FINOM ? FACULDADE DO NOROESTE DE MINAS
VANDO LUIZ FERREIRA SANTOS








CONSTRUÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS A PARTIR DA SUCATA NO ENSINO DE CIÊNCIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL.










ALMEIRIM ? PARÁ
2010
FINOM ? FACULDADE DO NOROESTE DE MINAS VANDO LUIZ FERREIRA SANTOS





CONSTRUÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS A PARTIR DA SUCATA NO ENSINO DE CIÊNCIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL.

Artigo científico apresentado à FINOM, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ensino da Biologia.















ALMEIRIM ? PARÁ
2010
CONSTRUÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS A PARTIR DA SUCATA NO ENSINO DE CIÊNCIAS NO ENSINO FUNDAMENTAL.

Vando Luiz Ferreira Santos1

Resumo
O artigo a seguir é resultado de uma pesquisa bibliográfica sobre a utilização da sucata na construção de recursos didáticos no ensino de Ciências no ensino fundamental, visando uma melhoria do processo ensino aprendizagem, onde o aluno deve ser o construtor do próprio conhecimento. Para tanto inicia-se um levantamento teórico de obras ligadas diretamente ao objeto de estudo e outras afins, buscando refletir acerca destas teorias com intuito de captar suas contribuições para o processo de ensino aprendizagem e, em particular para o ensino de ciências dentro de uma perspectiva interacionista que leva o aluno a vivenciar o conhecimento, abrindo todas as possibilidades para este superar a simples atividade mecânica dos conteúdos. Este arcabouço teórico prioriza as reflexões sobre as concepções de aprendizagem, a importância do ensino de ciências, o uso da experimentação, sucatas na construção de recursos didáticos e o papel do educador na construção desses materiais. Chega-se a conclusão de que de modo geral, o ensino de ciências nos dias atuais ainda se caracteriza por ser informativo com aulas expositivas, o conhecimento é aceito passivamente, as atividades práticas realizadas pelo professor relativa a um fato anteriormente explicado são praticadas como simples demonstrações como também os educadores concebe a ciência como conhecimento infalível, preocupando-se com as conclusões obtidas pelos alunos acerca das evoluções das leis e teorias científicas, que segundo estes estão fora do alcance mental destes.
PALAVRA CHAVES: ensino de ciências, ensino ? aprendizagem, sucata, recursos didáticos.
1 - Introdução.
Considerando que há ausência de aprendizagem dos educandos por falta de convivência com a prática dos conteúdos estudados em sala de aula, visto que na maioria das escolas brasileiras, a formação dada é meramente conteudista sem nenhum vinculo com a realidade do aluno.
Sendo a educação, neste contexto, processo inerente à vivência dos seres humanos, em que estes devem desempenhar um papel ativo nas situações de aprendizagem, objetivando a criação de alunos autônomos, capazes de pensar, tomar as próprias decisões, ou seja, que saibam aprender a aprender, e que o ensino de ciências deva estar pautado em uma concepção interacionista que valoriza o conhecimento prévio do aluno, problematiza os conteúdos, propõe hipótese, não se restringindo às quatro paredes de um laboratório.
Diante deste contexto de interatividade humana faz-se a seguinte problematização:
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1 - Graduado em Biologia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú, aluno do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Ensino da Biologia da FINOM.
A construção de recursos didáticos apartir da sucata contribui para tornar a prática educativa e a aprendizagem no ensino de ciências prazerosa e significativa?
Está pesquisa busca responder os seguintes objetivos.
Objetivo Geral:
 Refletir teoricamente sobre o processo de aprendizagem no ensino de ciências, enfocando o uso de materiais recicláveis na construção de recursos didáticos.
Objetivos Específicos:
 Apresentar algumas concepções sobre aprendizagem com visibilidade para o ato de ensinar, aprender e mudar.
 Incentivar a construção de materiais pedagógicos pelos professores na possibilidade de tornar a realidade educativa variável e criativa.
Esta pesquisa tomou como norte metodológico a abordagem qualitativa, entendida por Bell (2008, p.15) como aquela em que "os pesquisadores [...] estão mais preocupados em entender as percepções que os indivíduos têm do mundo". Neste caso, esses indivíduos são os teóricos já que está é de caráter bibliográfico, entendida como aquele que o pesquisador se debruça nos textos acadêmicos científicos de livros, anais, revistas científicas, periódicos, dentre outros, (GIL, 2008).
Partindo desses princípios dividi-se este trabalho em três momentos. O primeiro consiste numa discussão sobre aprendizagem dando visibilidade a questão do ato de ensinar, aprender e mudar como condição da superação das dicotomias da contemporaneidade; o segundo volta-se os olhos para o ensino de ciências tomando como parâmetro para a reflexão a importância de ensiná-lá através de experiências e por fim detém-se nas discussões teóricas sobre o uso da sucata na construção de recursos didáticos fixando a atenção para o papel do educador nesse processo como um dos protagonistas.
2 - Desenvolvimento
2.1 - Aprendizagem.
Segundo Coll (1996), Concebe-se esta como o modo pelo qual o ser adquire novos conhecimentos, desenvolve competências e mudanças de comportamento, uma vez, estabeleceram-se relações de vínculo entre os conhecimentos prévios do aluno e o novo objeto de aprendizagem, o qual sofreu modificações ou não, para ser integrado a estrutura cognitiva do indivíduo. Considerando que não existe apenas uma definição de aprendizagem, destacamos algumas abordagens que atravessam o cotidiano escolar e das produções teóricas.
2.2 - Abordagem tradicional.
Nesta concepção, o aluno é visto como ser passivo e a responsabilidade pela aprendizagem cabe exclusivamente ao professor, este último, visto como o único detentor do conhecimento deverá transmitir as informações para os alunos.

