As novas tecnologias de comunicação e a linguagem dos jovens – A nova linguagem e a didática do ensino de língua

Introdução 

            Este trabalho tem como objectivo investigar a relação entre os novos recursos de comunicação, nomeadamente telemóvel e computador (comunicação via Internet e programas destinados à socialização na rede, tal e como Facebook, hi5, My Space, Skype, MSN Messenger e outros afins) e a linguagem. Serão analisados os grupos de utentes deste tipo de serviços que a Internet oferece, que são geralmente adolescentes, jovens e jovens adultos e a sua linguagem, que tem a tendência a ser coloquial e informal, por causa de vários factores: carácter menos formal da situação de comunicação, desejo de identificação com um determinado grupo, e o que parece mais interessante para este trabalho: a proximidade com a oralidade e a ilusão da presença do interlocutor. O que é importante do ponto de vista do ensino de línguas é investigar como é que o professor deve lidar com os erros que os alunos cometem devido ao uso excessivo destes meios de comunicação e colocar a questão de si os textos encontrados na Internet nas páginas que se dedicam ao relacionamento interpessoal devem ser mencionados e tratados na sala de aula, e quais são as técnicas e estratégias que o professor deve utilizar para aproximar esta matéria aos alunos.  Dado que as modernas tecnologias de comunicação e a linguagem usada nelas são bastante recentes, uma das possíveis dificuldades na elaboração desta pequena análise será a quantidade reduzida de bibliografia apropriada para o assunto que vai ser abordado.

A Internet e a sociedade contemporânea

Dado que o ritmo de vida na sociedade contemporânea é cada vez mais acelerado, é preciso que surjam novas formas de comunicação interpessoal rápidas e eficazes, que possam satisfazer as necessidades do homem moderno que deseja estabelecer contactos e relações com pessoas por razões mais diversificadas: amizade, trabalho, necessidades de conhecer outras culturas e opiniões, de trocar informações ou de experimentar novas invenções. Alguns dos meios de comunicação inevitáveis hoje em dia, sem dúvida alguma. São os telemóveis e a Internet. A Internet, entre outras coisas, serve para criar novas formas de associação humana, e acordo com Slevin, (2003). Hoje em dia, para além do trabalho e equipa e trabalho individual, valoriza-se muito o trabalho em rede e por isso não é de estranhar que determinados grupos profissionais (nomeadamente tradutores) tenham as suas redes sociais, tal como os LangMaes e grupos como Prozz. em que se pode participar em discussões, pdir informação, aceder aos dicionários electrónicos etc. De certeza que outros grupos profissionais terão também os seus meios de se associarem e agruparem.

Quando se fala sobre a associação humana, não se pode deixar de pensar nos fóruns que surgem e que dizem respeito a qualquer tema de interesse, onde as pessoas têm a oportunidade de exprimir a sua opinião, de concordar ou discordar, de discutir e partilhar ideias, nas páginas de chat, nos grupos organizados por defensores de um determinado ponto de vista. Esta enorme necessidade de comunicação virtual aparece como uma das possíveis consequências do grande afastamento das pessoas, sobretudo no meio urbano.

Na opinião de Slevin (op.cit, 104) na actualidade existe a perspectiva de olhar para o mundo real como mais uma janela. Esta metáfora é simbólica porque se refere à possibilidade de ampliar e abrir novos horizontes através do uso da Internet, de aprofundar os conhecimentos, de alargar o vocabulário etc., e por outro lado, “mais uma janela” pode referir-se às janelas que aparecem no ecrã do computador durante a comunicação virtual. Mediante os programas que se destinam à socialização virtual, criam-se novos hábitos, novas formas de comportamento e novos tipos de linguagem (abreviaturas, palavras importadas de outras línguas, nomeadamente do inglês, mudanças no domínio da ortografia e assim por diante.) A parte simbólica e icónica muito explorada nestes programas não é menos importante, porque além da razão de poupar tempo e espaço na comunicação tem um carácter muito expressivo e pode-nos revelar mais informação sobre a pessoa que usa este tipo de signos. Para a comunicação virtual via as novas páginas Web emprega-se o termo inglês “social networking”. Esta forma de comunicar pode ser vista como (Megaguia, 2008:3) “diversão simples e inofensiva, uma maneira de as pessoas se encontrarem na Internet, para trocar opiniões, contar piadas, partilhar links para páginas Web interessantes, ver fotografias uns dos outros ou apenas passar algum tempo”

  A comunicação virtual porém, pode ter as suas desvantagens, que também serão mencionadas ao longo deste trabalho.

 

 

As marcas da oralidade presentes na escrita

 

Em todas as culturas no mundo a oralidade tem uma grande importância, porque o domínio do oral surgiu muito antes do aparecimento da escrita. A tradição oral merece ser mencionada porque serve para transmitir valores e aspectos culturais, para dar ideias, para formar uma determinada língua. Alguns traços da oralidade podem-se encontrar também fora da literatura popular. No âmbito da literatura erudita, o autor pode-se servir do registo oral para descrever com verosimilhança o comportamento e a fala de determinados grupos sociais.

 É óbvio que existem diferenças notáveis entre a linguagem escrita e a oral e como as mais fundamentais, de acordo com Duarte (2000:377) destacam-se “ a natureza primária, dinâmica e não regulamentável do sistema oral” que se contrapõe à  “natureza secundária, estática e regulamentável da escrita”.

Quando se afirma que a oralidade é não regulamentável, isso de modo nenhum significa que no domínio oral não haja regras que se respeitem e que sejam válidas. Pelo contrário, o sistema oral, sendo muito dinâmico, desenvolve-se de forma mais rápida e é por vezes difícil determinar o quê pode ou não ser considerado correcto. Na escrita, sendo ela, como afirma Duarte (op.cit. 357) “a forma codificada do oral” vêem-se mais facilmente as normas fixas da linguagem.

Nos novos meios de comunicação (na Internet e ns mensagens enviadas e recebidas por telemóvel está presente porque nos novos meios de comunicação e nas novas situações comunicativas o grau de formalidade parece ser mais baixo, devido à ilusão de o interlocutor estar a participar na comunicação. Nestes meios de comunicação imita-se uma conversa espontânea, que tem as seguintes características: numa situação comunicativa do quotidiano os falantes muitas vezes falam ao mesmo tempo, interrompem o interlocutor, esquecem-se do que queriam dizer, reformulam a frase, voltam a algum assunto anteriormente mencionado etc. Por esta razão, numa conversa diária predomina o uso dos períodos oracionais simples, sem subordinação, são frequentes as elipses, as expressões deícticas, e o tipo de linguagem tende a não ser muito complexo nem abundante em vocábulos que não pertencem ao dado registo. É verdade que a função básica de cada língua é a comunicação, no entanto temos de ter em conta que, na perspectiva de Littlewood (1992:9) “ Communication and language are very closely related, but they are not the same phenomenon”.[1]

Por isso não basta dominar apenas as regras da língua enquanto sistema abstracto, é preciso, e até pode ser mais importante conhecer e dominar o uso da língua nas situações concretas e saber o que é ou não é permitido dentro dum determinado género e registo. Embora exista uma opinião geral que a comunicação das mensagens do telemóvel e das conversas no MSN Messenger e outros programas semelhantes foge à norma padrão, não é verdade que ali não se respeitem regras absolutamente nenhumas. Isto é, quando se trata de um sistema de comunicação, de um canal de comunicação partilhado, deve existir um número de normas em vigor para que a comunicação seja possível.  Uma destas regras é a seguinte: abreviações de palavras, que dependem de língua para língua. Nomeadamente em inglês é frequente o aparecimento das letras U R juntas, para se expressar you are (tu és), o que corresponde à pronúncia destas letras no alfabeto inglês. Em português, as palavras mais abreviadas são: também, que passa a ser tb, muito, que se transforma em mto., beijinhos que chegam a ser bjs, o verbo estar que se escreve simplesmente como tar etc. Em sérvio, o assunto complica-se ainda mais.

