Rastreabilidade Produtos de Origem Animal do Campo a Mesa ?I -
Publicado em 27 de fevereiro de 2010 por Romão Miranda Vidal
Rastreabilidade Produtos de Origem Animal do Campo a Mesa –I -
Interessante como atividades que antes eram consideradas banais agora passam a ser consideradas de extrema importância. Na realidade estas atividades sempre foram consideradas de importância elevadíssima, só que não davam "status" para quem as apregoassem. Eram consideradas pessoas chatas, ultrapassadas e que sempre estava procurando algo a mais. Pois a persistência e a crença naquilo que se estava fazendo era tão ou mais importante que alguns outros modismos, que afinal, reconheceu-se finalmente a importância de produzir alimentos sadios. Produção esta que tem início no pasto e chega à mesa do consumidor. E neste trajeto, muitos obstáculos, resistências, interesses econômicos e políticos se fazem presentes. Na sua maioria para atrapalhar. Mas quando estas atividades começam a ganhar as páginas de jornais e noticiários televisivos, todas querem se fazer presentes e até se apresentam como os precursores de tais acontecimentos.
Mas o mundo atual já aprendeu a não dar importância e nem valor a tais situações menores. O mundo está preocupado em saber se o pecuarista, se o Médico Veterinário, se o Administrador da fazenda, se o Agrônomo ou outros profissionais envolvidos na produção de alimentos, são confiáveis no papel que lhes é destinado e se os produtos por eles orientados também o são. A lógica nos leva a raciocinar muitas vezes de forma simplista, como por exemplo: se o animal foi criado dentro de todos os padrões protocolares de sanidade, alimentação, manejo e meio ambiente não existem razões para que tal produto não atenda às exigências de consumo.
É necessário que tenhamos em mente e também na prática do dia-a-dia, que não bastam procedimentos básicos corretos, muitas vezes nos deparamos com situações que fogem ao controle do Técnico e do Pecuarista, mas... também temos situações que são nossas e por conseguinte únicas e indelegáveis.
A situação de momento parece-me que tende a despertar antigos fantasmas e criar novos personagens, ou quem sabe até recriá-los. O mito de uma alimentação sadia ganha na mídia espaços gigantescos e repercute no aspecto técnico e comercial. E neste corolário de situações surgem novas situações ameaçadoras concretas e palpáveis em relação a saúde humana, em que a SEGURANÇA ALIMENTAR e a RASTREABILIDADE, aplicadas nos produtos de origem animal, que vai do campo à mesa, passam a ser tão ou mais importantes que outros procedimentos, uma vez que além de intervirem na saúde humana também o fazem na parte econômica de um povo e de uma nação. Podemos então nos deparar com a necessidade de monitorarmos algumas situações de risco, que por sua vez independem de atividades técnicas e científicas, que tendem sempre a potencializarem-se por si mesmas, provocando uma reação de causa e efeito, quando nos deparamos com agentes microbiológicos de alto poder patogênico. E estas situações são nos dias atuais altamente perigosas, uma vez que passamos a conviver com a realidade dos fatos assim posicionados:
1. O mundo passa a conviver com um novo sistema de alimentação. A alimentação
2. Dias atrás, quando estávamos em uma grande capital, o avião que nos transportava pousou próximo a um lixão. Pudemos mais uma vez notar a miséria escandalosa a qual são submetidas as pessoas, que buscam naqueles monturos fétidos o seu alimento e o seu ganha pão. Chamou-nos a atenção um número considerável de crianças ali expostas a todos os tipos de contaminações oriundas de restos de comidas, de lixo hospitalar, de varreduras de ruas, enfim, um verdadeiro Inferno de Dante exposto aos nossos olhos. Mas o comentário do nosso piloto no trajeto para o hotel foi o seguinte: "estas crianças da forma como são e estão expostas, dificilmente ficam doentes, estão criando uma imunidade reforçada". Pois é! Ao contrário, o mundo que não sofre estas agruras apresenta um elevadíssimo grau de deficiência relacionada à imunidade de várias doenças, e muitas delas comuns. Não que sejamos partidários de que aquela situação é aconselhada, vamos entender que foi um triste espetáculo e que deu margens ao comentário. Estamos entendidos? Então vamos continuar. Hoje uma salmonelose causada pela Salmonella Enteriditis em uma criança que convive no lixão não causa estragos maiores, uma vez que ela já se apresenta como um ser imunopositivo. Uma criança em condições outras, que não as antes citadas, provavelmente ante um quadro desta gravidade apresentar-se-ia imunonegativa, adoecendo de forma brutal. A situação se encaminha para uma posição altamente preocupante, agora relacionada com uma nova realidade. Os estragos e o comprometimento de uma infecção causada por Salmonelas, Pasteurelas, Micotoxinas, Stafilos em uma pessoa com AIDS ou, digamos, que foi submetida a um transplante, podem levar a fatalidade de um óbito, se formos considerar que esta infecção foi patrocinada pela ingestão de alimentos contaminados. Mesmo pessoas em condições de recuperação de algum tipo de tratamento, em que suas reservas orgânicas e imunológicas ainda estão comprometidas, ao ingerir alimentos que portem estes agentes patógenos, podem ficar com o seu estado de saúde comprometidos. Então mais uma vez voltamos ao assunto em que o uso e a prática de radiação ionizante em alimentos tende a ganhar espaço no contexto RASTREABILIDADE/ SEGURANÇA ALIMENTAR. Economicamente a adoção da irradiação em gêneros alimentícios deverá ser vastamente analisada. Sanitariamente seria uma grande ajuda no sistema alimentar hospitalar, grandes cadeias de restaurantes, cozinhas indústrias, asilos, creches, forças armadas, restaurantes universitários e restaurantes coletivos/ industriais, uma vez que diminuem os riscos de contaminações dos alimentos, pelo menos de forma indireta.
Voltaremos ao assunto, tratando agora dos efeitos dos antibióticos, micotoxinas, aspectos técnicos, econômicos e legais, sem deixar de lembrar-se do consumidor.