Ela não aguentou mais! Por um tempo ainda seu estômago e sua consciência suportaram, resistindo tanto atentado a indefesos seres. Porém, chegou o momento de poupar sua integridade físico-moral, dando um basta nisso tudo. Dias após dias seu ambiente de trabalho recebia senhoras e até senhoritas de tenra idade, todas com o firme propósito em eliminar o que, a esta altura, nada mais seria que um estorvo em suas vidas. Para que  pudessem continuar de maneira franca, até desenfreada como é o caso da maioria que se mete em aventura do sexo sem responsabilidade. Essas “dignas” representantes da raça não mediram consequência, chegando a pôr termo às indesejáveis vidas inocentes.

Não, não dava mais para continuar. Ficar seria dar prosseguimento a onda de assassinatos, compactuar com assassinos, ao mesmo tempo em que seria como fora, involuntariamente durante bom tempo, cúmplice em atos que denigrem o ser humano. Sim, não restava outra saída senão abandonar de vez o holocausto, as câmaras de tortura, que culminava com a morte dos tenros indivíduos que jamais viram a luz do sol, nem esboçaram inocentes sorrisos. Chega de martirizar-se, de lutar contra a própria consciência, a esta altura extremamente abalada. Um basta nos “stops” da vida. Prosseguir, seria colocar um término em sua própria existência.

Chegou ao limite. Mas...daqui para a frente, os resquícios de lembranças, porventura não irão ser um pesado fardo em arquear sua postura moral? Poderão ser apagadas as lembranças tétricas, ao saber que ajudara a colocar fins em possíveis sonhos, que barrara quaisquer vislumbres que certamente teriam os novos seres? Não apenas auxiliou na matança, no desprender da vida, mas também corroborou no extirpar, juntamente com os algozes extirpadores,  em sessões macabras arrancando pedaços de fetos, que seriam futuros seres a exalçar o magno criador, por serem os pequenos que são os mais expressivos exemplos de louvores ao supremo e à sua criação. Quão maravilho é ver o sorriso inocente de uma criança! Sem os percalços da vida, sem a mancha do transgredir e sem a malícia dos que se deliciam com atos indecorosos. Não! Nada se compara à inocência, por ser esta a situação exigida para se dar bem no patamar além matéria. “Se não vos fizerdes como crianças de modo algum entrareis no reino de Deus”, rematava o sábio mestre e senhor, Cristo.

Sim, muito mais viriam à mente, pois fora conhecedora de preceitos de vida quando a puberdade batia às portas. Agora, as reminiscências certamente serão companheiras a martelar sua parte pensante, se bem que, como apenas auxiliar em uma clínica desse teor, a culpa não lhe recaia totalmente, mas naqueles que engendraram romper o cordão de prata, agindo como donos da vida, tomando decisões em lugar de quem de direito. O tempo, somente o tempo se encarregará de dizer que um dia tudo chegará a um fim, que tudo será apenas uma névoa do passado porque, “não há mal que sempre dure”, nem lembranças que o tempo não apague. Ainda mais que se dispôs a seguir as sendas da justiça e da liberdade, estas que não existiram em sua antiga ocupação. Olhando seu tenro filhinho; mentalizando situações que teriam os inocentes seres, arrancados à força de seus habitats, mais ainda lhe pesam as lembranças. Agora, passados alguns tempos, questões brotam em sua mente. Uma delas martelava na mente, pouco antes de abandonar os afazeres macabros: quem deu o direito de tirar a vida de  indefesos semelhantes?  Mais ainda! Receberia de quem o direto de matar, se o homem não moveu um dedo para criar a vida? Que direito de matar é esse, se somente o autor da vida tem soberania sobre o que criou? Não e não! Decidido está, que a vida deve seguir seu curso, sendo interrompida somente quando fatores externos, inevitáreis, lancem seus tentáculos que ceifam o milagres supremo da existência.