A DINÂMICA DA CULPA NA VISÃO DO AUTOGERENCIAMENTO VIVENCIAL

A culpa sempre nos conduz a uma atitude autopunitiva, que nos enfraquece e nos torna vulneráveis ao controle, aos caprichos ou aos desejos de terceiros.
Há quem diga que já nascemos culpados. Na ótica do autogerenciamento vivencial, entretanto, o sentimento de culpa resulta de uma educação que prioriza a punição. São estabelecidos os parâmetros de certo e errado. E nos tornamos culpados quando violamos o que foi determinado como correto. Além disso, a única forma de alguém se redimir dos seus erros é através do castigo.
O grau de autopunição será determinado pela maneira como cada pessoa entende os seus próprios erros. Assim, para o autogerenciamento vivencial, existem dois elementos importantíssimos que atuam na construção e na dinâmica do sentimento de culpa . São eles: a educação familiar e o modo individual de lidar com os próprios erros.
Inicialmente, destacaremos a importância da educação familiar na formação do sentimento de culpa. A criança vem ao mundo sem condição nenhuma de cuidar de si mesma, é um ser totalmente dependente, necessita de alguém até que atinja o desenvolvimento que lhe permita a independência. Cabe a família, então, a responsabilidade de cuidar e de ensiná-la, enquanto ela cresce. Para isso, se utiliza do recurso da punição como forma de alcançar os seus objetivos educacionais.
Infelizmente, muitas famílias fazem uso da punição de maneira irracional, ignorando os direitos da criança, submetendo-a a uma situação em que prevalecem o autoritarismo, a crueldade e a falta de amor. E os pais, influenciados talvez pela maneira como foram criados, não conseguem perceber que estão passando para os filhos os males que eles próprios sofreram. A falta de respeito, a pancadaria, a humilhação e a injustiça praticadas no seio familiar comprometem o desenvolvimento humano. Na prática, contudo, muitos pais ainda fazem uso de tais recursos. Não conseguem perceber que a educação não deve ser só punitiva, ela deve ser interativa, reflexiva e construtiva.
Evidentemente que determinar limite se faz necessário. Não podemos esquecer que a criança é um ser em formação e que o aprendizado de regras sociais é fundamental para se viver de forma civilizada. Mas muitos pais confundem limite com extirpação. Dar limite não é extirpar de uma criança o seu desejo de existir em liberdade. Ela , em seu desenvolvimento, não deve ser culpada por pensar diferente, de agir, às vezes, de forma que contraria o que os pais determinam como certo. É preciso que haja diálogo, muito diálogo, para que haja compartilhamento. E não uma imposição.
Infelizmente, por causa do modo como foram criados, muitos são os adultos que não conseguem se desvencilhar do passado. Culpam-se, muitas vezes, por não terem correspondido aos desejos dos pais; têm dificuldades para se aceitarem, tornando-se, por isso, pessoas dependentes, infelizes, inseguras, temerosas e cheias de dúvidas.
Para o autogerenciamento vivencial, só é possível evitar tantos males, educando sem dor e sofrimento, com respeito e solidariedade, mas para isso é preciso que haja por parte dos pais afeto, compreensão e sabedoria que lhes permitam se libertarem de um passado de dor e sofrimento para que este não interfira na educação de seus filhos.
O segundo ponto a ser destacado é a maneira com que cada pessoa lida com os próprios erros. O autogerenciamento vivencial, em sua análise, abandona a visão unicista de erro e passa a vê-lo sob dois aspectos: cognitivo e vivencial. Entender a diferença entre erro cognitivo e vivencial nos propicia uma melhor gestão dos nossos erros e consequentemente dos nossos sentimentos de culpa.
O erro cognitivo está vinculado ao aprendizado formal, ao já estabelecido, que depende de conhecimento para que não aconteça. A pessoa é avaliada pelo que já aprendeu. Há uma pré-determinação no julgamento. Eu me culpo ou sou culpado por não ter usado o conhecimento de forma adequada.
Já o erro vivencial está vinculado a um quadro de escolhas. A pessoa faz a escolha, entretanto só mais tarde é que verificará se a fez corretamente ou não. Não há uma pré-determinação no julgamento. O sentimento de culpa, nessa situação, ocorre posteriormente à escolha, após a sua vivência.
Convém compreender que, no momento em que a escolha foi feita, ela era, quem sabe, a melhor opção; porém, com o passar do tempo, verificou-se que não era bem assim. Por que nos culparmos tanto por algo cujo resultado ainda não sabíamos? Na realidade, a culpa que sentimos não vem propriamente do erro em si, mas da maneira como reagimos quando fazemos escolhas inadequadas. Devemos ser menos rígidos, na nossa auto-avaliação.
Enfim!!!
O autogerenciamento vivencial, ao expor a sua visão de erro, além de ter como objetivo nos ensinar a lidar com os nossos erros de forma diferente, cada qual no seu contexto; ensina-nos também a não nos perturbarmos tanto com eles.
A forma que você introjeta a culpa é determinante na maneira de interagir com ela. A autopunição está diretamente ligada a esse entendimento.
Segundo o autogerenciamento vivencial a autopunição sistemática e a medicalização do sofrimento acabam desencadeando um processo de adoecimento.


Por que nos culpamos desnecessariamente? Será que estamos esquecemos que ainda somos humanos!!!!

Não se esqueça! Ontem já foi futuro, já foi presente e hoje é passado.


Drº Cláudio de Oliveira Lima ? psicólogo

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