A Humanidade deve muito às Mulheres
Antônio Padilha de Carvalho


A sociologia através dos seus estudos dão conta de que a supremacia conquistada pelos homens em relação às mulheres deveu-se ao uso da violência, da brutalidade, da imposição, do desrespeito, do abuso da força.

A proposta sempre foi aquela de sujeição da mulher aos caprichos masculinos, basta folhearmos a nossa triste e vergonhosa história para depararmos com os mais aterrorizantes quadros. Relembremos alguns: Na Grécia, Sólon decretou que qualquer ato realizado sob a influência de uma mulher não seria considerado válido perante a justiça.

Seguindo esse mesmo pensar o também Grego Eurípedes, considerava as mulheres "vítimas de inferioridade mental."

Na antiga Rússia, quando do casamento das filhas, o pai aplicava-lhes, algumas chicotadas, e depois entregava o chicote ao marido, numa transmissão de poder.

No Oriente, há pouco tempo atrás, as mulheres não tinham o direito de continuar vivendo após a morte do marido, devendo suicidar-se ou ser morta para acompanhá-lo na sepultura.

As nossas mulheres sempre foram maltratadas. A esposas e filhas eram na verdade escravas do chefe de família, que as tratava como parte de sua propriedade. Os Judeus as comerciavam, trocavam por mercadorias.

Nas sociedades mais antigas, e por incrível que pareça, na atualidade, as regras continuam a promover a sujeição da mulher.

Quantas mães para evitar sofrimentos de suas filhas recém nascidas, acabaram por destruí-las ao nascer? Somente os filhos homens eram bem vindos. Ainda hoje não convivemos com esse sentimento absurdo? Quantos por aí afirmam em alto e bom som: "...para ser macho o homem tem que fazer macho!", quando na verdade sabemos que cientificamente, apenas os genes femininos podem decidir o sexo da criança.

Se adentrarmos na seara religiosa aí sim que vamos deparar com verdadeiras barbaridades. Os homens dominam as religiões. O Alcorão, livro sagrado dos muçulmanos por exemplo, toma as mulheres como criaturas imperfeitas, podendo o homem espancá-la quando necessário.

Nas igrejas Cristãs o sacerdócio é privativo do sexo masculino. Na Bíblia Sagrada a mulher é posta como agente das trevas, coisa do demônio, vez que é a causa da perdição da Humanidade. Mais adiante, já no Novo Testamento, a mulher é flagrada em adultério, todavia, não aparece o adúltero, apenas a adúltera. Como pode Maria de Magdala ser considerada adúltera, se ela era solteira?

Sempre existiram e ainda persistem restrições às atividades das mulheres. Mesmo honradas no lar, negavam e negam-lhes as oportunidades fora das paredes de casa.

Esse tipo de organização social caracterizado pela autoridade doméstica do pai e pelo comando político masculino, com conseqüente exclusão das mulheres, já demonstrou-se falho, ultrapassado e altamente injusto, trazendo inúmeras patologias sociais que requerem alterações profundas nos padrões da nossa cultura humana.

Antônio Padilha de Carvalho é professor, escritor, acadêmico de Geografia da UFMT e Presidente do IMPDrog ? Instituto Mato-grossense de Prevenção às Drogas.