ANALISE DE VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DE SISTEMA RFID NO

ARMAZÉM DO CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO (CDLOG)

 

MÁRIO DA SILVA LOPES JÚNIOR*

      (Engenheiro de Produção)

[email protected] 

 

 

 

 

Resumo

Este artigo consiste em apresentar a Tecnologia de Identificação por Radiofrequência (Radio Frequency Identification – RFID), Verificando a viabilidade de implantação em um Centro de Distribuição e Logística (CDLOG) de uma rede de lojas de varejo com 12 (doze) unidades localizadas no Distrito Federal, demonstrando como sistema inteligente já está no mercado, e quais são as suas vantagens e desvantagens dando ênfase à Identificação por ou comumente chamada de etiquetas inteligentes e que está causando grandes evoluções tecnológicas no setor de logística e cadeia de suprimentos.

 

Palavras-chave: RFID, Viabilidade, Implantação.

 

ABSTRACT

This paper presents Radio Frequency Identification (RFID) technology, verifying the feasibility of deployment in a Distribution and Logistics Center (CDLOG) of a network of retail stores with 12 (twelve) units spread throughout the District Federal, demonstrating how smart system is already on the market, and what are its advantages and disadvantages by emphasizing the identification by or commonly called smart tags and which is causing major technological developments in the logistics and supply chain.

 

Keywords: RFID, Feasibility, Deployment.

 

 

INTRODUÇÃO

 

1.1 Delimitação do Tema: A apresentação e a viabilidade de implantação o uso da tecnologia RFID (Radio Frequency Identification) Identificação por Radiofrequência, para otimização dos processos logísticos do centro de distribuição da CDLOG.

1.2 Problema de Pesquisa: Quais são as características do desenvolvimento de um projeto de implantação de tecnologia RFID, qual a viabilidade e principalmente os benefícios do uso dessa tecnologia?

1.3 Justificativa: A tecnologia RFID atualmente vem sendo amplamente estudada para otimização de processos e inserida no cotidiano das pessoas e empresas.

   A partir desta observação este projeto visa entender o funcionamento e verificar a usabilidade e aplicação da tecnologia RFID em processos logísticos.

1.4 Objetivo Geral: Analisar a viabilidade da implantação da tecnologia RFID para melhoria de processos logísticos no Centro de Distribuição da CDLOG em Brasília/DF.

1.5  Objetivos Específicos:

• Identificar componentes da tecnologia RFID;

• Verificar a viabilidade de custo x benefício da introdução da tecnologia RFID no Centro de Distribuição da CDLOG;

• Analisar o impacto de melhoria nos processos logísticos da CDLOG;

• Comparar no contexto de controle das operações o ganho após implantação do processo.

1.6 Revisão de Literatura: A pesquisa acadêmica em identificação por rádio frequência (RFID) proliferou significativamente ao longo dos últimos anos. Neste artigo, é apresentada uma revisão da literatura sobre artigos de periódicos que foram publicados sobre o assunto entre 2001 e 2019, por meio de uma revisão bibliográfica estruturada.

        Nota-se que há um interesse crescente nas aplicações RFID, como evidenciado por um grande número de artigos de países desenvolvidos.

        O identificador por rádio frequência (RFID) tem ganhado destaque nas áreas de logística e manufatura, sendo visto como um novo sistema interorganizacional que objetiva melhorar a performance da cadeia de suprimentos (ZHU; MUKHOPADHYAY; KURATA, 2012).

         De acordo com USTUNDAG E TANYAS (2009), o RFID é considerado uma tecnologia promissora para a otimização dos processos dessa cadeia, pois atua na melhoria das operações de manufatura e varejo, desde a previsão de demanda até o gerenciamento de estoque e distribuição.

        Desenvolvido há aproximadamente 40 anos, o RFID tinha inicialmente o propósito de identificar inimigos de guerra, mas atualmente é usado para controlar, assegurar e monitorar as movimentações entre os elos da cadeia de suprimentos (SARAC; ABSI; DAUZEREPERES, 2010).

