Representatividade feminina na Arte: E a abordagem na educação.
Por Daniela Cardoso | 26/10/2021 | ArteRESUMO O presente tema escolhido pretende analisar a representatividade feminina na arte e sua abordagem na educação com seus desdobramentos nas relações ao longo dos anos e na atuação dentro dos movimentos relacionados a história da arte e os desafios da presença das mulheres como protagonistas, e suas influências deixadas para a arte/educação. Deseja-se observar as convergências e divergências entre as práticas artísticas, educativas e curatoriais em relação à algumas questões emergentes no atual contexto brasileiro da educação ocupado por mulheres artistas e suas obras, e as relações sociais dentro do ensino-aprendizagem.
PALAVRA-CHAVE Mulheres, feminino, arte, educação, ensino.
ABSTRACT The chosen theme intends to analyze the feminine representativeness in art and its approach in education with its consequences in the relationships over the years and in the performance within the movements related to the history of art and the challenges of the presence of women as protagonists, and their influences left for art / education. We want to observe the convergences and divergences between artistic, educational and curatorial practices in relation to some issues emerging in the current Brazilian context of education occupied by women artists and their works, and the social relations within teaching learning.
KEYWORD Women, female, art, education, teaching.
Introdução
Esse trabalho objetiva realizar uma reflexão sobre a importância da representatividade feminina na Arte e atuação na educação, onde no decorrer da história, a figura feminina foi repetidamente objeto de representação, sendo ela como elemento de fertilidade, maternidade, sexualidade e até mesmo fragilidade, que sustentava a ideia da desigualdade entre os sexos e a correlação entre atributos biológicos e papeis sociais, redirecionando-as ao contexto de submissão em determinadas épocas. As mulheres sempre tiveram pouca representatividade em todos os campos de atuação, na arte e no mundo acadêmico não é diferente, podemos destacar nas artes Tarsila do Amaral (1886-1973), Anita Garibaldi (1821-1849), Cecilia Meireles (1901-1964), Clarice Lispector (1920-1977), mas infelizmente esta lista não é muito grande, por uma razão cultural nós não tivemos incentivos para podermos crescer profissionalmente.
Redirecionando o estudo na arte/educação, por exemplo, pode ser identificada como um dos principais temas retratados desses elementos citados em pinturas, como a Mona Lisa de Leonardo da Vinci no século XVI, a Vênus de Botticelli no século XV, a figura que reproduz a liberdade na simbólica tela de Delacroix no século XIX ou até a La Maja Desnuda de Goya no século XVIII, entre tantas outras representações femininas presentes no decorrer dos movimentos artísticos, levadas para a educação em ilustrações nos livros como grandes mulheres criadas pelas mãos de grandes gênios masculinos, surge a pergunta: “ A mulher na arte só é mundialmente reconhecida quando retratada por artistas homens?”. Embora, que cada uma dessas pinturas tenham sido produzidas para diferentes reações e relações com os públicos e seus contextos históricos de cada movimento da história da arte, todas mencionadas, assim como a maioria das representações da figura feminina na história da arte até o século XX, foram realizadas por artistas homens e destinadas à avaliação e apreciação masculina. Portanto, a arte dita como universal não poderia ser mais correspondente às perspectivas masculinas, brancas e ocidentais e que trazem, consequentemente, efeitos sobre os modos de pensar, ver e viver as noções de raça, sexualidade e gênero, por vezes se sobrepondo, essas imagens sempre espelharam o papel da mulher em nossa sociedade tal como ele se revelava a cada visão da nova época, então porque a mulher para ser mundialmente reconhecida como artista, se dá apenas pelo caminho educacional de inúmeras pesquisas ao qual o aluno deve se redirecionar, ao invés de estarem presentes com bastante frequência nos livros didáticos assim como as grandes pinturas de sua representatividade feita pelos homens? Tais efeitos podem ser identificados na arte, que atribuiu à produção de artistas homens uma neutralidade estética, como se pairassem acima do gênero, e ao conjunto heterogêneo da produção das mulheres uma especificidade como arte feminina, e como as instituições no decorrer abrangem os olhares para artistas femininas, onde tais efeitos podem ser identificados na arte, que atribuiu à produção de artistas homens uma neutralidade estética, como se pairassem acima do gênero, e ao conjunto heterogêneo da produção das mulheres uma especificidade como arte feminina.
O objetivo de análise dos dados possibilita a investigação sobre o papel representativo do feminino nos diferentes movimentos da arte e o espaço geralmente ocupado pela mulher no contexto artístico como protagonista e na ocupação da mesma como representação do estudo presente na arte educação ao longo da história, na qual a interpretação acontece com excedente frequência, portanto, na ambiguidade entre presença e ausência feminina, onde existem em vários Museus e Centros Culturais pinturas femininas espalhadas pelo mundo, contudo, existem poucas mulheres artistas ocupando os mesmo lugares dos homens, e assinando essas e outras obras. Outro objetivo presente é demonstrar e identificar, como no decorrer das décadas, as instituições e a educação voltadas para as grandes demonstrações de arte são redirecionadas aos homens, e como esses valores agregaram para que não houvesse grandes mulheres artistas mundialmente reconhecidas igualmente aos grandes gênios, considerando, ao longo do trajeto, que o processo de educação feminina foi pensado a partir do ponto de vista masculino, e poucas foram às constatações de sua presença registradas na história da arte.
A metodologia utilizada nessa monografia é uma revisão bibliográfica levando em consideração as referências presentes, no artigo publicado em 1971 na revista ArtNews intitulado “Porque não houve grandes mulheres artistas?” pela Historiadora da Arte Linda Nochlin (1931-2017), presença obrigatória nos textos que discutem a participação feminina na arte, também como referência desse trabalho, o livro “A criação do Patriarcado” publicado em 1986 da historiadora e professora Gerda Lerner (1920-2013), e o livro: “O mito da Beleza” publicado em 1990 da autora Naomi Wolf (1962), utilizados como base do trabalho para discussão das ideias aqui apresentadas.