 A língua sérvia dispõe de dois alfabetos: o cirílico e o latino. A linguagem das mensagens  dos telemóveis privilegia o  uso do alfabeto latino, o que automaticamente  significa a marginalização do cirílico. Mesmo escrevendo em letras latinas, os utilizadores do Facebook, Skype, Messenger e programas parecidos omitem o uso dos signos diacríticos nas letras č,ć e š, e elas ficam como c, c, e s.   para a situação da linguagem usada nos meios electrónicos se agravar ainda mais, existem jovens que escrevem sérvio imitando o inglês e para as nossas letras č e ć utilizam ch, enquanto todas as palavras que contêm a letra š, passam a ser escritas com sh, à meneira inglesa.

Outras das alterações possíveis e permitidas neste género de escrita são: mudanças de grafia das palavras, o uso excessivo de k e x em português) substituição das palavras pelos desenhos e símbolos já existentes o programa, a omissão da pontuação, pouca preocupação pela correcção gramatical e ortográfica e assim por diante. As palavras acima mencionadas não se encontram em nenhum dos dicionários referentes de língua portuguesa e o corrector automático do Microsoft Word sublinha-as a vermelho e não oferece nenhuma sugestão ortográfica para elas, o que significa que ainda não fazem parte do sistema linguístico português e que ainda, não tendo uma aceitação global, ficam restritas a um tipo de comunicação.

A abreviação das palavras nas mensagens do telemóvel é compreensível, porque desta maneira se poupam espaço, tempo e saldo. O fenómeno de abreviar as palavras, embora pareça recente, existia há muito tempo. Basta só olharmos para as antigas lápidas dos reis e rainhas portugueses ou documentos escritos em pergaminho onde aparecem formas como: mto. Por “muito”, “Ex.mo.” Em vez de “excelentíssimo”, “P.e” em vez de “Padre” ou M.ª que substitui o nome próprio Maria. Nesta situação a razão destas mudanças e abreviações era diferente:

O trabalho de talhar a pedra era muito duro e longo e para se facilitar o processo de elaboração de uma lápida, tinha de se recorrer a um elemento da linguagem mais curto com o mesmo significado. No caso do pergaminho, o material era caro é difícil de se conseguir encontrar, e não permitia o luxo de se desperdiçar por causa de palavras excessivamente longas. As abreviaturas e abreviações aparecem com grande frequência nos apontamentos dos estudantes escolares e universitários, seja como siglas registadas nos dicionários, seja como as que se usam no telemóvel, ou algumas que o próprio aluno inventa para se “orientar” mais facilmente no seu caderno, quando o professor dita o fala rápido e é preciso seguir o ritmo da aula e obter uma ideia do assunto tratado.

 Na Internet esta forma de comunicação é mais simbólica do que prática, porque os participantes dum determinado fórum ou chat desejam identificar-se como membros de um grupo, onde se partilha um sistema de comunicação. Nesta linha de investigação Wofson (in: Richards, Schmidt, 1983 61) afirma que “How people speak is part of what they say.”[2]  Para analisarmos esta citação, devemos concentrar-nos mais nas funções da língua e as situações comunicativas em que ela é usada. Nomeadamente, mesmo que seja num fórum da Internet, não se vai falar da mesma forma sobre a participação de Portugal no Campeonato Europeu de Futebol, e sobre o acordo ortográfico, ou sobre o novo filme dum actor de Hollywood. Em termos de campo, relações e modo, no exemplo citado o modo é o mesmo (conversa virtual em forma escrita), as relações também, entre os participantes daquele determinado fórum, mas o campo é que muda e, logo muda o tipo de vocabulário.

A Internet, sendo uma rede de carácter global tem como uma das funções reunir pessoas de várias partes do mundo em grupos ou fóruns à volta de um tema. Os membros desses grupos por vezes se comportam como pequenas comunidades fechadas com as suas regras e variedades linguísticas que usam. De facto, um dos indicadores da variação linguística, além do espaço (variação dialectal), tempo (variação diacrónica) é o factor social. Segundo se afirma:

A pertença dos falantes a vários grupos sociais e profissionais caracterizados por certos níveis culturais e de escolarização condiciona o sistema de conhecimentos e crenças e traduz-se em comportamentos diversificados no âmbito dos quais se incluem usos diversificados de língua.

(Duarte, op.cit. 27).

 

Mesmo assim, na linguagem dos computadores e telemóveis aparecem regras “universais” que todos os utilizadores usam, independentemente do seu nível social, nomeadamente a parte dos símbolos para substituírem as palavras ou as mencionadas abreviações, palavras menos formais e outras marcas da oralidade, que se apresentam num género escrito, para simular uma conversa normal. Será que também por isso nos sentimos cada vez mais afastados uns dos outros e temos cada vez mais vontade de encontrar um amigo num fórum, em vez de um tomar café num lugar fora do ciberespaço, já que a conversa virtual, parece tão espontânea, natural e próxima da nossa realidade quotidiana. Há pessoas que usam este tipo de linguagem só quando estão com pressa, enquanto para outras já é uma questão de hábito e não sabem escrever mais de forma padronizada, dado que passam dez o mais horas em frente do computador.

 

As novas tecnologias na sala de aula

 

Desde que apareceu, a Internet levantou muitas polémicas a seu favor ou contra o seu uso na sala de aula. Os apoiantes desta ideia, entre eles Alessandro Cristofori (2000) defendem as vantagens das novas tecnologias que possibilitam os alunos terem mais canais de comunicação, mais fontes de informação, um acesso rápido e prático à informação mais diversificada que melhora o processo da aprendizagem e propõem o uso do computador e da rede até no ensino do latim, afirmando deste modo, que a tecnologia e a modernidade não são incompatíveis com a Antiguidade clássica. Sem dúvidas a Internet pode ser muito útil no ensino de línguas, porque hoje em dia se fala muito no ensino à distância, cursos de línguas e dicionários on-line e materiais em suporte digital, para facilitar o acesso à vários tipos de informação, que ajudasse os alunos a terem uma escolha mais diversificada e uma visão mais abrangente do processo de ensino e aprendizagem. Os opositores desta hipótese têm os seus argumentos, criticando algumas fontes da Internet como pouco fidedignas, levantando a sua voz contra as edições digitalizadas dos livros que os alunos descarregam e depois não tem vontade de ler o livro “em papel”, e afirmando que o acesso demasiado rápido estimula a preguiça dos alunos e dá-lhes uma visão uniforme das coisas e não desenvolve o espírito crítico. Na minha opinião, como todas as invenções humanas, a Internet tem os seus defeitos e as suas mais-valias e, se for usada com cuidado e na medida adequada pode ser muito proveitosa para o uso na sala de aula.

