Janela da Alma/ ano 2001

Direção e roteiro: João Jardim e Walter Carvalho

Gênero: documentário

Idioma: Português

 

JANELA DA ALMA

 

“O olhar da mente que os olhos não veem”.

 

  Janela da Alma é um documentário no qual várias pessoas com diferentes problemas visuais desde a mais simples miopia até a cegueira total, relatam suas experiências em relação ao olhar, ao vê, ao enxergar o mundo em sua volta. Os relatos nos levam a pensar sobre a importância do olhar, não daquele que conhecemos, mas do olhar especial, o olhar interior. O músico Hermeto Pascoal diz: “a visão não está nos olhos, está aqui” (apontando para testa).

   O fotógrafo francês Eugen Bavcar é cego, mesmo com esta “limitação”, ele consegue e tem a capacidade de tirar fotos belíssimas, fotos cujas imagens têm vidas, não são imagens rígidas, mortas, estáticas. Há também situações de que mesmo não existindo problemas de visão. O homem tem a sua visão deformada, corrompida, com que se é obrigada a ver no dia-a-dia, as imagens que são jogadas, as que são formadas, e a aquelas que estão sempre a nossa frente, muito às vezes nos induzido a algo, um exemplo são as campanhas publicitárias voltadas ao público infantil.

   O uso dos óculos é uma outra questão, a vergonha, o medo, o prazer, as descobertas, relacionadas ao seu uso “descobri que com os óculos as árvores são múltiplas, e não uma massa”.Disse o poeta Antonio Cícero, em relação a sua experiência em usar óculos. Outra questão abordada é a de julgarmos e sermos julgados através do olhar, exterior, José Saramago em depoimento disse que, ao ver a coroa real, ficou encantado, era linda, mas ao olhar por baixo notou uma imensa poeira. Isto significa que não se deve julgar apenas pelo que é aparente, que está no exterior, mas devemos procurar conhecer o interior de cada pessoa, e o nosso próprio interior antes de tudo.

     É fascinante, o poder ver, não importa em que sentidos, pois mesmo sem a visão física o cego enxerga, e enxerga de uma forma muito especial, mas o cego de sentimentos este nada enxerga, pois está preso a um mudo que nem lê conhece. Devemos ter a consciência de que as visões diferem uma para outra. A imagem pode ser a mesma para todos, porém, cada um enxerga de um modo, na qual cada situação se torna especial. A emoção nos olhos que brilham em quem ver o mar pela primeira vez, a alegria em vê seu artista preferido, a indiferença no olhar de um, e emoção no olhar do outro. O olhar nos reflete aos mais diversos sentimentos.

        CONCLUSÃO O olhar é seletivo, quando se olha tentamos enxergar o mais profundo das pessoas. Para onde olhamos, vemos pessoas egoístas, pois no mundo onde vivemos, somos valorizados apenas pelo que temos não pelo que somos, porém podemos encontrar bondade, ternura nos olhares alheios, só basta procurarmos o ser humano pacato que existem de cada ser, não devemos olhar a beleza física, as roupas, joias, mas o interior, temos que procurar os sentimentos, o coração. Este documentário mostra que devemos olhar para dentro as pessoas e tirarmos o melhor que ela têm, e transportar para o seu exterior. O olhar de aceitar a si próprio e ao outro, sem preconceitos. O respeito a si próprio já é um grande passo para aceitarmos o outro e assim o mundo, e dessa forma vivermos melhor em sociedade, todos unidos. O olhar também é o socorro, é o conselho. Algo bastante desafiador nos nossos dias.

 

              Bianca Silva Souza