A INFÂNCIA E A ESCOLA

Quais as políticas de segmento e o papel do assistente social?

Marcelo Souza Oliveira

RESUMO:

O artigo tem como objetivo apresentar a infância e escola, quais as linguagens que norteiam esses segmentos sociais, percebendo as políticas publicas presentes no cotidiano educacional e notificando qual o papel do assistente social, não somente no processo de ensino aprendizagem, mais na relação da família e instituição, possibilitando a educação ampla e contextualizando todos os segmentos da sociedade em si. Nesse contexto histórico alguns pensadores contribuíram para entendermos essa Infância, a escola e a educação ao longo da história. Entretanto na sociedade a criança, a escola e a educação são fortemente influenciadas pela vida urbana. Supõe-se que a escola é por excelência, o ambiente que se dedica à atividade educacional. Mas mesmo nessa sociedade a acredita-se que a escola não é o único ambiente do qual a educação, é parte integrante e o assistente social, deve estar atualizado com as políticas de segmento e sua importância nesse processo.

PALAVRAS - CHAVE: A Infância, Escola e Educação.

· A INFÂNCIA

Conforme o dicionário AURÉLIO (2001, p.387), Infância é operíodo de crescimento, do ser humano, que vai do nascimento à puberdade.

Nem sempre a criança foi cuidada e foi observado seu desenvolvimento no todo, pois muitas vezes a criança era separada de seus pais, para aprender uma profissão, com isso à família era compota por todos da comunidade, tendo em vista que a educação se consistia da mesma forma. Meyer (apud REDIN, 2003, p. 17) continua a explicitar o funcionamento da sociedade:

A transmissão dos saberes e das culturas se fazia pela aprendizagem direta, por impregnação, não se fazia separada de uma comunidade onde se assumia sua parte de atividades e ao ritmo da qual se contribuía.

[...] na socialização da rua, a criança era de todos. A educação e a instrução eram dadas por todos: pais, mestres, companheiros de oficinas, vizinhos e comerciantes da rua e aqueles que viviam sob o mesmo teto, pois a casa não era a residência apenas da célula familiar.

Com o passar dos anos as interações sociais foram aprimorando os relacionamentos entre todos da comunidade, com os diversos fatores principalmente o grande numero de mortalidade entre as crianças, pois as mesmas eram tratadas como adultos em miniaturas, devido a sua participação no trabalho, festas e brincadeiras, desta forma a criança não era percebida como um ser com necessidades diferenciadas. Na Idade Média surge o sentimento moderno de infância, na qual Martins e Martins (2003, p. 16) nos explicitam:

Que na época anterior ao nascimento do "sentimento moderno de infância", na sociedade feudal, a infância era considerada uma fase de transição rápida e sem importância, que logo seria superada. Naquele período, havia um alto índice de mortalidade infantil como conseqüência de pestes e condições precárias de higiene, condições que eram mais graves nos meios populares, onde a pobreza e as dificuldades de sobrevivência eram maiores. Os índices de mortalidade infantil, que já eram altíssimos, tornam-se ainda mais alarmantes devido ao fenômeno do infanticídio (morte de uma criança provocada voluntariamente), que mesmo sendo considerado um crime e condenado pela Igreja e pelo Estado, continuou sendo praticado e tolerado até o final do século XVII. Assim, a morte das crianças era camuflada sob a justificativa de morte acidental... As pessoas não tinham o mesmo sentimento que temos hoje, acreditavam que tais crianças ainda não tinham alma.

Mas cada época histórica tratou a criança de uma maneira diferenciada, após o sentimento moderno de infância, todos os meios de cuidados foram aprimorados, pois a o grande número de mortalidade, far-se-á que o número de adultos foi diminuindo, conseqüentemente perceberam a necessidade de cuidar dos pequenos, por isso Martins e Martins (2003, p. 18), relatam os dois sentimentos que imergem para que:

A criança, que era vista com indiferença, passou a ser reconhecida como alguém que possuía necessidades diferentes das do adulto. Desenvolvendo-se, então dois sentimentos de infância: a "paparicação" e a "moralização". No primeiro sentimento, denominado de "paparicação", a criança era vista pela sua ingenuidade, como alguém que precisava de cuidados. O outro sentimento, denominado "moralização", surgiu simultaneamente – a criança era vista como um ser incompleto que precisava ser preparado e educado pelo adulto.