 

As novas formas da linguagem: um desafio o uma ameaça para a língua

 

A comunicação via mensagens dos telemóveis e Internet tornou-se num fenómeno global, e parece que todos os países estão a enfrentar o mesmo problema: a introdução excessiva e muitas vezes desnecessária dos empréstimos da língua inglesa, uma nova maneira de escrita, uma gramática muito simplificada etc. As questões que se colocam logo são as seguintes: Qual é a atitude que o país em termos de política linguística interna deve tomar em relação ao assunto? As instituições relevantes para a língua e cultura devem reagir de que forma? Qual é o papel da escola e dos meios de comunicação quanto à utilização dessa nova linguagem, a sua prevenção ou difusão? Os materiais descarregados da Internet e dos telemóveis podem e devem ser ensinados na sala de aula? Se a resposta for positiva, de que forma é que esse assunto deve ser abordado. Por último, será este fenómeno global apenas um jogo inofensivo de criatividade linguística ou detrás disso se esconde uma ameaça grave para cada língua em particular?

Para começarmos a responder a estas perguntas, convém saber que este tipo de linguagem já não se destina apenas ao ciberespaço e que já começou a ultrapassar as fronteiras dos meios de comunicação em que foram criados, para supostamente aproveitar melhor o espaço e o tempo dos participantes da conversa virtual. As palavras portuguesas que na língua padrão têm –que, -qui ou –c por razões comerciais começaram a ser introduzidas em outros espaços com a grafia de k. Nomeadamente, o jornal da distribuição gratuita Destak põe a palavra escrita desta forma chama a atenção dos leitores, inclusive pela forma da letra K no final. O supermercado Aki, tem o mesmo propósito, enquanto a companhia TMN, utiliza palavras como: “karga” em vez de carga etc. para se dirigir aos clientes adolescentes, jovens e jovens adultos para favorecer a sua comunicação por SMS, esquecendo-se de que isso pode prejudicar a língua, porque os jovens, que podem usar esse código de escrita na Internet e nas mensagens desejam saber como  a palavra se escreve na realidade. Vendo-a nos anúncios e na televisão o/a jovem pode chegar à conclusão de que a grafia da palavra é correcta com k e fixá-la e passar a usá-la. Além disso, os professores queixam-se de que os alunos, muitas vezes inconscientemente, dão estes erros nos testes, trabalhos de casa e ensaios Na Irlanda foi formada uma comissão educativa que luta contra a “infiltração” das palavras erradas na língua.

O linguista sérvio Professor Doutor Ivan Klajn (2008) vê o problema como “novas tentações” para a língua sérvia e continua a afirmar que: “Jezik tvore i goore[3] mladi ljudi koji vrlo rado prihvataju sve što je novo i strano»

No Brasil o fenómeno tem ido ainda mais longe porque se formou um Movimento Nacional para a Defesa da Língua Portuguesa. Pode parecer paradoxal, mas os brasileiros por vezes são mais conservadores em relação à preservação da língua portuguesa que os próprios portugueses. Nomeadamente, quando se trata da introdução dos estrangeirismos do inglês, os brasileiros preferm traduzir o conceito ou adaptar a palavra estrangera, enquanto os portugueses optam por introduzir o estrangeirismo. O mencionado Movimento surgiu como reacção ao uso excessivo da linguagem das SMS ou Internet. Embora o seu nome possa parecer nacionalista, trata-se na realidade de um grupo de professores de Língua e Literatura Portuguesa que desejam «defendê-la» da introdução dos novos hábitos na escrita e na gramática do português. Esta nova linguagem no Brasil tem o nome de «internetês.» O sufixo –ês no fim da palavra como em – inglês, chinês ou português indica que já se trata de uma «língua», um sistema elaborado, com as suas regras e características próprias. O facto de o corrector automático do computador não tenha sublinhado a vermelho, significa que este fenómeno também em Portugal se tornou muito normal.   Duas das professoras que pertencem ao Movimento Nacional para a Defesa da Língua Portuguesa, Sylvia Bittencourt e Elenice Rodrigues Lorenz referiram as  seguintes características desta nova linguagem: falta da acentuação gráfica das palavras, falta de pontuação, desvios da ortografia, a escrita simplificada dos vocábulos originais para se aproveitarem o espaço e o tempo, a sintaxe reduzida aos períodos simples, confusão das regências  dos verbos, o que esclarece perfeitamente a carência de conhecimentos de língua materna dos utilizadores deste tipo de linguagem na comunicação. O que chama a atenção é que no Brasil, um filme destinado ao público adolescente foi legendado para internetês em vez de o ser para o português da norma brasileira. Quais eram as razões para esta opção do tradutor podem ser várias: aproximar a linguagem das personagens adolescentes ao que os adolescentes brasileiros usam na comunicação diária, a vontade de chamar a atenção do público jovem, a vontade de levantar polémicas nos meios linguísticos e por aí fora. O mais grave seria que o tradutor do dito filme estivesse tão habituado a este tipo de código usado na comunicação via mensagens ou via Internet, que nem se deu conta das suas faltas. Para as Professoras Bittencourt e Lorenz  o problema do internetês é começar a ser usado como a única opção na comunicação escrita, ultrapassando deste modo o âmbito restrito dos telemóveis e computadores. Este sistema da linguagem, segundo elas, obriga as pessoas a limitarem-se aos modismos, empobrece o vocabulário, estimula a preguiça e é um reflexo de uma constante falta de leitura dos que comunicam desta forma. As próprias admitem que numa comunicação privada e muito descontraida usam este código de comunicação, e deste modo beleza passa a blz, ou beijos a bjs. Porém, fora do contexto familair ou informal as palavras voltam a ter a sua forma completa e correcta.  Um factor frequentemente mencionado em defesa da linguagem usada nas SMS ou na Internet é o de poupar espaço e tempo e que por isso é necessário mudar de grafia das palavras e abreviá-las. Por isso, muitas vezes, todas as palavras que começam por que- ou qui- escrevem-se de forma simplificada usando a letra k (ex. Kerido em vez de querido,  kioske em vez de quiosque etc.) Aqui é verdade que se «poupam» o espaço e o tempo, porque em vez de duas letras escrevemos apenas uma. No exemplo «contigo» a abreviação aceite no código de comunicação das mensagens e dos programas de socialização é ctg. Aqui também, para se passar mais rapidamente para outro elemento da frase, omitem-se as vogais e uma consoante e aproveita-se aparentemente melhor o tempo em que se poderia dizer algo muito útil e importante ao interlocutor.

Porém, no caso de «casa», quase em todas as mensagens aparece «kaxa», onde são alteradas a grafia e a pronúncia da palavra e não se vêem os efeitos da tão louvada  poupança de espaço e tempo, visto que em ambos os casos se escrevem quatro letras. Neste caso, trata-se já de uma variante da palavra aceite nestes círculos. O que pode ser confuso é a razão pela qual não se escreve «kaza» para se ser ainda mais próximo da pronúncia original da palavra, mas cada sistema tem as suas regras. Nas mensagens SMS e na Internet aparecem também elementos da linguagem coloquial, nomeadamente as palavras como «bué», «fixe», «xunga», «gajo/a» etc.

