Resolução das questões da Unidade: Cultura, Capítulo: Antropologia Brasileira do livro didático: Sociologia Hoje

Emanuel Isaque Cordeiro da Silva 
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1) Por que as visões dos intelectuais do final do século XIX sobre o Brasil eram pessimistas?

Resposta: Porque se baseavam em teorias ligadas ao darwinismo social, que relacionavam a capacidade de evolução dos povos a características raciais. Esses pensadores acreditavam que o Brasil não contava com uma população capaz de construir uma nação avançada. A realidade racial brasileira e o alto índice de miscigenação impediriam a construção de uma nação bran-ca. Influenciados por essas ideias, pensadores como Nina Rodrigues e Oliveira Vianna adotaram uma visão pessimista do Brasil.

2) Em que medida os estudos de comunidade podem ser relacionados aos estudos de aculturação?

Resposta: Ambos os campos da Antropologia (estudos culturais e estudos de aculturação) buscam investigar os processos de transformação sofridos pela sociedade, de maneira geral e, no caso mais específico desse capítulo, da sociedade brasileira na transição do rural para o industrial.

3)  Entre 1930 e 1960, houve uma mudança de enfoque dos estudos sobre as manifestações culturais populares. Qual foi esta mudança?

Resposta: Nessa época surgiu e ganhou força a abordagem funcionalista, que buscava uma compreensão maior sobre a relação entre as partes do “todo” que formaria a sociedade. A ideia dessa abordagem era compreender verdadeiramente como cada sociedade funciona, para refletir também sobre a mudança social (contribuindo com o debate corrente na época, mencionado na questão anterior). A cultura popular deixa de ser considerada um mero vestígio do passado e passa a ser vista como manifestação cultural legítima e dinâmica das camadas populares, articulada ao conjunto de transformações urbanas e sociais.

4) De que modo intelectuais como Gilberto Freyre e Arthur Ramos se posicionaram perante a miscigenação entre os brasileiros?

Resposta: Gilberto Freyre e Arthur Ramos inverteram o sinal da mestiçagem: se antes essa característica era vista como negativa, passou a ser considerada como algo essencialmente positivo. Para esses autores, a mestiçagem definia uma nova civilização, mais justa racialmente e com algo a ensinar ao mundo. Segundo essa ideia, o Brasil era uma espécie de laboratório de civilização para o mundo, um exemplo a ser seguido.

5) Como o processo de urbanização influenciou a Antropologia produzida no Brasil a partir do fim da década de 1960?

Resposta: Tradicionalmente voltada para o estudo de populações indígenas e comunidades rurais, ao longo do século XX, a Antropologia se viu diante de um país em transformação. Esse processo levou muitas pessoas do campo para as cidades, onde passaram a constituir um novo foco de interesse da Antropologia. Esse movimento estimulou a produção de uma Antropologia voltada para temas urbanos. Por outro lado, a urbanização resultou em novas frentes de expansão econômica, que afetaram as populações indígenas, colocadas compulsoriamente em contato com a sociedade industrial. Nessas circunstâncias, a Antropologia passou a estudar também o contato interétnico estimulado pela urbanização crescente.

6) Considere a letra desta canção de Chico Science e Lucio Maia. (BAIXE O PDF PARA VISUALIZAR A LETRA DA CANÇÃO).

Essa letra tem relação com vários assuntos tratados neste capítulo. Pense e escreva sobre ao menos duas relações possíveis.

Resposta: A letra da canção de Chico Science e Lucio Maia afirma que “somos uma miscigenação” e que “não há nada de errado com isso”. Podemos relacionar esse ponto de vista com o de pensadores brasileiros que, dos anos 1930 em diante, passaram a valorizar a mestiçagem como algo essencialmente positivo para o país. Chico Science argumenta ainda que “o seu e o meu [sangue] são iguais, corre nas veias sem parar”, indicando que somos todos iguais. Essa afirmação se aproxima do ponto de vista de Darcy Ribeiro em seu livro O povo brasileiro. Outra relação possível se verifica entre povo e cultura popular (“Costumes, é folclore, é tradição”). Subjacente à composição, há uma visão otimista quanto às manifestações da cultura popular (“É o povo na arte/é a arte no povo”), vistas como expressões artísticas legítimas. Podemos ainda considerar a última estrofe, na qual manifestações tradicionais da arte popular aparecem combinadas com termos que sugerem modernidade (“Maracatu psicodélico”, “Berimbau elétrico”). Dessa forma, o compositor vê a cultura popular atravessada pela vida urbana e suas modernidades, o que nos permite re-lacionar as imagens da canção com os interesses da Antropologia urbana brasileira.

7) Leia um trecho da letra de uma canção de Lenine. (BAIXE O PDF PARA VISUALIZAR A LETRA DA CANÇÃO).

Esse trecho da canção de Lenine levanta temas semelhantes aos da canção de Chico Science e Lucio Maia, mas aponta para outra dimensão importante, ausente da canção Etnia. Qual seria essa diferença? Discuta com seus colegas e relacione esse aspecto ao que você estudou neste capítulo sobre a antropologia brasileira.

Resposta: A dimensão que diferencia uma canção da outra é a ideia de que o Brasil é “o país da contradição”. Essa frase, contida em um verso da canção de Lenine, remete aos nossos problemas sociais, entre os quais a enorme desigualdade social. Ao mesmo tempo, Lenine afirma que a cultura popular é “o charme desta nação”. Temos aí também uma contradição entre a importância da cultura popular e a desigualdade social. Podemos relacionar essa contradição com os interesses da Antropologia urbana, que estuda as populações marginalizadas das cidades, fragilizadas pela injustiça social (intensificada pela urbanização descontrolada) e, ao mesmo tempo, valoriza suas práticas culturais.

8) Considere a seguinte tirinha: (BAIXE O PDF PARA VISUALIZAR A TIRINHA).

Nesta charge de 2010, Laerte chama a atenção para um problema recorrente no Brasil contemporâneo: o preconceito e a discriminação de gênero e/ou sexualidade. Como vimos neste capítulo, a antropologia brasileira estuda e combate essas discriminações. Com base no que lemos, interprete essa tira.

Resposta: A tira de Laerte aborda a discriminação baseada em opções que fogem do que alguns antropólogos consideram “heteronormatividade”. O personagem Muriel é um transgênero, termo que indica uma pessoa cujo comportamento não corresponde ao papel social atribuído ao gênero designado para ela no nascimento (Muriel tem órgãos genitais masculinos, mas se veste como mulher). Laerte, autor da tira e também um transgênero, mostra como a mídia lida com os comportamentos de gênero não heteronormativos, reproduzindo preconceitos e estereótipos. A Antropologia brasileira tem procurado dar sentido às distintas práticas de gênero, além de combater esse preconceito.

​​​​​​Perguntas disponíveis no livro didático Sociologia Hoje.

Referência Bibliográfica

In. AMORIM. H., BARROS, C. R. de., MACHADO, I. J. de R. Sociologia Hoje.1. ed. Vol. Único. São Paulo:
Ática, 2013. p. 88-90.