O Pensamento Metafísico - I



PERGUNTAS E RESPOSTAS


P- O que é a Sociedade Metafísica?

R- Um grupo de pessoas que estudam os fenômenos e eventos para alem da física. Voltados a uma realidade mais subjetiva, e tenta ver as coisas alem da sua realidade aparente.

P- A Sociedade Metafísica é uma religião?

R- De jeito nenhum. A Metafísica não é uma religião e nem os metafísicos são religiosos no sentido vulgar da palavra, mas estudamos a religião, respeitamos e entendemos seu papel e sua necessidade.

P- Que papel a Sociedade Metafísica atribui a religião?

R- O de tornar o homem melhor, conduzindo-o a um contato mais próximo com Deus, através dos dogmas de fé.

P- É a Sociedade Metafísica uma filosofia?

R- Não! Embora tenhamos sim uma linha filosófica de busca, conhecimento e de conduta. Também não é uma ciência, nos moldes materialista da ciência, mas tem em seus fundamentos certos princípios científicos.

P- Que princípios são estes?

R- Alguns, e entre eles está o conhecimento e entendimento das leis da física e das leis naturais que regem a mátéria.

P- É uma sociedade de segredos? Uma sociedade fechada?

R- Não. A sociedade Metafísica é aberta a todos que buscam o conhecimento dos efeitos e entendimento das causas.

P- Não é então uma sociedade secreta?

R- Não. A Sociedade Metafísica nada tem de secreto, ou não estaria respondendo a estas perguntas. Mas a própria metafísica sabe guardar seus segredos. Proteger-se da vulgaridade e da especulação infrutífera.

P- O que isso quer dizer?

R- Quer dizer que a metafísica está ao alcance de todos que buscam, mas que estejam, é claro, ao alcance de compreende-la.

P- Como saber então quem está preparado para esse conhecimento?

R- Para o conhecimento todos estão preparados, basta querer saber mais. Mas, se faz necessário que esteja capacitado ao entendimento daquilo que busca conhecer. São duas coisas totalmente diferentes. Conhecer não é o mesmo que entender. Como querer que um aluno do ensino fundamental entenda os conceitos mais avançados de uma universidade?

P- Quem decide sobre quem está preparado?

R- Ele mesmo, quando o conhecimento lhe chega e ele o entende ou não.

P- Já que mencionou a palavra ensino, a Sociedade Metafísica faz escola?

R- Não é princípio nem prioridade dessa sociedade fazer divulgação ou convite a quem quer que seja. Existem muitos e variados caminhos que levam ao conhecimento, e cada um sabe exatamente do que precisa.

P- Se é algo tão bom e verdadeiro, por que não divulgar e agregar mais pessoas?

R- Vulgarizar o conhecimento metafísico com convites as vezes inapropriados é deixar seus conceitos e fundamentos, seus estudos e pesquisas a mercê de simples curiosos, abrir o que nos é sagrado e sério a meras especulações.

P- Existe um templo de reuniões para essa sociedade?

R- Claro que não. A Sociedade Metafísica é fundamentada em conceitos elevados, com princípios sérios de metas e objetivos. Não é uma congregação de pessoas motivadas apenas pela fé e esperança. Conhecer e entender esse conhecimento é muito mais do que crer. De forma simbólica, o templo do metafísico é o seu coração, e o sentimento seria o equivalente a fé.

P- Não seria a razão mais adequada ao entendimento, em vez da fé?

R- Não da forma que empregamos a palavra entendimento. A palavra conhecer para o metafísico significa tomar conhecimento, ficar sabendo, independentemente de sua compreensão. Isso se dá quando por exemplo uma pessoa sem a menor noção de física ler sobre a teoria da relatividade. O entendimento dessa teoria no entanto pode vir de repente, num flesh. Um estalo como se diz. Um insight que entendemos como um sentimento, muito mais que uma compreensão. Nisso, esse entendimento se assemelha a fé. A razão analítica voltada as questões materiais não deve ser dispensada, mas na causa metafísica ela tem pouco valor.

