O PAPEL DO TURISMÓLOGO NAS PRÁTICAS DE TURISMO E CULTURA NO MUSEU DO PIAUÍ ? CASA DE ODLION NUNES
Thiago Lima de Carvalho*


RESUMO
Este trabalho busca discutir as relações entre o Museu do Piauí ? Casa de Odilon Nunes e turismo em suas especificidades e naquilo que se pode denominar de delicadas relações. O ponto nodal da questão identifica o papel do turismólogo dentro do território do museu extensivo à condição de elo cultural na prática das atividades de turismo, sobretudo, às práticas de turismo cultural.
O Museu do Piauí ? Casa de Odilon Nunes, identifica-se como um importante ponto de produção de cultura, onde há interação permanente de experiências, uma possibilidade cultural de várias leituras e descobertas.
O Turismo, sendo uma atividade multifacetada, aparece dentro da relação intrínseca com o museu, como uma atividade que busca ampliar o potencial do papel do museu como turístico, atuando como forte aliado na preservação do patrimônio histórico e cultural de nossa cidade.
PALAVRAS-CHAVE: Turismo; Museu; Cultura; Patrimônio;

ABSTRACT
This paper seeks to discuss the relationship between the Museum of Piaui ?House Odilon Nunes and tourism in their characteristics and what could be called delicate relations. The nodal point of the question identifies the role of tourismologist within the territory of the museum extends to the link provided in the practice of cultural tourism activities, especially the practices of cultural tourism.
The Museum of Piaui - House Odilon Nunes, is identified as an important point of cultural production, where there is constant interaction of experience, a cultural possibility of various readings and discoveries.
Tourism, is a multifaceted activity, appears in the intrinsic relationship with the museumas an activity that seeks to broaden the potential role of the museum as a tourist, acting as a strong ally in the preservation of historical and cultural heritage of our city.
KEYWORDS: Tourism, Museum, Culture, Patrimony;



1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A atividade turística, nos últimos anos, vem representando um forte de forte fator de crescimento, desenvolvimento e gerador de divisas. É uma atividade que está bastante segmentada, e entre esses segmentos do turismo podemos citar o turismo cultural, que atualmente ocupa grande espaço no setor turístico. Hoje em dia, o turismo cultural está crescendo significativamente. Dentro desse aspecto, podemos abordar o museu como sendo o melhor espaço, de grande atrativo turístico, onde possa se desenvolver a prática de turismo cultural.
De acordo com a Carta de Turismo Cultural, publicada pela ICOMOS, em 1976, considera o turismo cultural como sendo:

"Aquela forma de Turismo que tem por objetivo, entre outros fins, o conhecimento de monumentos e sítios histórico-artísticos. Exerce um efeito realmente positivo sobre estes quanto tanto contribui ? para satisfazer seus próprios fins ? a sua manutenção e proteção. Este tipo de turismo justifica, de fato, os esforços que tal manutenção e proteção exigem da comunidade humana devido aos benefícios sócio-culturais e econômicos que comporta para toda população implicada (ICOMOS ? CARTA DO TURISMO CULTURAL, 1976)."

De fato, o turismo está inteiramente ligado a cultura. No entanto, cultura é algo que se apresenta de forma dinâmica e mutável. Walkiria Toledo (2000, p.9) afirma que "cultura, efetivamente, é um termo de difícil definição".
Todavia, é importante se pensar a cultura como algo imprescindível na vida do ser humano. Laraia (2009, p.26) apud Turgot (1727-1781), diz que:

"Possuidor de um tesouro de signos que tem a faculdade de multiplicar infinitamente, o homem é capaz de assegurar a retenção de suas idéias eruditas, comunicá-las para os outros homens e transmiti-las para seus descendentes como uma herança sempre crescente."

