Sempre me desfaço de coisas velhas, desde que realmente não me sejam mais úteis. Mas parece que boa parte das pessoas está rejeitando as oportunidades que surgem para conviver. Será que todas perderam suas utilidades também ou estamos transformando a vida num faz de conta? Se notarmos bem, estamos cada vez mais artificiais. Parece que a vida tornou-se uma baita festa à fantasia na qual temos de trocar constantemente de máscaras. O cara a cara está entrando em extinção.

Por vezes, os problemas em família são ignorados e fazemos das nossas postagens no Facebook um reflexo falso do que vivemos em casa. Nem sempre aquele “eu te amo — com fulano de tal” é verídico. São irônicas as homenagens a pessoas, quer sejam vivas ou mortas, que não têm ou nunca tiveram perfil na rede social para poderem visualizar. A vontade constante de que alguém chame por inbox e a necessidade de ver inúmeras curtidas a cada post indicam: estamos carentes.

Se o Face não tem dado resultado para fazer amizades ou facilitar a busca pelo “grande amor da vida”, só baixar o Whats App, ué. Fazemos aquele categórico post “Quem quiser conversar, é só chamar no Whats: +11 99666-6666” e partimos para as conversações com alguns conhecidos e muitos outros desconhecidos que, sem nem ao menos sabermos seus nomes, já se tornam nossos best friends. Após serem muito bem tratadas no photoshop, imagens são trocadas. Isso quando são das próprias pessoas...Porque...Cá entre nós, são poucos os que estão se aceitando. Só nos aceitamos quando os outros nos aceitam.

A forma como se encaram os relacionamentos...Ops, a forma como eles são tratados...Vish, cada vez mais fria. Não há o revestimento de amor sincero que dá sentido para a união. Quando despretensiosos se resumem a uma constante troca, semelhante à diária do par de meias. Quando levados com um pouco mais de seriedade, são confundidos com contratos sociais, nos quais cada qual do casal tem a obrigação de estar com o outro apenas nos momentos fáceis. Por qualquer discussãozinha o matrimônio dura apenas um ano; tomba como um muro que já nasceu torto.

E pra que se importar com os sentimentos de quem muito ou pouco esteve ao lado? Há quem estabeleça o término de um duradouro namoro por meio de mensagens no Whats App. Já se foi o tempo do olho no olho. Está mais fácil fugir do que é mais coerente a se fazer e optar por caminhos fáceis. Estamos deixando de cultivar a empatia, a capacidade de ouvir o outro e de lidar com nossas emoções para aprender.

Antes de sair de casa, qual tipo de roupa vestir, qual imagem passar? Nada de perder de vista a ocasião e as pessoas que estarão presentes. Ir a um casamento com o mesmo vestido utilizado num outro? “Não...Vão pensar o que de mim?”. E dá-lhe o cartão de crédito nessas horas. Para fazer uma compra, só as parcelas do dinheiro de plástico para alimentarem o ego de ter status. E a defesa de se ter estilo ainda cai por terra ao passo que se procura seguir a moda do momento.

Até mesmo utilizar o nome completo para se apresentar a algum novo colega de trabalho, ainda que não vexatório, pode soar ruim. Utilizar o sotaque regional que sempre caracterizou a pessoa também. Afinal, podem haver gozações por gente que se considere superior. Proclamar uma fé com receio do que vão pensar é outro problema. Deixar de expressar a própria opinião porque faz parte da minoria também.

Estamos vivendo para nos enganar.

De tanto aparentarmos, inibimos a potência de nossa sinceridade [para com nós mesmos e os outros].

É curioso como tantos defendem a diversidade mas sempre se espelham no outro.

Temos de tirar as máscaras…

...E deixar a cara exposta à vida. Não esconder quem somos, mas aprender a conviver com as diferenças, de fato, evoluindo, aprendendo com os erros, procurando ser melhores, não condicionando a Felicidade à vontade alheia, mas ao agir com verdade e coerência a tudo aquilo que é correto e dignifica a existência.

A Felicidade não se adquire, se concebe.