A DEGRADAÇÃO MORAL – Um Sinal dos Tempos?

Por PAULO DIAS GOMES

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1-INTRODUÇÃO

“Os vícios de outrora são os costumes de hoje.”

 Sêneca

 

É incontestável que o mundo tenha perdido o senso do que é certo ou errado: abortos, casamentos de pessoas do mesmo sexo, massacres, drogas, prostituição, sadomasoquismos, rituais macabros...são fenômenos sociais.

Seriam, meras consequências da uma sociedade que está evoluindo e sofrendo mudanças bruscas relacionadas com os conceitos morais?

Considera-se que Tudo é normal, ora se “NORMAL” está relacionado com seguir norma, regras e se seguir regras é deixar de agir por conta própria, então a liberdade só pertence ao anormal. Seria todo este processo sociológico, um reflexo da decadência espiritual do homem? Estaríamos voltando aos tempos de Sodoma e Gomorra? (Gn. 14:2), das orgias romanas, das lutas sangrentas nas Arenas? O que é a ética e a Moral para um mundo que chega ao final de mais um milênio? O que se entende por Valores Humanos num sistema materialista? Somos apenas máquinas de produção na bestialidade de nossas concepções evolutivas/

Estamos rindo dos que passam fome, incendiamos mendigos e indigentes nos terminais de ônibus e nas ruas, interrompemos o trânsito só para observar os destroços de um acidente, adoramos filmes de terror, grupos que veneram demônios, tatuagens de caveiras, enfim, somos “Cowboys fora da Lei.”  Isto é loucura ou é a marca da evolução cultural?

Este interesse sádico dos tempos contemporâneos são os mesmos de outrora, quando éramos selvagens, bárbaros, canibais, trogloditas...O que mudou na humanidade? Quando falávamos de amor, éramos idealistas. Quando falávamos de evolução, éramos realistas. Blaise Pascal ( 1623-1662) descreve esta transição dentro de um dilema: “A razão manda em nós muito mais imperiosamente do que um senhor; é que, desobedecendo a um, é-se infeliz, desobedecendo a outro, é-se tolo.”

Nesta perspectiva não seria melhor buscar a virtude do equilíbrio aristotélico e a compensação do conhecimento dentro do enfoque sistêmico de ambas as realidades?

 

 

2.-PRESÁRIO EPISTEMOLÓGICO

“Saiba que nos últimos dias haverá momentos difíceis”

(II Tm. 3:1)

Esta mensagem de II Timóteo 3, leva-me a questionar: Os últimos momentos serão difíceis de aceitar, entender, perdoar, ou fazer?

Para responder estes questionamentos, devemos avaliar o contexto histórico: A árvore da Ciência, do Bem e do Mal (Gen. 2:9), que permitiu ao homem um salto histórico, saindo das cavernas sujas e fedorentas para as grandes suítes de luxo, para as viagens interplanetárias, Internet, clonagem humana, porém, levou os homens a serem mesquinhos, buscarem o prazer físico, ambição e antiéticos.

Todo este processo desencadeou uma nova perspectiva sobre o futuro:

-Somos donos dos nossos destinos? Podemos alterar o futuro para o que nos convier? Ou somos vítimas de um mecanismo que perdemos o controle?

Se a educação, a mídia, a religião, a política social e econômica são aparelhos Ideológicos, e se todo projeto visa ao favorecimento de poucos tendo como consequência o desmerecimento de muitos, se a realidade tem que se manter como está para quê alguns continuem no Poder; de que forma o homem pode dizer que existe um sentimento de liberdade ativa para com seu destino? (Louis Althusser, 1918-1990)

Será que o apocalipse está acontecendo no âmbito físico ambiental, é devido a uma revolução interna que desnorteia os extremos do ser, aniquilando a sua essência e o conceito crítico da realidade?  ou a fatalidade profética é inevitável, mesmo tratando-se o homem como um fator de mutabilidade? Quando se fala sobre em ESCATOLOGIA[1], ou sobre o futuro da humanidade, a primeira ideia é a narrativa profética do APOCALIPSE de São João. Na verdade, para se fazer um estudo escatológico faz-se necessária uma avaliação histórica, etimológica, simbólica, psicológica e, porque não  dizer, espiritual das mensagens que tratam da revelação.

A maior dificuldade, no entanto, para se fazer uma interpretação escatológica diz respeito da interação destas avaliações sem influência pessoal ou interesses doutrinários, não  foge, portanto, às mesmas dificuldades encontradas dentro do estudo hermenêutico ou da exegese.

Muitas das literaturas apocalípticas tratam de fornecer informações necessárias para trazer à tona as verdades que se julgam reveladas. Verificando o conteúdo e o estilo literário, pode-se concluir que as mensagens, antes de serem religiosas, defendem o cunho de interesse do próprio autor, ou ainda, reações psicológicas influenciadas pelo momento histórico no qual ele se encontrava inserido.

 

3.ANFIBIOLOGIA[2] DA DÚVIDA

 

Independente, das interpretações forjadas, das falsas ideologias apresentadas pelos estudiosos, que auto se julgam donos de uma possível Verdade, as analogias comparativas entre as previsões científicas e as profecias históricas,  confirmam grande número de coincidências de acontecimentos tanto no que diz respeito àquelas preditas no passado, quanto as que narram acontecimentos futurísticos.