            Como colocado por ASADI (2011), o RFID tem sido cada vez mais aplicado para rastrear cargas unitárias, identificar caixas e assegurar itens transportados. Além de ser pouco explorada pelas organizações, há poucos estudos sobre esta ferramenta, tanto no âmbito prático quanto acadêmico. NGAI ET AL. (2008) fizeram uma análise da literatura sobre RFID e sua aplicação nas publicações de 1995 a 2005.

           Entre as principais conclusões encontradas pelos autores evidenciou-se que a literatura sobre o tema desenvolveu mais a partir de 2003, sendo que 80% das publicações encontradas falavam sobre TAGS (etiquetas) e antenas e seus impactos financeiros. As primeiras publicações sobre o tema focavam nos aspectos técnicos do RFID e pouco se falava sobre o impacto nas empresas.

         Segundo SARAC, ABSI E DAUZERE-PERES (2010), a literatura de RFID aplicada à gestão da cadeia de suprimentos é limitada, com sua maioria publicada nos últimos 10 anos. Além disso, definiu-se duas categorias: artigos de aplicação prática e artigos acadêmicos. O foco do primeiro grupo é em relação à análise do retorno da implantação do RFID em uma cadeia de suprimentos e elaboração de projetos pilotos. Já o segundo, foca nos benefícios das suas utilizações.       

       Para dar suporte a todas as mudanças ocorridas no ambiente empresarial e possibilitar que as atividades do sistema logístico sejam administradas corretamente, tornou-se necessária à utilização de sistemas de informação logísticos ou de SCM, viabilizados tecnicamente por meio da tecnologia da informação. (GUARNIERI, 2006).

        Os avanços tecnológicos da informática aumentaram as oportunidades de desenvolvimento de novas ferramentas capazes de informar a toda empresa o seu andamento.

         CASSEL E SILVA (2009) apresenta a gestão integrada da cadeia de suprimentos apoiada ao comércio eletrônico, uma vez que mostra a necessidade das organizações de controlar seu sistema produtivo através do uso de sistema de informação como MRP, MRPII e ERP, sistemas que auxiliam no planejamento das necessidades de materiais, afirmando ser fundamental a integração do banco de dados de PCP e produção com a área de suprimentos e estoque para simplificar o trabalho de análise diária das necessidades de compras realizada por um comprador.

        RODRIGUES (2004) mostra a evolução da tecnologia de informação, inicialmente direcionada ao controle de estoque e o planejamento das necessidades de materiais (MRP, MRP II), em seguida, como mais um apoio ao sistema de gestão da cadeia de suprimentos, surgiu o sistema ERP, tendo como principal função integrar processos de gerenciamento e negócios, proporcionando uma visão global da organização, sendo a principal vantagem armazenar vários tipos de informação em um único banco de dados, compilando várias informações vindas de várias partes do sistema, utilizando um idioma comum entre as fontes de informação.

           Para PARRA E PIRES (2003), a gestão da logística e do fluxo de informações em toda a cadeia permite aos executivos avaliar, pontos fortes, e pontos fracos na sua cadeia de fornecimento, auxiliando a tomada de decisões que resultam na redução de custos, aumento da qualidade, entre outros, aumentando a competitividade do produto e/ou criando valor agregado e diferencial em relação à concorrência. Os resultados que se esperam da utilização de sistemas que automatizem o SCM são:

Reduzir custos e ampliar os lucros;

• Aumentar a eficiência;

• Melhorar os tempos de ciclos da cadeia de fornecimento;

• Melhorar o desempenho nos relacionamentos com clientes e fornecedores;

• Obter o produto certo, no lugar certo, na quantidade certa, com o menor custo e menor estoque possível.

        RODRIGUES (2004) conclui que para que as ferramentas do sistema de informação atendam as necessidades de apoio ao SCM, são necessários cinco fatores para minimizar os riscos de sua implantação: falta de comprometimento da cúpula da empresa em estimular mudanças nas práticas de negócios; falta de conhecimentos dos parceiros e integrantes em potencial a respeito de oportunidades, benefícios e princípios das ferramentas a serem implantadas; necessidade de investimento em tempo e recursos para levar cada novo parceiro à curva de aprendizado; tempo e custos altos para desenvolver e/ou adaptar versões de sistema de informação e falta de mão-de-obra especializada.