 Embora sejam muito criticadas pelos linguístas, estas palavras não se podem classificar dentro do mesmo grupo que as acima mencionadas, porque muitas delas já estão registadas nos dicionários de língua portuguesa e são palavras específicas que pertencem a um outro domínio, ao domínio da gíria, enquanto nos telemóveis e computadores se trata de «transformar» as palavras existentes sem mudar do seu significado e estas duas categorias não se devem misturar. O problema com cada uma das categorias mencionadas é aparecerem nos testes e trabalhos de casa dos alunos nas escolas e universidades. Uma das desculpas usadas pelos alunos pode ser a falta de tempo para responder todas as perguntas no teste e que isso foi o que os obrigou a escreverem de forma modificada. 

Ainda que já exista um dicionário que regista alguns dos exemplos das palavras usadas nas mensagens, os professores devem corrigi-las nos testes, porque esse dicionário não é o da língua padrão, apenas se limita a descrever uma linguagem muito específica.  Se em algum dos dicionários referentes de língua portuguesa aparecerem registados os vocábulos como «pk» em vez de porque, «migo» em vez de «amigo», «pf» em vez de «por favor», o Professor teria de aceitá-las como correctas. Até isso acontecer estas formas devem ser consideradas desvios e ser corrigidas. Um dos problemas  desta linguagem é que ala também muda e muito rapidamente, isto é, num futuro próximo alguém pode desejar codificá-la de alguma maneira e dar-lhe uma forma mais ou menos fixa e definida e vai escrever manuais de (orto)grafia para estas palavras. Se esta linguagem entrar nos meios de comunicação, isso seria o primeiro passo para ela entrar nas escolas. O aluno deve saber a diferença entre o domínio mais ou menos formal da língua, entre o correcto e incorrecto, entre as situações de uso da língua. Existindo uma clara diferença entre a linguagem da literatura, jornais e televisão em relação à linguagem da Internet e telemóvel, o aluno vai saber fazer a diferença e não vai recorrer aos elementos desta linguagem nos testes, no melhor dos casos. O  sistema escolar deve obrigar o aluno a ler mais, a procurar a informação para os seus trabalhos em livros referentes na área e não apenas na Internet, o que fará com que ele comece a prestar mais atenção à escrita padronizada da língua. Os Professores devem estimular os alunos a consultarem o dicionário, procurando sinónimos, expressões fixas, antónimos etc, e assim serão menos preguiçosos no uso da língua. Se enriquecer o seu vocabulário, o aluno não necessitará da parte dos desenhos que servem para exprimir emoções, e em vez de um coração usará palavras com pleno sentido relacioanadas com o amor ou outros termos que signifiquem a fectos e sentimentos.

Quando alguém explicar que a rapidez não é um critério suficiente para uma comunicação bem-sucedida, os utilizadores dos programas de socialização e mensagens do telemóvel vão dar-se conta de que as palavras muito abreviadas ou com a grafia completamente mudada perdem o seu sentido original e que em vez de «gxt mt ti» seria mais bonito escrever a frase inteira: «Gosto muito de ti». Aliás, quando nos desculpamos de não ter tempo e que hoje vivemos muito rapidamente, esquecemo-nos que desta forma enfraquecem ou são ameaçadas as nossas relações afectivas. Se não podemos dedicar alguns minutos de atenção ao nosso amigo a quem escreemos, podemos perguntar-nos se na realidade setrata de uma verdadeira amizade, mas estas suposições ultrapassariam largamente os objectivos deste trabalho.

É interessante salientar também que estes desvios da norma padrão da língua na Internet e nos telemóveis aparecem com mais frequência nos falantes nativos, que consideram saber o suficiente sobre a sua língua materna que até podem permitir-se o luxo de introduzir novidades linguísticas e ortográficas na sua língua. Os falantes estrangeiros de uma determinada língua estão mais atentos à ortografia, pontuação, acentos gráficos e o til, tentando desta forma fixar melhor as palavras e aprender melhor a língua. Quando os estrangeiros considerarem que dominam a língua alvo bastante bem, pode acontecer que comecem a introduzir alguns elementos presentes nos domínios da comunicação electrónica.

 

Análise e comentário de algumas mensagens  SMS e conversas virtuais

 

Na parte mais prática deste trabalho serão analisadas algumas conversas reais dos Chat, algumas mensagens enviadas para o meu telemóvel (pelos estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, geralmente) e algumas páginas de Hi5 dos  amigos, o que será adjunto como anexo desta pequena análise. Serão observados os tipos de desvios, o uso das imagens e símbolos, a utilização das cores etc. Depois tentarei ver se estes estudantes da Faculdade de Letras conseguem limitar o emprego desta nova linguagem apenas ao registo da comunicação electrónica, ou também cometem erros na escrita (nos trabalhos de casa, testes etc.) Esta observação ajudar-me-á para ver como é que o professor pode utilizar os fragmentos destas conversas na sala de aula, não apenas do ponto de vista da correcção dos erros, mas também do ponto de vista de desenvolver a criatividade linguística dos alunos e por último tentarei verificar a aplicabilidade destes textos escritos na abordagem baseada em género; isto é se os alunos, a partir de um texto escrito para comunicar por Internet ou SMS, são capazes de identificar o registo, género, campo, relações e modo e se conseguem ver as etapas  obrigatórias na elaboração de cada texto escrito (a construção do contexto, a desconstrução, e quais seriam as actividades mais apropriadas para a construção conjunta e construção independente.)

Na análise  vê-se que existem vários tipos de erros.

A)   Erros de pontuação: Os participantes das conversas virtuais não se preocupam muito com a pontuação correcta, e só uma vez puseram o ponto final no fim da frase declarativa, como é o caso no exemplo: “Tu ekés cota, trata do assunto tu.” (tu é que és mais velho, trata do assunto tu)

Em relação aos outros signos de pontuação, os que aparecem frequentemente são as vírgulas, e por vezes estão colocadas no lugar certo, mas por vezes faltam, como nos seguintes contextos: “Opa tas knnosku a noit”, que rescrito correctamente seria assim: “Oh, pá, estás connosco à noite.” Quanto aos pontos suspensivos, eles por vezes aparecem só duas vezes, e há quem os escreva quatro, cinco ou mais vezes, que seria considerado um erro do ponto de vista da pontuação da língua portuguesa padrão. Os signos de interrogação poucas vezes aparecem escritos correctamente, geralmente são multiplicados pelo menos três vezes, ou até aparecem misturados com o ponto de exclamação. Estas duas últimas observações não são estranhas tendo em conta que neste registo é muitas vezes imitada a naturalidade e a espontaneidade das conversas orais, onde se fazem grandes pausas (ilustradas com o grande número de pontos) ou onde a entonação sugere o grau de o falante se surpreender ao fazer uma pergunta. Os exemplos que demonstram estas situações são: “Poix.....é pena” em vez de: “Pois, é pena. Ou: Pois... é pena.” “N.. achas q consigo?,” onde os pontos suspensivos aparecem só duas vezes. Em relação aos pontos de interrogação exagerados, os exemplos que servem como ilustração são os seguintes: “Tao (smilie) knd vens?!?!” e “N vens agra na paskoa?!?!” Aqui estão presentes as marcas da oralidade, porque na conversa oral a entonação inicial seria um pouco diferente, mais ascendente do  que se esta fosse uma frase declarativa. Além disso, no primeiro caso, na “voz” do falante nota-se uma emoção de alegria e excitação pela possível chegada da outra pessoa e isso poderia justificar a utilização dos pontos de exclamação Na frase “N da pa ires fazendo ka???” vemos a presença de três pontos de interrogação sem pontos de exclamação, porque é uma pergunta mais ou menos normal, onde, no entanto está latente um sentimento de estranheza por causa da impossibilidade de a outra pessoa vir de visita. Não se respeitam nem as regras de iniciar a frase com maiúscula e de denominar as festas escrevendo-as também com maiúscula (Páscoa) que no texto está escrito como “paskoa”