A aprendizagem consiste em uma aquisição de informações e de demonstrações transmitidas, é a que propicia a formação de reações estereotipadas, de automatismo, denominados hábitos, geralmente isolados um dos outros e aplicáveis, quase sempre, somente às situações idênticas em que foram adquiridas. (MIZUKAMI, 1986, p. 13).

Freire (1980, p.58), define essa concepção, como aprendizagem bancaria, pois nesta.

O educador como sujeito conduz os educandos a memorização mecânica dos conteúdos narrados. Mais ainda, narração os transforma em "vasilhas", em recipientes a serem "enchidos" pelo educador. Quanto mais enchem os recipientes, melhor educador será e vice-versa.

A concepção bancaria de aprendizagem infelizmente ainda permeia os espaços dos estabelecimentos escolares, para esta concepção a aprendizagem não é o foco do processo educativo, mas tão somente o acumulo de conteúdo, e mais, o conhecimento "compartilhado" e considerado uma doação dos que se julgam sábios em favor dos que julgam nada saber. A formação moral, afetiva e intelectual do aluno não compreende as prioridades do fazer educativo. Nessa perspectiva, o educador bancário pouco contribui para formação de jovens e adultos que atende suas reais necessidades diante da sociedade na qual estão "inseridos".
2.3 - Abordagem humanista
Diferente da abordagem tradicional, onde o professor é o sujeito ativo do processo ensino - aprendizagem, na humanista, cabe ao aluno este papel. O professor é apenas um orientador das atividades, ficando o aluno livre para escolhê-las, bem como, o tempo em que ela será desenvolvida.
Esta abordagem traz como característica básica:

!«?] a ênfase atribuída à relação pedagógica, a um clima favorável ao desenvolvimento das pessoas, ao desenvolvimento de um clima que possibilite liberdade para aprender. Isso é decorrência de uma atitude de respeito incondicional pela pessoa do outro, considerada como capaz de se autodirigir. (MIZUKAMI, 1986, p.54).