         Também podemos verificar que o gerenciamento de um bom trabalho de logística ligado a um sistema de informação exige altos investimentos iniciais e de manutenção, sendo, portanto necessário em um primeiro momento, o estudo da viabilidade de recursos a serem implementados neste projeto. XAVIER (2008) diferencia logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos (SCM – supply chain management) dizendo que, a primeira é vista como parte integrante da última, ou seja, o SCM vai além da logística ao buscar integração e coordenação entre os membros da cadeia de suprimentos, sendo o objetivo desta, maximizar a competitividade e a lucratividade da empresa e de seus parceiros.

          Concordando com XAVIER (2008), SIMON (2003) afirma haver uma necessidade de integração dos processos de negócios na cadeia de suprimentos que vai além da logística, e é essa integração que é chamada de SCM. Já para BALLOU (2001), o limite entre o termo logístico e SCM é indistinto, o foco é dado em gerir o fluxo de produtos e serviços da maneira mais eficaz e eficiente. 

        A gestão logística foi definida por BOISSON (2007) como uma função de integração, que coordena e aperfeiçoa todas as atividades da logística, integrando essas atividades com outras funções como marketing, vendas, finanças e tecnologia da informação. CHRISTOPHER (1997) define logístico como sendo o processo de gerenciar estrategicamente a aquisição, movimentação e armazenagem de materiais, peças, produtos acabados e informações através da organização de seus canais de marketing, de modo a poder maximizar as lucratividades presente e futura através do atendimento dos pedidos a baixo custo.

       GUARNIERI (2006) apresenta o foco do gerenciamento logístico como sendo a integração das atividades da empresa com a intensa troca de informações, considerando que todas elas fazem parte de um processo único, cujo objetivo é satisfazer as necessidades do cliente final, não há razões para gerenciá-las separadamente, incorrendo em riscos desnecessários à empresa.

      RODRIGUES (2004) define a meta final da logística como o atendimento das exigências do cliente da maneira mais eficiente e lucrativa, sendo suas atividades divididas em primárias, essenciais para o cumprimento das funções logísticas, contribuindo com o maior montante dos custos totais da logística.

      Entre estas atividades estão o transporte, gestão de estoques e processamento de pedidos. Outra classificação das atividades da logística são as secundárias, que apoiam as atividades primárias na obtenção do nível de bens e serviços aos clientes.

     Dentre estas atividades destacam-se: armazenagem, manuseio de materiais, programação de produção e manutenção das informações.  

 

 

 

 

 

 

 

DESENVOLVIMENTO

 

2.1 TECNOLOGIA RFID

        Colocando-se uma etiqueta em uma peça ou uma embalagem, um objeto “passará informações” sempre que receber um sinal de rádio de um sensor de rastreio.

        A tecnologia de RFID tem suas raízes nos sistemas de radares utilizados na segunda guerra mundial. Os alemães, japoneses, americanos e ingleses utilizavam radares, que fora descoberto em 1935, por SIR ROBERT ALEXANDER WATSON-WATT, um físico escocês para avisá-los com antecedência de aviões enquanto eles ainda estavam bem distantes. O problema era identificar dentre esses aviões qual era inimigo e qual era aliado. Os alemães então descobriram que se os seus pilotos girassem seus aviões quando estivessem retornando à base iriam modificar o sinal de rádio que seria refletido de volta ao radar. Esse método simples alertava os técnicos responsáveis pelo radar que se tratava de aviões alemães (esse foi, essencialmente, considerado o primeiro sistema passivo de RFID).

           Sob o comando de WATSON-WATT, que liderou um projeto secreto, os ingleses desenvolveram o primeiro identificador ativo de amigo ou inimigo (IFF – IDENTIFY FRIEND OR FOE). Foi colocado um transmissor em cada avião britânico. Quando esses transmissores recebiam sinais das estações de radar no solo, começavam a transmitir um sinal de resposta, que identificava o aeroplano como Friendly (amigo).