P- Quais seriam essas metas e objetivos das quais falastes mais acima?

R- Os objetivos da Sociedade Metafísica são: 1- A busca do entendimento completo e perfeito da evolução humana, seu papel e destino. 2- O conhecimento da alma como entidade Divina e imortal. 3- O despertar de uma nova consciência para um futuro melhor da humanidade.

P- Como se reúnem os membros dessa sociedade?

R- Sempre que a ocasião permite, nos reunimos em pequeno grupo, com a presença ou a falta de um ou de outro membro. Mas, a verdadeira reunião acontece no íntimo de cada um que partilhe dos conceitos metafísicos.

P- Como se dá isso?

R- Da maneira mais simples, e também mais complexa, dependendo de pessoa para pessoa. É uma sensação inevitável de não estar sozinho. Uma ligação imperceptível de pensamentos, de entendimento sem palavras, ou explicações de convencimento. É muito mais um sentir do que um compreender. Isso não se dá apenas na nossa sociedade, acontece da mesma forma em outros lugares com outras pessoas e outras denominações sociais.

P- A sociedade tem um líder?

R- Não. Todos são livres para ir e vir. Aceitar ou não. Temos sim, princípios determinados que devem ser entendidos e respeitados. Preservados e cumpridos por todos. Mas isso não é imposto a ninguém. O verdadeiro metafísico já o intui quando aceita a causa, os conceitos e o pensamento metafísico.

P- Que princípios são estes?

R- 1- A preservação da paz interior, como reflexo menor de uma harmonia de maior alcance. 2- O respeito e a não intervenção nos conceitos de fé e crença dos outros, sob o peso de não tomar para sí essa responsabilidade. 3- A busca pelo conhecimento dos efeitos e entendimento das causas. 4- A não vulgarização dos conceitos metafísicos. E mais alguns princípios fundamentais ao equilíbrio e harmonia de nossa sociedade. O afastamento do fanatismo cego e do debate infrutífero é um deles.

P- Quem determina esses princípios.

R- Um buscador de verdades mais elevadas intui a necessidade de certos princípios e conduta. Sua mente aberta e sua consciência desperta a causa metafísica está preparada a adotar esses princípios, e procura ele mesmo manter conduta digna. A lei existe para determinar regras e normas. A religião, os dogmas de fé e de conduta. Na metafísica é a própria consciência a geradora suprema  dos princípios da metafísica e da conduta do metafísico. Ninguém em sã consciência assistiria a uma ópera em salão nobre vestindo apenas roupas de banho. Acho que me entende.

P- Diante do exposto. A metafísica ou o metafísico acredita em Deus?

R- Não se trata de acreditar, mas sim de uma intuição forte, inata a todo ser humano. Diante dessa inconcebível estrutura universal infinitamente organizada, algo nos alerta e chama nossa atenção a uma força inteligente. O nada ou o acaso não pode ser responsável por tal efeito organizado. É preciso uma causa inteligente, e entendemos essa causa como sendo Deus, que preferimos chamar de Eterno.

P- Então os metafísicos acreditam em Deus como todas as demais pessoas?

R- Não! Nossa concepção de Deus vai alem da noção de fé ou de crença religiosa. Está acima das especulações filosóficas e do materialismo científico. Nós metafísicos concebemos um Deus incognoscível, não como um ser fora ou a parte de tudo. Não concebemos um Deus antropomórfico, restrito a uma forma e sujeito aos conceitos humanos.

P- Pode esclarecer mais?

R- A concepção humana de um Deus Pai, ou Filho, é muito religiosa, digna da religião. A filosofia em suas questões já excede a muito esses conceitos. A ciência o ignora, por não ser objeto de sua experiência, e a metafísica não se baseia nos princípios de fé, vai alem da crença cega, e procura o entendimento daquilo que busca conhecer, respeitando os sagrados mistérios Divinos, não inventando nem especulando sobre estes.

P- Que conceitos faz a Sociedade Metafísica sobre Deus?

