A CONTRIBUIÇÃO DE MICHEL BREÁL PARA OS ESTUDOS SEMÂNTICOS

 

Leidiane Alves Gomes- Universidade Regional do Cariri - URCA

 

RESUMO: O estudo do significado linguístico é objeto da área da ciência linguística chamada semântica. Esta ciência teve seus fundamentos quando Michel Breál iniciou os estudos semânticos na França, nomeando a disciplina. Este artigo mostra os estudos feitos por Bréal, suas ideias e pensamentos acerca dos estudos semânticos, evidenciando suas contribuições para a continuação das análises nesta área, servindo de suporte àqueles que se dedicam aos estudos linguísticos e reconhecem a amplitude de suas propostas. Busca mostrar algumas das propostas apresentadas por Michel Bréal em seu Ensaio de Semântica (1992) e que podem ser utilizadas em análises de vários segmentos da mesma: pragmática, cognitiva do uso linguístico. Este artigo apresenta as ideias de Michel Bréal expostas em seu Ensaio de Semântica que serviram de base para estudos posteriores sobre a temática, repercutindo ainda hoje no meio acadêmico. Faz-se, também, alusão à sua vida dedicada a pesquisa. As ideias do artigo estão em respaldo aos estudos desenvolvidos por Márcia Seide (2006) e Arnaud Fournet (2011).

 

PALAVRAS-CHAVE: Semântica; Bréal; Pragmática; Evolução Linguística.

 

  1. MICHEL BRÉAL, O FUNDADOR DA SEMÂNTICA

 

Michel Bréal foi considerado o pai da semântica porque foi ele que a fundou na França, nomeando esta disciplina no final do séc. XIX, estabelecendo uma autonomia de significado, rompendo especulações filosóficas, lógicas e psicológicas se detendo às especulações linguísticas. Também tal título se confere a ele por ser o primeiro a estudar cientificamente a Polissemia (múltiplos significados das palavras). Apesar desse autor possuir apenas uma única obra disponível, o Ensaio de Semântica, verifica-se nos seus estudos o pontapé inicial para a introdução majoritária dos estudos semânticos, ao constatar-se nela a possibilidade de suas propostas permitirem a religação das disciplinas voltadas ao significado, integrando os estudos semânticos às demais áreas da Linguística.

O especial relevo conferido a Bréal não se deve apenas ao fato de ter sido ele que se consagrou como o pai da disciplina a qual hoje chamamos Semântica, mas por ter se oposto tenazmente às concepções mecanistas da sua época, enfatizando o papel da cultura e chamando atenção para a presença do elemento subjetivo (DUARTE, 2000.p.13).

Em seu artigo Fournet (2011) revela Bréal como precursor da enunciação e da subjetividade, duas áreas presentes nos estudos semânticos.

“ From that presentation it would seem that Bréal is kind of deus otiosus: having launched linguistic in France he no longer has any contemporary scientific significance” (FOURNET, 2011).

 

  1. MICHEL BRÉAL

 

Michel Jules Alfred Bréal (1832-1915) era francês, nasceu em Landau, França. Depois de estudar em Weissenberg, Metz e Paris, ele entrou para a École Normale Supérieure em 1852. Poucos anos depois em 1857 foi para Berlim, para estudar sânscrito com Franz Bopp e Albrecht Weber. Em 1864 tornou-se professor da gramática comparativa no Collége de France. Tornou-se um francês-alemão bilíngue, traduzindo a Comparative Grammar de Bopp (1866-1874) para o francês.

Ele pode ser creditado como o inventor da palavra ‘sémantique’(semântica) que apareceu em título de um dos seus trabalhos: Essai de Sémantique (Ciência dos Significados) publicado em 1897. [...]