"A Sociologia um conjunto de conceitos, técnicas e de métodos de investigação produzidos para explicar a vida social, possibilitando a compreensão de situações sociais radicalmente novas, criadas pela então nascente sociedade capitalista".

O surgimento
Segundo o autor a evolução do pensamento científico, que vinha se constituindo desde Copérnico, passa a cobrir, com a sociologia, uma nova área do conhecimento ainda não incorporada ao saber científico, ou seja, o mundo social. Surge posteriormente à constituição das ciências naturais e de diversas ciências sociais. A sociologia é mutável devido à mudança nos comportamentos, costumes e na "evolução" da sociedade.
O surgimento ocorre num contexto histórico especifico, que coincide com os derradeiros momentos da desagregação da sociedade feudal e da consolidação da civilização capitalista. Então pode se notar que quando há qualquer tipo de mudanças nos fatos históricos, surge uma nova Sociologia para estudar os novos comportamentos, padrões sociais e a forma de interação da sociedade como um todo.
O século XVIII pode ser considerado um marco importante para a história e para o surgimento da Sociologia. Ocorreram nesta época transformações, desde fatos econômicos, políticos até culturais. As revoluções Industrial e Francesa são exemplos que marcaram essa transformação, onde pequenos produtores e artesões que possuíam suas oficinas e artesanatos em suas próprias casas e preparavam de forma manual (manufatura) os objetos e produtos para serem vendidos diretamente aos clientes finais, passam ser empregados de grandes indústrias e serem dominados pelas máquinas (maquinofatura), mudando totalmente a forma de trabalho e perdendo o lucro, pois a passa a receber salários. Todo esse processo ou essa Revolução Industrial era rumo ao capitalismo, que ira trazer inúmeras mudanças para aquela sociedade e juntamente a provocação para o surgimento de uma nova Sociologia.
O autor cita que "cada avanço com relação à consolidação da sociedade capitalista representava a desintegração, o solapamento de costumes e instituições até então existentes e a introdução de novas formas de organizar a vida social", ou seja, em toda evolução seja ela tecnológica ou outra, geram conseqüências positiva ou negativa na forma de interação naquele meio. Ele exemplifica que na Inglaterra num período de 80 anos houve uma grande estruturação do país, transformando minifúndio em grandes propriedades, pequenos artesanatos em grandes indústrias manufatureiras, desmantelando a família patricial e submetidos a jornadas de trabalho exuberantes, sem férias e feriados, ganhando subsistência, onde mais da metade dos trabalhadores eram mulheres e crianças, que ganhavam salários inferiores aos homens.
Durante esse aumento progressivo da população Inglesa e desordenada, puxada principalmente pela Era Capitalista, fez que começasse a surgir conseqüências drásticas para a sociedade, prostituição, suicídio, alcoolismo, infanticídio, criminalidade, violência e surtos de epidemia de tifo e cólera que dizimaram parte da população. Nota se que houve fatos de extrema gravidade, diretamente relacionados com os indivíduos, onde o papel da Sociologia e do Direito eram fundamentais o entendimento para criação de novos conjuntos de normas e regras positivistas e naturalistas para coibir demasiada ação contra a própria vida humana e também estabelecer novos padrões sociais adequados às revoluções.
Nessas revoluções aconteceram vários fatos (sociais, civis, trabalhistas, criminais, constitucionais,...), como exemplifica o autor, "manifestações de revolta dos trabalhadores atravessaram diversas fases, como a destruição das máquinas, atos de sabotagem e explosão de algumas oficinas, roubos e crimes, evoluindo para criação de associações livres, formação de sindicatos etc"; diante desses acontecimentos, operadores de Direito e pensadores institucionalizam normas e sanções previstas e difusas, com um único objetivo, estabelecer paz, segurança e bem comum a todos, como pode notar se no Código Penal de 1830, inúmeros artigos de crimes contra a segurança individual, contra a segurança da pessoa e vida.