Nesse sentido, faz-se necessário analisar a cultura como um elemento antropológico de altíssimo valor. Devemos percebê-la e valorizá-la. "Hoje, turismo é uma vivência cultural que seduz pela diversidade, marco principal do produto turístico, e que gera o deslocamento de turistas", Bayard e Maurício (2002, p.107).
De acordo com Montejano (2001, p.25), turismo cultural é o "conjunto de atividades que se desenvolvem com a finalidade de facilitar para o turista/visitante alguns conhecimentos e ampliar sua cultura, a partir de uma perspectiva de tempo livre e da civilização do lazer".
Desse modo, é possível notar a grande importância da cultura, principalmente no aspecto turístico e também no aspecto social, pois a cultura oferece um papel essencial na sociedade.
Perez (2005, p.2) afirma que "o patrimônio cultural contribui com a formatação de destinos turísticos com identidade própria, dotando-os de caráter diferenciado em conformidade com os objetivos singulares e autenticidade buscada pela demanda".
Para o turismo, a preservação cultural é muito importante, pois a atividade turística utiliza-se do valor dos diferentes aspectos culturais observados em diversos locais, sendo necessária uma política de preservação do patrimônio cultural.
Os museus, por se tratarem de espaços que propiciam lazer e cultura como forma de entretenimento e conhecimento aos seus visitantes, é necessário que haja a preservação dos bens culturais e isso pode beneficiar a exploração econômica da atividade turística e do patrimônio cultural através do turismo de cultura.
Atentando para o crescimento da atividade turística, muitos museus passaram a investir na capacitação e profissionalização, como também no planejamento para estimularem o aumento do fluxo de visitantes.
Aburdene e Naisbitt (2000, p.56), afirmam que:

"O público de hoje está ávido por qualidade, e o museu pode proporcioná-la. O monumento mais visitado no mundo não é, nem a Torre Eiffel, nem o Taj Mahal, mas o Centro Geoges Pompidou, com oito milhões de visitantes por ano. Um bom museu é uma coisa pela qual o público está disposto a pagar."

Assim o processo da exploração do turismo dentro dos espaços museais requer pensar o turista/visitante como uma peça-chave de extrema importância, visto que estes são atores que fazem da cultura um forte elemento de consumo em suas viagens e pacotes turísticos e os mesmo exigem qualidade de informação e atenção.
Atualmente, o turismo cultural vem ganhando espaço no segmento da atividade turística, se destacando na preferência de certos grupos turísticos que apreciam, por exemplo, atividades artísticas, apresentações folclóricas, eventos gastronômicos, entre outras manifestações de cultura.
O turismo cultural está fortemente ligado às atividades de punho artístico e cultural, e os museus são ricos desses elementos e podem oferecê-los aos seus visitantes.
Vasncocellos (2006, p.33), cita que:

[...] o turismo é um meio de obtenção de divisas que leva progresso e desenvolvimento econômico aos países ricos em atrativos patrimoniais, pois abre postos de trabalho, promove a conservação de monumentos, sítios e paisagens, ao mesmo tempo em que fomenta sua identidade e promove sua imagem em nível internacional.

Observando os museus como espaços que detêm o patrimônio cultural de uma localidade, é preciso atentar para a questão da adequação e exploração sustentável desse patrimônio. A atividade turística, no que se refere ao turismo cultural, se bem planejada, pode contribuir com a preservação, conservação e democratização do acesso a bens culturais, garantindo a sustentabilidade dos bens históricos e práticas culturais, possibilitando maior acesso da comunidade local aos benefícios que a atividade turística pode trazer.
Considerando o turismo como uma atividade de transformação social, econômica e cultural, fortemente fincado na sociedade atual, a relação existente entre o turismo, no que tange as práticas de turismo cultural, e museus, podem proporcionar um resultado eficaz na preservação do patrimônio, contribuindo para a sua manutenção e proteção.
Segundo a OMT (2007), o turismo e o patrimônio cultural podem e devem estabelecer uma relação de sustentabilidade e de benefícios mútuos.
No entanto, ainda não se observa veracidade nessa relação mútua. De fato, existem interesses recíprocos entre a atividade turística e os museus, para a conservação e apresentação dos acervos culturais e patrimoniais, e esses dois setores não atuam em planos paralelos.
O turismo em geral maximiza o consumo do recurso cultural material e imaterial na visão daquele que consume o produto turístico, enquanto os museus atentam para a maior conservação, preservação dos acervos, limitando o consumo dos seus bens culturais.
Sendo assim, os espaços museais devem procurar se adequar da melhor maneira possível para receberem seus visitantes e turistas, atentando para a prevenção dos impactos negativos que a atividade turística pode causar. Como também, o turismo pode agir de forma eficaz para a obtenção de público para a valorização do patrimônio, obtenção de recursos para investimentos em projetos museológicos, como também propiciar atividades de conservação e restauro do patrimônio histórico-cultural.

