Autor: Ramile da Silva Leandro

Orientação: Profª. Drª. Ivana Maria Nicola Lopes


VITIMAÇÃO FEMININA NA VIDA E NA ARTE

De um lado, Ela, impotente e oprimida; do outro, Ele, violento, dominador e explorador. Ei-los fixados, ambos, em sua oposição. Como sair dessa armadilha em algum momento? (BADINTER, E. 2005: 42-43)

Quantas mulheres já não se fizeram essa pergunta? Quantas acusam os homens das discriminações que sofrem por serem mulheres? Será isso justo ou apenas uma forma de se conformar perante as desigualdades a que são submetidas?

Mesmo na atualidade, em que os meios de comunicação de massa mostram a mulher como grande vencedora de batalhas, que envolvem principalmente cargos trabalhistas, dominação em relacionamentos amorosos e decisão de reprodução, por meio da contracepção, percebe-se que ao longo do tempo a mesma se apegou a posição de vítima dessa situação, para não ter que enfrentar os problemas como a "heroína da história". Não falo isso por conclusões próprias, e não resolvi escrever sobre isso por acaso.

Desde o inicio do ano de 2007 venho pesquisando sobre a mulher, no papel de artista, ao longo da História da Arte, mais precisamente da Idade Média à Contemporaneidade, e o que encontro são artistas oprimidas, que nunca tiveram seu trabalho reconhecido, ou até o tiveram, mas assinados por homens, pois essa era uma profissão para eles e não para elas.

No entanto, não me choquei com os resultados parciais da pesquisa, que se encontra em andamento, visto que quando ouvimos falar nos "mestres da pintura" ou em qualquer outra forma de manifestação artística, o feminino não é quase mencionado na posição de autora, mas sim de objeto representado. Todavia, o que venho trazer para discutir aqui é uma questão que vai além da sua posição social, é a maneira de como essa se vê na sociedade e o porquê dessa vitimação frente as situações em que se adota a palavra desigualdade.

Se formos pensar no nosso dia-a-dia possivelmente iremos perceber que aqueles que gritam e lutam, contra seus intitulados inimigos, geralmente são vistos como grandes anarquistas, loucos, desajuizados ou que não se enquadram na sociedade - que prima pela ordem de uma vida "calma e justa" para todos - ao passo que os que se colocam em posição de vítimas de seus inimigos, ganham força na piedade da sociedade, passando a ganhar aliados em busca de um bem comum - a igualdade. Nas palavras de Badinter:

Todo sofrimento invoca a denúncia e a reparação. (...) O feminismo não escapou a essa evolução. Ao contrário, foi um dos seus impulsionadores. Há um interesse menor por aquela que realiza proezas do que pela vítima da dominação masculina. A supermulher não dá boas manchetes (Idem: 16-17).

Dessa forma, as mulheres tornam-se vítimas dos homens e de si próprias, na medida em que colocam o sexo oposto como superior e acabam se próprio julgando perante a essa "dominação". Tenho certeza de que sobre esse assunto existem muitas opiniões, mas acredito ser importante salientar que de nada adianta tornar-se vítima na vida, pois como pobres oprimidas as mulheres só vão conseguir criar mais desigualdades entre os sexos, da mesma forma que os homens, na condição de "dominadores e exploradores" só vão se enxergar mais poderosos sobre "o sexo frágil".

Enfim, acredito que é melhor enfrentar os problemas e tentar resolvê-los do que sentir pena de si e acabar tornando-se mais uma "vítima social". Basta de tantos julgamentos e brigas! As diferenças entre homens e mulheres existem, e por que não enfrentá-las sem classificações de "superiores" e "inferiores"?

REFERÊNCIA:

BADINTER, Elisabeth. Rumo equivocado: o feminismo e alguns destinos. Tradução Vera Ribeiro. 2.ed. RJ: Civilização Brasileira, 2005.