OLHARES E DEDUÇÕES DA MULHER ATUAL(*)

A Mulher olhou para o próprio corpo e viu que ele é uma verdadeira "usina de manutenção", por cuja multiplicidade de usos possíveis deduz que não se trata de um organismo apenas para uso pessoal, mas que deve servir para muito mais gente. Esta é a dedução-mãe ou genérica da Mulher sobre si mesma, e neste artigo trataremos da questão de modo cadenciado e descontraído, criando uma seqüência lógica nos moldes de um monólogo (ou uma espécie de auto-entrevista íntima), com início, meio e fim, se é que isto tudo tem um fim.

O primeiro passo nessa seqüência foi: A Mulher olhou para o seu corpo e viu que ele é uma usina de manutenção de "máquinas" (pessoas), mas que pela quantidade de usos possíveis deduziu que muito mais gente fará uso dela, e não apenas ela sozinha. O segundo será: A Mulher olhou para os seus seios e viu que aquilo é um reservatório duplo de alimento líquido, chamado leite, ideal para a nutrição saudável de pequenas pessoinhas que nasceriam dela, ou de pessoinhas nascidas de mulheres sem boa produção do líquido. Ao constatar isso, deduz que uma pêra dentro de sua barriga e sob o seu estômago pode se dilatar até ficar uma pêra enorme, para conter uma outra pessoinha enviada ao mundo, e que esta, desde que gerada por seu próprio ovário, seria chamada de filha biológica dela. Então a Mulher refez a conta e descobriu, até ali, três provas infalíveis de que é uma usina, pois não apenas contém em si o 'marsúpio-interior' ou "ninho" para uma nova vida, chamado útero, mas também um reservatório de óvulos para gerar mais pessoas e dois sacos de leite para alimentá-las. Estas três provas eram tão claras e até acintosas que faziam o seu corpo dar um sinal óbvio todos os meses, fazendo descer por suas pernas o líquido vermelho-escuro que corre em suas veias, e, como se isto não bastasse, este fenômeno muitas vezes ainda vinha acompanhado de dor extrema, vômitos e até explosões nervosas contra as pessoas de seu convívio.

Na continuidade da seqüência das descobertas sobre si mesma, e quando possuidora de uma índole sincera ou num rasgo de honestidade, a Mulher pôde perceber que também havia três coisas em sua alma que gritavam alto a mesma seqüência de notas comprobatórias de sua "usinidade", e as elencou assim: (1) "Sinto em mim que não apenas tenho muitas habilidades nos meus membros (mãos, pés e pernas) que os homens não têm, como também sinto uma profunda compulsão de me levantar e fazer coisas, ajudando as pessoas ao meu redor, sobretudo em afazeres relacionados à alimentação, higiene e bem-estar dos meus familiares ou de íntimos de minha casa". (2) "Sinto também que gosto muito de ajudar naqueles afazeres, e até me coloco sempre à frente de quem fosse chamado a realizá-los, não apenas homens, mas também outras mulheres de meu convívio". (3) "Sinto muita alegria e até prazer recôndito quando percebo que aqueles que necessitam de mim vêm me usar com prazer, sentindo-me então 100% necessária aos necessitados: sou mesmo uma usina e adoro sê-lo, e não creio que alguém gostasse de ser assim sem ser mulher, mesmo que Deus lhe desse ovários, útero e seios leiteiros como os meus".

Por último, quase ao final do monólogo, a Mulher disse de si mesma: "sou mesmo um objeto, e SEM as conotações humilhantes dos homens, que eu dispenso de pronto! Sou um objeto, e dos melhores, pois vejo em mim habilidades que o sexo oposto nem sonhando tem. Também vejo que sou um objeto dos mais nobres, das mais honrosas obras de Deus, pois fui criada para SERVIR ao próximo e com todo afinco e prazer, devotando-me naturalmente à caridade da ajuda constante que Deus tanto exige de todos!". Eis a conclusão tranqüila possível à mulher mentalmente sadia.

