O ERRO CRASSO ENRAIZADO NA CIÊNCIA

Como o ateísmo criou raízes invisíveis e imiscuiu-se sorrateiramente no seio de todas as ciências da Física e da Astronomia, prejudicando a sua própria liberdade de pesquisa.

É impressionante o grau de penetração e miscigenagem assumido pelo ateísmo inoculado no subconsciente de todas as ciências naturais, físicas e astronômicas, refletido sempre na renitência com que qualquer cientista responde a qualquer questão a eles endereçada em suas respectivas áreas de estudo. É de tal modo imiscuído no subconsciente que se pode crer que hoje em dia tais homens nem sequer se dêem conta de que estão agindo por ordem expressa do ateísmo, sem que este lhes permita sequer ter o cuidado de pensar, com a liberdade de retardar um pouco a resposta de uma pergunta, muitas vezes feita a queima-roupa em sala de aula. I.e, o risco de errar que qualquer ser humano carrega pegajosamente em si é por eles desprezado solenemente, como se uma "pré-suposição" formada às pressas pudesse dar qualquer garantia de inerrância absoluta.

O raciocínio acima poderia ser aplicado amplamente e sem susto a todas as ciências da pós-modernidade, a julgar pelas últimas publicações científicas nas revistas especializadas. Todavia vou me ater, pela obviedade da falta de espaço de um artigo, tão somente à Ciência Astronômica, até porque a rigor é ela a que mais convenceu-se das próprias crenças, como também a que mais reforço ideológico recebeu da mídia de massa e de seu "esprit de corps".

O que está acontecendo? Ora. A Astronomia tem procurado, mais do que qualquer outra Ciência, descobrir as origens do universo e do próprio homem, como resultado da convicção de que "nada mais faz sentido sem esta resposta e tudo o mais mudará com ela". E então se vê às voltas com a questão da origem da vida, estopim de todos os dramas lógicos enfrentados nos laboratórios e salas de estudo. Ao lado da questão da vida em sentido genérico, sempre se achega a incômoda idéia da possibilidade de a vida ter brotado noutros planetas, a qual tem sido incansavelmente derrotada e soterrada pela crença no vazio completo que supostamente existiria antes do nascimento do tempo e do espaço (não sei se a hora boa é agora, mas o leitor deve ver aqui que quando se trata da origem-origem de tudo, só existem crenças e nada mais: uns crêem que a origem-origem é Deus, e outros, os cientistas, crêem que a origem é o "Endless Emptiness", crença esta que, suponho, tem origem na idéia tresloucada do acaso e da necessidade, do francês Jacques Monod), os quais, segundo ele, foram os responsáveis pela criação de tudo o que existe, tornando o universo o único exemplo perfeito de "absurdo-absoluto".

Qual é o drama da ciência manietada pelo 'pré-conceito' da inexistência de Deus? É a virtual impossibilidade de se ver aquilo que a mente convictamente acreditou que não existe! É a mesma tragédia do homem que há tempos está sendo traído e não crê que haja nada demais nas estranhas saídas de casa de sua mulher! Ele está, pois, manietado com viseiras, para DESCOBRIR o que de fato existe: ele não descobrirá seus chifres nem que passe a mão na cabeça!... Mas veja o leitor o melhor exemplo.

A Astronomia diz procurar por sinais de vida inteligente vindos do cosmos. Inobstante, assevera que tal procura é uma grande perda de tempo e de dinheiro, em razão de que "se" a vida na Terra só surgiu depois de um longo e dramático jogo de acasos sucessivos e até certo ponto (in)explicáveis, é 100% certo que a possibilidade de este processo se repetir é praticamente nula, e por isso a chance maior é a de que de fato estejamos SOZINHOS no vazio infinito, e todo o espaço sideral seja um tremendo desperdício de espaço, como declarou Carl Sagan.

