A ATUAÇÃO DO PODER PÚBLICO E O PAPEL DO TURISMÓLOGO PARA O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO ARQUEOLÓGICO DO PIAUÍ
Thiago Lima de Carvalho*

RESUMO
Este artigo pretende, de forma específica, realizar uma análise sobre o turismo arqueológico, enfatizando a sua importância social, analisando a relação do conceito de cultura e turismo, bem como a da atuação do governo, através de políticas públicas, para o resguardo do nosso patrimônio, e também saber sobre como os turismólogos poderiam atuar.
Certamente não existe uma política de incentivos por parte do governo, com relação à preservação dos sítios arqueológicos; estruturação dos parques nacionais; apoio para pesquisas e estudos; projetos de educação ambiental e outros.
Por isso, através desse artigo, é possível trazer ao conhecimento de todos, a atuação do poder público para uma política de estimulo ao turismo. Trazendo não somente ao poder público, mas também á sociedade em geral, a consciência da conservação e preservação do nosso tesouro histórico, cultural e ambiental. Dando obrigação a todos (principalmente aos turismólogos) de estimular e apostar no turismo, bem como criar novas visões e atentar para os novos paradigmas da atividade, principalmente no que se refere ao turismo cultural e arqueológico.
PALAVRAS-CHAVES: turismo; turismo arqueológico; cultura; história; patrimônio;

ABSTRACT

This article aims, specifically, conduct an analysis of archaeological tourism, emphasizing its social importance, analyzing the relationship between the concept of culture and tourism, as well as the actions of the government, through public policies, toguard our assets, and also learn about how tourismologist could act.
Surely there is a politics of incentives by the government with respect to the preservation of archaeological sites; structuring of national parks, support for research and studies, environmental education projects and others.
Therefore, through this article, you can bring to the notice of all the acts of public policy for a stimulus to tourism. Bringing not only the government but also to society in general awareness of conservation and preservation of our historical treasures, cultural and environmental. Giving obligation to all (mainly tourismologist) to encourage and invest in tourism, and create new visions and look for new paradigms of activity, especially with regard to cultural tourism and archaeological.
KEYWORDS: tourism, archaeological tourism, culture, history, patrimony;