Os RFID funcionam no mesmo princípio básico. Um sinal é enviado a um transponder, o qual é ativado e reflete de volta o sinal (sistema passivo) ou transmite seu próprio sinal (sistemas ativos).

            Avanços na área de radares e de comunicação RF (radio frequency) continuaram através das décadas de 50 e 60. Cientistas e acadêmicos dos estados unidos, Europa e Japão realizaram pesquisas e apresentaram estudos explicando como a energia RF poderia ser utilizada para identificar objetos remotamente.

          Companhias começaram a comercializar sistemas antifurto que utilizavam ondas de rádio para determinar se um item havia sido roubado ou pago normalmente. Era o advento das Tags (etiquetas) denominadas de “etiquetas de vigilância eletrônica” as quais ainda são utilizadas até hoje. Cada etiqueta utiliza um bit. Se a pessoa paga pela mercadoria, o bit é posto em OFF ou 0. E os sensores não dispararão o alarme. Caso o contrário, o bit continua em ON ou 1, e caso a mercadoria sai através dos sensores, um alarme será disparado.

 

 

 

 

2.2. O FUNCIONAMENTO DA TECNOLOGIA RFID

 

2.2.1. RFID (Identificação por Radiofrequência)

           RFID é a abreviação de Radio Frequency Identification – identificação por radiofrequência. Diferentemente do feixe de luz utilizado no sistema de código de barras para captura de dados, essa tecnologia utiliza a frequência de radio.

          Na década de 1980, a Massachusetts Institute Of Technology (MIT), juntamente com outros centros de pesquisa, iniciou o estudo de uma arquitetura que utilizasse os recursos das tecnologias baseadas em radiofrequência para servir como modelo de referência ao desenvolvimento de novas aplicações de rastreamento e localização de produtos. Desse estudo, nasceu o código eletrônico de produtos – EPC (Electronic Product Code). O EPC definiu uma arquitetura de identificação de produtos que utilizava os recursos proporcionados pelos sinais de radiofrequência, chamada posteriormente de RFID (Radio Frequency Identification).

 

2.2.2. EPC

          O código eletrônico de produto define uma nova arquitetura que utiliza recursos oferecidos pela tecnologia de radiofrequência, e serve de referência para o desenvolvimento de novas aplicações.

          Tem como premissa fazer uso completo das mais recentes infraestruturas como é a internet, significando uma mudança de conceito na identificação, e principalmente no intercâmbio de informações.

         O EPC agiliza os processos e permite dar maior visibilidade aos produtos por meio da disponibilização de informações superior ao que se alcança hoje com as tecnologias disponíveis e utilizadas. É o rastreamento total, não somente de um processo ou de uma empresa, mas de cada produto individual aberto a toda a cadeia de suprimentos.

 

2.2.3. EPCGLOBAL

         A EPCGLOBAL é uma organização sem fins lucrativos que foi criada para administrar e fomentar o desenvolvimento da tecnologia RFID que teve início com a iniciativa do autoid center. Entre as inúmeras aplicações desta tecnologia, a proposta EPCGLOBAL é a padronização da tecnologia para aplicações em gerenciamento da cadeia de suprimentos. Neste sentido ela não padroniza o produto em si, mas a interface entre os diversos componentes que viabilizam a internet dos objetos. Assim existem padrões para protocolo de comunicações entre a etiqueta e a leitora, entre a leitora e os computadores, entre computadores na internet.

 

2.2.4. Utilização do RFID

        A necessidade de captura das informações de produtos que estivessem em movimento incentivou a utilização da radiofrequência em processos produtivos. Juntou-se a isso a necessidade de utilização em ambientes insalubres e em processos que impediam o uso de código de barras.

