Por: Eduardo Cervantes Guaiato

Hoje um dos pontos mais importantes para se obter sucesso nas vendas independentemente do segmento ou setor, são o marketing e a propaganda. Porém, antes é necessário conhecermos nosso público alvo, suas especificações e exigências, ou seja, devemos antes de qualquer coisa estudar e muito nossos clientes.

Através desse texto, tentaremos mostrar uma “burocracia” existente em todos os hotéis, porém, pouco explorada e muitas vezes ignorada: a FNRH - Ficha Nacional de Registro de Hóspedes.

O registro de hóspede é regulamentado pelo DN 429 de23/04/2002do Ministério do Turismo e é obrigatório que todos o preencham quando fazem o "check-in" em qualquer meio de hospedagem (hotel, motel, pousada, entre outros) no Brasil.

Na ficha de registro, existem diversos campos de preenchimento obrigatório, como: nome completo, RG, CPF, telefone e endereço, além de outros não obrigatórios, porém de extrema importância para o desenvolvimento do sistema que abordaremos logo mais, como: profissão, origem, destino, tempo de permanência, sexo, idade, entre outros também.

O que ocorre na grande maioria das vezes, falando-se em hotéis de pequeno, médio e grande porte e de qualquer categoria, inclusive nas grandes redes famosas com suas bandeiras internacionais, é que ao chegar ao estabelecimento, o hóspede sempre reclama do preenchimento por completo da FNRH, e por conseqüência o recepcionista acaba solicitando apenas os dados principais como: nome, CPF, telefone e assinatura. Com essa atitude, grande parte dos dados é perdida e a ficha vira apenas um bolo de papel sem importância relativa, exceto por raríssimas solicitações de órgãos governamentais.

Todos os sistemas hoteleiros possuem o arquivo da ficha do hóspede, onde os dados ficam arquivados por tempo indeterminado, e se os campos estão em branco, e sempre que um hospede retorna tem que preencher novamente, isso significa que as informações não são passadas e inseridas no sistema de forma correta e por conseqüência os dados não são atualizados para uma próxima hospedagem desses hospedes. Um exemplo de sucesso para tais informações é a aviação, onde as companhias possuem todos os dados dos passageiros de forma interligada e integrada, ou seja, não importa o aeroporto em que a pessoa esta embarcando, ou a forma da compra da passagem, muitas vezes até por alianças de empresas do mundo inteiro tais informações estão disponíveis em tempo real.

O objetivo de tudo isso, é criar primeiramente uma cultura dentro dos meios de hospedagem, onde as informações serão de fato cadastradas e disponibilizadas, através de uma rede on-line, e tais dados poderão ser puxados e consultados no momento da reserva ou “check in”. Pode ser para hotéis da mesma bandeira, ou hotéis que utilizam o mesmo sistema hoteleiro, ou até pensando além, um cadastro geral onde os hotéis participantes acessariam tais informações, não importando a rede, bandeira ou localização.

Essas informações seriam utilizadas em princípio para a segurança, evitando fraudes em cartões e pagamentos, hospedagens de menores desacompanhados ou sem autorização dos responsáveis e conseqüentemente inibindo e diminuindo a prostituição infantil, evitaria aborrecimentos por parte dos clientes que se recusam a preencher a ficha e o mais vital, melhoraria as estratégias de vendas, pois conheceríamos de forma clara e real nosso público, já que teríamos em mãos os dados das viagens, como origem e destino, fazendo com que cada estabelecimento crie estratégias diferenciadas para vendas e divulgação em determinados locais e regiões, abrindo escritórios e representações ou até mesmo novos hotéis e empreendimentos. O sistema mostrará em mapas, gráficos e estatísticas todas as ocupações em tempo real, previsões e diária média, podendo separar por bairro, zona, cidade, região, estados e até mesmo, em nível nacional. O usuário poderá especificar as datas de hospedagens, consumo médio, etc.. Claro que muitas informações são sigilosas, e deverá haver uma regulamentação por órgãos competentes e filtros de pesquisas habilitados ou não, com acessos restritos a informação ou divulgação de certos dados. Cada estabelecimento selecionará o critério de busca e divulgação de informações, um compartilhamento onde só poderá receber dados em que o mesmo disponibilize também.

Parece algo difícil, porém não é. É, sim, um investimento alto, mas com certeza promissor e de grande valia. Seria conhecido com cadastro nacional de hospedagens, mas com fins de segurança, estratégicos e lucrativos, visando uma integração e definindo novos horizontes e objetivos posteriores.

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