A linguagem mítica sempre foi uma grande saída para os povos mais antigos. Isso pelo fato de que o mito é uma linguagem simbólica que quer explicar algum fenômeno natural.

A gama de mitos é inúmera ao longo da história. Desde os Assírios, Babilônicos, Israelenses, Gregos e Troianos.

Ao longo da história sofremos inúmeras transformações científicas, criamos o mito do nacionalismo ufanista que só é válido em época de Copa do Mundo. Como se os jogadores de futebol (que ganham milhões) poderiam ocupar um papel de destaque no Olimpo das consciências mais infantis. Isso ainda sem citar as celebridades em todas as suas esferas.

Mas ao longo do desenvolvimento científico o mito também ganha variantes teóricas. Aqui me refiro a Deus, um ser mitológico que em sua onipresença cria o Mal para se tornar conhecido. Na verdade, caro leitor, basta fazer uma busca pelo antigo testamento e verás que este Deus mitológico é nada mais e nada menos que a mesma pessoa a quem você mais teme. Sim Deus e o Diabo são antagônicos de um mito bipolar. Que baseia a história da revelação em dois personagens antagônicos.

O mito de Deus é tão presente em nossa vida por um único motivo, o medo do nada, a morte. Precisamos criar algo que dê explicações para a morte afinal ela é um fenômeno natural, logo merece um mito a sua altura. Primeiro, o corpo morre, com o corpo a anima morre (alma) aquilo que dá a vida. E o Espírito? O Espírito é nada mais e nada menos que um estado de consciência histórica. Passado, Presente e Futuro. Cabe a cada indivíduo diante da sua consciência analisar as aderências espirituais que demarcaram a sua história, anseios do presente e expectativa de um futuro feliz. O espírito em outras palavras é nada mais e nada menos que nossa consciência no Mundo.

Como se não bastasse o mito ainda nos concede perolas inigualáveis, a salvação pelo crucificado.  Um Deus que se materializa e morre para a salvação de toda a humanidade. Mas nos impõe dentro desta mesma narração os caminhos para atingir o tão sonhado Olimpo, você também deve morrer em sua Cruz. Deve renunciar os apetites de carne para ter um espírito sadio. Ora, Espírito sendo estado de consciência com a morte como podemos pensar em salvação.

O mito nos acarreta consigo inúmeras cargas e lições, a lição tomada neste mito é que seu fundamentalismo acaba por atrelar as demandas organizacionais do Estado. Não existe Estado Laico, pois, sempre haverá a necessidade populacional de criar mecanismos mitológicos que deem ao menos uma explicação para um futuro além da vida.

A filosofia como sendo a mãe do saber, resgata aqui a figura do Demiurgo de Platão utilizado pela Igreja para modificar e assim estruturar bem o que seria a figura da personagem divina. Lembre-se de que no começo do cristianismo, não tínhamos apenas um Cristiano, mas vários cristianismos. É claro venceu sempre o lado mais forte. O que não justifica o lado mais teórico.

Ao analisar os mitos ao longo do tempo penso que estamos vivenciando a maior decadência da criação mitológica, pois, os mitos gregos estavam encarnados com a realidade, enquanto o mito cristão não passa de um idealismo barato que acaba por sucumbir o povo a dizer não a fraternidade, liberdade e Igualdade. Se assim o for, porque dentre e entre os cristãos há tanta injustiça?

É preciso seguir os caminhos pelo seu próprio passo, sem atrevimentos morais sociais/ ou religiosos. A consciência humana é capaz de certificar-se muito bem do que quer e deseja. Até mesmo um ladrão ao roubar, não pensa ao sair de casa:- “Hoje vou roubar e me dar mal”. A ação de ter uma vontade satisfeita é o primor da conduta humana. Precisamos de leis reguladoras, mas leis igualitárias que trate as minorias em igualdade, portanto, quando as partes são desiguais deve a lei ser desigual para se tornar legal e tiver legalidade perante as partes envolventes.

Necessitamos de uma sociedade humana que passe a acreditar em seus potenciais, não podemos nos curvar a uma hipocrisia mitológica e querer viver a mando de livros escritos a mais de 1800 anos.