2 TURISMO E O MUSEU DO PIAUI ? CASA DE ODILON NUNES
O Museu do Piauí ? Casa de Odilon Nunes, identifica-se como um importante ponto de produção de cultura, onde há interação permanente de experiências, uma possibilidade cultural de várias leituras e descobertas.
O Turismo, sendo uma atividade multifacetada, aparece dentro da relação intrínseca com o museu, como uma atividade que busca ampliar o potencial do papel do museu como turístico, atuando como forte aliado na preservação do patrimônio histórico e cultural de nossa cidade.
Dentro desse contexto, os turismólogos devem estar atentos para a forte relação existente entre a atividade de turismo e o Museu do Piauí ? Casa de Odilon Nunes. Observando o papel social do museu enquanto espaço que insere moradores e turistas em atividades culturais com trocas de experiências. Tal interesse por essas trocas culturais estimula o crescimento do turismo. Bayard Boiteux e Maurício Werner (2002), afirmam que "o turismo hoje é uma vivência cultural que seduz pela diversidade, marco principal do produto, e que gera o deslocamento do turista." Essa citação ressalta a idéia de que turismo está inteiramente ligado com a questão da preservação do patrimônio cultural e com a utilização desse recurso aliado ao espaço produtivo do museu, favorecendo a partir disso a exploração econômica do Museu do Piauí ? Casa de Odilon Nunes, enquanto espaço que guarda um valioso patrimônio cultural da cidade de Teresina, através do turismo.

2.1 O MUSEU DO PIAUÍ ? CASA DE ODILON NUNES
O Museu do Piauí ? Casa de Odilon Nunes, é uma entidade integrante da Fundação Cultural do Piauí ? FUNDAC, tem como objetivo preservar o patrimônio histórico do estado e do país, e testemunhar o perfil cultural de um povo.
Inicialmente surgiu como uma seção do Arquivo Público, em 1934, sob a orientação do Prof. Anísio Brito. Em março de 1941, é criado formalmente através do Decreto Lei N°355. Em 1980, recebeu sede própria no casarão da Praça Marechal Deodoro da Fonseca (Centro), após restauração financiada pela Secretaria de Planejamento da Presidência da República e organização pela Fundação Joaquim Nabuco, na gestão do então secretário de cultura Prof. Wilson Brandão. Em 09 de novembro de 1992, foi tombado pelo Patrimônio Histórico Estadual, pela Lei Nº4515, e em 10 de outubro de 1999 foi rebatizado de Casa de Odilon Nunes, em homenagem ao historiador piauiense, quando da passagem do centenário de seu nascimento, por iniciativa do Deputado Estadual Olavo Rebêlo, através da Lei Estadual Nº5086 de 30/09/1999. No período de 2004/2005, o Museu passou por novas reformas através dos projetos Restauração do Museu do Piauí (Convênio MINC/Associação dos Amigos do Museu do Piauí/Governo do Estado do Piauí) e Modernização do Museu do Piauí (Convênio IPHAN/Fundação Cultural do Piauí ? FUNDAC).
O Museu do Piauí foi uma dessas residências, tendo sido construído em 1859, pelo Comendador Jacob Manoel de Almendra, a quem foi cedido a maioria dos terrenos da parte norte da praça. A partir de 1873, passaria a abrigar a sede do governo da província, tendo sido alugada para este fim. O governo do Piauí, desde a fundação da cidade de Teresina, por não possuir sede própria, funcionava em edifícios cedidos ou alugados por particulares. Só no governo de Arlindo Nogueira (1900-1904) é que foi comprado de Dª Lina Leonor de Almendra Freitas, continuando a ser Palácio do Executivo até 1925. Entre 1926 e 1975 funcionou o Tribunal de Justiça do Estado do Piauí. Em 1980, após restauração, passa a exercer a função de museu. Embora construído no séc. XIX, é um edifício de características neoclássicas, que marca pela beleza de suas linhas sóbrias.
Seu acervo constitui-se aproximadamente de 7.000 peças, coleções de grande qualidade, peças pré-históricas (peixes e troncos fossilizados), louças da Companhia das Índias, porcelanas chinesas, quadros do século XIX (Victor Meireles, Lucílio de Alburqueque e Iole), imaginárias, obras importantes de arte contemporânea de renomados artistas piauienses (Afrânio Castelo Branco, Píndaro Castelo Branco, Liz Medeiros, Nonato de Oliveira, Hostyano Machado, Amaral, Gabriel Arcanjo, Dalva Santana, Josefina Gonçalves, Dora Parentes, dentre outros), cédulas, moedas, indumentárias da Guarda Nacional, machados primitivos, urna funerária, arcos, flechas, artesanato piauiense, entre outras peças de relevância para a nossa história.