B)   Erros de acento gráfico e til:

Por critérios da rapidez, poupança de espaço ou tempo, os acentos gráficos geralmente são omitidos e sobretudo nas palavras curtas como: lá, cá, dá etc. que nestes textos se escrevem como la, ka, da. O exemplo mais flagrante da falta do uso dos acentos é a  palavra paskoa, que deveria escrever-se como “Páscoa”. Embora a omissão dos acentos gráficos seja muito visível, temos de salientar que as raparigas (Maria e Cátia) aparentemente têm mais cuidado com a escrita e parece que também têm mais paciência em escrever. No “discurso” da Maria uma vez a palavra “lá” aparece correctamente escrita e outra vez não, a palavra “a sério” também, enquanto na conversa da Cátia, o acento está colocado correctamente no seu nome, tal e como na palavra aí. Nas conversas das pessoas cujo nome e sexo não consegui identificar a partir do nome que usam na Internet há acentos correctos, sobretudo na forma da terceira pessoa do verbo ser no presente de indicativo, mas há também acentos a mais “ Á pois é”. Onde falta o acento é na palavra bué, porque os participantes desta conversa provavelmente não sabem que ela já está registada no dicionário da Academia como palavra proveniente de Angola. Os acentos faltam muitas vezes na palavra olá, como na palavra sérvio etc, e pode-se verificar também a frequente ausência dos acentos circunflexos nas palavras vocês, importância, inocência etc.

C)   Erros de ortografia:

Dentro dos erros de ortografia serão analisados só aqueles que supõem a mudança de uma ou duas letras na grafia da palavra e a omissão das letras, enquanto a abreviação das palavras ou a sua transformação serão classificados dentro de um grupo específico de erros.  Os erros mais frequentes são os da substituição das letras c, ou q com k, nos contextos co- (kmg em vez de conmigo), “paskoa em vez de Páscoa, knnosku em vez de connosco, k em vez de que. Este fenómeno acontece também em espanhol como no caso: “Kerida, fikamos para comer entrada, refeitorio a 14”., devida a igualdade da grafia e da pronúncia das palavras que têm o grupo que nestas duas línguas. Uma única vez consegui verificar que a letra c foi substituída pelo q, no caso : qontigo em vez de contigo. Também um outro erro muito visível é a substituição do grupo ch,- es- s, ss e s intervocálico pelo x, como nos exemplos: poix em vez de pois, max em vez de mas exax em vez de essas , kaxa em vez de casa, como no exemplo de uma SMS: “Tou com ele n tamus na tua kaxa”.,  xtudar em vez de estudar. Geralmente acontece que o grupo das consoantes ch se substitua por x, dada a pronúncia igual destes sons, no entanto numa das conversas analisadas apareceu um caso contrário: um x foi substituído por ch, como no caso: “A stora é bem fiche”, em vez de “ A sotora é bem fixe”, porque a palavra “fixe” já faz parte do léxico português e está registada no mesmo dicionário acima mencionado. Para verificar por que razão aconteceu este fenómeno,  tive que conversar com alguns colegas da faculdade e nestas conversas informais ouvi alguns a admitirem que, ao escreverem os verbos “mexer”, “queixar-se” e outros que contêm a letra x, têm de pensar bem na sua grafia, porque podem ter o desejo de substituir qualquer x com ch, para não parecer como a linguagem das SMS ou da Internet. Isto chama-se hipercorrecção ,ou seja, corrigir algo que já está correcto por medo de dar erro. O exemplo de “fiche” é um caso perfeito de hipercorrecção feita inconscientemente pelo participante numa conversa virtual. Outro erro importante  que aparece neste tipo de comunicação é o de substituir o s no fim da palavra por z “quiz” em vez de quis e puz em vez de pus. Registei também a omissão da letra h, dado que ela não se pronuncia no caso oje em vez de hoje. O “responsável” para esta grafia, para além da pronúncia da palavra pode ser um dos jornais diários de distribuição gratuita com o mesmo nome. Nas SMS e páginas de HI5 dos amigos verificou-se a existência de um erro que surge devido à pronúncia “descobrao” em vez de “descubram”  inclosive em vez de “inclusive”. Na primeira palavra mencionada, há dois erros: está substituída a vogal u por o, que poderia dever-se à regra geral de a vogal o não acentuada se pronuncie como u, e poder-se-ia tratar também da hipercorrecção, ou seja, do desejo de colocar o o sempre que se pronuncie u, mesmo que não tenha nada a ver neste caso com a correcção da palavra. Um erro parecido com este é o de escrever u onde na verdade deveria colocar-se um o. Tal acontece nos casos: tamux e vamux em vez de estamos e vamos. Outro erro notado aqui é a escrita de ao em vez de –am. Pode tratar-se do erro que se deve à pronúncia semelhante entre o ditongo nasalizado ão e a terminação final da terceira pessoa do plural dos verbos no presente de indicativo -am.. Outro erro de ortografia é a omissão do til nas vogais nasais, no caso de tao em vez de então ou não, que se abrevia apenas em. n, ou são. A sequência das vogais ee, transforma-se em ie, por exemplo: bloquiei em vez de bloqueei. O ç é substituído por s quando esta letra se encontra na posição depois do n. Ex. intenções passa a ser escrito como intensões.