2.4 - Abordagem sócio-cultural.
A aprendizagem aparece como um conceito complexo que, na verdade se traduz em diferentes tipos de comportamento: aprendizagens motoras, aprendizagens de hábitos da vida cotidiana, aprendizagens afetivas, aprendizagens formais, aprendizagens de ordem social, política entre outras.

A educação, portanto, é uma pedagogia do conhecimento, e o diálogo, a garantia deste ato de conhecimento, o processo de alfabetização de adultos, assim como qualquer outro tipo de ação pedagógica, deve comprometer constantemente os alunos com a problemática de suas situações existenciais. (MIZUKAMI, 1986, p.99).

2.5 - A importância do Ensino de Ciências no Ensino Fundamental.
Segundo Delizoicov, (2000), O conhecimento científico e tecnológico faz-se presente na vida diária de todo e qualquer indivíduo, mesmo nos lugares mais longínquos. Este uso, na maioria das vezes, é feito por pessoas que desconhecem os seus efeitos benéficos, assim como os maléficos, sem possuir uma visão crítica destes, acaba sendo apenas testemunha, fantasiando?os.
De acordo com Carvalho, (1998) observa?se que os discentes freqüentadores das séries iniciais do ensino fundamental, devido o seu desenvolvimento cognitivo não apresentar maturação necessária para assimilar os conhecimentos científicos já produzidos principalmente no ensino de ciências, deve?se buscar no mundo vivencial destes, os conteúdos que lhes possibilitem a construção destas informações dando a eles oportunidades de debater e interpreta os fenômenos apresentados de forma coerente, não como algo sobrenatural; levando?os a conscientizarem?se das relações da causa e efeito produzidas pelas variáveis envolvidas no problema, conforme seu nível mental e conhecimento individual.
2. 6 - A experimentação nas aulas de ciências.
Segundo Carvalho (1998), acredita?se que o ato de realizar experiências em sala de aula, tem a finalidade de criar determinadas circunstâncias ainda não resolvidas, que ultrapasse o manuseio de materiais. Assim, com a ajuda do professor os estudantes, deixarão de ser meros contempladores, para se tornarem seres reflexivos, buscando explicações para os acontecimentos vivenciados. Pois, toda investigação cientifica deve ter como características "reflexão, relatos, discussões, ponderações e explicações" (DE CARVALHO, 1998, p. 21). Torna?se primordial, nestas atividades, não só a execução, mas também a compreensão do por que dos resultados.
É importante que o professor perceba que a "experimentação é um elemento essencial nas aulas de ciências, mas que ela, por si só, não garante um bom aprendizado" (BIZZO, 2002, p.75), pois para Oliveira (2000, p.120), tanto é possível dar excelentes aulas utilizando apenas a oralidade, o quadro negro e o giz; assim como dar péssimas aulas utilizando equipamentos sofisticados de alta tecnologia.
2.7 - Sucatas na Construção de Recursos didáticos.
Observa-se a extrema dependência dos educadores nos dias atuais em desenvolver a aprendizagem dos alunos apenas com recursos didáticos industrializados, deixando este processo monótono e sem criatividade.
Entretanto, para Zóboli (1995), este pode ser inovador e prazeroso ao aliar criatividade com liberdade de criação usando sucatas para construir recursos pedagógicos. "Muitos objetos que estão fora de uso, desde que não sejam de material deteriorável, podem ser utilizados num trabalho de sala de aula"(LADEIRA E CALDAS,1998, p.33).
Bosco e Lost et al (2005), O educador e o aluno ao construir seu próprio material didático podem sentir-se "cientistas do seu próprio aprendizado", visto que eles serão construtores de seu próprio conhecimento, buscando soluções para os problemas que os afligem.
2.8 - O Papel do Educador na Construção de Materiais Didáticos.
A construção de recursos didáticos representa em sua essência, uma mudança de postura do professor em relação à concepção tradicional de ensinar, ou seja, papel do professor muda de comunicador de conhecimento para o de observador, organizador, consultor, mediador, interventor, controlador e incentivador da aprendizagem, do processo de construção do saber pelo aluno, e só irá interferir, quando isso se fizer necessário, através de questionamentos, por exemplo, que levem a mudança de hipóteses, apresentando situações que favoreçam a reflexão ou para socialização das descobertas dos grupos, mas nunca da reposta certa (Nova Escola,2001). O professor lança questões desafiadoras e ajuda os alunos a se apoiarem, uns nos outros, para atravessar as dificuldades, leva os alunos a pensarem, espera que eles pensem, da tempo para isso, acompanha sua explorações e resolve, quando necessário o problemas secundários.
Muitos dos conteúdos trabalhados em Ciências no ensino fundamental, devem ter o propósito de incentivar os alunos a buscarem soluções para os problemas vivenciados de acordo com sua realidade. E importante destacar que a ciência deverá ser vista pelo educando como meio de...

Questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-lo utilizando para isso o pensamento lógico, criatividade, a intuição a capacidade de análise critica, selecionando procedimento e verificando sua adequação (PCN,s, 2001).

3 - Conclusão
Constata-se que a condição da sobrevivência humana e de outras espécies dependerá de escolhas que serão feitas daqui para frente, sendo coerente da parte dos participantes, pensar, sistematizar propostas metodológicas diferenciadas que atendam questões ligadas a outros aspectos da vida em sociedade. Nesse sentido visualiza-se a sucata como recurso gerador de material didático, essa outra forma de obter uma aprendizagem significativa, a qual não nega os conhecimentos científicos historicamente acumulados, mais que, no dialogo com eles redimensione a ação humana na terra.
Assim, para que o educando realmente adquira a aprendizagem, torna-se imprescindível que o orientador desse processo faça uma conexão do conhecimento adquirido no conhecimento do aluno com o conteúdo ensinado nas escolas, sendo eleita então o uso da sucata em experiências com um dos mecanismos de realização satisfatória desta tarefa, pois os sujeitos do processo educativo serão mobilizados para redescobrir o prazer de aprender e, mais especificamente o desejo de aprender ciências, pois a compreensão e o entendimento provoca o gosto pelo conhecimento, conduzindo-os a um processo de reflexão constante sobre os conteúdos estudados, além de desenvolver atitudes de curiosidade cientifica, de investigação da realidade, levando-os a não aceitarem os conteúdos transmitidos na escola como conhecimento livre de qualquer imperfeição.
REFERÊNCIAS
BELL, Judith. Projeto de Pesquisa: guia para pesquisadores iniciantes em educação, saúde e ciências sociais. 4 ed. Porto Alegre: Artemed, 2008.


BOSCO, Tatiane Cristina dal et. Alli. Utilização de materiais recicláveis na produção de material didático: Uma ferramenta para educação ambiental. Nov. 2005.


CARVALHO, Anna Maria Pessoa de et al. Ciências no Ensino Fundamental ? Conhecimento Físico. São Paulo: Scipione. 1998.


COLL, César. O Construtivismo na Sala de Aula. São Paulo: Ática, 1996.


DELIZOICOV; Demétrio; ANGOTTI, José André: Metodologia do Ensino de Ciências. São Paulo: Cortez, 2000.


FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 8 ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1980.


GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2008.

LADEIRA, Idalina; CALDAS, Sarah. Fantoche § CIA. São Paulo: Scipione, 1996.


MIZUKAMI, Maria das Graças Nicoletti. Ensino: As abordagens do Processo. São Paulo: EPU, 1996.


Nova Escola, São Paulo, Junho/Julho de 2001, p.20.


Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. Secretaria de Educação Fundamental. 3. ed. Brasília: A Secretária, 2001.


ZÓBOLI, Graziella. Práticas de Ensino: Subsídios para a prática docente ? 6° ed. São Paulo: Atica, 1999.