Segundo a matéria “O Estado da Arte”, de autoria de Antonio Gonçalves Filho e Jotabê Medeiros, publicada no Jornal Estado de São Paulo em 31 de outubro de 2013, os “colecionadores, museólogos, leiloeiros e outros profissionais da área de artes visuais” veem o decreto que institui o Estatuto de Museus como agressão ao direito privado. 

Deste modo, se nós profissionais de museus e da Museologia, fizermos como eles e atermos esta discussão apenas no que recai sobre a declaração de bens culturais como de interesse público, vamos acabar adentrando numa seara reducionista e equivocada. O Estatuto de Museus está para além dessa discussão! 
Compreendo que os galeristas, colecionadores, leiloeiros e os interesses aos quais eles representam, serão os menos impactados pelo Estatuto. Mas, ainda não compreendo o motivo de tanto alarde, mesmo após 5 anos de instituição do decreto. Entendo que essa movimentação possa ser fruto das confusão desencadeada pelas diferentes concepções que norteiam e distanciam o surreal mercado de arte da função social do museus.
Mas como 'a mão pesada do Estado' pousará sobre as galerias e afins? Será que um campo museal mais forte tem poder de enfraquecer o aquecido e auto-regulado mercado de arte? Sinceramente, acho que não. E nem este é o objetivo. 
Acredito que não seja papel do Estatuto regular o mercado de arte e, em verdade, entendo que está muito distante disso. O Estatuto, sobretudo, vem para resguardar o direito à memória.
Em suma, acredito que há um desconhecimento geral sobre o instrumento e seus impactos, especialmente, sobre como o Estatuto pode ser fundamental para o desenvolvimento do campo museal. De fato, há necessidade de serem discutidas suas implicações e seus alcances.
Neste sentido, creio que se neste momento uma discussão sobre o impacto do Estatuto de Museus for pautada através dos interesses do mercado da arte estaremos decretando o seu fim, estaremos caminhando na direção contrária ao avanço dos museus brasileiros.
 

É fundamental defender o Estatuto de Museus! É preciso defender os Museus.