R- Não conceituamos a natureza de Deus. Apenas nos permitimos intuir algo para alem de nossa compreensão, e respeitamos esse mistério.

P- Não entendem Deus como sendo Onipresente, Onipotente e Onisciente?

R- O Eterno não poderia ser nada disso se junto acrescentássemos a Ele uma forma, ou estar em algum lugar específico, preso aos conceitos e vontades humanas. As vezes conceituamos e cremos no que nos parece ser o mais apropriado e conveniente a nossa necessidade e segurança, e as vezes simplesmente nos deixamos aceitar os conceitos dos outros. No geral são conceitos formados para nos servir, e como tal, escravos de nossa vontade e conveniência. Não parece ser muito apropriado buscarmos conceitos mais amplos quando já existem outros prontinhos a nos agradar e sem criar nenhum tipo de conflito. Mas a verdade tem muitas e variadas faces, cada um constrói a sua, apropriada a seu tempo, sua necessidade e lugar.

P- Pode dizer com mais clareza esse conceito metafísico sobre Deus?

R- Concebemos o Eterno como uma força inteligente, geradora, o que não deve ser tomado como criadora. Para nós são conceitos diferentes. O axioma "em Deus existimos e nos movemos" diz muito mais que qualquer outra definição que possamos dar.

P- Qual seria essa diferença entre geradora e criadora?

R- Para os metafísicos, criar determina um momento específico, com extensão de um antes e um depois. Isso limita a criação a um início e conseqüentemente um fim. Não concebemos o Eterno sujeito a esses limites. Bem diferente de uma força inteligente geradora, onde os eventos vão se sucedendo dentro de uma concepção de um eterno presente.

P- Qual a concepção metafísica sobre alma ou espírito?

R- A maneira como a pergunta foi colocada dá a entender que alma e espírito sejam a mesma coisa. Não entendemos dessa forma.

P- E de que forma entendem?

R- Por alma entendemos ser uma das mais nobres manifestações Divina. Imortal e atemporal. As almas não nascem nem são criadas, é uma emanação do Deus Eterno. Divina e imortal. É uma entidade celeste quando em sua natureza original, e alma humana quando em afinidade estreita com um corpo físico. A alma é uma manifestação Divina e sem forma, energia emanada do próprio Deus.

P- Seria a alma o mesmo que consciência?

R- Não! Consciência é próprio do corpo físico. É o acúmulo das experiências vividas pelo corpo e interpretadas pela mente humana. Repassada geneticamente e culturalmente geração após geração, cada vez mais rica em detalhes e conhecimento. Isso não significa melhor ou mais evoluída. Principalmente no que diz respeito a moral e o intelecto. Mas há se entender que ter conceitos morais não implica necessariamente praticar estes conceitos.

P- Mente e consciência não são a mesma coisa?

R- Nem poderia. A mente é um atributo do cérebro, e é responsável por analisar as informações recebidas pelos sentidos. É este processo que forma a consciência. A consciência, como já disse, é o acúmulo dessas informações e experiências do corpo.

P- E onde a alma entra nessa história?

R- A alma não entra e nem sai. Age e atua no campo das energias, das afinidades e dos conflitos. Sendo a alma uma emanação Divina, uma das infinitas manifestação do Eterno, ela não tem forma definida segundo nossos padrões. Não interfere diretamente na autonomia, desejos, vontades e necessidades do corpo. Como podemos atribuir a alma os desejos perniciosos, as vontades viciosas e as atitudes degradantes do corpo humano a Divindade da alma? O que chamas de livre arbítrio refere-se a autonomia do corpo físico e não da alma. O acúmulo de experiências genéticas ou culturais geram a consciência que processada pela mente humana decide o que fazer. A natureza da alma não é afetada por isso, se não na simples impressão de bem estar ou mal estar.

P- A consciência humana sobrevive a morte do corpo físico?

R- Primeiro que morte no sentido restrito da palavra não existe para a mente metafísica, e sim uma transformação, uma metamorfose que proporciona a existência da Vida em outros níveis, não de consciência mas de existir. Ou melhor dizendo, de prosseguimento da Vida. Sendo a mente um atributo do cérebro, quando cessa a atividade cerebral cessa também a atividade mental.