Com as modificações de relacionamento todos os segmentos sociais passam a existir num novo ritmo. Tendo em vista que com a industrialização a criança caracteriza-se de forma diferenciada, onde novamente passa a ser um empecilho. Facilmente se presume que com a grande demanda dos indivíduos da zona rural, passando a migrar para as cidades, com a ilusão de terem melhores condições de vida, mas o sistema econômico a partir da industrialização veio a fragmentar cada vez, mas o indivíduo, sua vida social, como também seu conhecimento do mundo que está inserido, para tanto Fernández (2001, p. 16) representa a situação das crianças nesse período histórico:

As crianças era uma desgraça. Para os homens, eram uma carga insuportável que os privava dos favores de suas mulheres. Guiados pelo peso econômico e por seu próprio egoísmo, encontravam diferentes maneira para livrarem-se dos filhos. O método usual era o abandono físico e afetivo da criança, desde a indiferença até o infanticídio.

Dizia-se, antes de tudo, que as mulheres – sobretudo para as que estavam obrigadas a trabalhar para viver – os filhos eram um estorvo. Assim as mulheres com ofícios diretamente associados ao trabalho de seu marido eram as grandes usuárias de amas para seus bebês. Os esforços e a demandado trabalho as impediam de manter os filhos o seu lado e criá-los.

Nesse processo com a imersão dos indivíduos em um movimento alienado, de consumo assoberbado, sempre na busca de uma qualidade de vida, e essas características estão presentes até os dias atuais, só que algumas tendências modificaram-se conforme o passar dos anos, como o processo educacional, que deixou de ser um repasse de conhecimento, e muitos estudiosos preocupados com o desenvolvimento da criança, deixando essa de ser, mas um no meio social passa a ser compreendida em suas especificidades e necessidades a partir de seus interesses.

A criança que era considerada uma desgraça para a sociedade, passa a ser considerada como um futuro seguro, dando continuidade às pressupostos da sociedade, acerca disso Martins e Martins (2003, p. 41) caracteriza as interações sociais de suma importância para a vida dos indivíduos:

Os elementos construídos nas interações sociais servem de subsídios para que se desenvolvam as culturas da infância, ou seja, a criança ser apropriem da cultura adulta e, através da ressignificação dessas culturas, constroem a sua. Por esse motivo, podemos dizer que o processo de construção da cultura na infância é um processo criativo e dinâmico, porque as crianças não apenas reproduzem a cultura de pares ou imitam as ações dos adultos nos seus jogos e brincadeiras, mas representam ou reproduzem os elementos culturais, dando um novo significado e uma nova função a esses mesmos elementos, na resolução de problemas.

Para que esse processo ocorra de maneira significativa toda a sociedade deve desenvolver técnicas que sejam eficazes para aumentar as oportunidades de uma educação com qualidade, um sistema de saúde e moradia, e outros aspectos que estão interligados ao respeito ao desenvolvimento de cada cidadão a partir de suas necessidades e especificidades.

E nesse contexto histórico alguns pensadores contribuíram para entendermos a infância, a escola e a educação ao longo da história. Um pensador que contribuiu para entendermos a educação foi Locke (apud FERRARI, 2006, p. 34). As crianças não são dotadas de motivação natural para o aprendizado. É necessário oferecer o conhecimento a elas de modo convidativo, mediante jogos. Entretanto Locke via na mente da criança uma tela em branco que o professor deveria preencher, fornecendo informações e vivências. Logo o aprendizado deveria ser feito por meio de atividades, acreditava-se que acriança, pelo hábito, acabaria por entender o que está fazendo.

As políticas de segmento são de enorme relevância quando se falam de criança, escola e educação. O assistente social deve-se estar atualizado sobre as políticas de segmento que envolver a criança e adolescente e o Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990 (apud Legislação Brasileira para o Serviço Social 2005 p. 117). Art. 3º. A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerente à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei; Art. 4º. É dever da Família, da comunidade, da sociedade em geral, do Poder Público assegurar, como absoluta prioridade, à efetivação dos direitos referentes à vida, a saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, a profissionalização, a cultura, a dignidade, ao respeito, a liberdade e a convivência família e a comunidade; Art. 5º. Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da Lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais; Art. 53. A criança e adolescente tem direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho; Parágrafo Único: É direito dos pais ou responsável ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas educacionais;

Entretanto ao abordar o direito de crianças e de adolescente, entende-se como um desdobramento dos direitos humanos, porém, voltados especificamente à população que necessita ser tratada com absoluta prioridade, tendo respeitado suas condições de sujeitos de um processo histórico e pessoas em condição peculiar de desenvolvimento. Como os demais direitos fixam em princípios, normas e regras da ciência jurídica. E o papel do assistente social deve começar pelo acesso as literaturas, legislação, estatutos, coletânea de Leis, decretos e regulamentos para instrumentação do (a) Assistente Social, nos segmentos.

