Rio 450 anos

     Datam de 1935 com a marchinha “Cidade Maravilhosa” de André Filho, os primeiros registros de músicas que falam do Rio e que servem como referência para todos, cariocas ou não, que admiram a cidade. Quase que invariavelmente, falam das suas belezas naturais, sobre o molejo de seu povo e dos encantos da mulher carioca em homenagem a mulher brasileira. Foi também em 1935 que o Prefeito Pedro Ernesto legalizou as escolas de samba e oficializou os desfiles.

     Quase  20 anos depois, em 1952, a música “A voz do morro” de Zé Keti, entrou para o rol das referências, mas com outro enfoque, a valorização do samba como ritmo urbano que vinha dos morros da cidade, onde estavam as camadas mais pobres e discriminadas da população que se destacavam através dos desfiles das escolas de samba, grande atração do carnaval carioca.

     Com o advindo da bossa nova no final da década de 50, Vinicius de Morais e Tom Jobim, compuseram verdadeiros hinos à cidade e ao seu povo: “Garota de Ipanema”, “Samba do Avião”, “Ela é carioca”, mas cuja tônica teve forte apelo na classe média baseada na zona sul do Rio de Janeiro.

     O processo político e as transformações sociais, apesar de nem sempre caminharem no ritmo que gostaríamos se faz presente no ritmo musical que nos embala e foi na década de 60 que “Aquele abraço” de Gilberto Gil, fixou-se como marca registrada da saudade dos que foram marginalizados pelo golpe militar e que fazia menção a Realengo, bairro do subúrbio do Rio sem que isto tenha relação com a consagração de bairros e temas vinculados às grandes escolas de samba.

    Passos, foram dados e a abordagem de temas que se referem a outros aspectos da cidade, passaram a ser lembrados. Há uma profusão de composições como: “Partido Alto” de Cassia Eller, “Do Leme ao Pontal” de Tim Maia, “Foi um Rio que passou em minha vida” de Paulinho da Viola, “Rio 40 º” de Fernanda Abreu, “W.Brasil” de Jorge Bem, “Solteiro” do Cidade Negra, “Carioca” de Chico Buarque, “É isso que tenho no sangue” de Marcelo D2, “Endereço dos bailes” de MCs Junior e Leonardo, “Sou carioca, sou do Rio de Janeiro” de Martinho da Vila e Gabriel o Pensador, “Geografia Popular” de Beth Carvalho e tantas outras que não houve tempo suficiente para pesquisar e selecionar.

     Cada uma delas retrata histórias, momentos da cidade, mas também do Brasil e que servem como referência para refletirmos sobre o que desejamos para os próximos 450 anos.