P- Mais, e a consciência individual do homem, sobrevive após a morte física, ou transformação?

R- Sim. Mas ha que se entender que a consciência é como um livro de memórias, Não é uma entidade, e por isso mesmo é consciência e não consciente. É preciso um cérebro humano, que em suas conexões neuronais processe esse acúmulo de experiências chamados de consciência. É a função da mente. A mente sendo um atributo do cérebro deixa de existir juntamente com a forma física do corpo humano, e a consciência fica preservada na forma energética do corpo extra-físico. Passa a existir como pensamento, desassociado do corpo.

P- E onde pairam esse pensamento? Onde fica quando não há mais o corpo?

R- Em camadas sutis acima do orbe terrestre, assim como as ondas de rádio e tv, podendo ser captadas por outras mentes em atividades, de acordo com o grau de interesse e afinidades estabelecidos.

P- Qual a atuação da alma no corpo físico?

R- O corpo físico é o que proporciona a experiência física para a alma, sendo ela de natureza completamente diferente da matéria. O mundo físico é por assim dizer o laboratório de experiências do corpo humano, assim também o corpo humano é o laboratório no qual a alma tem a experiência física. Isso de dá pela ligação do corpo extra-físico, no qual reside a consciência e do qual a alma recebe as impressões, as vezes agradáveis as vezes conflitantes. Ha que se entender que quanto mais experiência o corpo físico adquire menos influência a alma tem sobre ele. Quanto mais formada a consciência, mais autonomia. E também quanto mais experiência tem a alma, mais autonomia tem o corpo físico.

P- Qual o objetivo disso?

R- O corpo humano completo em si mesmo de energia, força e movimento, cresce evolutivamente ao longo das gerações através de suas experiências, aperfeiçoando-se através de suas adaptações ao ambiente. Assim, a alma segue princípio semelhante. Experimenta a experiência física através do corpo extra-físico, cresce em sua experiência o que não é o mesmo que evoluir.

P- Poderia ser mais claro e específico?

R- Embora o corpo seja uma das infinitas manifestações Divina, assim como tudo o que há, sua natureza é terrena. Ele passa por transformações desde o seu aparecimento no globo terrestre. Cresce e evolui através de adaptações, como já foi dito. Isso se dá devido ele ser de natureza material, e como tal, sujeito as leis que regem a matéria. Constrói uma consciência individual que mais tarde pertencerá a totalidade humana.

P- Sim. Mas, e a alma?

R- A alma é de natureza puramente Divina, e nenhuma ligação tem com a matéria densa. Não está sujeita ao que chamamos de evolução. Esse é um conceito físico e puramente humano. De natureza diversa da matéria, a alma como já disse, recebe as impressões do corpo físico através do extra-fisico, apropriado a captar e armazenar estas experiência. Isso não deve ser tomado necessariamente como uma evolução para a alma, mas sim como uma diversidade de experiências, não constituindo isso em vícios ou virtudes para alma. Não afeta a sua natureza Divina, nem em melhoria e menos ainda em degradação. Só a humanidade oscila nesse campo de sobe e desce moral e intelectual. A alma é impassível a essas variações.

P- Ainda me parece confuso a função do corpo físico e a da alma.

