Quem é o bebezinho do meu coração?

- Nossa! Era hoje? Esqueci completamente.

Quando se trata de cuidar, não há espaço para atitudes relapsas.  É muito comum, e até natural, que adultos demonstrem grande afeto pelas crianças.  Claro, a espécie humana é absolutamente indefesa em seus primeiros anos de vida e depende de terceiros para sobreviver. A evolução da espécie, no entanto, promoveu um aumento significativo do cérebro, em tamanho e capacidade, a ponto de, em muitos casos, promover a falsa ideia de que se pode negligenciar o físico, o corpo, em prol do ócio. Dessa forma, muitas ações são relegadas a um baixo nível de importância como, por exemplo, empenhar-se na proteção desses vulneráveis contra males perfeitamente evitáveis.

Até a década de 1960, milhares de vidas foram ceifadas ou deformadas pela poliomielite. E com frequência, os sobreviventes, com suas sequelas, enfrentaram o preconceito, a violência, o cerceamento de seus direitos e oportunidades, a humilhação pela condição para a qual não contribuíram e, convictamente, não optaram.

Em fase de teste em 1953, e disposta aos públicos, americano em 1955 e mundial em 1957, pelo cientista novaiorquino Jonas Salk, o imunizante contra pólio apresentou resultados magníficos.

Quando, a partir de 1960 outro imunizante, desenvolvido pelo polaco-americano Albert Bruce Sabin, chegou ao mercado, com maior eficácia e simplicidade no processo de vacinação, além de menor custo, a malquista “paralisia infantil” foi erradicada em quase todo o planeta. Apenas em alguns raros países, a doença se manteve. Não por falta das vacinas, pois que ambos os cientistas, num gesto humanitário de honra e desprendimento, abriram mão do direito às patentes que os tornaria bilionários, em favor de todas as crianças.

Desinformação, conceitos abomináveis e desmazelo para com os filhotes de gente, estão fazendo o risco de volta da poliomielite ganhar proporções assustadoras.

A vacina, para inúmeras patologias, é a única proteção eficaz. É a garantia de não infecção e preservação da integridade ameaçada por vírus.

As pessoas capazes de amar e labutar pelo direito à vida plena e produtiva, focam seus pensamentos no sentido oposto a ter que responder à pergunta inicial desse artigo com tristeza ou arrependimento:

– O meu é aquele com deficiência!