Porém chegou a tal da Pós-modernidade e com ela todas as desqualificações morais de uma civilização em fim de ciclo. E esta Era das Incertezas produziu mulheres vis, fêmeas vazias e sem nexo, que, a exemplo dos deuses que as desviaram, perverteram as suas próprias vocações inatas à mera recompensa do desejo sexual masculino, ou o mero usufruto do vício incontrolável ao qual os homens se entregaram. Nesta inglória faina, passaram a admitir que serem objeto significava ser tão somente "coisa descartável", que o Homem usa e depois troca ou joga fora. E já que a missão enfim foi degenerada para esta caricatura de labor, então a Mulher teve que descobrir ou aceitar outras vis "potencialidades" para o usufruto do seu corpo, como o uso de seu "tubo excretor de esterco" (chamado intestino grosso) para fins sexuais. Por isso se vê hoje em dia esta profusão interminável de fêmeas a exibir o tubo, "canhão com tanque e tudo", como se estivesse a dizer: "Sou objeto de teu prazer! Sou objeto falso de tua necessidade ou objeto de tua necessidade falsa a seduzir-te a toda hora, oferecendo-te aquilo que te hipnotiza mais que um prato de comida depois de 7 dias de fome! Aproveita e vem me seduzir, pois o que vês em mim, meus peitos volumosos (mesmo falsos), minhas coxas torneadas e minha enorme poupança arrebitada, podem e devem ser usados por ti em ritmo de hipnose, para ficares sob meu comando, nem que me descartes depois de 3 meses! Pois sou MESMO um objeto para teu uso pessoal e eu te autorizo a me usares como desejares, do jeito que quiseres!... – Assim falou a rainha e a dona dos teus encantos".

E o resultado desta infernal inversão de valores? É tudo o que mais se vê nos círculos sociais e mais se espalha na mídia, pois não bastava só a sedução da promiscuidade: era preciso também que a sociedade inteira a digerisse e depois até a adotasse, como era de se esperar, porque os homens a incorporariam por estar há décadas hipnotizados, e as mulheres (até então puras) a acatariam por se sentirem incapazes de falar qualquer coisa contra as outras, pois afinal são de seu mesmo time; ou seja: "mulheres batalhadoras que lutaram por seus 'direitos'!". A coisa ficou tão séria dos dois lados que nem os homens perguntam mais para as suas próprias companheiras, nem as próprias avós setentonas perguntam para as suas netas: "Por que você vai sair de casa com esta minissaia tão curta?"... E o papaizão moderno sempre pergunta ao filho adolescente que volta para casa de madrugada: "E aí, filhão, quantas gatinhas traçou hoje?"...

Onde o mundo irá chegar com tudo isso? Só Deus sabe. Aliás, se formos levar em conta a hipótese teísta, só Deus poderá dar um jeito nisso, e então tudo leva a crer que Ele não está nada satisfeito com esta nossa geração, a julgar por exemplos antigos de depravação, como Sodoma e Gomorra. Se a hipótese teísta não for verdadeira ou aceita, creio que uma Ciência mais responsável (e menos influenciada pelos cientistas já hipnotizados pela onda erotizante do Século XXI) também levantará voz contra a presente geração, pois a promiscuidade não gera desgraças apenas no plano espiritual, mas também no físico, no financeiro e até no emocional, como a febre de depressões, neuroses, estresses e distúrbios temperamentais tem provado nos consultórios psiquiátricos.

Eis o retrato do tempo atual. A Mulher "acordou" para a sua própria realidade última, que é e era a mais digna de todas as missões divinas, a de trazer almas à Terra e cuidar das futuras gerações inauguradas por seus filhos. Porém, ao "acordar" (talvez acordar do 'sonho lindo' para o pesadelo afeador), decidiu usar daquilo que lhe pareceu seu o único recurso para salvaguardar a sua subsistência em conforto e fartura, expandindo o raio de ação de suas utilidades-mil e entregando-se ao bel prazer mesquinho do instinto masculino degenerado. Neste mister, julgou acertado permitir o uso de TODO o seu corpo para as taras masculinas, como se fazendo isso mudasse o Homem de alguma forma, como se pau que nasce torto se desentortasse!...

Resultado: perda total para a Mulher. Senão vejamos: a Mulher perdeu a esperada fidelidade masculina (que nunca teve), perdeu a segurança emocional de ter um só homem pelo ciúme provocado por outros homens, perdeu a segurança física de ir e vir pelo mesmo motivo, perdeu o respeito que antigamente só era negado a prostitutas, e perdeu finalmente o controle da situação, que a Mulher sempre teve (mal ou bem) ou sempre acreditou ter. É duro mais é a verdade.

Agora resta perguntar: dá pra reverter este quadro negativo? Que respondam as mulheres: "pode-se impedir o avanço de um câncer desses depois de tanto tempo sem qualquer tratamento?"... Não sei. Temo que só a hipótese teísta pode responder. Sendo assim, então, só um milagre faria efeito. E provavelmente só um milagre daqueles dos tempos em que ainda havia santos vivos.

Prof. João Valente de Miranda.

(*) Este texto é dedicado a Arnaldo Jabor, único brasileiro do meio artístico a defender uma outra postura para as mulheres pós-moderrnas.