Assim, portanto, como um pobre cientista desses poderia, convenhamos, acreditar que em algum planeta a vida pudesse florescer (mesmo no nível de micróbios), já que para a própria transformação do inorgânico no orgânico, ou do átomo na primeira célula, foi preciso um tremendo lance de sorte? Ora, está na cara que, "se não há um criador de modo nenhum, então jamais haverá criação!". Isto é tão óbvio que agride a inteligência!...

Por isso agora temos que ser também coerentes e concordar com os cientistas e dizer, com segurança: "para que gastar bilhões de dólares e um tempo enorme com uma pesquisa que, 'de ante-mão', já sabe que não irá encontrar nada? Não seria melhor carrear toda esta grana para matar a fome de milhões e milhões?". Venhamos e convenhamos!

O que levou os homens de ciência a acreditar na inexistência de um criador na origem de tudo? Eu suspeito que esta crença tem três causas:

1a) A baixa moral do homem afastado de Deus, que mereceu deste um silenciamento, é o corolário natural de uma escolha certa de Deus, a saber, "revelar as coisas apenas aos humildes e pequeninos que crêem nEle" (Mt 11,25). I.e, há de fato um jogo de esconde-esconde no mundo, onde o próprio Deus não se deixa descobrir, exceto quando, nas pesquisas dEle mesmo, Ele descobre algo de bom no coração do pesquisador humano.

2a) A falsa noção de avanço tecnológico que impera desde a Revolução Industrial, a qual contaminou a consciência humana da idéia de que, se o corpo humano é frágil e efêmero, a Ciência precisa crescer para colocar a mente humana dentro de uma máquina, um super-robô de metal líquido semelhante ao T-1000 de Exterminador do Futuro II, para que o homem possa durar eras e eras e assim voar aos confins do universo. Em razão dessa falsa noção, a idéia de que, p.ex., índios pudessem ser menos avançados que o homem branco, levou este a desprezar toda forma de culto indígena aos deuses da natureza e depois a vender armas de fogo a eles. Todavia homem branco algum jamais foi capaz de reproduzir as experiências astrais ou de bilocação que a pajelança era capaz de realizar nas artes da cura natural ou do culto ao invisível. Numa lenda indígena há um momento em que um deva ri e faz toda a aldeia rir quando um homem branco foi preso e levado ao pajé para explicar-se, e quando o fez, apontou o dedo para o pajé dizendo que era um truque do mago que qualquer mágico civilizado faria. Porém ele nem chegou a notar que estava sem roupa e que o deva tinha feito esta literalmente "voar" até o alto da clarabóia que trazia luz para o interior da aldeia. A risadaria foi geral. Nunca um "homem de ciência" foi tão desmoralizado, nos dois sentidos. A lenda é de 1798.

3a) A manutenção da sobrevivência da espécie humana rica ensejada pelo acúmulo de bens e fortunas incalculáveis pode ter criado a ilusão de que "se o mal dura tanto num planeta tão mal, então vai ver que o Bem não existe ou é impotente para impedir a maldade". Aqui traduz-se a mera falta de paciência dos que não têm fé, que são justamente os que "querem tudo pra ontem", no vil imediatismo que é pai do egoísmo, que por sua vez é pai de todas as maldades.

Finalmente, como acabamos de ver, o ateísmo quedou-se tão arraigado e pétreo no seio da Ciência que esta vedou todo o ar que poderia respirar por uma pesquisa isenta e sem obstáculos, em direção a universos conceituais extremamente úteis ao alargamento de sua própria visão. Mas nesta altura do campeonato, façamos jus, não sabemos se é a Ciência que precisa ser salva da burrice dos cientistas, ou se são estes que estragaram e difamaram a Ciência, com tal pecha que somente em sonho, ou remotamente no futuro, a Humanidade poderá voltar a ver com os olhos das crianças ou dos índios navajos. Ou um milagre será preciso para salvar a Humanidade inteira, quando ela, mais cega ainda, estiver a ponto de ser engolida pelos monstros que ela própria criou.

Prof. João Valente de Miranda.

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