Não há como esconder que o desejo da maioria das micro e pequenas, é prosperar no mercado e nadar de braçadas largas rumo a uma expansão sustentável. Entretanto, este crescimento deve se dar de maneira consciente e responsável. Muito além dos padrões éticos e legais de crescimento, destaca-se a estrutura e cultura organizacional envolvida neste processo. Mediante a este cenário, emerge a seguinte questão: É possível uma empresa crescer sem perder sua identidade e desconfigurar sua cultura?

A priori a primeira resposta é positiva. No entanto, a questão merece um olhar mais apurado. Identidade é aquilo que identifica um individuo, isto é, suas características. Para as organizações o pensamento é o mesmo.  Para Ravasi (2013) “A identidade organizacional pode ser definida pelas características que os seus membros acreditam ser essenciais e distintivas daquela instituição, que são mantidas ao longo do tempo e/ou inspiraram fortes compromissos”. Neste sentido, a perenidade da identidade organizacional passa pelos valores que seus atores compartilham no dia-a-dia. Quando os valores organizacionais não são claros e ainda, não são vividos e estão apenas no papel, possivelmente a identidade organizacional da micro e pequena empresa sofrerá alteração neste processo de crescimento.

Uma das características marcantes nas micro e pequenas empresas é a proximidade que estas empresas podem ter com seus clientes. Não é difícil seus proprietários saberem o nome da maioria de seus clientes, além de conhecer seus hábitos e, por vezes, até manter certo grau de informalidade no relacionamento cliente/fornecedor.

Quem não foi bem tratado na loja que costumeiramente realiza suas compras, sabe o gosto amargo que esta experiência contém. Atualmente, muitas empresas vivem a era do “ostracismo profissional”, em que seus colaboradores são adestrados e treinados para apenas cumprirem suas funções. A burocracia impulsionada pelo crescimento que organização vive, por vezes, leva o colaborador a está condição - responder apenas por suas funções.

Veja bem, não se está discutindo a capacidade organizacional da burocracia, mas sim, a condição de que se ela não for bem gerida, poderá levá-la este estagio de individualismo profissional. Desta forma, o pensamento chave é crescer sem perder sua essência. Talvez este crescimento seja doloroso, mas é precioso para o sucesso. Muitas vezes, o que se percebe no individualismo profissional não é má vontade, mas sim, a ausência de boa vontade. Isso se dá, quando não se tem uma visão holística da organização, ou seja, não se enxerga a importância que uma ação pode impactar positivamente ou negativamente na organização.

Sendo assim, a organização que souber alinhar o crescimento por meio da burocracia e a boa vontade do profissional, possivelmente colherá bons frutos, haja vista que tudo aquilo se compartilha, se multiplica. Outrossim, com este alinhamento, certamente não ocorrerá a desconfiguração da cultura organizacional, isto é, a perda de sua identidade. Para tanto, o combate ao individualismo profissional é o meio para a manutenção da identidade da organização.

Bibliografia

RAVASI, D. CURSO AVANÇADO - Gestão Estratégica da Identidade Organizacional. Disponível em: <http://www.aberje.com.br/servicos_cursos_detalhes.asp?id=197> Acesso em 23 de Julho de 2013.