Estudar fenômenos, as mudanças, os comportamentos, ou ate mesmo ser vista como a ciência dos seres vivos, ciências, vista por alguns como apenas mais uma disciplina inserida em um currículo das escolas. Pensar até que ponto o ensino de ciências pode ir, e até onde está ou ficaria a sua delimitação, enquanto aulas teóricas, enquanto práticas metodológicas ou até mesmo inovações no dia-a-dia escolar.
Relevante, assim pode ser citado o ensino de ciências, uma vez que traz uma dimensão mais abrangente do que é visto ao redor e permite que o aluno observe mais do universo baseado em um processo não passivo, mas um processo dinâmico, um fluxo de conhecimentos do processo ensino-aprendizagem que garante uma formação crítica, social e até mesmo tecnológica para o meio no qual o mesmo está inserido.
Esse processo de aprendizagem de ciências não deve estar condicionado a mais uma disciplina a ser ministrada, ou mais uma carga horária a ser cumprida, mas sim de alcançar um objetivo fundamental quanto à formação do aluno como um ser integral, conhecido como alfabetização científica que pode ser vista como a capacidade de reconhecer fórmulas e dar definições corretas, até o entendimento dos conceitos e algum grau de compreensão sobre a natureza da ciência e suas dimensões sociais e históricas. Baseado nessa ideia é preciso dar uma ênfase de que essa deve ser uma preocupação bastante significativa durante o ensino fundamental, mesmo que seja importante também para o ensino médio, e quem sabe mesmo ampliar ao ensino superior. Defendo que a ciência seja vista como uma linguagem; assim, ser alfabetizado cientificamente é possuir subsídios que o torne capaz de ler a linguagem em que está escrita a natureza.
Entrando numa discussão mais focada à praticidade do ensino de ciências devemos conhecer o que nos dizem acerca disso os documentos oficiais. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN):
"O papel das Ciências Naturais é o de colaborar para a compreensão do mundo e suas transformações, situando o homem como indivíduo participativo e parte integrante do Universo" (BRASIL,PCN, 2001, p.15)

Para alcançar os objetivos citados pelos PCN, deve-se além de planejar aulas teóricas, aplicar aulas práticas que possam desenvolver nos alunos um caráter investigativo na busca pela compreensão dos fenômenos que os cercam. Para aplicar as aulas práticas, deve-se também planejar de maneira que as mesmas além de despertar, mantenham o interesse dos alunos, os envolvam em investigações cientificas, e desenvolvam competências científicas baseadas em habilidades de solucionar problemas e compreender por si conceitos básicos.
É de grande importância que o ensino de ciências tenha para os alunos como sentindo principal a compreensão da natureza e do meio em que eles vivem por isso as aulas práticas tem grande papel nesse processo, pois a compreensão deve se assentar sobre a noção de que todo o conhecimento nas ciências naturais se deriva da observação e da experimentação e que ainda há muito a ser estudado. Assim, desde o início do Ensino Fundamental os alunos devem aprender a observar, tirar conclusões, formular hipóteses, experimentar e verificar suas conclusões. A curiosidade natural e a criatividade dos alunos devem ser estimuladas. É importante, que o aluno compreenda fenômenos que ocorrem ao seu redor, razão pela qual começar pelo estudo da realidade do aluno é uma atitude desejável e eficaz.
Para que tudo ocorra de maneira correta e proveitosa a boa preparação das aulas práticas deve seguir algumas ideias básicas, como por exemplo, a escolha de técnicas adequadas, a adequação do tempo da aula à sua execução, o domínio do conteúdo e da técnica, itens estes que não devem ser esquecidos, além disso, o professor tem o dever de com a sua aula prática provocar questionamentos, discussões e reflexões a cerca do tema da aula, orientar o andamento da aula, procurando não induzir aos resultados esperados, além de saber que o entusiasmo, o interesse e o envolvimento dos alunos dependem em grande parte dele.
Realmente, na teoria, sabemos que tudo isso contribui para um bom aprendizado e para alcançar a alfabetização cientifica, mas o que temos hoje? Temos aulas de ciências excessivamente teóricas, em uma realidade em que os alunos têm aberto acesso a diversas mídias, temos excessivos livros, enquanto os alunos jogam novos e novos jogos de videogame, temos uma lousa branca e um piloto enquanto os alunos assistem a diversos canais da TV por assinatura. Como vencer, e como trazer a atenção do aluno para a aula, quando essa realidade predomina? É sabido que as para as metodologias atuais são necessárias grandes mudanças na forma de ensinar ciências para que as aulas se tornem mais interessantes e o professor possa desenvolver no aluno as habilidades que o tornem apto a compreender a disciplina e formar um adulto detentor de algum tipo de conhecimento cientifico.
As atividades práticas permitem ao aluno grandes espaços para que o mesmo seja atuante, autônomo em seu próprio aprendizado, descobrindo assim, que aprender é mais do que mero conhecimento de fatos, interagindo com as suas próprias dúvidas, chegando a conclusões e à aplicação dos conhecimentos que ele obteve.
Caso seja realizada uma rápida entrevista informal com alguns professores de Ciências das diversas escolas públicas e privadas o principal questionamento encontrado serão de que quando há laboratório, realmente não possuem material no mesmo, e em maioria dirão que a carga horária é pouca e que seria impossível realizar uma aula prática, pois com a falta de tempo, não o teriam para utilizá-lo, pois o conteúdo teórico é muito extenso. A deficiência das aulas práticas nas escolas é eminente, onde a falta de professores qualificados aliados à carência de recursos laboratoriais para o ensino de Ciências, acaba resultando em baixa qualidade do ensino da disciplina, gerando pouco interesse dos alunos, tornando assim difícil a compreensão e a aplicabilidade do conteúdo teórico que é ministrado com a realidade das vivências do cotidiano. Uma vez que isto acontece, os objetivos dos PCN não são alcançados, e o ensino de Ciências fica sim comprometido.
Para driblar este empecilho, tanto da falta de laboratório, quanto da falta de recursos é necessário que o professor venha se aliar aos materiais alternativos, e buscar nas diversas fontes as distintas atividades experimentais que podem ser realizadas com baixo custo, trazendo para sala de aula e para os alunos não só um enfoque teórico e mais um livro a ser trabalhado e totalmente resolvido, mas sim algo mais concreto, mais interessante e que traga para os alunos um interesse maior e uma curiosidade para a investigação, permitindo assim que o aluno possa ser detentor de algum tipo de conhecimento cientifico, além de alcançar a alfabetização científica, ou seja, de ler fenômenos que o cerca.
Baseado em toda essa discussão podemos concluir citando que é de tamanha importância a realização das aulas práticas tornando-a indispensável durante esta fase do Ensino Fundamental, com isso, na vivência da escola em que as atividades experimentais são pouco frequentes, embora os professores continuem acreditando que, por meio delas, pode se transformar o ensino de Ciências, a mesma deve ser direcionada para a necessidade de mudanças, às vezes bruscas, na atuação dos professores.

Referências Bibliográficas

Díaz, J.A.A., Alonso, A.V. e Mas, M.A.M, "Papel de la Educación CTS en una Alfabetización Científica y Tecnológica para todas las Personas", Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v.2, n.2, 2003.

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. Brasília: MEC/SEF, 1998. 138p.

CACHAPUZ, A. F. Perspectivas de Ensino. Porto: Eduardo & Nogueira, 2000. 79p.

BRASIL, Secretaria de Educação Média e Tecnológica. PCN+ Ensino Médio: orientações educacionais complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Brasília: MEC, SEMTEC, 2002.

MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo: Cortez/UNESCO. 2001. 118 p.