cultura, na sociedade e na família. Vários fatores contribuíram para este avanço e transformação, a saber: a globalização, o sistema capitalista, os meios de comunicação de massa (principalmente a internet), os novos sistemas ideológicos relativistas, as novas ideologias políticas, educacionais e do livre pensar, além de um investimento nas filosofias de vida que fortalecem, no mundo inteiro, a interação entre o subjetivismo e o posicionamento eclético, isto é, a liberdade de expressão em todos os campos do saber e do conhecimento.

A partir dessas rápidas e evidentes mudanças históricas, em nível mundial, surge o novo paradigma familiar. Constata-se que a família passa por diversos momentos de mudanças na sua estrutura ao longo dos anos. Aquilo que era considerado completo agora não mais é aceito como padrão. Se o mundo mudou e estamos numa época de mudanças, mudou-se também a maneira de ver os membros da família e a função de cada um deles. Por um lado, pai, mãe e filhos agora não são mais tratados como sendo um processo unificado, mas que possuem uma específica maneira de tratar cada um em sua individualidade. Por outro lado a família necessita ser definida com novas palavras e definições de papéis sociais. Não existe mais, na maioria das famílias, a estrutura tradicional. Muitas famílias já não tem mais pai e mãe. Outras sofrem com a falta do pai. Constata-se que 80% dos casamentos realizados são nulos. Destes, 60% já foram para o divórcio ou estão separados. É necessário, pois, seguir novos caminhos de busca dos novos valores e resgatar os que foram perdidos nessa brusca e veloz reviravolta histórica...