        E tecnologia facilita o controle do fluxo de produtos por toda a cadeia de suprimentos de uma empresa, permitindo o seu rastreamento desde a sua fabricação até o ponto final da distribuição. Tal tecnologia utiliza as etiquetas inteligentes – etiquetas eletrônicas com um microchip instalado – que são colocadas nos produtos. Esse produto pode ser rastreado por ondas de radiofrequência utilizando uma resistência de metal ou carbono como antena.

 

2.2.5. Processo de comunicação

                As etiquetas inteligentes são capazes de armazenar dados enviados por transmissores. Elas respondem a sinais de rádio de um transmissor e enviam de volta informações quanto a sua localização e identificação.

              O microchip envia sinais para as antenas, que capturam os dados e os retransmitem para leitoras especiais, passando em seguida por uma filtragem de informações, comunicando-se com os diferentes sistemas da empresa, tais como sistema de gestão, sistema de relacionamentos com clientes, sistemas de suprimentos, sistema de identificação eletrônica de animais, entre outros.

             Esses sistemas conseguem localizar em tempo real os estoques e mercadorias, as informações de preço, o prazo de validade, o lote, enfim, uma gama de informações que diminuem o processamento dos dados sobre os produtos quando encontrados na linha de produção.

 

2.2.6. Componentes da RFID

           Os componentes da tecnologia rfid são três: antena, transceiver (com decodificador) e transponder (chamado de rf tag ou apenas tag), composto de antena e microchip.

 

2.2.7. Antena

           A antena ativa o tag, através de um sinal de rádio, para enviar/trocar informações (no processo de leitura ou escrita). As antenas são fabricadas em diversos tamanhos e formatos, possuindo configurações e características distintas, cada uma para um tipo de aplicação. Quando a antena, o transceiver e o decodificador estão no mesmo invólucro recebe o nome de “leitor”.

 

2.2.8.  Transceiver e leitor

           O leitor emite frequências de rádio que são dispersas em diversos sentidos no espaço, desde alguns centímetros até alguns metros, dependendo da saída e da frequência de rádio utilizada.

         O leitor opera pela emissão de um campo eletromagnético (radiofrequência), a fonte que alimenta o transponder, que, por sua vez, responde ao leitor com o conteúdo de sua memória. Por apresentar essa característica, o equipamento pode ler através de diversos materiais como papel, cimento, plástico, madeira, vidro, etc.

       Quando o tag passa pela área de cobertura da antena, o campo magnético é detectado pelo leitor, que decodifica os dados codificados no tag, passando-os para um computador realizar o processamento.

 

2.2.9. Transponder

          Os transponders (ou RF Tags) estão disponíveis em diversos formatos, tais como cartões, pastilhas, argolas e em materiais como plástico, vidro, epóxi, etc.

          Os Tags têm duas categorias: ativos e passivos. Os primeiros são alimentados por uma bateria interna e permitem processos de escrita e leitura.

         Os Tags passivos são do tipo só leitura (read only), usados para curtas distâncias. Nestes, as capacidades de armazenamento variam entre 64 bits e 8 Kbits.

 

2.2.10. Faixas de frequência

          Os sistemas de RFID são definidos pela faixa de frequência que operam. Os sistemas de baixa frequência vão de 30 KHZ a 500 KHZ e servem para curta distância de leitura tendo um baixo custo operacional, esses sistemas são utilizados em controles de acesso, identificação e rastreabilidade de produtos, entre outras coisas.

         Os sistemas de alta frequência vão de 850 MHZ a 950 MHZ e de 2,4 GHZ a 2,5 GHZ e servem para leitura em média e longas distâncias e leituras a alta velocidade. São utilizados em veículos e para coleta automática de dados.

 

3. RFID VERSUS CÓDIGO DE BARRAS

            A necessidade de identificação automática de produtos é antiga, justificada pela demora em se digitar o número de um produto, e pela possibilidade de erros nessa digitação. Podemos facilmente imaginar o trabalho e os erros que seriam gerados se todos os produtos de um mercado, por exemplo, tivessem que ser manualmente digitados no momento do seu pagamento. Foi nesse contexto que surgiu o código de barras, que nada mais é do que a representação gráfica de um número, através de barras paralelas contrastantes. A utilização dos códigos de barras rapidamente migrou para os mais variados processos de identificação, sejam eles relacionados a produtos individuais, caixas, pellets, cartões de acesso, dentre outros.

