ALCOOLISMO PREOCUPA CIENTISTAS

 

         Francisco Maria de Uberaba é um homem que vem-se preocupando muito com o problema referente à família. Um destes problemas é o alcoolismo. É ele quem fala através deste texto:

          “Psicólogos, médicos e moralistas têm falado e advertido sobre o potencial bio-humano que se vê ameaçado pelo uso sem limite das bebidas alcoólicas. O comitê de especialistas de defesa da saúde adstrito ao organismo da ONU enfrenta entre tantos problemas, mais um: o das pessoas que bebem demais.

          O problema não escapa a nenhum país: o mal é universal.

          Mas, há países mais atacados pelo verme do álcool, países onde o nível de educação do povo e o nível da sadia alimentação, são pequenos, e portanto se deparam mais ao ataque e ao domínio do mal. A América Latina conta atualmente com 20 milhões de alcoólatras, segundo divulgou um artigo o professor Emílio Mira Y Lopes, da “Prensa latina.

          O alcoólatra inveterado arranja para si uma necessidade de beber, acompanhado ou não, em qualquer lugar, e mais do que isso: ele pretende justificar sua atitude dizendo aos amigos e parentes: “O álcool me faz bem”. Ele atribui a outros fatores os males psíquicos e biológicos que nele começa a fazer o álcool.

          O alcoólatra degenerado leva ao final o seu drama de bebedeira, drama que, as mais das vezes, termina na morte prematura. No presente ciclo de intoxicação e de ingestão mais do que necessária, o indivíduo começa por perder toda sua dignidade de homem.

          Os valores morais para ele já ficaram sufocados pelos vapores do vício. A bebida torná-se-lhe um ídolo, em cujo altar tudo é sacrificado, e por cujo “amor” tudo é feito, inclusive o crime mais hediondo. Beber e beber, passa a ser quase um ato automático, e renunciar a isso seria largar a única “felicidade”.

          No exercício do ministério fui, uma vez, chamado á zona rural, onde numa casinha pobre e suja, sofria uma senhora, vítima da bebida. Era o tipo acabado da degeneração alcoólica. Ela ouvia apelos e conselhos de todo mundo, dos médicos, dos parentes, do marido, dos padres, para que conservasse o resto de sua saúde (devia ter uns 40 anos) e olhasse ao menos para o bem estar da família, pois possuía muitos filhos.

          Pois bem, uns quatro meses depois tive notícias: a mulher alcoólatra morrera e morrera bebendo.

          - Desde o tempo de menina ela bebia – disse-me o marido contristado. 

          Não podemos retirar toda a responsabilidade moral dos alcoólatras, mas é um problema sério proposto aos moralistas o saber até onde vai essa responsabilidade. Em tantos casos parece mesmo (humanamente falando) que não existe solução para melhora, para cura definitiva.

          Por isso, os simples psicólogos e agentes sociais com suas ligas anti-alcoólicas, com suas panacéias espetaculares, com seus tratamentos psicanalíticos, tudo isso e mais ainda é muito pouco. O mero tratamento externo do alcoólatra através de remédios e de reclusão, com especialistas e métodos científicos nada farão se a vontade humana do doente resistir a cura moral, o verdadeiro remédio.

          Aliás, atualmente são os próprios médicos e psiquiatras que apelam também para a religião quando se lhes apresentam casos de alcoolismo.

          Comentando ainda o assunto podemos fazer aos nossos leitores a seguinte pergunta: por que um homem sadio e bom se deixou destruir pelo álcool?

          As respostas poderão ser muitas e cada especialista trata seu depoimento valioso ao caso que é mesmo complexo.

          O alcoólatra degenerado habituou-se à bebida, e o hábito ele adquiriu no meio social ou familiar, onde crescera e viver. Do lado social, ou do ambiente, notamos o seguinte a favorecer o abuso do álcool: difusão fácil de bebidas nas famílias atuais, exploração comercial em larga escala, facilidade de encontrar a bebida nos meios de atrativos da juventude como o bar, o baile, as boates, as festas, etc. Negativamente, mas agindo como fator, a falta de repressão das autoridades que deveriam ao menos vigiar os menores e limitar o uso do álcool.

          Do lado pessoal, de cada bebedor que se faz, o que se descobre com infelicidade é falta de algo na alma. Há por aí uma crise de valores morais.Não existe a filosofia da vida formadora de caracteres fortes. A educação ainda desapercebida. Não se conhece a religião como força íntima e sobrenatural, mas que merece correspondência a toda hora.

          Nada mais fácil pois do que o seguinte: a vida humana vazia de sentido moral e educativo aceita a bebida como “Prazer” que promete encher o vácuo existente.

          - Bebo para esquecer: é a frase de tantas cabeças que não refletem, que pretendem viver fora do coração e do drama duro da existência por enfrentar. Ou então, invoca-se a resposta genial daquele que dizia – Ah, eu bebo para esquecer que bebo.

          Certa senhora, seguríssima de sua orientação no lar dizia-me: só permito que meus filhos bebam depois dos 18 anos.

          Em si, fora de anteriores e ulteriores considerações, a senhora agia bem, porquanto  criava no lar um clima favorável aos bons hábitos com ajuizados esclarecimentos junto dos filhos. A questão não é só proibir. Há muita coisa a fazer além disso.

          Que diremos dos pais de família que habitualmente bebe e deixam seus filhos fazer o mesmo e filhos até menores? Pensemos que são irresponsáveis. E o pior se não reconhecem a própria irresponsabilidade. Crianças que bebem até mesmo no copo dos pais.

          É certo que os pais de família não podem arcar com toda a responsabilidade do filho fora de casa (embora seja dever de todos os pais proporcionarem aos filhos bom ambiente social). Muitas vezes o filho aprende a beber e habitua-se na bebedeira bem longe dos olhos paternos e até maliciosamente o faz com mentiras e enganos.

          Outras vezes, o filho recebeu na própria casa a péssima lição de bebidas como etiqueta comum familiar de gente de bom tom.

          O puritano desaprova o uso de bebidas alcoólicas. Devemos fugir a uma linha de exagero. O uso de bebida deve ser regrado pela habilidade psicológica dos pais e por sua autoridade moral dentro de casa e até fora de casa.A missão da família no presente setor estará cumprida se isto for observado com escrúpulos. Se mais tarde os filhos vierem a cair nas malhas do vício, fora do santuário do lar, então é outra história. No meio social cabe a autoridade policial, de especial, o sério dever de vigilância e de repressão aos infratores da lei.

          Muitos pais e educadores reclamam das autoridades e pessoas que tendo como dever limitar, vigiar e até proibir o uso de álcool, pelo contrário favorecem-no de maneiras diversas.

          Atualmente estamos vendo nossos jovens se dilatarem para outros tipos de drogas como LSD,maconha, cocaína, e estimulantes de todos os tipos.