Analise Critica Ler o espaço Geográfico: A Formação de Conceitos

Por Antonilson Pinho de Mesquita e Elivalda Ferreira | 10/02/2021 | Geografia

POLO: Governador Nunes Freire - MA

PROFESSOR: Vilmar Martins da Silva                                    

DISCIPLINA: Fundamentos e Metodologia do Ensino de Geografia

ACADÊMICOS: Antonilson Pinho de Mesquita, Elivalda Ferreira

 

 

Atividade Orientada

Analise Critica

Ler o espaço Geográfico: A Formação de Conceitos

 

Ref: Fantin, Maria Eneida /Metodologia do Ensino de Geografia/ Maria Eneida Fantin, Neusa Maria Tauscbeck, - Curitiba: Ibpex, 2005. Pag. 67 - 110

 

 

O livro “Metodologia do Ensino de Geografia” tem como objetivo levar o leitor a repensar a geografia e as suas práticas. Suas páginas trazem uma breve apresentação epistemológica, além da contextualização. Seu conteúdo inclui ainda um leque de metodologias e de práticas diferenciadas.

Portanto ao lermos o livro acima citado, pode se afirmar que geografia não é apenas a ciência que fornece localização e que define fenômenos e suas descrições. Ela é muito mais que isso, trabalhando a perspectiva de investigação sobre a ação humana e como se dar sua relação com a natureza, materializada em tempos históricos. Partindo desse princípio, as autoras apresentam suas ideias centralizando em uma discussão autêntica e que se estrutura no ensino da geografia nos anos iniciais do ensino fundamental. Com sua breve apresentação epistemológica da disciplina e com sua contextualização histórica, ressaltando seus aspectos curriculares, e apresentando formas de abordagem, até chegar à abordagem prática e cotidiana das aulas de geografia, os autores apresentam um leque de metodologias e de práticas diferenciadas, que certamente possibilitarão um ensino geográfico muito mais contextualizado, eficiente e integrador.

O livro apresenta hoje uma vertente crítica da geografia onde o espaço geográfico é resultado da didática entre a materialidade apropriada, e que a sociedade a constrói, entre as ações/relações sociais que a um só tempo construíram aquela materialidade e desde então são por ela condicionadas, controladas, limitadas e convidadas a agir.

Partindo desse pressuposto, foi possível afirmar que, quando as autoras falam do espaço geográfico, elas estão nos permitindo compreender e entender mais sobre a sociedade que o criou, e suas relações completas. As mesmas citam por exemplo; se observarmos atentamente os croquis de casas e apartamentos veiculados em anúncios de jornais e revistas, percebemos que o projeto arquitetônico desses imóveis pressupõe relações sociais e políticas. e alavancam observações e questionamentos citados abaixo observemos as localizações e as dimensões dos dormitórios e banheiros, do casal, dos filhos, dos empregados. Há diferenças? Que relações socias e politicas a geografia da casa pressupõe?

Quando as autoras solicitam que verifiquemos, ainda, o preço e o tamanho desses imóveis em relação a sua localização urbana e aos benefícios de infraestrutura e segurança que oferecem, nos permiti perceber claramente as relações socias e econômicas explicitas.

As autoras analisam o espaço geográfico numa escala pequena auxiliam-nos a refletir sobre as possibilidades dos estudos em escalas maiores. Quando se fala em termos metodológicos, esse encaminhamento acima é, também, adequado, para o ensino de crianças. Devido se encontra num contexto que leva em conta o entorno como exemplo, para mais tarde refletir sobre os espaços distantes o que exige abstrações.

Foi colocado em discursão no livro os conceitos considerados fundamentais para compreensão do espaço geográfico, baseados na seleção organizado por Cavalcanti. Existe muitos outros conceitos e grupos conceituais que auxiliam e enriquecem a leitura do espaço geográfico. Sobre alguns deles os autores teceram breve considerações (Pedagógicas) no capitulo 3, e no capitulo 4 fizeram uma abordagem teórica dos conceitos selecionados, cientes que é impossível pelos limites desse trabalho discutir com profundidade todos eles.

 

Segundo aquela autora,

 

 

A leitura do mundo do ponto de vista de sua espacialidade demanda apropriação, pelos alunos de um conjunto de instrumentos conceituais de interpretação e de questionamentos da realidade socioespacial. (...) Esses conceitos – lugar, paisagem, região, natureza, sociedade, território – São considerados como conceitos fundamentais para o raciocínio espacial e são citados (Com alguma variação) como elementares para o estudo da Geografia, pelo seu caráter de generalidade. (cf. Silva 1986, Moreira, 1987, Santos, 1988, Corrêa, 1995).

