Resumo

No espaço rural mundial, principalmente no espaço rural brasileiro, coexistem a pequena gestão comunitária e grandes consumidores de água. Nos últimos anos a regulação comunitária dos recursos e o grande empreendimento consumidor começaram a se confrontar pela água, forçando uma reflexão sobre a lógica dos usos e dos diálogos entre a aparente irracionalidade das populações rurais, e as propostas de desenvolvimento. Este artigo versa sobre o descompasso entre essas lógicas e perspectivas, analisando o caso da escassez de água Brasil e no mundo. Enfoca a recente e crescente emergência da escassez de água e também como a escassez tende a resultar em conflito. Discute a cultura do desperdício e a utilização da água no contexto do turismo rural brasileiro, enfatizando a região do nordeste semi-
árido. Comenta ainda a normatização da escassez consolidada na legislação brasileira de águas. Em seguida analisa a percepção comum a respeito da água, conceito este que vigora tanto nas comunidades urbanas quanto rurais, e, por fim, coloca a norma costumeira face à lei das águas, analisando a ausência dos pequenos consumidores na construção e no exercício da legislação, propondo uma nova maneira de enxergar a questão da escassez.