Houve um tempo em que a criança era vista como um "adulto em miniatura" (ARIÈS, 2006) que não havia para a sociedade uma concepção de infância. As crianças eram tratadas apena por jovens, sem observação de faixa etária, sem cuidados nem diferenças no tratamento e planos de ensinamento adequado à idade.
Pelos compêndios educacionais atuais, é justo salientar que há uma concepção de infância estabelecida nos moldes de um ser em formação biológica, psicológica e social. É a concepção de um ser absorvente, em idade extremamente aprendente que se desenvolve, construindo-se, num meio, pelo meio e com o meio.
Não obstante, essa concepção, vem-se modificando e se readaptando a uma nova ideia de infância que se forma e, de acordo com estudos e observações despendidas ao assunto, principalmente nos meios educacionais, muito se tem a acrescentar a esse estudo com as novas formações familiares, concepções de valores morais e acesso dos jovens cada vez mais jovens às novas tecnologias de informação e da formação extra curricular e extra familiar.
Há na verdade que se observar a existência de um novo adulto ou uma nova concepção de adulto. E é pertinente acrescentar que há um indivíduo de uma geração que se estruturou numa organização educacional mais liberal, que deixou muito a desejar na construção de um cidadão realmente envolvida com os valores, valores que por sinal, foram sendo desestruturadas pelas novas gerações como algo ultrapassado, retórico que em nada contribuía para uma "boa educação formadora" de um ser socialmente interativo.
Fala-se muito na dissolução da repressão, como Ariès comenta na obra história social da criança e da família, dos castigos físicos que eram as formas de punição para as desobediências morais e sociais. Recomendou-se insistentemente o uso da psicologia como processo obrigatório para a formação do indivíduo em substituição ao uso dos castigos. Porém esqueceu-se de alguns detalhes: não se desmistifica uma idéia secular em poucas décadas acreditando-se que essa mudança será rápida e eficiente. As mudanças são lentas e talvez estejamos no meio desse furacão de transição que ainda está longe da concretização dessas concepções de formação moral e psicológica das novas gerações.
Assim como a escrita tipográfica, redirecionou os rumos da concepção de pessoas enquanto indivíduos como seres importantes em si mesmos, (POSTMAN, 1999, P. 34-35) a tecnologia trouxe em seu encalço, uma nova visão de mundo com seus imediatismos, antecipações de comportamentos, reconstituição de mentes "conectadas" cada vez mais cedo às informações e aos modismos.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARIÉS, Philippe. História social da criança e da família. Tradução de Dora Flaksman: - 2ª ed. - Rio de Janeiro: LTC, 2006

COMENIUS, João Amós. Didática Magna. Disponível em < http://www.culturabrasil.pro.br/didaticamagna/didaticamagna-comenius.htm > Acesso em 15/03/2011
FELIPE, Jane. Uma infância nocente? Disponível em: www.scielo.br/pdf/cpa/n26/30391.pdf Acesso em 16/01/2011.

POSTMAN, Neil. O desaparecimento da infância. Tradução Suzana Menescal de Alencar Carvalho e José Laurenio de Melo. ? Rio de Janeiro: Graphia, 1999