 

 

O livro cita que o conceito de natureza vem ganhando um novo significado em função da crescente artificialização do meio – Consequência da globalização – que nos autoriza a falar de uma “Cientifização e de uma tecnicização da paisagem”, ou de “Uma crescente estandartização e banalização das paisagens culturais”. A partir dessa realidade veio a necessidade de rever os conceitos de paisagem e natureza.

As autoras afirmam que contrário a argumentação de que a globalização tende a eliminar as diferenças regionais do planeta, homogeneizando os espaços e tornando absoleto o conceito de região, Santos afirma que, no mundo globalizado onde as trocas intensas e constantes, a forma e o conteúdo das regiões mudam rapidamente “mas o que faz a região não é a longevidade do edifício, mas a coerência funcional, que a distingue das outras entidades, vizinhas ou não”.

Gomes, nessa mesma linha de analise afirma que não é aconselhável esquecer o fundamento político do conceito de região que se baseia no “controle de gestão de um território’.

Em suas palavras,

 

 

Se hoje o capitalismo se ampara em uma economia mundial não quer dizer que haja uma homogeneidade resultante desta ação. Esse argumento parece tanto mais valido quanto vemos que o regionalismo, ou seja, a consciência da diversidade continua a se manifestar por todos os lados. O mais provável é que nessa nova relação espacial entre centros hegemônicos e as áreas sobre suas influencias tenham surgidos novas regiões ou ainda se renovado algumas já antigas.

 

 

As autoras citam que o conceito de lugar é um dos mais ricos do atual período técnico. Portanto pode ser compreendido ao mesmo tempo, a partir de diferentes enfoques, numa mesma perspectiva teóricas por um lado, é num lugar que a globalização acontece.

Partindo desse entendimento pode se dizer que o território está ligado a normalização das ações tanto globais quanto locais. Entretanto, essas ações globais só podem realizar-se localmente, isso devido dependerem dos sistemas de objetos técnicos instalados nos territórios. Entretanto isso se dar devido há razão global tentar criar um governo global (segundo Santos, o FMI, o Banco Mundial) para intervir nos espaços locais em benefícios das grandes empresas, é no lugar e território que os instrumentos de regulação são constituídos.

Tendo essas informações as autoras entendem que com o “enfraquecimento” do Estado de Bem Estar, a sociedade civil criou outras formas de combate ao império do mercado e organizou maneira de suprir ausência do estado nos setores sociais esse rearranjo político social trouxe átona novas territorialidade, impossíveis de serem ignoradas pelas ciências que pretende compreender o espaço geográfico.

Portanto segundo as autoras a revisão conceitual da geográfica critica apresentada nesse estudo demostra não apenas que as autoras se desprenderam da filiação marxista economicista radical (ao considerar em suas analises, a subjetividade, a cultura e outras racionalidades), como também conseguiram revisitar os conceitos elaborados por outras correntes da geografia, tornando-os instrumentos teóricos para análise do espaço geográfico na atualidade, mantendo-os na perspectiva critica.

Temos clareza de que a geografia estabelece interface com outras ciências e outras áreas do saber a fim de explicar seu objeto de estudo de ensino. Em função dessa convicção, transcrevemos, a seguir, uma lista de dezessete núcleos conceituais, sugeridos por Pereira, no sentido de auxiliar o profissional da educação (geografia) em sua tarefa de alfabetizar o aluno para a leitura do espaço. Sendo eles; Meio ambiente; Ação antrópica; Recursos naturais; Degradação do meio; Lugar; Percepção; Atitudes em relação ao meio; Localização; Formas de atividade econômica; Distância; Urbanização; Meios de transporte; Diversidade espacial; Região; Fronteira; Relações sociais de produção; Diferença e desigualdade social.

O livro apresenta a historicidade onde aponta que nas últimas décadas, muito se falou em inter, trans, multidisciplinaridade nas pesquisas educacionais, e essa abordagem interdisciplinar acabou cristalizando em documentos oficiais com o nome de temas transversais.

Os autores citam um exemplo valido; para o professor de Geografia que “simpatiza” com uma abordagem física do espaço geográfico será mais fácil estabelecer relações interdisciplinares com as ciências naturais. O aluno desse professor pode, na série seguinte, ter um outro professor de Geografia que aborda o espaço geográfico de maneira mais humanizada. Esse profissional fará abordagens interdisciplinares que aproximarão a Geografia da história. Para esse aluno, assim como para seus professores, a identidade da geografia e suas possibilidades de enfoque interdisciplinar serão, no mínimo, fragmentadas e confusas.

Partindo desse entendimento pode se dizer que garantir a especificidade do ensino de Geografia nas Séries Iniciais se apresenta como um desafio a mais na prática pedagógica.

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