Para entender escola segundo Foucault, (apud FERRARI 2006, p.58). É preciso entender segundo que a escola é uma das Instituições de seqüestro, como o hospital, o quartel e a prisão. São aquelas instituições que retiram compulsoriamente os indivíduos do espaço familiar ou social mais amplo e os internam durante um período longo, para moldar suas condutas, disciplinar seus comportamentos, formatar aquilo que pensam. Portanto, ao mesmo tempo em que o iluminismo consolidou um grande número de instituições de assistência e proteção aos cidadãos, como família, hospitais, prisões e escolas, também inseriram nelas mecanismos que os controlam e os mantêm na iminência da punição. Esses mecanismos formariam o que Foucault chamou de tecnologia política, como poderes de manejar espaço, tempo e registro de informações, tendo como elemento unificador da hierarquia. Apesar do ponto vista de Foucault sobre o papel da família a Constituição da República Federativa do Brasil 1988 (2006 p.20). Nos Art. 6º. São Direitos Sociais á Educação, à Saúde, o Trabalho, à Moradia, o Lazer, a Segurança, à previdência Social, à proteção a maternidade e a Infância, a Assistência, aos Desamparados, na forma desta.

Logo, os direitos da criança e do adolescente são os conjuntos de ações por parte do Estado, da Sociedade Civil organizada e das pessoas em geral destinado a garantir proteção integral a sua condição de pessoas humana, compreendendo todas as oportunidades e possibilidades que lhes facultem o pleno desenvolvimento integral. Sobre o ponto de vista de Comte (apud FERRARI 2006, p. 40), não era possível planejar o desenvolvimento da sociedade e do indivíduo com critérios das ciências exatas e biológicas. Esses direitos também são garantidos na Lei Orgânica da Assistência Social - Loas (1997 p. 3). Artº. 2º. Inciso I. A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e velhice; Inciso II. O amparo ás crianças e adolescentes carentes; Art. 4º. A Assistência Social rege-se pelos seguintes princípios; Inciso II. Universalização dos direitos sociais, a fim de tornar os destinatários da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas. Portanto, o ambiente familiar é o primeiro espaço em que aprenderá e exercitará os processos de socialização e as relações de afeto. A convivência numa família "saudável" sob o aspecto de valores pugnados e respeito cultuado minimizará as possibilidades de violência a que ficará submetido.

Retomando o ponto de vista de Platão (apud FERRARI 2006 p.13). Não é possível ou desejável transmitir conhecimento à criança, mas, antes, levá-las a procurar resposta, ela mesma, a suas inquietações. Por isso, o filósofo rejeitava métodos de ensino autoritários. Logo defendia a idéia de que a alma precede o corpo e que, antes de encarnar, tem acesso ao conhecimento. Dessa forma, todo aprendizado não passaria de um esforço de reminiscência, um dos princípios centrais do pensamento do filósofo. Por isso, acreditava que deveria deixar os estudantes, sobretudo as crianças, ás vontade para que pudesse se desenvolver livremente.

Mas Froebel tem outra visão sobre educação (apud FERRARI 2006, p.37). A educação infantil indispensável para a formação da criança por meio da educação, a criança vai se reconhecendo como um membro vivo do processo ensino aprendizagem. Acreditava-se que as crianças trazem consigo uma metodologia natural que as leva a aprender de acordo com seus interesses e por meio de atividade prática. Logo combatia o excesso de abstração da educação de seu tempo, argumento que ele afastava os alunos do aprendizado. Portanto, na primeira infância, o importante é trabalhar a percepção e a aquisição da linguagem. No período propriamente escolar, seria a vez de trabalhar religião, ciência naturais, matemática, linguagem e artes. O filosofo considerava a educação infantil indispensável para a formação da criança e essa idéia foi aceita por grande parte dos teóricos da educação que vieram depois dele. Segundo Froebel era importante acostumar às crianças aos trabalhos manuais. Atividades dos sentidos e do corpo despertariam o germe do trabalho, que, segundo filosofo alemão, seria uma imitação da criação do universo por Deus. Conforme Froebel e Platão (apud FERRARI, 2006, p.13,37).Vale ressaltar a importância da Declaração Universal Dos Direitos Humanos (apud Legislação Brasileira para o Serviço Social 2005, p. 433). Art. 26.Toda pessoa tem direito à instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementar e fundamental. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnica-profissional era acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito.