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O turismo em sua essência é uma atividade política, econômica, cultural e social, cujo está envolto por uma série de questionamentos complexos no que tange à sua importância para a sociedade e em suas diversas formas de atuação no espaço geográfico. Dentre essas formas variadas, podemos citar o turismo ecológico, turismo de negócio, turismo religioso, turismo arqueológico etc. Mas, o que realmente será abordado de forma específica é o turismo arqueológico no Piauí, enfatizando a sua importância para a sociedade, observando a relação do conceito de cultura e turismo, bem como trazer a tona a discussão sobre a atuação do poder público para a preservação do nosso patrimônio arqueológico, e ainda sim, saber a quem realmente caberia tal preservação? E por fim, saber como os turismólogos poderiam atuar?
O turismo arqueológico no Piauí é muito rico e tem destaque internacional. Grandes foram as descobertas de sítios arqueológicos com uma gama de informação considerável sobre as primeiras civilizações. Dentre os sítios históricos existentes vale a pena citar os mais antigos criados no período colonial: Oeiras, Parnaíba, Piracuruca etc., enquanto ao período provincial: Teresina, Amarante e Pedro II. A pesquisadora Niéde Guidon foi a pioneira no Piauí, há anos vem com afinco realizando pesquisas e grandes descobertas arqueológicas no Piauí, dessa forma tem contribuído grandemente para o desenvolvimento do turismo no estado. Mas, juntamente com as descobertas surgem preocupações quanto à preservação do tão valioso patrimônio histórico-cultural; pois, é sabido por todos que tal preservação carece de incentivos por parte do poder público e também de órgãos privados e da sociedade em geral.
Então, quem é o Poder Público? O Poder Público é o governo, onde na figura de nossos representantes passam a atuar em favor do interesse público através do poder que é atribuído a eles. Nesse sentido questionamos, o que o estado tem feito para ajudar no desenvolvimento do turismo?
Sabemos que o nosso país é regido por uma carta magna (Constituição Federal) na qual traça normas gerais que servem de norteamento para o bom andamento do Estado de Direito. A C.F 88 elencou no artigo 180 de forma explícita a importância do turismo como atividade para o desenvolvimento do país. Diz que "a União, os Estados, os Municípios promoverão e incentivarão o turismo como fator de desenvolvimento social e econômico". (Constituição Federal, 1988, p.180). É de suma importância termos citado o referido artigo, mostrando que a competência de normatizar e desenvolver o turismo não cabe somente a União em si, e sim aos seus entes federados e municípios através de leis específicas e ordinárias, regulando a atividade turística conforme a necessidade de cada região ou localidade.
Dentro desse contexto, os ministros da cultura, do turismo, do meio ambiente e presidente do IBAMA, IPHAN, INCRA têm se mostrado atuantes ou omissos com o turismo arqueológico no estado do Piauí?
Essa questão talvez seja difícil de respondermos, basta olharmos e observarmos alguns parques existentes no Piauí, como por exemplo, o Parque da Floresta Fóssil de Teresina. Será se este parque dispõe de uma infra-estrutura organizada com informativos aos turistas, espaço para pesquisa aos cientistas e estudiosos? Existe um projeto de educação ambiental para sensibilizar a sociedade sobre a importância da preservação do meio ambiente e sítios arqueológicos? Será se o parque oferece algum sistema de segurança para resguardar o seu patrimônio da ação e degradação dos vândulos?
Certamente não existe uma política de incentivos por parte do governo, no sentido do que realmente deveria ter para a preservação dos sítios arqueológicos. Mas, e a Serra da Capivara? A Serra da Capivara é uma "quase exceção", no que diz respeito a aplicação de investimentos para o desenvolvimento do turismo arqueológico no Piauí. A FUMDHAM (Fundação do Homem Americano) fez um empréstimo junto ao BIRD e fez uma série de investimentos onde resultaram na construção de uma infra-estrutura que fez do Parque Nacional Serra da Capivara o melhor Parque da América do Sul. O parque oferece trilhas turísticas e centenas de sítios arqueológicos preparados para visitação; criou-se o parque ao ar livre e o Festival Internacional Serra da Capivara, que se repete anualmente. Além disso, o parque também dispõe de um maravilhoso museu de história natural, o Museu do Homem Americano, "o melhor e mais moderno das Américas"², com laboratórios modernos e mais bem equipados do mundo. Em 2004, a Universidade Federal do Vale do São Francisco criou o curso de graduação em arqueologia e conservação do patrimônio e criou um campus na cidade de São Raimundo Nonato.
A FUMDHAM mostrou como é possível fazer um trabalho para o desenvolvimento do turismo nas cidades onde possuem sítios arqueológicos.
Por que quase exceção? Porque as mudanças fizeram presentes apenas em São Raimundo Nonato (Serra da Capivara) onde existem sítios arqueológicos que ainda não foram explorados por falta de investimentos. Quase exceção também, devido a falta de sensibilização das pessoas que residem nas redondezas do parque, onde começaram a desmatar áreas próximas ao limite do Parque Nacional da Serra da Capivara, tornando através desses atos insanos uma área de conflito, sendo portanto, um retrocesso para tanto investimento, com esse mesmo pensamento é válido citar as palavras da pesquisadora Niéde Guidon "é patético o governo federal ter gasto tanto para criar um centro turístico de nível internacional e depois permitir que favelas se instalem em todo o seu entorno"³. Niéde demonstrou tamanho descontentamento em face da decisão do ministério do meio ambiente em permitir o assentamento de pessoas nas áreas próximas ao parque.
É necessário uma política que vise a conservação dos sítios arqueológicos do Piauí. Uma possível solução expressada por Diva Maria seria "o tombamento federal dos sítios históricos existentes no Piauí, tanto os rurais quantos os urbanos, tendo em vista o prolongado adiamento sofrido, deve obter atenção imediata". (Maria, 2003, p.408). essa idéia deve ser uma pretensão presente no pensamento de todos aqueles que tem conhecimento da importância dos sítios arqueológicos para o turismo.
Pretensões são muitas, mas os investimentos por parte do governo são poucos, exemplo de projeto como o da Serra da Capivara realmente é plausível, no entanto, não está completo, é necessário a união de vários órgãos do poder público, na tentativa de se chegar a um consenso, e não deixar que atitudes como a do ministério do meio ambiente, ao permitir que favelas se instalem no parque, venha barrar todo o desenvolvimento do turismo arqueológico que beneficiaria de forma direta i indireta toda a sociedade brasileira e até mesmo a sociedade internacional, ao permitir que estudantes estrangeiros estudem e pesquisem no nosso país.