O autor questiona sobre a importância desses acontecimentos para a sociologia, e reitera que a sociedade era colocada num plano de análise, considerada uma problema e objeto para fins de investigação, devido os pensadores ingleses seres homens determinados a introduzir modificações na sociedade, faltando conhecimentos da ciência sociológica.
Os pensadores Owen (1771-1858), William Thompson (1775-1833), Jeremy Bentham (1748-1832), ambos concordavam que a Revolução Industrial produzira fenômenos inteiramente novos que mereciam ser analisados, pois eles refletiam e escreviam para formação e constituição de uma sociedade intelectual.
O surgimento da sociologia, como se pode perceber, prende-se em parte aos abalos provocados pela revolução industrial, pelas novas condições de existência por ela criadas. A partir desse ponto, passa notar a importância da sociologia na sociedade, pois percebe que através do experimento, da pesquisa e da observação, consegue explicar através do método científico fases de grande progresso, como exemplifica o autor, "num espaço de cento e cinqüenta anos, ou seja, de Copérnico a Newton, a ciência passou por um notável progresso, mudando até mesmo a localização do planeta Terra no cosmo".
"Data também dessa época a disposição de tratar a sociedade a partir do
estudo de seus grupos e não dos indivíduos isolados", ou seja, o estudo da sociologia parte da análise do conjunto e do coletivo, visto que quando um doutrinador ou legislador cria ou elabora uma lei, ela é abstrata e de abrangência ampla, com finalidade de assegurar paz e direitos iguais a todos, independentemente da classe social. Por isso que os filósofos intensificam e aprofundam o entendimento sobre as classes dominantes da sociedade feudal e a burguesia revolucionária, influenciando-os com suas idéias, procedimentos e experimentação. Até métodos matemáticos, foram utilizados por Condorcet, para estudo dos fenômenos sociais com fins de investigação, denominada "matemática social".
Em geral, todo o conjunto ou os integrantes da sociedade, o comércio, a religião, a moral, a família eram observados e analisados pelos iluministas, podendo criticá-los e rejeitá-los, de forma que o ser humano dotado da razão pudesse se adaptar ou se flexibilizar para ser aceito e ser livre para interagir no meio. A filosofia é um instrumento valioso e prático que criticava a sociedade presente, vislumbrando outras possibilidades de existência social, sempre a favor da solidariedade e do bem comum.
"O visível progresso das formas de pensar, fruto das novas maneiras de produzir e viver contribuía para afastar interpretações baseadas em superstições e crenças infundadas, assim como abria um espaço para a constituição de um saber sobre os fenômenos histórico-sociais". A crença, costumes e religião podem ser considerados fator de suma importância, principalmente no âmbito jurídico, faz-se necessário recorrer a essas fontes de pesquisa para entendimento; uma vez que a própria filosofia cuidará de estudar e de questionar o "algo" novo, juntamente com a sociologia através das descobertas e de forma oculta, implantará as condutas que o individuo deverá aceitar para que não sofra as sanções difusas, exclusão ou rejeição.
Através do termo "física social" de Comte, e a criação do positivismo contribui para a oficialização da sociologia, separando a filosofia e a economia política, e criando um objeto autônomo, "o social", como estudo independente dos fatos econômicos.

A Formação

"Saint-Simon tem sido geralmente considerado o "mais eloqüente dos profetas da burguesia", um grande entusiasta da sociedade industrial. A sociedade francesa pós-revolucionária, no entanto, parecia-lhe "perturbada", pois nela reinava, segundo ele, um clima de "desordem" e de "anarquia". Uma vez que todas as relações sociais tinham se tornado instáveis, o problema a ser enfrentado, em sua opinião, era o da restauração da ordem.
Ele percebia novas forças atuantes na sociedade, capazes de propiciar uma nova coesão social. Em sua visão, a nova época era a do industrialismo, que trazia consigo a possibilidade de satisfazer todas as necessidades humanas e constituía a única fonte de riqueza e prosperidade. Acreditava também que o progresso econômico acabaria com os conflitos sociais e traria segurança para os homens. A função do pensamento social neste contexto deveria ser a de orientar a indústria e a produção".