3. CONCLUSÃO
O Turismo é uma atividade que vem crescendo aceleradamente nos últimos anos. O advento da globalização, que vem nos aproximando cada vez mais de um mundo sem fronteiras, tem permitido um maior investimento no setor turístico, melhorando a oferta técnica da atividade, propiciando a democracia turística, o que proporciona maiores condições de captar o fluxo de turistas.
Nessa perspectiva, é importante fazer uma análise das questões sobre o Turismo e o Patrimônio Cultural, levando em consideração ao crescimento sustentável da atividade, como também a exploração eficiente e eficaz do espaço públicos museais, dentre eles o Museu do Piauí.
Ampliando essas observações acerca do papel do Turismólogo em relação ao Patrimônio Cultural e o Museu do Piauí, vale a pena ressaltar o conceito de museu e o seu papel, diante das especificidades da atividade turística.
Teixeira (2008, p.194), apud WALDISA sobre a definição de museu pelo Conselho Internacional de Museus (ICOM). A ICOM aprovou a seguinte definição de museu:

"Museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberta ao público, que realiza pesquisas concernentes aos testemunhos materiais do homem e do seu ambiente, adquirindo-os, conservando-os, comunicando-os e, notadamente, expondo-os para fins de estudo, educação e lazer."

Nestes últimos tempos, muitos vêm reconhecendo o papel do museu enquanto espaço de pesquisa, produção, conhecimento, aprendizado, como também um espaço que pode ser utilizado para a exploração de cultura, entretenimento e lazer.
O museu representa um espaço onde se encontra um elo cultural forte na prática de turismo, principalmente no que se refere á prática de Turismo Cultural. O museu identifica-se como um importante ponto de produção de cultura, onde há interação permanente de experiências, uma possibilidade cultural de várias leituras e descobertas.
Vasconcellos (2006, p.35), refere-se ao papel educativo que o museu desempenha com a finalidade de: "despertar a consciência do indivíduo em relação ao patrimônio do qual é herdeiro e do seu potencial em termos de ensino e aprendizado."
O Turismo, sendo uma atividade multifacetada, surge dentro da relação intríseca com o museu como uma atividade que busca ampliar o potencial do papel do museu como recurso turístico, atuando como forte aliado na preservação cultural de uma localidade!
Dentro desse contexto, o turismólogo tem a função de planejar e organizar o espaço museau, ao mesmo tempo em que propicia ao Museu do Piauí a chance de atrair mais turistas, o que movimentaria a economia local, possibilitando, concomitantemente, trocas culturais, trabalho, emprego e renda para os moradores e para o museu que, ao incrementar suas fontes de receitas, passa a ter melhores condições de investir na conservação, preservação, manutenção e divulgação do seu acervo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOITEUX, Bayard. WERNER, Maurício. Promoção, entretenimento e planejamento turístico. Editora Aleph. São Paulo, 2002.
ICOM (International Council of Museums). Carta de Turismo Cultural, 1976.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 24ª edição. Rio de Janeiro, 2009.
MONTEJANO, Jordi Montaner. Estrutura do Mercado Turístico. 2. Ed. São Paulo. Roca. 2001.
NAISBITT, John. ABURDENE P. Revista Megatendências, 2000, p.56.
PEREZ, Elisa Prados. Turismo cultural: um segmento em expansión. Congresso virtual de Turismo Cultural, 2001. Disponível em HTTP: www.naya.org.br. Acesso em janeiro de 2011.
TEIXEIRA, Maria Célia. Encontros museológicos: reflexões sobre a museologia, a educação e o museu. Rio de Janeiro: Minc/IPHAN/DEMU. 2008.
TOLEDO, Walkiria. Cultura local: discursos e práticas. Editora Universitária. João Pessoa, 2000.
VASCONCELLOS, C. de M. Turismo e Museus. São Paulo: Aleph, 2006. Coleção ABC do Turismo.