R- Isso porque sua mente está processando centenas de anos de atividades, conhecimentos, conceitos e experiências físicas, transmitidas genética e culturalmente por muitos séculos. Ainda pensas no corpo como uma individualidade a parte dos demais, e, ainda entendes o corpo tendo uma alma, quando é a alma que no ambiente físico é provida por assim dizer, de um corpo. Mas os dois são de natureza diversa, nada semelhante uma a outra. O corpo sujeito as leis que regem a matéria se transforma, passa por muitas e variadas transformações, uma delas é o que chamais de morte. Isso quando se entende o corpo como uma unidade totalmente desassociada dos demais, mas como parte de um grande complexo chamado humanidade, manifesta no globo terrestre com o princípio de Vida, essa prossegue e continua sua jornada evolutiva para alem de todas as nossas expectativas de tempo ou duração. Humanidade é o conjunto dessas individualidades, e é o conjunto que conta, e não a parte. A parte é tão somente um detalhe de todo o complexo humano. A humanidade como um todo, em seu processo evolutivo pode ser entendido na parte pela autonomia do corpo físico, esse tão autônomo em sua existência que se adona até do que não lhe é próprio. Um exemplo disso é quando o corpo diz: "minha alma", como se esta fosse sua propriedade. E quando dizemos "meu corpo", é a voz secreta da natureza humana, como um todo, a ecoar que tem um corpo.

P- Mas uma vez. E a alma?

R- A alma acompanha esta evolução humana bem de perto, co-participativa, assim como um professor enriquece seu conteúdo de conhecimentos ao acompanhar a evolução de uma classe de alunos. De forma semelhante a alma enriquece seu conteúdo de experiência. Esta, repito, de natureza Divina explora esse campo fértil em regime de co-participação. E quando esgotadas todas as possibilidades de novas experiências a alma não mais se inclinará ao globo terrestre, outras esferas de composição muito acima de nosso conhecimento será os novos campos de sua exploração. E assim consecutivamente será sempre atraída a campos cada vez mais evoluídos até a sua origem. Os campos de experiências evoluem, as almas acompanham essa evolução.

P- Não é o corpo físico então uma vestimenta para a alma, e a reencarnação não é o que proporciona a evolução desta?

R- Isso é espiritismo. A metafísica não está restrita aos conceitos espíritas, ela vai mais alem, buscando um entendimento supra-humano. No espiritismo o corpo físico não tem outro valor ou finalidade se não o de receber uma alma, onde ele o corpo morre e a alma herda o que chamas de carma.  Observas o desenvolvimento humano, sua evolução e os níveis de adaptações pelos quais a humanidade já passou. Olhas com mais atenção a quase totalidade de independência do corpo físico, e mais, atentas para os níveis cada vez mais alto de consciência e para a livre escolha da mente humana, e vejas se pordes atribuir todos os desejos, vontades, tendências e necessidades do corpo físico a manifestação da alma, fazendo essa uma presa fácil dos vícios e degradação moral e as vezes intelectual humana, ao ponto de torná-la refém e devedora das falhas e faltas humanas para com a própria existência. Não somos espíritas, somos metafísicos. E como tal, não nos prendemos as aparências dos efeitos, buscamos o entendimento das causas.

P- A evolução da alma não depende da reencarnação?

R- Encarnada, desencarnada, reencarnação, são termos válidos e compreensíveis no campo espírita e dignos dos altos conceitos espíritas. Quando se entende a alma habitando o corpo físico, ou o corpo servindo de vestimenta a essa alma, estes termos são apropriados. Mas na metafísica isso não procede pois são duas coisas completamente diferentes, e somente associadas na experiência. Onde exatamente poderíamos colocar a alma no corpo humano? O corpo tem vida própria, pois é constituído de energia, e provido de força espiritual. Isso não significa que seja totalmente independente da alma, pois por assim dizer, um é co-participativo do outro no que diz respeito a experiência física. Autonomia necessariamente não deve ser tomado por independência. Embora autônomo, um grau de ligação e de associação muito forte é mantido entre corpo e a alma.

P- Como se dá essa associação da alma e do corpo?

R- Através do corpo extra-físico.

P- O que vem a ser esse corpo extra-físico?

R- O corpo físico como já disse antes, é completo em energia, força e movimento. É, assim como toda a matéria, energia condensada, própria a experiência física no ambiente físico. É dotado de uma força espiritual, e que é conhecida como espírito, prana, energia, centelha Divina e outras denominações. É manifestação Divina a nível sub-atômico, o que constitui Vida e movimento em tudo que há. Esse corpo humano pela sua natureza, dentro do que foi ai descrito, gera por si mesmo um campo energético muito mais sutil e complexo que o próprio corpo físico. É muito conhecido como aura, e forçosamente tem a mesma forma humana do corpo físico. É o depositório da consciência.