E com base na colocação de Saint-Simon, podemos analisar o capitalismo versus a religião, a moral e a ética, onde o lucro exacerbado fica bem claro e exposto na Revolução Industrial que surgiu a partir do momento em que começa uma transformação nos meios de produção (mudanças tecnológicas), gerando inúmeras conseqüências econômicas e sociais.
Antes da revolução os artesãos eram responsáveis pela compra da matéria-prima até a entrega do produto final, e tudo quase feito de forma manual (manufatura), às vezes utilizavam se das máquinas simples, tendo como local de produção suas oficinas localizadas em suas próprias casas, especificamente "fundo de quintal".
Com a revolução industrial, muitos dos trabalhadores começaram a perder o controle do processo produtivo, pois vagarosamente os proprietários ou empresários iniciavam um processo de expandir a política de que produzir em grande escala traria vantagens competitivas, ou seja, aumento do lucro (capitalismo), com isso, começava a extinção desses pequenos fabricantes, fazendo com que eles tornassem empregados, o surgindo o regime patronal e a era das máquinas (maquinofatura). Um ponto relevante que merece destaque, é que esta revolução teve maior impacto nos países, cujo o protestantismo era predominante e já no países fieis ao catolicismo, a revolução chegou anos depois.
A partir desse acontecimento ou um marco para inúmeras ciências, nota se que a religião foi um fator temporário e bloqueador para que a mesma não avançasse de forma mais rápida aos Estados. Então, filósofos e pensadores, percebem que uma grande lacuna na área do saber, ou seja, faltava a ciência da sociedade. Com parâmetros próximos às da ciências naturais, a nova ciência deveria descobrir as leis do progresso e do desenvolvimento social. Pois perceberam que existiam conflitos entre os possuidores e os não possuidores e conforme citação dos filósofos, a sociedade se encontrava numa desordem ou num profundo caos social.
Convictos que a sociedade precisava de um auxilio, a filosofia positiva, que antes somente criticava, preocupava exatamente em organizar a realidade; fazendo com que a sociologia e positivismo cumprissem seus papeis e princípios paralelamente, preocupando constantemente com a ordem social para evitar misérias e desemprego, e incentivar aos operários a utilizar a greve como instrumento de luta e fundando os seus sindicatos. E junto com o ensinamento da Igreja, também colaborou para que o relacionamento entre empregado e empregador fosse visto de uma forma mais flexível, para amenizar o trabalho forçado e desumano.
Durkhein coloca que a divisão do trabalho deveria em geral provocar uma relação de cooperação e de solidariedade entre os homens, porém, a rapidez na informação e nas transformações sociais, econômicas e culturais, dificultava o bom funcionamento da sociedade. Isso fazia com a sociedade industrial não dispusesse de normas e regras claras estabelecidas.
Então, conseqüências como suicídios, alcoolismo e vícios, ocasionados principalmente pelo desemprego, que isolava e rejeitava o individuo. Nessa perspectiva, a função da sociologia seria detectar e buscar soluções para os "problemas sociais", com objetivo de restaurar a normalidade da sociedade e se convertendo numa forma técnica de controle social.
Diante das observações, estudos e deduções, Durkhein enfatiza que As nossas maneiras de comportar, de sentir as coisas, de curtir a vida, além de serem criadas e estabelecidas "pelos outros", ou seja, através das gerações passadas, possuem a qualidade de serem coercitivas e os comportamentos seriam baseados e impostos conforme os fatos sociais.
A formação da sociologia vem a solidificar com o socialismo colocado por Marx e o fenômeno da vida religiosa, constante nos trabalhos de Weber, vislumbraram se que os indivíduos não usufruíam seus lucros, estes eram avidamente acumulados e reinvestidos em suas atividades.