D)   A abreviação das palavras:

Este tipo de erro acontece em três variantes, dependendo da posição das letras “problemáticas” dentro da palavra, inicial, média ou final. Na posição inicial, omite-se geralmente a primeira sílaba e as palavras passam a ser tao em vez de então, das formas do verbo estar que passam a ser tas em vez de estás, teve em vez de esteve etc. No segundo caso a situação é ainda mais grave porque só é possível fazer a diferença do verbo ter no passado pelo contexto do uso da palavra. Já foi mencionado o exemplo xtudar em vez de estudar. No meio da palavra, ocorre a supressão das vogais e sílabas interiores (ctg em vez de contigo, kmg para comigo, tnh, ou tnho em vez de tenho, pk, em vez de porque, ). No fim omitem-se as vogais finais (bastant, por bastante, trabalh por trabalho, soubest por soubeste) para se aproximar mais a escrita da pronúncia, o que  mais uma vez demonstra que neste tipo de linguagem  estão presentes muitas marcas da oralidade. Abreviam-se muito as preposições: com, passa a ser c. Ou c/, por e para passam a p, sem a s/ etc, mas isso não é uma invenção da linguagem dos computadores e das SMS, dado que nas lojae e restaurantes se podem encontrar escritos como : bolos c./ creme, comida p/ fora, café s/ açúcar e é um traço da linguagem quotidiana, que encontrou o seu lugar também na comunicação virtual. O caso da palavra “também” é um exemplo que manifesta duas mudanças: a omissão da sílaba interior e a omissão da sílaba final. Os pronomes pessoais declinados também começaram a ser escritos com apenas a letra inicial, isto é m, em vez de me, t em vez de te, também por causa da pronúncia, sobretudo no caso de te, que escrito como t tem algumas características parecidas com a pronúncia da letra t no alfabeto português. Comprovei também a ocorrência de uma frase completa abreviada em apenas quatro letras. Nomeadamente, a frase: Nem por isso. Na Internet é escrita como neps.

E)    Erros semânticos

Os erros semânticos ocorrem frequentemente por causa da semelhança na pronúncia das palavras, embora o significado seja diferente. Um caso típico é a construção ter a ver, que na comunicação oral ou na linguagem das novas tecnologias passa a ser: ter a haver. Não significa que este desvio apareça apenas no registo da comunicação via SMS ou nos programas de socialização, pode ocorrer também nos textos escritos das pessoas com pouca escolarização ou com escassos hábitos de leitura.

 

F)    Erros da regência dos verbos e a omissão das preposições:

As preposições, consideradas pelos participantes das conversas virtuais como palavras pequenas e sem grande importância para o significado geral do texto, elas são ou abreviadas ou simplesmente omitidas, como nos exemplos “p o árabe, q anda estudar” ou “Kerida fikamos para comer entrada, refeitorio”. Ou “dsclp n ter ido as aulas”. As versões correctas destas frases seriam: “para o árabe que anda a estudar”,  “querida, ficámos para comer na entrada do refeitório”, Ou “Desculpe por não ter ido às aulas”. No primeiro caso o importante é salientar que a ultima vogal da terceira pessoa de singular do verbo andar neste caso termina no a e, dado que a preposição é também a, estas vogais seriam suprimidas na pronúncia oral e por isso “deveria”, suprimir-se também num registo muito próximo da oralidade.

No caso: n sei ke poxa dizer, além de erros que acima foram mencionados e analisados, existe um outro, que tem a ver com a natureza do verbo. Depois dos verbos de conhecimento, mesmo na forma negativa, deveria ocorrer o indicativo, embora na lógica da pessoa que nesta situação utilizou o conjuntivo, aqui existe uma determinada incerteza e, segundo o seu raciocínio o verbo  “não sei” aqui equivale a “não estou segura”.

Curiosamente, nos apontamentos e trabalhos dos meus colegas e alunos não consegui verificar a ocorrência destes desvios, mesmo que nos tempos livres sejam utilizadores destes meios de comunicação e socialização, o que significa que eles são capazes de distinguir muito bem o registo deste tipo de escrita, com um grau de formalidade muito baixo do registo mais formal da escrita académica ou escrita dirigida ao professor (testes, trabalhos de casa etc.) Na escrita presente nos apontamentos dos alunos, o que verifiquei é a existência das abreviaturas comuns e registadas nos dicionários de língua portuguesa. Este facto levou-me a pensar que estes erros seriam mais presentes nos trabalhos dos alunos mais novos, que não têm uma consciência desenvolvida da sua língua e das situações de uso em que existem determinadas regras, que devem ser respeitadas e os desvios que devem ser corrigidos e considerados como erros. O que ajuda os estudantes universitários é o corrector automático do computador que sublinha a vermelho as formas que não estão de acordo com a norma padrão da língua portuguesa.

Geralmente, quando se fala das diferenças entre o discurso escrito e o oral, menciona-se a escrita como uma actividade planeada e a oralidade como uma actividade espontânea, mas nem sempre é assim, porque a fala também se planeia e por isso algumas vezes os participantes numa conversa têm dificuldades de exprimir aquilo que desejam dizer, de encontrar a palavra mais apropriada para aquele determinado contexto etc. Os professores, quando se queixam deste problema na escrita, queixam-se também da pobreza do vocabulário dos seus alunos. Este facto demonstra que as relações entre a escrita e a oralidade são bastante complexas e não devem ser separadas nem avaliadas superficialmente e sem conhecimentos dos factores que influenciam tanto uma como a outra.

 

A correcção dos desvios transmitidos da linguagem da comunicação virtual para a escrita nos trabalhos escolares

 

Depois da análise de alguns desvios da língua padrão que surgem na linguagem das mensagens do telemóvel e dos programas da socialização existentes na Internet, podemos perguntar-nos qual é o papel do professor nesta situação. Como deve tratar os erros que surgem nos trabalhos dos alunos por influência destas novas tecnologias e nova linguagem? Sem dúvida nenhuma, corrigi-los. Outras questões que se levantam à volta deste fenómeno recente são: quais são as técnicas e estratégias que o professor deve usar para abordar este problema. A resposta não pode ser unívoca, isto é: não se pode prescrever uma regra que diga que a técnica de sublinhar o erro é melhor que a de riscar ou escrever pontos de interrogação ao lado da palavra errada. O que seria, se calhar, aconselhável, é escrever a palavra correcta na margem do papel ou em cima da palavra e depois dizer ao aluno para passar o seu trabalho de casa a limpo, e se for preciso, várias vezes, para o aprendente ir fixando as formas correctas. Outra maneira possível seria falar com os alunos e pedir-lhes para treinarem a escrita das mensagens SMS, usando as palavras completas e correctas,  respeitando a norma ortográfica e as regras da acentuação, que, embora demore mais tempo, vai transmitir aos amigos uma mensagem e imagem diferente das palavras, da comunicação e da importância do sentido e do significado do discurso e não apenas o critério da rapidez e de poupar espaço e tempo.  Será que o dever de corrigir os erros de língua cabe apenas ao professor de português ou outra língua qualquer, ou também os professores de matemática, física, biologia e disciplinas que não dizem respeito directamente aos conhecimentos e competências linguísticas devem corrigir estes desvios nos trabalhos dos alunos? Esta questão é complexa, porque nunca sabemos em que medida um professor de matemática é competente nesta matéria. Se for competente, pode diminuir o valor da nota a alguém só por causa de erros linguísticos, mesmo que a resposta da sua disciplina seja correcta? Considero que qualquer professor deve saber a diferença entre que e k, entre tb e também e que deveria corrigir os alunos. Se for de outra disciplina e não tiver conhecimentos linguísticos suficientes, seria preciso que se informasse no dicionário, ou que consultasse o colega que dá a disciplina de língua para poder ter a certeza e corrigir o aluno. Estas correcções deveriam ser entendidas como um acto de chamar a atenção para certos desvios ortográficos, gramaticais etc, mas considero que um professor de biologia ou física não tem direito de diminuir o valor da nota ao aluno, no caso de existirem estes erros e a resposta daquela determinada disciplina ser correcta.