Se a natureza vai sofrer transformações radicais na sua estrutura, não há dúvida, se por causa do homem ou por fenômenos cósmicos, a verdade que tanto a astrologia, como a astronomia concordam neste ponto. O sistema político está sob o poder de um homem, o monopólio ideológico do mundo, aguardado por diversas religiões.  A ciência, por sua vez, através da observação, da estatística de estudos e experimentos têm comprovado que muitas destas visões correspondem Com os fatos. Não fazer um simples comparação dos fatos Com as previsões ou profecias, seria simplesmente alienar-se nas tradições do mundo e fugir de uma realidade cada vez mais próxima e fatalista.

Parece-nos um absurdo acreditar que o mundo será governado por um só homem, parece-nos absurdo acreditar que aquelas narrativas fantasmagóricas do apocalipse de João, possam se cumprir algum dia no futuro distante; porém uma análise crítica dos acontecimentos atuais, mostrará, independente das interpretações, que este apocalipse já é uma realidade.

Vejamos as catástrofes mundiais, tanto naturais quanto artificiais, a ideologia do mundo moderno que caminha para a globalização religiosa, econômica e política. Praticamente, falamos a mesma língua (inglês),  comercializamos uma mesma moeda (dólar), o mundo vive a ideologia do  mesmo poder econômico (capitalismo), todas as religiões tem reverenciado um líder religioso (o Papa),  o mundo vive o processo da informatização cultural através da INTERNET, o código em barras servirá de instrumento de controle dos padrões comerciais (A MARCA DA BESTA?), a Era de Peixes (CRISTIANISMO) está chegando ao fim, dando espaço a NEW AGE – A NOVA ERA, ou ERA DE AQUÁRIO que representa o homem dotado do poder cósmico de controlar a Vida e o Planeta, conquistando os espaços e o Império material.  Se estes acontecimentos não evidenciam o cumprimentos de milhares de profecia sobre o Final dos Tempos, que tipo de argumentação poderia explicar esta coincidência histórica dos fatos na humanidade e nos Cosmos?

 

4.NEGAÇÃO E AFIRMAÇÃO DO QUE NÃO SE CONHECE

“Quem toma cuidado com o que diz está protegendo a sua própria vida, mas quem fala demais destrói a si mesmo.”

(Pv. 13:3)

Pode-se negar a existência de um deus, da influência do mal nas atitudes humanas desenfreadas e explicá-las como meras consequências dos atos errôneos dos homens, mas negar que determinados acontecimentos foram previstos com, pelos menos, 80% de acertos, seria mera ignorância caótica, mesmo por que, não foram preditos por místicos utópicos ou por indivíduos cuja, capacidade normal de raciocínio deixaram a deseja, mas calculados e analisados por grandes cientistas e historiadores.

O mundo caminha para um futuro inevitável, cujas consequências, marcarão de negro as páginas da história. Para os acéticos, esta é apenas uma concepção pessimista e de mal gosto dos utópicos surrealistas; para alguns estudiosos, uma reação possível; para os religiosos, o cumprimento das profecias; para outros, sobram apenas a indiferença.

Ou ficamos na expectativa de esperar estes acontecimentos, ou lutamos para evitá-los, ou simplesmente, oremos para o Supremo Criador na esperança de que, por ocasião de tais ocorrências, possamos está longe com o Senhor Jesus no arrebatamento divino e compartilhando a felicidade do amor eterno, isto seria loucura espiritual ou um ato de desesperança na funcionalidade racional???

Professor

Dr. PAULO DIAS GOMES

Licenciatura em Filosofia, Bacharelado em Teologia, graduação em Pedagogia, doutorado e Ciências da Religião e Filosofia da Religião, pós graduado em Reengenharia Educacional, especialização em Educação a Distância, psicopedagogia, livre docência em ensino superior, administração escolar, Diretor de Centro de Pesquisas e Planejamentos da Faculdade Phênix de Ciências Humanas e Sociais, titular docente da cadeira de Fenomenologia e Existencialismo, Lógica, Metafísica, História da Filosofia, Filosofia da Linguagem e da Arte

 

BIBLIOGRAFIA:

 

BÍBLIA SAGRADA, Tradução da VULGATA - EDIÇÕES PAULINAS, São Paulo, 1971,27 a. Edição.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988,

Pascal, B. Pensamentos (Pensées). In: Milliet, Sérgio (trad. e org.) & Des Granges, Ch. M. (introdução e notas) Rio de Janeiro : Tecnoprint Gráfica S.A. 1966, p.1-324.

 



[1] Estudo sobre o final dos tempos baseado em profecias e previsões.

[2] A anfibologia (do grego amphibolia) vem a ser, na lógica e na lingüística moderna, o mesmo que ambigüidade (do latim ambiguitas, atis), isto é, a duplicidade de sentido em uma construção sintática. Um enunciado é ambíguo e, portanto, anfibológico quando permite mais de uma interpretação