P- E qual a relação desse corpo extra-físico com a alma?

R- É através dele que a alma recebe as impressões da matéria. É preciso entender o Ser humano como autônomo, mas nunca como independente dos laços de afinidades com a alma, e suas respectivas influências. Não é a toa que se diz alma humana.

P- A que se refere quando diz alma humana?

R- A um estágio pelo qual todas as almas passam. Um período indeterminado e de ligação tão próxima com o corpo físico que pode ser denominada assim. Completo esse ciclo, essa mesma alma pode ser chamada de celestial, pela sua natureza de origem.

P- E quando esse período termina?

R- Como já disse a evolução humana é o fator determinante para que a alma dirija sua atenção e vontade a outras experiências que não a física e humana. Encontrará afinidades mais condizente com sua natureza a cada novo ciclo.

P- Está dizendo que chegará um dia em que o corpo não estará mais ligado a uma alma?

P- Longe disso. Embora diferentes em sua natureza o corpo sempre será motivo de afinidade para as almas, assim como as almas sempre serão movidas para a experiência do corpo. O espiritismo conhece esse processo como reencarnação, e admite que o ciclo reencarnatório um dia cessará. Para o metafísico quando completo esse ciclo de experiências físicas, e que nada tem a ver com a evolução da alma, mas sim da humanidade, a alma dirige sua vontade e atenção a outras experiências muito alem da nossa imaginação. Mas a vida e experiência humana continuará sendo objeto de outras almas com menos experiências.

P- Fale mais sobre o corpo extra-físico?

R- O corpo físico é energia condensada, assim como toda a matéria. Já o disse. É completamente autônomo, dotado de uma força espiritual como já foi dito, e de movimento, a nível atômico. É esse conjunto de composições e principalmente o movimento que gera o corpo extra-físico, o elo de ligação entre a alma divina e o corpo humano.

P- O que seria essa força de que fala?

R- Essa força não é, claro, a força física ou muscular do próprio corpo. Falo da força divina que permeia toda a matéria, na qual tudo existe e se move. É o que entendemos como espírito. Uma manifestação Divida, da qual toda a natureza é atributo.

P- E por movimento, do que está falando?

R- Também é claro que não se trata do movimento normal e comum dos corpos no espaço. Falo do movimento impulsionado pela força acima descrita. O movimento dos componentes sub-atômicos, o que vem a constituir toda a matéria, condensando a energia em elementos físicos e palpáveis, com formas e conteúdo. Esse movimento proporciona todas as transformações pelas quais passa toda a matéria.

P- Não é então o espírito uma entidade como a alma?

R- Não. A alma como já disse é entidade Divina reciclando as experiências do corpo físico e experimentando a matéria. O Espírito é uma manifestação Divina e de Vida. Nele existimos e nos movemos. Quando um metafísico diz o espírito de Deus, não está se referindo a uma entidade separada ou a parte do próprio Deus, mas sim a sua eterna manifestação.

P- Mas isso que denominas de espírito é consciente?

R- Não poderia ser diferente, pois que provém de Deus. Deus ou Eterno, como gostamos de chamar, é todo consciência. Mas, isso não significa que o que chamamos de Espírito de Deus seja algo aparte do próprio Deus, assim como a alma é aparte do corpo. Deus é, numa linguagem mas simplificada, a eterna e infinita consciência universal. A causa de todos os efeitos. Só Deus é ação, tudo o mais é reação. Só Ele é causa, e tudo o mais é efeito.

P- O pensamento metafísico acredita no mal?

R- Sim, claro! Num conceito cultural e social o mal existe sim, tanto quanto pessoas más. Agora querer entender o mal como uma entidade é o mesmo que aceitar uma força de tamanha potência quanto a do próprio Deus, se digladiando eternamente, uma oponente da outra. Ainda assim ficaria a inevitável lacuna da origem desse mal.