            A tecnologia de RFID não tem a pretensão de substituir o código de barras em todas as suas aplicações. A RFID deve ser vista como um método adicional de identificação, utilizado em aplicações onde o código de barras e outras tecnologias de identificação não atendam a todas as necessidades, a ainda pode ser usada sozinha ou em conjunto com algum outro método de identificação.

          Cada tipo de identificação tem suas vantagens, e o que precisamos é saber aproveitar os melhores benefícios de cada tecnologia para montar uma solução ideal. Os benefícios primários de RFID são: a eliminação de erros de escrita e leitura de dados, coleção de dados de forma mais rápida e automática, redução de processamento de dados e maior segurança.

          Quanto às vantagens da RFID em relação às outras tecnologias de identificação e coleção de dados, temos: operação segura em ambiente severo (lugares úmidos, molhados, sujos, corrosivos, altas temperaturas, baixas temperaturas, vibração, choques), operação sem contato e sem necessidade de campo visual e grande variedade de formatos e tamanhos.

 

4. CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO CDLOG

         O Centro de Distribuição CDLOG é uma empresa do grupo Comercial de Alimentos Superbom LTDA, que desde 1999 atua com lojas de varejo nas regiões administrativas RA, do Distrito Federal.

         O Galpão principal tem 1.500m², tem hoje 1.150 posições paletes para armazenagem de itens de classe alimentícia, higiene e limpeza, além de embalagens e insumos para produção.

        Uma frota de 30 VTR (Veículos Caminhões) para transporte e distribuição para ás 12 (doze) unidades de varejo, com 150 colaboradores, sendo 90 diretamente na área de logística.

4.1. Situação Atual do Armazém da CDLOG

• Recebimento - Pode ser constatado que, atualmente, 02 conferentes realizam a verificação de conformidade dos  Store Key Units  (SKUs) e as respectivas quantidades por meio de uma guia cega, na qual só consta a descrição do item, posteriormente essa guia é confrontada com as Notas Fiscais de entrada. Na maioria das vezes, os produtos chegam em caixas e fardos lacrados, sendo toda carga recebida encaminhada da doca de entrada para uma área disponibilizada para a execução de perícia, arrumação (segregação por lotes) e unitização. Em seguida, já na área de arrumação e unitização, 04 auxiliares de depósito dão prosseguimento ao recebimento de material.

• Movimentação - Após o recebimento ou a separação, os produtos são transportados por contratados em paleteiras, dependendo do material a ser movimentado, que percorrem pequenas distâncias com grandes quantidades. 

• Armazenagem – Atualmente armazém contém uma estrutura porta-paletes, posicionados transversalmente ao Depósito, formando ruas sinalizadas para otimizar a operação do Armazém. Este possui uma capacidade máxima de estocagem de 1.150 posições paletes e opera com uma taxa de ocupação em torno de 90 %. 

• Processamento de Pedidos - Os pedidos são recebidos via sistema ERP por uma central de compras, por seguimento para todas as unidades.

• Picking (separação e preparação de pedidos) - Consiste no deslocamento por parte dos Auxiliares do Depósito, utilizando paleteias para a coleta do pedido, em rotas definidas, realizando a leitura óptica da localização e do código de barras do item com o coletor de dados. Nota-se que, acompanhando cada Líder responsável, são alocados 04  colaboradores para realizar a separação do pedido. Em média, é realizado o picking diário de 36 pedidos de três seguimentos.

• Expedição - Dentre diversas outras atividades, ressalta-se a conferência do pedido item a item e da Nota de Entrega, executada por 02 Líderes. Segundo registros levantados, há relatos de erros pelas unidades Consumidoras sobre os seus pedidos, ocorrendo a utilização da logística reversa (retorno para troca do produtos).  

• Transporte e Distribuição - Os pedidos são carregados em VTR’s (Caminhões) M.Benz ou VW, dependendo do peso ou volume da carga, que é roteirizada por proximidade das unidades.

