Defender esse ensinamento de Jesus é temeroso. A própria igreja católica se desviou dele após a ação do Imperador Constantino que liberou o Cristianismo no ano 374 de nossa era. . . A Igreja Católica montou império, fez guerras como qualquer outra potência de sua época, . . .
Hoje, mais do que nunca, podemos ver a sapiência divina desse ensinamento de Jesus. Há, vê-se claramente, a incompatibilidade entre a nossa natureza divina e a ideologia capitalista que o homem inventou. Sofremos todos.
O apóstolo Paulo, em sua carta aos Coríntios o Capítulo 12 exorta-os para que todos façam aos seus irmãos conforme sejam os seus dons. Dom é aptidão, dádiva, qualidade natural inata de um indivíduo. A natureza é tão perfeita que ao criar a vida sobre a Terra fez, para cada grupo de animais, a distribuição de dons. Vemos isso claramente até nas sociedades das formigas e das abelhas, por exemplo. A cada grupo deu a ordem: perpetuar-se, progredir, ser feliz. A certo número de formigas concedeu o dom científico para escolher o local adequado para formar um novo formigueiro com a pesquisa de sua salubridade, seu grau de umidade, sua composição química, o poder alimentício do novo sítio, etc.; a outras formigas concedeu o dom para conhecerem as fontes de alimentos e seu potencial quantitativo e qualitativo; a outras tantas, o dom de operárias para colher e transportar os alimentos. Há os dons de guerreiras para defender o formigueiro contra o ataque de inimigos, etc.. Vemos a distribuição de dons para as abelhas, para os pássaros e para os animais em geral. E, o que é importante em todos os grupos: socialmente, economicamente todos os indivíduos são iguais, sem fazer distinção pelos dons que receberam.
Por que ficaríamos isolados, sem dons? Poderíamos pensar nisso? Nesse sentido deveríamos ser diferentes? Não deveríamos ser naturais como todos os animais?
A natureza, além dos dons, deu-nos outras qualidades; a inteligência é a mais importante delas; nesse sentido somos tidos como os maiores dentre todos os animais. Com ela recebemos o poder de estabelecermos as nossas próprias regras de convivência. Poderemos através dela analisar os nossos erros e acertos. Há dois mil anos o Apóstolo Paulo achou que enveredávamos para o lado errado de nossa convivência e advertiu-nos através das suas cartas aos Coríntios o que ele achava de errado na sociedade e os aconselhava para que voltassem para o caminho do bem lhes mostrando a verdade sobre os dons que a natureza deu aos homens. A inteligência que a natureza nos deu como prêmio para que escolhêssemos nosso próprio destino ainda não atingiu o nosso objetivo de sermos felizes. Com ela criamos a ideologia capitalista que nos enterrou na desgraça em que vivemos.
Somente, usando a inteligência que nos foi concedida, poderemos dar um passo à frente e, volvermos para os ensinamentos do apóstolo Paulo e tomarmos o caminho do bem.
Hoje, um indivíduo com o dom da agricultura, para lidar com a terra, sofre o desconforto de estar servindo à sociedade como motorista, ou pedreiro, ou garçom, ou enfermeiro, fazendo de si um indivíduo infeliz que inocentemente contraria o seu destino. Bem antes do tempo em que o apóstolo Paulo exortou (Coríntios 1; cap.12) a cada indivíduo para que cumprisse o seu destino segundo os dons que a natureza lhe concedera, porém ele, com a sua ?inteligência?, contrariando o Apóstolo, pelo seu lado egoísta, criara a ideologia capitalista. Através dela alguns homens se fizeram como ?Deus?; enganavam-se assim a si mesmos. Alguns poucos, aproveitando os seus dons, ao invés de servirem aos seus semelhantes, cinicamente arvoraram-se de poderosos e tomaram para si o que deveriam oferecer aos outros como lhes pedira Paulo; tornaram-se ?poderosos? e incutindo mentirosamente ao povo os seus poderes, com o nome ?chefe?, de ?Faraó?, de ?Rei?, de ?político?, de ?empresário?, de ?governador?, de ?Presidente?, de ?comerciante?, etc., roubam os direitos de seus irmãos. Com isso o dom passou a ser sinônimo de falsário, de corrupto, de ladrão, de ?psicopata?, de bandido, etc.. O homem passou a contrariar a sua natureza divina.
Jesus, antes de Paulo, já advertira ao povo sobre os perigos da ideologia capitalista, dizendo que não deveríamos servir a dois senhores: A Deus e a mamom. (MT 6,24). Nós não o obedecemos; fingimo-nos de mortos e; a cada dia que passa mais nos enterramos nos problemas do dinheiro. Os que têm o dom da inteligência para orientar os seus irmãos usam-no para os seus interesses egoístas. Chamam a si mesmos de espertos. Os seus irmãos que peçam dons a Paulo. . .