Portanto, esses direitos são fundamentais para o exercício da cidadania. A alienação cultural, o não acesso à educação e a não possibilidade de brincar, de exercitar-se, praticar esporte ou de ter acesso a diversão são formas de violência estrutural que são mascaradas e obstam a condição de "ser criança", de viver as descobertas da idade pueril, culminado numa série de problemas que já são evidenciados em nossa sociedade, notadamente os processos de criminalização infanto-juvenil que vem ocorrendo nos grandes centros urbanos. Retornamos aos filósofos para entender a educação, do ponto de vista Aristóteles (apudFERRARI 2006 p.10). A educação é um caminho para vida pública e o exercício da ética. A propósito da vida humana é a obtenção do que ele chama de vida boa. Ser feliz e ser útil à comunidade. A educação para Aristóteles é um caminho para vida pública. Cabe a educação a formação do caráter do aluno.

É Inegável é a influência das relações pessoais, especialmente na infância e na adolescência, mas ao longo da história da organização familiar, as interpretações passaram a ser feita no contexto da estrutura propostas pelo modelo de família nuclear, passando a ser considerada "desestruturada" ou "incompleta". Logo, o que se focaliza é a organização familiar e não a qualidade das relações pessoais. Entretanto o próprio nascimento da concepção da infância, o sentimento da Infância, analise as condições e mudanças da vida escola. Portando no Século XVII, há uma nova concepção de infância e ARIÉS (1981 p. 268). Essa concepção a idade da infância como um período peculiar de nova condição humana, esse olhar se forma com o fim da Idade Média, sendo inexistente na sociedade desse período. As primeiras demonstrações são caracterizadas pela paparicarão, era vista como um ser inocente e divertido, servindo como meio de entreter os adultos. Para o autor é inegável é a influência das inter-relações pessoais, especialmente na infância e na adolescência, mas ao longo da história da organização familiar, as interpretações passaram a ser feita no contexto da organização proposta pelo modelo de família nuclear. Quando a família se afasta da organização proposta imposta pelo modelo nuclear, passa a ser considerada "desestruturada" ou "incompleta". Assim, o que se focaliza é a organização familiar e não a qualidade das inter-relações.

Logo, é no século XVII, com a intensificação das críticas, que as perspectivas e ações em relação à infância começam a se deslocar para o campo moral e psicológico. É possível perceber que a criança perde seu anonimato e assume um papel central no meio familiar. Nos dias de hoje, quando dizemos que uma criança já está idade escolar, entendemos facilmente que ela tenha por volta de seis anos. Até os fins do Séc. XVII, no entanto a mesma afirmação não teria muita importância sobre a idade dessa criança. Até então, a escola havia se mantida alienada dessa classificação etária, uma vez que seu objetivo era mais técnico, destinado a aprendizes de qualquer idade ou clérigos, e não à educação infantil. Durante a era Moderna. Levando em conta essas novas mudanças no contexto social e considerando a reflexão que faz Iamamoto (1998), os assistentes sociais trabalham com a questão social nas mais variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos às experimentam no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência social pública. Decifrar as novas mediações por meio das quais se expressa à questão social, hoje, é de fundamental importância para o Serviço Social em dupla perspectiva: Para que possa tanto aprender as várias expressões que assumem, na atualidade, as desigualdades sociais, sua produção e reprodução ampliada, quanto projetar e forjar formas de resistência e de defesa da vida.

· A ESCOLA

Segundo o dicionário Aurélio (2001, p. 281), escola: Estabelecimento público ou privado onde se ministra ensino coletivo. Supõe-se que escola é por excelência, o ambiente que se dedica à atividade educacional. Mas mesmo nessa sociedade a acredita-se que a escola não é o único ambiente do qual a educação e parte integrante e o assistente social, deve estar atualizado com as políticas de segmento e sua importância nesse processo. No ponto vista de Vasconcelos (2006 p. 97).Não é quartel, a escola, não é convento. A escola tem de estar articulada no seu território com as outras políticas.