 

5. VIABILIDADE DE IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA RFID NA CDLOG

              Inicialmente, foi definido quais ativos seriam identificados, elencando todos os itens pertencentes à linha de fornecimento do Depósito estocados nos armazéns.

          Foi constatado que para  esses  itens a tecnologia RFID demonstra-se viável, já que não existem produtos de baixo valor agregado, nenhum custando menos que a própria etiqueta. Por conseguinte, foram obtidas amostras de cada item, levantando o máximo de informações ao alcance, tais como a composição de item, tipo de embalagem primária e secundária e unidade de fornecimento. O objetivo foi avaliar se o produto a ser identificado tem como características absorver, refletir ou transmitir os sinais emitidos pelo leitor, bem como, consequentemente, definir a melhor opção de tag.

5.1. Panorama geral do uso do RFID

5.1.1.  Vantagens do uso

Como vantagens da tecnologia RFID pode-se destacar, entre outras:

• Capacidade de armazenamento, leitura e envio dos dados para etiquetas ativas;

• Detecção sem necessidade da proximidade da leitora para o reconhecimento dos dados;

• Durabilidade das etiquetas com possibilidade de reutilização;

• Redução de estoque;

• Contagem instantânea de estoque, facilitando os sistemas empresariais de inventário;

• Precisão nas informações de armazenamento e velocidade na expedição;

• Localização dos itens ainda em processos de busca;

• Melhoria no reabastecimento com eliminação de itens faltantes e aqueles com validade vencida;

• Prevenção de roubos e falsificação de mercadorias;

• Otimização do processo de gestão, permitindo às companhias operarem muito próximo da capacidade nominal;

• Maior segurança das informações sobre os produtos;

• Possibilidade de redução da mão-de-obra;

• Aumento da eficiência da cadeia de logística;

• Necessidade de maior agilidade no atendimento ao cliente.

 

5.1.2. Desvantagens do uso

Como desvantagens, podemos apresentar os seguintes itens:

 • O custo elevado da tecnologia RFID em relação aos sistemas de código de barras é um dos principais obstáculos para o aumento de sua aplicação comercial.

Atualmente, uma etiqueta inteligente custa nos EUA cerca de 25 centavos de dólar cada, na compra de um milhão de chips. No Brasil, segundo a associação brasileira de automação, esse custo sobe para 80 centavos até um dólar a unidade.

• O preço final dos produtos, pois a tecnologia não se limita ao microchip anexado ao produto apenas. Por trás da estrutura estão antenas, leitoras, ferramentas de filtragem das informações e sistemas de comunicação.

• O uso em materiais metálicos e condutivos relativos ao alcance de transmissão das antenas. Como a operação é baseada em campos magnéticos, o metal pode interferir negativamente no desempenho. Entretanto, encapsulamentos especiais podem contornar esse problema fazendo com que automóveis vagões de trens e contêineres possam ser identificados resguardados as limitações com relação às distâncias de leitura. Nesse caso, o alcance das antenas depende da tecnologia e frequência usadas, podendo variar de poucos centímetros a alguns metros (cerca de 30 metros), dependendo da existência ou não de barreiras.

• A padronização das frequências utilizadas para que os produtos possam ser lidos por toda a indústria, de maneira uniforme.

• A invasão da privacidade dos consumidores por causa da monitoração das etiquetas coladas nos produtos. Para esses casos existem técnicas de custo alto que quando o consumidor sai fisicamente de uma loja, a funcionalidade do RFID é automaticamente bloqueada.

 

5.1.3. Desafios atuais

          Embora nos últimos anos tenha havido avanços consideráveis na tecnologia utilizada para o RFID, diversos desafios ainda se mostram reais para uma ampla expansão desta tecnologia. Estes desafios se concentram muito na aplicação que é feita do dispositivo, sendo que para determinados usos a tecnologia está razoavelmente consolidada, enquanto que para outros ainda deve ser desenvolvida. Os que se sobressaem são:

• Preço - Embora atualmente os preços destes dispositivos estejam competitivos a ponto de substituir inclusive códigos de barra em produtos, para produtos de baixo valor (e baixo lucro) esta substituição não se mostra vantajosa (por isso a tendência é estar em substituição primeiro em produtos de alta margem de lucro). Este é apenas um exemplo dentre as aplicações imaginadas (e ainda não imaginadas) de onde o preço da tecnologia ainda deve cair.

