Eu cresci tendo o hábito da leitura, tanto que conservo até hoje os livros que eu ganhava quando era pequena. Mesmo com 21 anos de idade e gostando de literatura diversas e de conteúdo mais "adulto", eu ainda sou apaixonada pela literatura infanto-juvenil.

 

 



Os escritores desse tipo de literatura, com seus vários anos nas costas, dificilmente fazem algo sem sentido, ou desprovido de grandes metáforas que envolvam a vida futura da criança. Como elas recebem isso? um grande mistério particular. O mundo infantil é repleto de imaginação e criatividade, e penso que a literatura infanto-juvenil deve estar presente na adolescência e por que não na fase adulta? Estimular a criança a ler bons livros, não apenas contos de fadas que envolvam príncipes e finais felizes, é uma porta que se abre para uma vida mais profunda. Naturalmente a criança vai aprender coisas na TV, como o sexo e a ganância (cada dia mais acentuado na sociedade), a vaidade excessiva e a disputa. A época do imediatismo em que estamos impulsiona o ser humano a ser rápido e prático e a se distanciar do pensamento, do sentir, do enxergar, do escutar. Porque ver não é o mesmo que enxergar. Assim como se alguém disser "já entendi" não significa que ela refletiu sobre algo.

Eu passei muito tempo lendo livros desconhecidos, e muitos clássicos que "todo mundo" já tinha lido, eu não li. Esse ano inclui na minha lista, livros de  alta reputação, como o Meu pé de laranja lima, que foi um pecado eu não ter lido quando mais nova. Embora o universo imaginativo da criança, como a personificação das coisas, seja muito acentuado no livro, José Mauro de Vasconcelos não aborda a questão da felicidade imediata. O livro fala de sofrimento, de perdas, do mal, da violência, mas não de uma forma a destruir o mundo infantil, mas uma proposta de reflexão e realidade. Ele não deixa de utilizar da fantasia, como por exemplo o pé de laranja lima que fala com o garoto. A fantasia e a imaginação está presente aliada a realidade.



Outro livro muito bom que li de uma autora também brasileira, é Uma garrafa no mar, da Isabel Vieira. Esse é como um conto de fadas, sim, e belíssimo. Um outro estilo de literatura, mas que também aborda os sentimentos comuns da infância e adolescência, como a solidão e a angústia. Nara é uma garota que se sentia muito sozinha e resolveu um dia lançar uma garrafa no mar contendo desabafos sobre sua vida, na esperança de que chegasse até alguém. A história se passa em Natal no Rio Grande do Norte. Sua garrafa chega através de uma corrente marítima até as mãos de um garoto na Nova Zelândia. Ele faz de tudo para entender o que está escrito, procura uma tradutora e tenta encontrar Nara através do computador. É um livro delicado, inocente e super gostoso de ler.

 

Não hesito nunca em dizer que os livros me fizeram uma pessoa melhor. Questionar ainda é quase "proibido". Os livros abrem portas para outros livros. Desenvolve a capacidade de concentração e de imaginação. É um ótimo companheiro para quem se sente sozinho.

 

A literatura infanto-juvenil não é de todo infantil. Há muita maturidade dentro deles. Lembrem-se sempre de que por trás desses livros há um autor repleto de experiências na vida, contadas de forma mais amena para os doces ouvidos infantis recebê-los.

 

Por: Samira Costa

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