A escola embora muito tempo ignore as diferenciações de idade, se concentra nas disciplinas, que tem uma origem religiosa e extremamente regida. Esse aspecto moral e de vigilância seria curiosamente responsável pelo direcionamento das escolas Século XIX. Enquanto alguns tinham sua Infância delimitada pelo ciclo escolar, o tempo da disciplina da vigilância separada do da liberdade, adulta. Mas tarde, os internatos seriam exclusivos de uma elite o e o primário, ensino mais curto seria destinado ao povo. No Século XVIII como o surgimento da escola a preocupação da igualdade entre os filhos à manutenção das crianças juntos aos pais e o sentimento de família valorizado pela igreja começa a se delinear a família nuclear burguesa. Retornando ao entendimento dos filósofos sobre educação Marx (apud FERRARI 2006, p. 43). A educação é um processo de transformação das condições sociais, mais, ao mesmo tempo, é condicionado pelo processo. Na base do pensamento de Marx está a idéia de que tudo se encontra em constante processo de mudança. Combater a alienação e a desumanização era, para Marx, a função social da educação. Para isso seria necessário aprender competências que são indispensáveis para a compreensão do mundo físico e social.

O filosofo alertava para o risco de a escola ensinar conteúdo sujeito a interpretações de partido ou de classe. Ele valorizava a gratuidade da educação, mas não o atrelamento a política de Estado, o que equivaleria a subordinar o ensino à religião. Marx entendia que a educação deveria ser ao mesmo tempo intelectual, física e técnica, essa concepção chamada de onilateral (múltiplas), difere da visão de educação integral. Por que conotação moral e afetiva que, para Marx, não deveria ser trabalhado pela escola, mas por outros adultos. Mas com a LDB surge outra perspectiva educacional, tendo em vista que todas as crianças têm direito a educação com qualidade nos três níveis da educação básica. A educação infantil é direito de todos, mas muitas vezes isso não ocorre devido à grande demanda reprimida, e a falta de instituições para atender a todos.

Segundo a LDB (apud Legislação Brasileira para o Serviço Social 2005, p.378). Redação dada pela emenda constitucional nº. 26 de 2000. Art. 2º. A educação, dever da Família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, em preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 6º. São direitos Sociais, à Educação, à Saúde, os Trabalhos, à Moradia, o Lazer, á Segurança, à previdência Social, à proteção à maternidade e à Infância, à Assistência, aos Desamparados, na forma desta Constituição.

Entretanto, a inserção do profissional de Serviço Social na política e na educação constitui uma parceria importante e que somará esforço na busca de solução que venha amainar alguns problemas de reconhecimento instalados na educação pública, no tocante ao direito ao acesso e permanência do aluno na escola. Logo o assistente social na sua prática deverá identificar essa inserção nas políticas públicas. Porém Sócrates (apud FERRARI 2006, p.10), acreditava-se que a educação era outra coisa: o objetivo deverá ser a sabedoria, isto é, conhecer o mundo e a si mesmo. Segundo o filosofo defensor do diálogo como método de educação, Sócrates considerava muito importante para contato direto com os interlocutores, que é uma das possíveis razões para o fato de não ter nenhum texto escrito. A preocupação de Sócrates era levar as pessoas, por meio do autoconhecimento, à sabedoria e à prática do bem. Segundo Sócrates o papel do educador é, então, o de ajudar o discípulo a caminhar nesse sentido, desperta sua cooperação para ele consiga por si próprio, iluminar sua inteligência e sua consciência.

Acredita-se que a escola existe, pois para propiciar a aquisição dos instrumentos que possibilitam o acesso ao saber elaborado (Ciência), bem como o próprio acesso aos rudimentos desse saber. As atividades da escola básica devem se organizar a partir dessa questão. Se chamarmos isso de currículo, podemos então afirmar que é a partir do saber sistematizado que se estrutura o currículo da escola elementar. Ora, o saber sistematizado, a cultura erudita, é uma cultura letrada. Daí que a primeira exigência para o acesso a esse tipo de saber é aprender a ler e a escrever.

Além disso, é preciso também aprender a linguagem da sociedade. Está aí o conteúdo fundamental da escola elementar: ler, escrever, contar, os rudimentos das ciências naturais e das ciências sociais Ribeiro (apud FERRARI 2006, p. 49). A escola é reorganizada para ser o mundo da criança, no qual as intromissões não poderão ser feitas em nome do mundo exterior, mas, ao contrário, é este que está errado no tratamento das crianças e que, portanto, deve mudar. Inclusive o lar e toda a vida pública devem mudar. Daí a insistência da escola em entender seus poderes até o lar, o que ela consegue com sucesso. A sociedade é educada, por meio de legislação liberal, no sentido de mandar seus filhos à escola, e educada para compreender a existência da infância e sua ligação com a escola.