P- Como entende então o pensamento metafísico sobre o que chamamos de mal na Terra?

R- Usando a perspectiva humana, cultural e social. As leis terrenas são o código humano de boa vivência, e quando burladas ou infringidas isso constitui um mal a sociedade.

P- A crença em uma entidade maligna não é aceita pelo metafísico?

R- Já o disse. Não podemos conceber algo em oponência a Deus. Mas se insiste em saber mais, vos adianto que, uma idéia fixa ou um pensamento pertinente e de caráter contraventor ganha proporções acima da compreensão vulgar, e termina por agir e interagir na forma de influência em meio a outros pensamentos de caráter semelhante. Mas isso não caracteriza uma identidade a esses pensamentos. São como folhas ao vento, a deriva, e sempre são atraídos pela predisposição ou tendência a causas semelhantes.

P- Existe essa mesma condição nas almas?

R- A alma em sua natureza Divina e recém manifestada, pode ser entendida como pura e até mesmo inocente. É, por assim dizer, essa característica que determina este ou outro orbe seu campo de experiência. É inadmissível que a alma sendo de natureza Divina tenha alguma tendência ou inclinação ao mal. O que existe fora do orbe terrestre e que pode ser caracterizado de mal, são formas de vida totalmente diversa da humanidade, e que em grau de autonomia muito superior ao da forma de vida terrestre, cometem também como os humanos suas contravenções. Essa é a única forma do mal fora da terra, ou campo espiritual como é costume chamar.

P- E a noção de céu e inferno?

R- Isso é muito mais cultural do que se imagina. Ao se aceitar uma entidade maligna, forçosamente ha que se conceber um ambiente de origem, ou propício a sua morada. Aí está o seu inferno.

P- E o céu?

R- Semelhantemente a questão acima. Ao se conceber Deus como uma entidade antropomórfica, ha de se conceber também sua morada. Aí está o vosso céu.

P- Então é superstição querer de alguma forma se proteger do mal?

R- Como não querer se proteger de pensamentos malignos gerados por mentes atrasadas e ainda brutalizadas, e que vagam ao Léo esperando serem atraídos por nossos pensamentos mais obscuros?

P- A oração seria uma forma de proteção?

R- A oração é uma questão que precisa ser melhor explicada. Mas, dentro do que foi perguntado, sim. Da mesma forma que a boa conduta e o cumprimento das leis dos homens vos coloca em posição privilegiada diante da sociedade e das regras de convivência pacífica, da mesma maneira a oração é uma arma poderosa diante do pensamento maligno. A oração quando não automatizada e feita da boca pra fora, quando é sentimento emitida do coração, ganha assim como o sentimento maldoso, força. E, por conseqüência atua como antídoto ao que chamas de força maligna.

P- Deve a oração ser dirigida a Deus ou algum santo?

R- O objeto de vossa oração é tão somente um catalisador. Ao orar, o que mais importa é o vosso sentimento.

P- O que acha o pensamento metafísico sobre Deus atender o pedido feito em oração?

R- Uma enorme pretensão humana. Deus não é uma entidade a serviço dos homens. E, os caprichos humanos não são suficientes para motivar ou mobilizar as potencialidades celestes a favor ou contra nada nem ninguém. Isso seria infringir as próprias leis celestes.

P- E os milagres, o que entende a metafísica sobre isso?

R- Entende-se sempre que quando algo impossível ou inesperado acontece seja um milagre. Não será a metafísica a mudar isso. Mas entendemos que uma gama de condições favoráveis providas de fontes acima de nossa compreensão humana é a causa que reverte ou evita situações ditas sem mais jeito. O milagre como forma de quebra das leis celestiais seria uma contravenção dessas próprias leis, em benefício de alguém. Isso seria querer que acontecesse nas leis celestiais o mesmo que acontece as leis dos homens.

P- Pode discorrer em melhores detalhes sobre a oração, do ponto de vista metafísico?

