Em nossa rápida trajetória neste mundo de ilusões efêmeras, a nossa alma, sempre suscetível às utopias, em algum ponto da jornada pensa em alcançar um céu. Uma Pasárgada!
Sócrates, o mestre dos filósofos, diz que para nascermos necessariamente estávamos mortos em algum lugar e vice versa. Alguém comentou que para virmos a este mundo tomamos a água do rio do esquecimento. O Átropos, nos Hades.
Esse procedimento é vital para o cumprimento da nossa missão. Aqui, tomamos decisões, escolhemos caminhos usando o livre arbítrio. Se nos lembrássemos do conhecimento transcendental trazidos de outras eras, não lutaríamos, não teríamos superações, não haveria mérito.
A alma, em sua jornada nem sempre simétrica, ora tende a Deus, ora ao diabo. Relata um trecho de uma rumba caribenha que os instrumentos da vida são "una escalera grande, outra chiquita".
Sendo a vida una em essência, bipolar em constituição e trina em manifestação, experimentará de tudo um pouco. Certa feita, amigos comuns me incumbiram de aconselhar um corretor bastante conhecido em sociedade. Ele circulava sempre alcoolizado e pegava muito mal.
Chamei-o reservadamente e, como amigo, conversamos. Solícito e mesmo agradecido deu-me a resposta: "o mundo é composto. Tem que ter de tudo um pouco".
Buscamos no mundo exterior uma Pasárgada. Basta atravessarmos o deserto de nós mesmos e encontraremos o Céu ou o Inferno. Seremos ora carrascos, ora vitimas, santos, demônios.
Ao avaliarmos as muitas e tantas filosofias, doutrinas e códigos de conduta, jeitos e maneiras que se nos apresentam, lembremos-nos de Antonio Conselheiro ao ser inquirido sobre o porquê do sofrimento que agüentava o seu povo, naquele cerco. Respondeu ele que "a virtude era uma quase impiedade".