 

Análise da parte icónica das conversas virtuais

 

Como sabemos na comunicação humana na nossa vida quotidiana existe a linguagem verbal e a não verbal, que se manifesta nos signos de trânsito, na linguagem gestual, na linguagem corporal, nas imagens etc. Embora possa parecer como um cliché gasto, é muito conhecida a frase que traduz a ideia de uma imagem que vale mais que mil palavras. Por esta razão, as imagens são muito exploradas na publicidade e na comunicação virtual. Nas SMS, um dos símbolos usados é o :) que designa um beijo e é univocamente aceite dentro do código da comunicação via telemóvel. É óbvio que nos programas da socialização usados na Internet o leque de opções de imagens é muito maior, e que uma imagem pode designar várias emoções, dependendo da forma em que se interpreta, embora o círculo de interpretações seja limitado. Dentro da parte icónica cabem também o , o tamanho e a cor da letra. Por exemplo, as raparigas usarão mais o cor-de-rosa, o vermelho etc., enquanto os rapazes optarão antes pelo azul ou preto. Isto está estreitamente relacionado com os estereótipos culturais que existem no nosso imaginário ligados ao olhar tradicional sobre os homens e mulheres. Por outro lado, as raparigas escolherão mais frequentemente um tipo de letra mais parecido com a escrita manual, enquanto os rapazes preferirão as letras “normais”. Uma das regras da escrita na Internet é não escrever todas as letras em maiúsculas, porque isso seria igual a gritar ou salientar demasiado as coisas que não têm grande importância. Usar as caras sorridentes, mais conhecidas sob o nome inglês smilies é uma prática frequente nos programas da comunicação virtual e ali são usados símbolos mais ou menos universais (alegria, tristeza, zanga, anjo, diabo etc.) que se possam referir aos sentimentos que cada um de nós alguma vez teve na sua vida.

É evidente que o coração se relaciona com o amor, o sorriso virado para baixo significa tristeza, ou mau humor. Numa das conversar viu-se também um smily virado de costas para o interlocutor, com uma sobrancelha mais alçada e com uma cara que parece descontente, o que poderia implicar o sentimento de irritação. Noutras duas, vi uma cara com cabelos, sorriso e um papelinho com a palavra lol, que provém da língua inglesa e da expressão: “laugh out loud” Rir-se em voz alta) e que deve estar relacionada com o riso que provocou algum comentário anterior do interlocutor e que por vezes é pouco sério. Para se imitar o riso geralmente é usado o conjunto várias vezes repetido de letras r e s, assim que, um riso escrever-se-ia da seguinte forma: rsrsrsrs. Isto cabe dentro desta parte do trabalho, porque, mesmo que dentro dos símbolos existam vários tipos de sorrisos, este parece mais onomatopéico, isto é mais próximo do verdadeiro som de rir, o que não pode ser representado de forma suficientemente boa e original com alguma das imagens oferecidas.

Dentro da parte icónica pode observar-se também a repetição dos símbolos, que significam o grau de emoção. A repetição das letras e dos pontos de interrogação e exclamação também servem para o mesmo efeito. Por exemplo: muitooooooo, ou ??? Ou !!!.  Para a palavra amigo, usa-se neste registo o termo “migo”, que pode parecer mais carinhoso, mas para se salientar que esse alguém é o nosso grande amigo, utiliza-se o símbolo X repetido várias vezes, o que não é escolhido por acaso, porque na operação da multiplicação em matemática usa-se o mesmo signo. Estas imagens e símbolos, embora possam parecer simpáticos e muito significativos, ajudar a romper a monotonia da nossa escrita, são elementos não linguísticos que limitam muito os utilizadores deste tipo de comunicação, porque reduzem o vocabulário e oferecem uma solução instantânea para um fenómeno tão complexo como as emoções humanas que muitas vezes não estão claras e não representam apenas um segmento ou algo que possa descrever-se simplesmente com uma palavra. Por isso, muitas vezes é melhor darmo-nos o trabalho de pensar na palavra adequada para o estado de ânimo em que nos encontramos e não recorrermos ao emprego das imagens oferecidas pelo programa, para demonstrarmos que, apesar da rapidez da comunicação e do tempo em que vivemos, ainda valorizamos a qualidade da conversa e damos importância ao que dizemos, pensamos e sentimos.

 

Análise das conversas virtuais do ponto de vista da Abordagem baseada em género e as possíveis formas de elas serem trabalhadas na sala de aula

 