R- O metafísico não ora em caráter de pedido ou de agradecimento. Não teria a quem fazer isso, já que para o metafísico Deus não é uma entidade antropomórfica. Não entende que santos e anjos estejam a nosso serviço. assim, a oração do homem de consciência metafísica é muito mais uma condição contemplativa de harmonização com o todo. O homem metafísico não agradece a sua boa condição em detrimento das graves necessidades de seu semelhante. Isso seria uma situação de privilégio, nada condizente com o que entendemos por Deus. Um exemplo próximo da forma de oração do metafísico é o de uma mãe amorosa, quando olha cheia de sentimentos bons para o filho, desejando sem palavras tudo que ela entende por felicidade. A oração metafísica é algo semelhante. É a expressão de sentimento, um desejo íntimo de paz e de harmonia que acreditamos ganha força e vai além do orador.

P- O que é esta noção de paraíso, que a maioria das religiões pregam?

R- O paraíso existe sim. Mas não é um lugar. É muito mais um estado de paz e harmonia, de estar bem consigo mesmo e com seus semelhantes, integrado no mundo, agindo e reagindo positivamente em conformidade com a evolução dos seres e das coisas, onde conflitos mesquinhos seriam tão somente motivo de união para superá-los. Assim é também a noção de céu e de inferno. Não são essas idéias exatamente um lugar. Existem no mais íntimo de todos os humanos, como uma réplica, uma sombra distante das harmonias celestiais quando pensamos em céu ou paraíso. E, como desarmonia e sofrimento interior, quando pensamos em inferno.

P- Como a metafísica entende o pecado?

R- Como pecado. Mas nunca contra Deus. O homem peca sempre contra as leis, sejam terrenas, naturais ou celestiais. É inconcebível a uma mente metafísica imaginar que o homem em sua posição possa de alguma forma ofender ou atingir a grandeza de Deus.

P- Se é assim, como fica então a questão do castigo e da recompensa?

R- Isso é uma noção puramente humana onde o homem cria seus próprios critérios de castigos e recompensas, e os transfere para Deus, desejoso que o que ele entende por justiça na terra seja aplicada de forma mais perfeita nos céus. Passa a ter uma concepção de uma entidade divina motivada a recompensar uns pelas suas ações dignas e a castigar outros pelas suas faltas, erros e omissões. Um super juíz com todas as características humanas, mas em forma de Deus. As vezes um pai amoroso, as vezes um carrasco impiedoso. Essa concepção ainda pequena e vulgar não faz parte do pensamento metafísico.

P- Então o pensamento metafísico não aceita a noção de castigo e recompensa?

R- Não nos moldes comum e vulgar como é ensinado a gerações.

P- E como entendem e aceitam isso?

P- Aceite-se ou não, pois isso não é objeto de retórica, existe sim um sistema de castigo e de recompensa, mas de forma alguma isso é uma ação direta de Deus. É simples de entender porque está aplicado no dia-a-dia de cada um, basta observar e verá os exemplos disso em você mesmo e a sua volta.

P- Pode nos esclarecer melhor?

R- Sim. Quando uma pessoa infringe uma lei, seja dos homens, da natureza ou de Deus, ela peca contra a lei, e não contra quem a estabeleceu. Assim, ele, o homem, criou uma ação contrária as regras ou normas de equilíbrio, sejam elas sociais, naturais ou celestiais, e toda ação exige uma reação. Não é difícil entender que para uma ação desequilibrada e contrária, ha sempre uma reação do mesmo valor, contrária e desequilibrada. sofre ele então as conseqüências de sua ação. Chame do que quiser, conseqüência, reação, responsabilidade ou castigo, só não atribua isso a uma ação direta do próprio Deus. Assim também é no que chamam de recompensa. Se uma pessoa vive dentro das regras e normas sociais, cumprindo as leis dos homens, da natureza e de Deus, e, suas ações estão sempre em conformidade com o equilíbrio, ele está nesse caso produzindo uma ação positiva. É de se esperar que a reação seja do mesmo caráter e valor. Tens ai o que vulgarmente pode se chamar de recompensa.