2. TURISMO, CULTURA E TURISMÓLOGO
O turismo está diretamente ligado a cultura, ou seja, podemos nos deparar com turistas de hábitos diversos dos nossos, assim como podemos visualizar em nossas viagens a lugares e sítios arqueológicos que expressam diferentes culturas do passado, fazendo que percebamos semelhanças e diferenças com a nossa cultura.
A cultura é dinâmica, mutável, no entanto, não podemos nos esquecer de nossas raízes, nossa identidade cultural, ou seja, devemos percebê-la, nesse sentido Carlos Lemos salienta que "devemos preservar como sendo uma obrigação". (Lemos, 2004, p.25).
É necessário garantirmos a compreensão de nossa memória social preservando o que for significativo dentro do vasto patrimônio cultural. "preservar é manter vivos, mesmo que alterados, usos e costumes populares." (Lemos, 1987, p.29).
Para o turismo a preservação cultural é tão importante quanto o computador para o digitador, pois o turismo utiliza-se da observação dos traços culturais dos povos, sendo necessária uma política de preservação do nosso patrimônio cultural.
O turismólogo surge como uma solução imediata para os problemas do turismo no nosso país, visto que, o profissional do turismo é conhecedor dos aspectos essenciais para que essa política de desenvolvimento aconteça de forma eficiente e eficaz. O turismólogo é figura indispensável para a expansão do turismo no Brasil, devendo colaborar com os governos na elaboração de planos de desenvolvimento econômico, político, cultural, social. Isso inclui o planejamento de atividades turísticas de um município ou região.
É fundamental primarmos por um projeto de sensibilização junto à sociedade com intuito de esclarecer a importância do turismo como fator de desenvolvimento do país, e mostrar a necessidade de preservarmos o nosso meio ambiente e consequentemente nosso patrimônio histórico e cultural.

3. CONCLUSÃO
Caro leitor, através dos argumentos aqui expostos, espera-se ter despertado o desejo de buscar mais informações quanto à atividade do turismo, bem como fazer conhecer a existência de um poder público que deve ser ativo para uma política de incentivo ao turismo. A cultura é fonte de inspiração para o desenvolver da atividade, devemos preservá-la, ou ao menos, tentarmos eternizar determinados traços para que não fiquem no esquecimento. Tão bom é recordarmos e termos conhecimento daquilo que não pertenceu à nossa época.
Cabe não somente ao poder público atuar no desenvolvimento do turismo arqueológico no estado do Piauí, mas também, a sociedade em geral. Um simples ate de não jogar lixo nas áreas de preservação arqueológica já vale muito.
Os turismólogos têm uma tarefa árdua, devendo lutar pela preservação, conservação e descobrimento dos sítios arqueológicos na nossa região, bem como a criação de novas "visões" para a atividade turística.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1988. Art.180.
Niéde Guidon esteve em Brasília. Disponível em: http://www.fumdham.org.br/noticias.php?codNota=228.
FIGUEIREDO, Diva Maria Freira. Os sítios históricos do Piauí no panorama da preservação do patrimônio cultural do Brasil. In: SANTANA, R N. MONTEIRO. Apontamentos para a história cultural do Piauí. Teresina, 2003, p.408
LEMOS, Carlos A. C. O que é patrimônio histórico. São Paulo: Brasiliense, 2004, p.25.
LEMOS, Carlos A. C. Alvenaria Burguesa ? 2. ed. rev. , ampl. ? São Paulo: Nobel, 1989, p.29.