Hoje em dia na didáctica de línguas é muito popular a abordagem baseada em género, que surgiu a partir das ideias que a abordagem comunicativa deixou para serem reflectidas e aplicadas na prática. Os alunos na sala de aula devem ficar a conhecer quantos mais géneros e registos possíveis para conhecerem os recursos dos que a sua língua dispõe, porque assim acabam por enriquecer o seu vocabulário com as palavras que pertencem a vários domínios, ficam a conhecer diversos estilos, formas de utilizar a língua e situações comunicativas e pragmáticas em que ela é usada. Para além do registos e géneros que se trabalham normalmente nas escolas (literário, jornalístico, científico etc.) o registo das conversas via Internet ou via telemóvel também é possível para o trabalho na sala de aula, desde que se trate das conversas reais e não forjadas, porque nas reais existe uma maior naturalidade, tanto no uso das palavras como de símbolos e isso pode-se aproveitar melhor na sala de aula. O professor pode dar aos alunos este tipo de textos apenas para corrigirem os erros que se apresentam na escrita, pode pedi-los para encontrarem o erro e explicarem porque razão a palavra está mal escrita etc. pode inventar uma tarefa de criatividade linguística, e exigir para substituírem as palavras coloquiais pelas mais formais ou substituírem os símbolos da parte icónica pelo maior número de sentimentos que aquela imagem sugere.  Tomemos como exemplo a primeira conversa no anexo 2 deste trabalho: antes de os alunos lerem o texto, na fase da construção do contexto, poderíamos perguntá-los se sabem algo sobre a comunicação via Internet ou telemóvel, e se eles são utilizadores de algum dos programas destinados à socialização na rede. Como a resposta provavelmente será positiva, poderíamos introduzir perguntas acerca da linguagem das mensagens e dos chat. Qual é a sua opinião sobre este fenómeno, se eles próprios usam vocábulos que pertencem a este registo especializado, se neste sistema de comunicação há algumas regras que fogem ao sistema da língua padrão. Depois de terem lido o texto, já serão capazes de tentar adivinhar mais informação sobre os participantes na conversa (são jovens, estudantes, vivem em duas cidades diferentes, estão ansiosos por ver um o outro, mas não podem devido o excesso do trabalho) o professor pode intervir e dizer qual é a razão por que trouxe este texto para a aula, quais serão as actividades que se farão com ele (corrigir erros, discutir a parte icónica etc. Na parte da desconstrução, podem-se discutir alguns aspectos  da cultura: férias da Páscoa, a maneira em que os jovens portugueses passam o tempo livre (durante o dia fazem os trabalhos e durante a noite divertem-se com os amigos), podem-se encontrar alguns aspectos universais em todas as culturas e subculturas (esta não é a maneira específica em que só os jovens portugueses se divertem). Na desconstrução do contexto da situação seriam capazes de identificar o campo, as relações e modo. Dentro do campo cabe a conversa de um amigo e uma amiga sobre a possibilidade de ela vir de visita, muitas obrigações que não permitem à rapariga realizar os seus planos, a intenção do rapaz de a convencer, a desistência dela da conversa e  a resignação do rapaz, dado que ele também tem de estudar. Nas relações poder-se-ia falar da existência de dois interlocutores que imitam uma conversa oral, este texto aparentemente não tem uma finalidade muito prática para o futuro, dado que o tema é um dia de dois estudantes com muitas obrigações que não lhes permitem passar as férias da Páscoa de forma em que eles o desejavam. O objectivo deste texto poderia até ter uma nuance pedagógica. Isto é: Fazer que os estudantes pensem na maneira em que se deveriam organizar para terem mais tempo livre nas férias para o poderem dedicar aos amigos e aos seus próximos ou não serem preguiçosos, porque se não vão ter de ser castigados de alguma forma, neste caso por si próprios e não terem as férias merecidas. No modo poder-se-ia dizer apenas que se trata de um texto escrito com algumas marcas da oralidade e uso de imagens.. Aqui já poderíamos ver em que medida os alunos conhecem a linguagem deste registo e a língua padrão e seria legítimo exigir para encontrarem os desvios, substituírem determinadas palavras por outras, encontrarem figuras da linguagem, contarem a história com as próprias palavras e assim por diante. Na construção conjunta pode-se dar o trabalho de casa aos alunos para irem à Internet e procurarem textos semelhantes e o professor pode orientar no sentido de restringir o número de temas (procurem, as conversas virtuais apenas sobre desporto, filmes, música etc.), pedir para lerem mais sobre a linguagem dos telemóveis e da Internet, entrevistar os colegas da turma sobre o uso dos programas de socialização. Os alunos na aula deveriam tentar construir uma conversa virtual, tendo em conta os parâmetros que se referem ao uso do léxico, sintaxe, signos de pontuação, imagens e por aí fora. Na construção independente o aluno deveria ser capaz de construir sozinho um texto do mesmo género, de ter uma opinião crítica, neste caso de estar a favor ou contra estes programas e saber argumentar quais são as razões pelas que gosta ou não das conversas virtuais e das SMS. Pode tentar justificar o aparecimento da nova linguagem com o facto de a língua ser um organismo vivo que muda e que sofre as mudanças em todos os domínios, pode considerar que este tipo de comunicação é boa porque faz com que os jovens se identifiquem com o grupo, ou pode ser mais conservador, pensando que essas novidades corrompem a linguagem e afastam as pessoas. Seja a atitude do aluno perante esta nova realidade positiva ou negativa, o importante é que seja ele próprio a chegar a essa conclusão e que não sejam o professor ou os colegas da turma a imporem-lhe a sua opinião. Na divisão do texto (nomeadamente a primeira conversa do anexo 2), a orientação seria a parte desde a pergunta do rapaz quando é que a amiga vem, até a outra pergunta que remete para as férias da Páscoa. A complicação começaria com a resposta negativa da Maria e terminaria com a tentativa do Carlos de a convencer: “e durant o dia fazes o trabalh”. O fecho resumir-se-ia nas últimas duas frases, onde a resignação com a realidade é óbvia. Para que nível de conhecimentos de língua este trabalho seria apropriado, depende da decisão e da experiência do professor.

 Este foi apenas um exemplo das possibilidades que a comunicação virtual oferece aos alunos e aos professores para trabalharem esta problemática dentro da sala de aula. Evidentemente existem mais formas e aproximações deste assunto, o que apenas indica a imensa criatividade da língua e das possibilidades de os seus falantes sejam também criativos.

Conclusões

 Este trabalho tinha por objectivo analisar as novas tecnologias de comunicação, nomeadamente os telemóveis e a Internet e as novas formas da linguagem que nestes meios surgiram por várias razões. Foi verificada a possibilidade de os textos encontrados nas páginas Web e nas mensagens serem trabalhados na sala de aula desde diversas perspectivas, e sobretudo da abordagem baseada em género. Foram dadas algumas propostas de tarefas e formas da correcção dos desvios da língua padrão que ocorrem neste tipo de registo escrito por causa da sua aproximação da oralidade. Este trabalho foi-me útil para observar também as diferenças no uso da língua por parte dos falantes nativos e dos falantes estrangeiros, tendo chegado à conclusão de que os estrangeiros têm mais cuidado no respeito das regras, e se fazem estes desvios, é porque já dominam muito bem a língua ou se encontram durante muito tempo no país de acolhimento, e tendo já muitos conhecimentos da língua em si e contactos com os falantes nativos, o que fez com que começassem a “corromper” a língua alvo. Foi interessante também analisar a parte dos símbolos para verificar até que ponto somos influenciados e/ou limitados pelas imagens gráficas no uso da linguagem escrita.

Bibliografia:

a)    Dicionário

CASTELEIRO, João Malaca, (coord.) (2001) Dicionário da Língua portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, vol. I, Editorial verbo, Lisboa

b)   Estudos:

 CRISTOFORI, Alessandro (et. Al.) (2000) La Rete d´Arachne, Franz Steiner verlag Stuttgart

DUARTE, Inês (2000) Língua Portuguesa, Instrumentos de Análise, Universidade Aberta, Lisboa, pp. 21-27, 379-416

LITTLEWOOD, William (1992) Teaching Oral Communication, a Methodological Framework, Blackwell Publishers, Oxford

RICHARDS, Jack, SCHMIDT, Richard W. (ed.) Language and Communication, Longman, london and New York

SLEVIN, James (2003) The Internet and Society, Polity Press, Cambridge, pp.1-13, 90, 117

c)    Páginas web e artigos da Internet:

http://www.educarede.org.br

http://www.info.abril.com.br/aberto/infonews/042007/25052007_8shl

KLAJN, Ivan (2008)  “Srpski jezik na  novim iskušenjima” in: http://www.mail_archive.com/[email protected]/msg07430.html

http://www.novomilenio.inf.br/idioma/20050830.htm

http://www.observatorio.ultimosegundo.lg.com.br/artigos.asp?cod=311en0002

d)   Revista

Megaguia , Janeiro-Fevereiro,de 2008, Bolina  Grupo Editorial, Lisboa,

Nota 1

 O córpus para este trabalho foi recolhido das páginas de Hi5 dos meus colegas, amigos e alunos portugueses, dos fóruns reais e chats do MSN Messenger, dos e-mails e mensagens privadas enviados ao meu endereço electrónico e ao meu telemóvel e dos apontamentos de alguns estudantes da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.

Nota 2: Agradeço aos meus colegas, alunos e amigos que me ajudaram directa ou indirectamente na elaboração deste trabalho.



[1] (ing.) “ A  comunicação e a língua estão muito estreitamente relacionadas, mas elas não são mesmo fenómeno. (N. da Autora).

[2] (ing.) Como as pessoas falam faz parte do que elas dizem. (N. da  Autora)

[3]  (sér) A língua é criada e falada também pelas pessoas jovens que de muito boa vontade aceitam tudo o que é novo e estrangeiro. (N. da Autora)