• Poder de Processamento e Fornecimento de Energia - Para dispositivos com RFID ativo, o tempo de vida da bateria ainda é um problema. De fato, este é um problema generalizado entre os dispositivos móveis, sejam computacionais ou não. A curta duração da carga das baterias atuais limita o desenvolvimento de novos dispositivos e aplicações, pois estes requerem mais poder de processamento, que por sua vez requer maior fornecimento de energia. Para dispositivos com RFID passivo, embora eles sejam energizados no momento da utilização pelo leitor, a carga obtida por esta energização é proporcional à distância que este se encontra do leitor, de modo que quanto mais distante menor a carga obtida. Isto também limita o desenvolvimento de novas aplicações, obrigando-as a ficarem mais próximas do leitor para receberem a carga apropriada para o processamento, o que pode fugir completamente do propósito da aplicação.

• Distância de Leitura - Independentemente do problema de poder de processamento, algumas aplicações podem requerer que a identificação de dispositivos com RFID seja feita a muitos metros de distância, o que ainda não é suportado.

• Miniaturização - Embora pequenos o suficiente para serem colocadas em etiquetas, algumas aplicações podem necessitar de dispositivos RFID imperceptíveis à visão e ao tato, para permitir sua total integração à rotina das pessoas. Outras podem requerer um alto número de dispositivos no mesmo local, de modo que o tamanho atual dos dispositivos inviabiliza esta acumulação.

 

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

       Finalizando, acredito que esse artigo apresentado á Universidade Cruzeiro do Sul alcançou os objetivos previstos na sua concepção.

       Foi verificado que existe a viabilidade da implantação do sistema RFID no Centro de implantação CDLOG, entretanto, o custo de implantação dos processos logísticos por meio de sistema RFID ainda é bem alto.

       Consideramos sem dúvida que o RFID será um grande facilitador no processo logístico da CDLOG, e sua utilização se tornará bastante efetiva em um futuro próximo.

       Também prevemos que os benefícios serão bem maiores que os problemas, pois sua aplicabilidade traz velocidade e segurança às operações de logística e gestão da cadeia de suprimentos.

       A competitividade acirrada forçará as empresas a melhorarem a qualidade de seus produtos, a diminuir o tempo de desenvolvimento de novos produtos, a aumentar o campo de distribuição de seus produtos, entre outros tantos fatores.

      Esse artigo além de apresentar todas as características do RFID, também tem o intuito de demostrar ás vantagens e desvantagens da implantação dessa tecnologia, acredito que esse objetivo fora alcançado.  

      Em um futuro próximo, quando todos os produtos vierem etiquetados com RFID dos seus fornecedores, a viabilidade dessa tecnologia existirá e seus benefícios serão maiores ainda, pois o custo de implantação será menor.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

7. Referências 

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ZAGAH, R. R. Gestão da qualidade em cadeias de suprimentos do segmento de motores de automóveis. 2009. 224 f. Tese (Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2009.

 

 

 

*MBA Supply Chain e Logística Integrada (UNICSUL); Especialista em Docência Logística (UNYLEYA); Especialista em Engenharia de Suprimentos com Ênfase em Gestão (UCAM); Graduado em Logística pela Escola de Negócios da Universidade Católica de Brasília (UCB) e Bacharel em Engenharia com Habilitação em Engenharia de Produção.                                                           

 

**Graduado em Engenharia de Alimentos pela Escola de Engenharia Mauá; Pós-graduado em Desenvolvimento de Produtos e Processos também pela Escola de Engenharia Mauá de Técnico Especial em Produção de Cervejas pelo SENAI\Vassouras-Doemens Akademie\Alemanha).