Portanto, quando se inicia o século XX, a escola torna-se de direito, o lugar da infância, mas não seu lugar de fato. Então, a separação entre o mundo da criança e o mundo do trabalhado, que havia conquistado a consciência científica e democrática, torna-se um problema. E a pedagogia manifesta-se por meio, de uma nova linguagem, a escola está separada da vida, e apartada da realidade. Sob ponto de vista do Alemão Marx (apud FERRARI 2006, p. 43). Combater a alienação e a desumanizarão e função social da educação, a educação deveria ser ao mesmo tempo intelectual, física e técnica. Para Marx, as estruturas sociais e a própria organização do Estado estão diretamente ligadas ao funcionamento do capitalista.

Para o Brasileiro Teixeira (apud FERRARI 2006, p. 49). Não se aprendem apenas idéias ou fatos mais também atitudes, idéias e senso crítico, desde que a escola disponha de condições para exercitá-lo. Para o educador Teixeira, as novas responsabilidades da escola eram, portanto, educar em vez de instruir, formar homens livres em vez de homens dóceis, preparar para um futuro incerto em vez de transmitir um passado claro, e ensinar a viver com mais inteligência, mais tolerância e mais felicidade. Para isso, seria preciso reformar a escola, começando por dar a ela uma nova visão da psicologia infantil.

Portanto, a educação, mais que um dever do Estado, é um dever da Família. Menos que um direito, é uma conquista do cidadão. Ao Estado cabe auxiliar a família, dando-lhe acesso gratuito à educação fundamental e possibilitando às famílias carentes, através de bolsas de estudos, optar entre a escola pública e a escola privada nos demais níveis. A escola privada não é concessão do Estado. Sobre o ponto de vista de Comte (apud FERRARI 2006, 40).Todos os seres humanos guardam em si instintos tanto egoístas quanto altruístas. A educação deveria assumir a responsabilidade de desenvolver nos jovens o altruísmo em detrimento do egoísmo, mostrando a eles que o objetivo existencial mais nobre é a vida as outras pessoas. Para Comte, o funcionamento da sociedade, obedeceria a diretrizes predeterminadas para promover o bem-estar do maior número possível de indivíduo.

Acredita-se que a escola não é o único ambiente do qual a educação e parte integrante e o assistente social, deve estar atualizado com as políticas de segmento e sua importância nesse processo. O Assistente Social como profissional especializado habilitado para identificar e atuar em problemas de educação. A saúde, trabalho, justiça e segurança, entre outras áreas, planejando e executando políticas públicas e programas comunitários. Também pode atuar diretamente com indivíduos, famílias, grupos, empresas e comunidade. Um educador que contribuiu para educação no Brasil foi Teixeira (apud FERRARI 2006, p. 49). Só aprendemos quando assimilamos uma idéia de tal jeito que, chegado o momento oportuno sabemos agir de acordo com o aprendido. A infância e a escola: Quais as políticas de segmento e o papel do assistente social? Portanto nesse contexto acredita-se que a missão do Assistente Social é de alcançar o bem estar do ser humano e ajudar a ir encontro das necessidades de todos, dando especial atenção às carências e ao fortalecimento daqueles que são vulneráveis, aos oprimidos e as que vivem na pobreza. Uma característica histórica que define o Serviço Social e a preocupação da profissão no que diz respeito ao bem estar individual num contexto social e ao bem-estar da sociedade. Porém os Assistentes Sociais procuram também promover a receptividade das organizações, comunitárias e outras instituições sociais para as necessidades individuais e problemas sociais. Com base no Código de Ética da Associação Nacional de Assistente Social. (apud Revista Serviço Social. 2006 pág. 86). Tendo em vista as diversas características e as problemáticas da educação, esses a evasão escolar, a repetência e outros fatores que desestimulam o sujeito a completar os seus estudos com todos os níveis da educação básica. Porém todos os que possuem o contato com a criança devem ter uma das principais características e virtude, que é a paciência, pois ensinar é um processo que propõe calma e diversidade na prática, buscando reflexão acerca dos conteúdos, caracterizando se importante para a vida dos indivíduos.

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