POR UMA NECESSÁRIA MUDANÇA DE VALORES: UMA PROPOSTA PARA A PRODUÇÃO DE UM ESPAÇO (URBANO) QUE PRIVILEGIE O USO E NÃO A TROCA

PRIMEIRAS PALAVRAS

Logo nas primeiras linhas de seu livro “A Revolução Urbana”, Lefebvre (1999, p. 13) propõe a hipótese da urbanização completa da sociedade, premissa engendrada também por vários outros teóricos preocupados em abordar o fenômeno da metropolização do espaço (LENCIONE, 2003, p. 41-43) e de sua capitalização e transformação em mercadoria (DAMIANI, 2003, p. 367-369). Seguindo a proposição lefebvreana, podemos discorrer sobre uma eventualidade relacionada ao processo de extinção do espaço rural – àquele concebido como um contraponto ao espaço urbano – uma vez que o campo, como diz Lefebvre (1999. p.21), “não é mais – não é nada mais – que a ‘circunvizinhança’ da cidade, seu horizonte, seu limite”. Nesse sentido, o espaço (urbano): que não tem nada de inocente, que é pleno de intencionalidade – produzido segundo o interesse de seus produtores (LEFEBVRE, 1991; 1999; 2008) – tende a continuar se (re)produzindo através da mudança de valores ( do valor de uso ao valor de troca) tornando-se um “espaço-produto”, uma vez que a terra (urbana) passa a ser comprada e vendida no mercado imobiliário enquanto mercadoria (CARLOS, 2007, p.28).