Deus determinou à natureza que fizesse os animais dotados de qualidades tais para que cada indivíduo tivesse qualidades para suprir as necessidades de sua sociedade como um todo. Gosto sempre de lembrar como são tolerantes os nossos indígenas como os descrevem os irmãos Vilasboas depois de conviverem com eles por mais de 50 anos. Lá, em suas tribos, não há falsários, vigaristas, corruptos, psicopatas e ladrões, assassinos, homossexuais, pedófilos, e tantos outros deturpadores da ordem divina que só aparecem em nossas sociedades capitalistas. Podemos deduzir que os maus elementos são produzidos pelo egoísmo forjado pelo dinheiro.
Através da teoria ?A matemática da evolução? verifica-se facilmente como se formam os valores dos elementos de um sistema da natureza como somos nós. Há, como que, uma convergência de qualidades que se somam para que o sistema seja no todo, equilibrado. Isso há de acontecer também no sistema humano; tudo e todos harmonizados para que haja compatibilidade em todos os sentidos. Quando falamos das qualidades dos nossos indígenas surgem logo os contraditos de muitos; ?eles são atrasados, vivem sem conforto, não conhecem a ciência que os civilizados conhecem?. Mas, são felizes (ou eram até nos conhecerem). Se, ao invés de nós nos aproximarmos deles para incutir-lhes nossos costumes, nós absorvêssemos o que eles têm de bom para a nossa sociedade, talvez conseguíssemos ser mais felizes. O que está faltando em nossa organização social, econômica e política talvez possa ser importado deles. O que eu estou falando é que devemos fazer experimentações com novos modelos de sociedade; o que estamos fazendo atualmente é sustentar os interesses de uma minoria privilegiada com objetivos particulares, egoístas que não interessa à grande maioria como deveria ser.
Qual é a diferença entre as estratificações sociais, econômicas e políticas de agora com as que existiam a dois mil anos atrás. Se nós as compararmos usando parâmetros adequados veremos que não existe diferença; havia as diferenças grandes entre ricos e pobres; havia os corruptos, os ricaços; as apropriações ?ilegais? eram (são) punidas rigorosamente; havia (há) ?justiça? (grande arsenal policial - caríssimo) para manter as desigualdades. Por que mantê-las? Porque há dinheiro dividindo os homens. Alguém poderá dizer que naquele tempo havia escravos e que hoje não os há. A diferença é que os capitalistas acharam a solução para acabar com o incomodo de manter escravos: eles dão mais lucros e menos dores de cabeça estando ?livres? com salários miseráveis.
Poderíamos fazer experimentos para estudar qual o tipo de organização social, econômica e política caberia melhor para a consolidação da felicidade do ser humano. Não precisamos fazer revoluções sangrentas, políticas sociais baseadas em filosofia como o fascismo, o nazismo, o comunismo, o socialismo; tais improvisações já custaram muito caro para a humanidade. Sejamos mais simples, escolhamos um punhado de indivíduos dispostos a um experimento visando encontrar qual é o melhor ?assentamento para a vida humana?. O problema maior está em demover os interesses dos ricos privilegiados que dizem que está tudo bem, que os pobres se ?quiserem trabalhar?, ?lutar? para alcançarem uma posição melhor no regime capitalista, o campo está livre. Muitos homens bem intencionados, cidadãos, filósofos, cientistas, políticos, tentaram fazer alguma coisa para coibir abusos do capitalismo, mas, as suas boas intenções são sempre deturpadas e convertidas a favor dos falsários. A idéia, que penso ser a única, é abolir a ideologia capitalista, a fonte de todo o mal que deturpa a natureza divina do homem e o torna infeliz. Freud já dissera isso embora de forma tímida . . .
Entendo, voltando ao que dizia Paulo sobre os ?dons? é que há muitos que têm a ?inteligência? para poder servir à sociedade para o bem de muitos, usam-na para o seu egoísmo, para satisfazer sua cobiça. É preciso que entendamos modernamente o que ele quis nos ensinar, mormente agora que o nosso Planeta está ficando pequeno e poluído, chegando à sua velhice, ameaçando de nos deixar sem água, sem ar, sem vegetação, sem alimentos, sem saúde . . . A alimentação, a cultura, o bem-estar e a saúde não podem variar ao sabor do dinheiro. Vamos pensar como faremos para nos conscientizarmos de nossa verdadeira índole para chegarmos a um final glorioso, espiritualmente sadio para merecermos um lugar no Paraíso.

Engenheiro Hélio Barnabé Caramuru

São Paulo, 06 de maio de 2010

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